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Somente Sua!

Cap. 1 UM NOIVO PERFEITO

Julho, 2001

— Bia, não atrasa muito, filha! O que tanto faz aí? O seu noivo está esperando!

— Só um instante, pai! Tá terminando!

— Aff! Não demora!

Bia olha para sua amiga de infância, Rose,  através do espelho, que com rapidez, encaixava as dezenas de botõezinhos do seu vestido de noiva e dá um meio sorriso, apreensiva. Embora fosse o dia do seu casamento, agora temia que tenha se precipitado em querer  casar tão cedo, afinal conheceu Eduardo Colins, apenas há dois meses.

— Acabei aqui, amiga! É a noiva mais linda de Monte Serra. O seu noivo gato vai pirar quando vê-la. Só você mesma para comemorar o aniversário de 20 anos no dia do casamento!  Ah, isso é que chamo dupla emoção!

— Ah, Rose, realmente... Só que confesso uma coisa para você: estou super nervosa! Será que Edu vai gostar? Outro detalhe, não sei se eu o amo mesmo... Sabe, eu o acho bonito, mas estou preocupada... Será que fiz a coisa certa?

A amiga revira os olhos e põe as mãos na cintura. Começa o sermão:

— Que história é essa, Bia? Respire fundo e olhe para você! É a garota mais sortuda  que eu conheço! Você vai casar com um homem elegante, belo e rico, querida! Quantas não queriam estar no seu lugar, hein? Ele te escolheu! Vocês serão felizes para sempre e ponto final!

Bia suspira, tentando acreditar nas palavras de Rose. Dá uma voltinha e para diante do espelho. O cabelo negro, num coque alto, preso pelo véu. Seu rosto delicado e moreno, com maquiagem que realçava seus olhos castanhos escuros. Já o vestido branco e longo, estilo sereia, adornava o seu corpo esbelto, mas cheio de curvas. 

Sim, realmente a amiga tinha razão.  Estava muito bonita! Ela tinha 1, 70 m, o que contrastava com Rose que era baixinha,  com o corpo estilo pera, cabelos e olhos castanhos e sorriso fácil, com lindas covinhas em cada lado das bochechas. 

— Será que ele vai se agradar de mim? Ele já teve várias mulheres e eu... Bem... Você sabe, Rose...

— Por que você acha que ele está com tanta pressa para casar? Com certeza ele está apaixonado e qual é o homem que não gostaria de ser o primeiro e inesquecível homem de uma mulher? É o seu caso, amiga!

— É.. Deve estar com toda a razão! Sou uma boba mesmo.

— Olha, Bia, você está perfeita, mas vamos logo que o seu pai está quase fazendo um buraco no corredor de tanto andar de um lado para o outro — As duas trabalhavam, enquanto saíam.

Como a cidade era pequena, em poucos minutos, Bia chegou à igreja com o seu pai. Eram 10:30 h da manhã, mas naquele dia, estava nublado e alguns tímidos trovões eram ouvidos. Não era bem o que ela imaginava para o seu dia tão especial. O tempo em Monte Serra anunciava que seria um dia chuvoso. Como evitar uma coisa dessas?

Sem se intimidar, foi caminhando com o seu pai até a porta da igreja. O coração palpitava violentamente no peito. Em poucas horas se tornaria a senhora Colins.

Ao toque da marcha nupcial, Bia entrou na igreja  bem ornamentada com flores naturais. Enquanto seguia ao altar, notou que os convidados estavam admirados com a sua beleza. Caminhando lentamente ao lado do seu pai, deteve os seus olhos  no lindo homem, que visivelmente nervoso a esperava. Com sorriso contido nos lábios, ele contemplava-a, embevecido. Bia suspirou. Ele era um espetáculo de homem naquele terno cinza.

Loiro, olhos azuis e com 1,80 m, deixou a carreira de modelo internacional para se tornar um empresário bem-sucedido no ramo de sapatos da marca Cloud. Essa era a marca que estava cada vez mais popular no país e no exterior.

Com um leve sorriso lembrou rapidamente como se viram pela primeira vez. O encontro inesperado aconteceu  no pequeno aeroporto da cidade Formosa, há 220 quilômetros da sua terra natal.   Ela, voltando de um congresso para alunos de administração da faculdade em que estudava e ele, aguardando uma conexão para São Paulo. Os dois começaram a conversar na praça de alimentação do aeroporto e ele acabou perdendo o voo. Como não tinha outro voo naquele dia para São Paulo, o rapaz resolveu pernoitar em  Formosa. Despediram-se e Bia ficou a recordar daquele belo homem, sonhando em ter a sorte de reencontrá-lo um dia.

Qual não foi sua surpresa, quando Edu chegou em Monte Serra à sua procura, três dias depois, para pedi-la em namoro. Desde esse dia, tudo parecia um conto de fadas na sua vida. Agora estava ali, prestes a casar com ele.

Aproximando do seu noivo pensou: “Eles foram destinados um ao outro.”

Ele tomou-a pelas mãos e encantado, exclamou:

-Você está linda, meu amor!

O sorriso iluminado de Bia foi a resposta para ele e a cerimônia começou.

CAP. 2 - CONVERSA COM AS AMIGAS

Uma hora depois, na recepção,  ao lado da igreja, os recém-casados cumprimentavam os convidados.  Alguns casais dançavam, outros grupos de pessoas conversavam e a animação era contagiante.

Em um certo tempo, Bia se afastou um pouco do marido que flaava com seus pais Pedro e Fabrícia e se aproximou de suas melhores amigas, Rose e Melissa, mais conhecida como Mel e em tom de zombaria, começou:

— Quero saber quem vai ser a próxima  noivinha...

Rose não perdeu tempo:

— Passo a vez para sua cunhada aqui! Mel  está tão apaixonada pelo seu irmão que brevemente teremos outro casamento na família Gonçalves!

Mel era uma garota esbelta, morena, com cabelos pretos e encaracolados até o cumprimento da cintura. Seus rosto era delicado e tinha olhos pretos. Tinha 5 centímetros a menos que Bia e era uma grande dançarina.

— Claro que não!  Somos tão novos! Temos 17 anos apenas e mesmo assim, mês que vem já vou viajar com a companhia de dança... É  um sonho que vou realizar... Então casar, sim, eu quero, mas não tão cedo.  Vejo que o seu relacionamento com Ivan, Rose, é que está ficando cada vez mais sério...

Rose avistou seu namorado que conversava com outros amigos. Ela bem sabia que apesar de estar namorando com seu amigo de infância, Ivan, há algum tempo,  não se via casada com ele. Ambos vinham só nas férias e em ocasiões especiais para a terra natal. Faziam faculdade em Formosa. Com 18 anos,  ela estava no primeiro período de Letras e ele estava quase terminando Ciências da computação. 

O semblante pensativo de Rose não passou despercebido por Bia.

— Rose, o que foi que ficou quieta? A sua vez com Ivan um dia vai chegar... Olhem para mim! Eu sou a mesma que dizia que jamais ia se casar! Bem, mas se não for com Ivan, sei que um dia eu hei de vê-la com os olhos brilhando de paixão assim como a nossa amiga aqui. — Ela deu um empurrãozinho em Mel, que com olhar maroto, observava Rose.

As três sorriam, cúmplices.

Rose continuou:

— Eu só espero que esse romance  de férias de Mel não acabe gerando frutos! E apontou para a barriga dela: — Previna-se, amiga!

Bia pôs a mão na boca, surpresa, enquanto Mel, de olhos arregalados, fez sinal de silêncio:

— Fala baixo! Se isso chega aos ouvidos da minha  tia, ela me manda imediatamente para o Rio. Vocês sabem que ela nem imagina que eu estou namorando... — Num tom mais baixo, falou:

— Eu não resisti, meninas! Eu e o Raul estamos perdidamente apaixonados um pelo outro... Então...- As bochechas dela foram ficando avermelhadas.

— Tudo bem, Mel! — Bia a tranquilizou. — Vocês formam um belo casal. Para mim, será uma honra, um dia, tê-la como a minha cunhada! Só tenha cuidado para não ter uma gravidez indesejada, sabe… A gente se preocupa muito com você. A sua tia é terrível e aqui na cidade ela é conhecida por ser uma mulher de coração de pedra. Além disso, você sabe que ela não gosta da nossa família.

— Sei disso, amiga! Para eu  chegar aqui hoje no casamento foi bem complicado.

— Ela é durona mesmo, mas fique calma. O que precisar de nós,  já sabe!- Rose a abraçou carinhosamente: — Você é nossa caçulinha e pode contar conosco.

— Obrigada, amigas! Sei que posso confiar em vocês.

Nesse momento Raul se aproximou. Ele era a versão masculina de Bia. Alto, magro, Moreno, com cabelo preto e olhos castanhos.

— Mel, eu estava te procurando! Quero te mostrar essa câmera que tira fotos instantâneas.

Edu se aproximou também e interrompeu:

— Sério? Tira uma foto nossa, cunhado!

Ele  puxou Bia para si, mostrando um largo sorriso.

— Claro! Raul posicionou-se e num clique, a foto do casal foi aparecendo!

Depois de um gritinho de surpresa, as amigas riram, divertidas, pois Bia estava meio desajeitada na foto.

— Ah, tira outra!

— Ah, maninha, não! Chama seu fotógrafo que está ali só comendo bolo. Preciso falar com você,  Mel.

À química entre os dois era evidente. O rapaz foi puxando Mel, que deu um thauzinho meio tímido. Bia e Rose se olharam, cúmplices, como faziam rotineiramente.

— Ai, eu já me sinto a madrinha desses dois!— Rose falava, sonhadora.- Sabia que eu meio que os juntei?

— Sei, você já me contou essa história uma dezena de vezes!

— Espero que essa viagem de Mel não atrapalhe o relacionamento deles!

—Também espero!

Edu voltou a falar com Bia.

— Oh, amor, já estou me sentindo rejeitado! Quero você ao meu lado…— Edu falava manhosamente.

— Desculpe-nos, Edu! Força do hábito! — Rose explicou bem humorada: — À propósito,  assim que cheguei à igreja, dois homens perguntaram por você...Expliquei a eles que era o seu casamento....

— Eles estão agora aqui? — Edu interrompeu entre preocupado e ansioso, enrijecendo o corpo.

— Não...Creio que não…Rose balançou a cabeça negativamente.

Bia o abraçou, dizendo:

—Ah, amor, pode ser algum empresário local interessado em sua marca!

—Verdade…É bem possível que seja isso mesmo! — As últimas palavras foram ditas bem baixinho, como se estivesse falando consigo mesmo.

Rose abraçou a amiga. Ainda com uma ar de interrogação, falou:

— Vou deixar os pombinhos a sós! Felicidades, amiga!

- Obrigada, Rose!

Bia olhou a amiga se afastando. Agora que estava casada, não sabia direito como seria o relacionamento entre as duas. “Tudo vai se encaixar!” Pensou positivamente.

— Querida, vamos logo pegar a estrada. Lembre-se que serão duas horas de viagem. —Edu apontou para o céu nublado. — Antes que a chuva  nos atrapalhe. Não quero perder novamente um voo. Isso pode atrapalhar  a nossa lua de mel!

— Hum, acho que essa é uma bela desculpa para nossa fugida básica!

— Como você descobriu ? Ele sorriu maliciosamente e apertou-a ao seu corpo. Falou bem sensual no seu ouvido:

— Eu te quero toda minha e não consigo pensar em outra coisa.

Sentindo a timidez tomar conta de sua face, Bia fechou os olhos e esperou por um beijo. Os lábios macios de seu marido tocaram os seus e devagar foi pedindo passagem para um beijo mais ardente. Suspirando, só conseguiu pensar na seguinte frase: “ Sim, estava pronta para ser a esposa daquele deus grego!”

CAP. 3 - PRIMEIRA BRIGA

— Filha, filha! Sua bolsa aqui!

Edu já estava com o carro ligado para partir, quando Fabrícia, a mãe de Bia,  corria, ofegante, agitando uma bolsa na mão direita.

Os convidados, que momentos antes, estavam acenando  para os noivos, quase que instantaneamente se viraram para ela, a fim de matarem a curiosidade deles.

Bia, observando a cena, lembrou-se que não estava com sua bols. Ainda bem que sua mãe encontrou.

— Espere um momento, Edu!— Saiu do carro e foi ao encontro da sua mãe.

— Oh, mãe, obrigada! Meus documentos estão aí. Imagine a confusão quando eu chegasse no aeroporto...

— Pois, então, filha! Creio que estava em cima de uma das bagagens e sem vocês perceberem deve ter caído!

— Você salvou o meu dia, mãe! Ela a abraçou e deu-lhe um beijo na bochecha: — Te amo, mãe!

— Eu também,  querida! Boa viagem!

Assim, que Edu começou a dirigir,   ele perguntou  se havia algum atalho que os levasse para Formosa. Bia respondeu:

— Sim, tem a estrada velha. A outra, no entanto, é melhor porque é bem pavimentada...

— Só me diz o caminho da estrada velha, tá? O tom de voz dele era impaciente e saiu mais alto que o normal. — Quero chegar mais rápido!

A garota aquieceu, disfarçando o espanto.  Começou a achar estranho o comportamento de seu marido. Desapontada,  arrrumou-se no banco do carro e se pôs a mostrar-lhe o caminho.

O instinto a alertava a ficar atenta, afinal de contas não o conhecia direito, mas ao mesmo tempo, ao vê-lo tão concentrado no volante,  não o achava ameaçador. Na verdade, ele parecia tenso apenas. Talvez fosse por conta do estresse do casamento. 

Para se descontrair, abriu o guarda-volumes do carro e havia revistas lá . Eram quatro. Todas se referiam ao seu marido. Abriu a primeira e se deparou com fotos dele em vários eventos. Em uma das matérias,  ele posava  com antigas namoradas. A reportagem fez uma espécie de retrospectiva de seus romances.  Com uma ponta de ciúmes viu que eram  modelos conhecidas e outras celebridades abraçadas a ele. Nas outra revistas havia fotos de seus desfiles e coleções de roupas de marcas famosas. Ficou distraída,  por um tempo, folheando-as. Depois, ouviu a voz do marido:

— Querida, preciso conversar algo importante com você! - Ele estava estranhamente sério.

— Tudo bem, Edu, aconteceu alguma coisa? Ela largou as revistas e olhou com atenção para ele.

— Bem... Estive pensando...Acho que devemos despachar seu primo James... Aquele que é  corretor de imóveis.  Morar em Monte Serra pode prejudicar os meus negócios. É uma cidade que não tem nada! Tenho dificuldade até de falar com meus funcionários!

Primeiramente,  Bia arregalou os olhos, surpresa  com as palavras tão frias de Edu. Aos poucos,  a raiva foi tomando forma em todo seu ser.

— O quê? Não acredito que você está me dizendo isso! Lembra que foi você mesmo quem disse que não tinha problema algum em morar lá?

— Sim, eu sei, mas mudei de ideia! Na verdade estou pensando em você! Não é o seu sonho administrar seu próprio negócio? Naquele lugar você vai é desperdiçar seus talentos!

Bia nem acreditava que o romântico Edu sumiu como um passe de mágica, dando lugar para aquele babaca metido!

— Você sabe que não se trata disso! Amo aquele lugar e jamais pretendo sair de perto de minha família  e meus amigos!

— Querida, seja razoável ! Eu quero o melhor para você...

— Não está parecendo!  Quando aceitei casar  eu disse minhas condições e você não viu problema algum, agora  vem com outra história? Se for pra ser assim já estou começando a  achar  que esse casamento foi um erro!

Nervosamente, ele passou a mão no cabelo. Olhou-a rapidamente e voltou a atenção para a estrada . Bia tremia de raiva. Controlava-se para não chorar.

Com a intenção de aliviar a tensão,  Edu falou :

— Desculpe, amor! Eu não devia falar assim... É a nossa lua de mel e já estamos tendo nossa primeira briga? Que droga, né? Prometo que isso não vai mais acontecer... Você tem razão! É tolice minha querer que você vá morar longe de sua família, mas eu pensei que você fosse gostar de ir pra um lugar mais sofisticado,  com mais oportunidades...Eu sou um tolo mesmo!

Depois de ouvir essas palavras,  Bia sentiu que estava ficando mais calma. Talvez ele não tenha falado por mal. Respirou fundo.

— Desculpe-me também,  Edu! Essa não é a hora apropriada pra esse tipo de conversa.

Vamos nos concentrar em nossa viagem, na lua de mel, nos lugares que vamos conhecer juntos...Além do mais, odeio brigas!

Novo silêncio.  Uma coisa era certa. Ela não ia ceder. Jamais deixaria sua terra natal. Se ele a amasse, teria que fazer sacrifícios.

Ficaram assim por um bom tempo, até que avistaram a placa da cidade vizinha. Chegaram em um povoado próximo à cidade de  Formosa.

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