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O Príncipe Herdeiro

um dia como outro qualquer

"Os dias andavam sem nenhuma cor ou força para manter so-mi feliz. Ela sempre procurava observar o exército de seu pai durante o treino, pois queria muito aprender a ser uma guerreira. Sua força de vontade quase sempre a levava a boas oportunidades, mas também era o que a metia em problemas. Seu pai, líder de uma tribo muito respeitada, era, na verdade, um tirano dominador. Uma vez, quando jovem, a garota apenas queria montar o cavalo de seu pai, já que o animal chamava atenção pelos olhos por sua pelagem negra e brilhante. Ela sempre ficava o observando e então decidiu que, por si própria, montaria nele. No entanto, seu plano não incluía ser pega por seu pai, e também com 12 anos, já era de se esperar que ela não tivesse tanta agilidade assim para fugir de um adulto treinado em artes marciais e que vencera inúmeras guerras. Mas aquele dia a assombrava até hoje, com seus 20 anos, já que foi o dia em que seu pai a machucou com a própria espada. Ela jamais esperava isso dele. No entanto, com o tempo, ela aprendeu que aquele homem não era tão bom e honesto como ela imaginava. Isso talvez a fez criar um certo desprezo por ele, mas, ainda assim, ela vivia presa naquela vila em um castelo com certos luxos, o que podia aos olhos dos outros parecer que a garota era como uma princesa mimada. No entanto, ela havia usado todo esse tempo para aprender a lutar e já tinha planos para fugir e começar sua própria vida bem longe dali.

Como em qualquer outro dia, a garota ficava sozinha no topo de uma colina treinando com sua espada. Ela sempre se concentrava a ponto de esquecer todo o resto. Sua magia também era bem forte; a garota já conseguia curar pessoas com o simples toque de suas mãos. Ela escondia suas habilidades de seu pai, que naquele momento se aproximou dela de surpresa, o que a fez direcionar o golpe de sua espada em sua direção. No entanto, o homem sempre andava com uma espada embainhada em sua cintura e segurou o golpe de so-mi.

'Vejo que anda treinando!' – disse enquanto ainda segurava o golpe da garota.

'Sim, estava entediada, então decidi treinar com a espada.'

Ele a olhou de forma severa. A garota pensou que ele a repreenderia, então se curvou logo como sinal de respeito e disse: 'Sempre vejo o senhor lutando, senti que devia melhorar minhas habilidades para não envergonhar o senhor!' (Ela se manteve curvada enquanto encostava uma mão na outra e olhava fixamente o chão.)

Ele a permitiu levantar com um gesto.

'Garotas não devem lutar, mas considerando que você não me será útil como seu irmão, acho que não faz nenhuma diferença!' Ele deu as costas e foi em direção ao castelo, deixando so-mi sozinha novamente. Às vezes, a garota ficava feliz que ele não se importasse com ela. E também agradecia muito por ele ter adotado seu irmão; eles não compartilhavam sangue, mas com certeza ele era seu irmão e também era o único que se importava realmente com ela."

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As coisas sempre pareciam se acalmar quando seu irmão chegava; ele era quem a ajudava e quem secretamente amava So-mi. Às vezes, Lu-han queria nunca ter sido adotado pelo líder daquela tribo, assim talvez ele pudesse levar So-mi com ele e viver com ela como sempre sonhou. No entanto, ele entendia que sua irmã adotiva não o via como nada além de seu irmão. Mesmo após anos passando e ele sempre notando cada vez mais que seu afeto só seria retribuído como afeto entre irmãos, ele nunca desistia. Ele sempre pensou em planos, como ir com sua irmã para algum lugar bem longe, onde seu pai adotivo nunca os encontrasse. Talvez isso fosse algo impossível, então, naquela noite, ele teve uma ideia: se infiltrar no exército e levar sua irmã para algum lugar onde só os dois iriam viver.

E assim, se esgueirando, foi até o quarto de So-mi. A menina já dormia enquanto seu irmão se aproximava com duas espadas preparadas para ele e So-mi. Então, devagar, ele acordou sua irmã.

---- Lu-han? O que faz aqui?

---- Fale baixo! (Ele colocou o dedo indicador nos lábios e então ajudou a menina a se levantar da cama)

---- Para onde vamos? (Ela perguntou enquanto se levantava e pegava a espada que Lu-han lhe entregava)

---- O exército está indo para o norte; iremos com eles.

A menina não pensou muito; apenas foi para trás de um lugar e trocou suas roupas, colocou a espada em sua cintura e acompanhou seu irmão. Os dois se esgueiraram pelo palácio com apenas a luz fraca de um lampião aceso no corredor, o qual algum guarda ou criado esquecera de apagar. So-mi olhava as costas de seu irmão e segurava em seus cabelos longos enquanto caminhavam para não se perder. Quando finalmente pararam, Lu-han olhou para a menina que não soltava seu cabelo.

---- Eu sei que sempre gostou do meu cabelo\, mas isto já está doendo! (Ele reclamou tirando a mão da menina\, que sorriu para ele)

---- Então\, segure a minha mão; sinto que vou me perder nesse escuro! (Lu-han olhou um pouco espantado quando a ouviu dizer "segure minha mão"\, mas já era tarde; ela já havia agarrado a mão dele)

----- Vamos então; vou te guiar! (Ele confirmou\, puxando-a para perto)

Eles continuaram caminhando lado a lado até chegarem à porta principal. Olharam em volta, tentando perceber se havia algum perigo e, então, com calma, abriram a porta. Agora, finalmente fora do castelo, já conseguiam avistar o exército se reunindo para partir em uma missão. Lu-han buscava por seu amigo de infância e também o general que estava dando algumas ordens em frente a uma barraca de acampamento, montada ali apenas para que seu pai não tivesse que fornecer abrigo a alguns dos guardas. Lu-han e So-mi se aproximaram do general. Ele os reverenciou, e logo Lu-han o levantou.

---- Preciso de algo\, meu amigo! (Disse Lu-han)

---- O que seria\, jovem mestre! (Disse Chi-jun)

---- Nos leve escondidos com você; não pode deixar que nosso pai descubra! (Chi-jun encarou os dois um pouco surpreso\, mas ainda assim aceitou\, apenas confirmando com a cabeça)

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Os dois sentados na traseira da carroça, em meio à palha, olhavam o céu enquanto deixavam o castelo para trás. Lu-han sabia que, depois que se separassem do exército, não haveria mais chance de voltar. Seu pai, com toda certeza, os puniria de uma forma terrível e cruel. Então, eles precisavam cumprir com seus planos e não voltar mais.

A noite parecia mais estrelada na visão de So-mi, já que há muito não saía do castelo. Ela agora mal podia esperar para chegar logo ao acampamento e se separar do exército.

---- Talvez você devesse dormir! (Lu-han disse com um sorriso enquanto encarava a menina)

---- Não acho que eu consiga\, afinal\, será uma noite longa\, e admito que estou um pouco animada com a viagem! (So-mi apoiou a cabeça no ombro de seu irmão)

----- Você sente que conseguiremos? Eu estou um pouco assustado\, admito! (Ele corou com o fato de So-mi estar encostada em seu ombro)

---- Mas é claro\, você é o melhor guerreiro que eu conheço\, Lu-han. Tenho certeza que ao seu lado vamos conseguir tudo o que queremos. (Lu-han sorriu\, corando ainda mais com a menina ao seu lado que sorria feliz enquanto tentava incentivá-lo)

Quando chegaram ao acampamento, So-mi já dormia deitada com a cabeça sobre a palha, enquanto Lu-han tomava conta de seu corpo largado. O general acordou a menina parando a carroça bruscamente.

--- Chegamos? (So-mi se levantou e desceu da carroça esticando os braços)

---- Sim\, chegamos! (O general se curvou para ela.)

Depois de algum tempo descansando no acampamento, os dois irmãos decidiram partir. Afinal, se ficassem ali, seriam encontrados por seu pai facilmente. Eles caminharam mata adentro, procurando por uma trilha a qual foram aconselhados a seguir para chegar a uma vila próxima. Após horas de caminhada, conseguiram ver algo que se assemelhava a uma estrada, uma espécie de espaço limpo entre as árvores com um buraco raso que cortava a terra inteira em uma linha reta.

--- Acho que achamos!

---- Não sei\, parece apenas uma marca feita com outro propósito! (So-mi encarou bem o irmão enquanto dizia)

Após examinar por um tempo, eles decidiram seguir a linha que atravessava a floresta, mesmo sem ter muita certeza de que era mesmo a trilha a qual Shi-jun disse para irem. Enquanto caminhavam lado a lado, ouviam sons estranhos saindo de trás das árvores, mas não conseguiam ver nada por mais que olhassem. Eles ignoraram e continuaram seguindo, mas de repente So-mi pôde ouvir algo como um rugido e um vulto laranja passando por entre a mata densa. Ela colocou sua mão sobre a espada, se preparando para sacá-la caso fosse preciso. Lu-han estava distraído demais em seus pensamentos para perceber o vulto laranja se movendo rapidamente e os cercando aos poucos, mas sua irmã logo o parou, colocando o braço esticado à sua frente, o que o fez olhar confuso para ela.

----- O que houve? (Ele perguntou sacando a espada)

---- Parece um tigre! Ele está nos seguindo há um tempo! (So-mi sacou a espada e se concentrou para ouvir apenas o som do tigre)

De repente, ela começou a ouvir alguns galhos a mais se quebrando; não era apenas o tigre que estava por ali.

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