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(Des)Prazer Em Revê-lo!

Capítulo 1: O homem misterioso

Nem tô acreditando! Hoje é meu primeiro dia como estagiária da editora Golden Magazine, onde sempre sonhei em trabalhar. Aconteceu quando eu ainda era criança, mas lembro como se fosse hoje a primeira vez que vi vários modelos em um desfile de moda, cada roupa me entusiasmava mais, eram brilhantes, sofisticadas e luxuosas. Então comecei me vendo fazendo todos aqueles trajes e todo mundo usando, hahaha, iria ser da hora. Mas, só pensava nisso mesmo porque virar realidade seria quase impossível. Daí, sempre que me sentia triste eu visitava a vitrine da loja B&F, pois vendo aquelas amostras eu poderia recordar um pouco de lembranças felizes. Foi aí que uma mulher muito elegante me abordou na frente da loja e me disse que pra começar moda deveria ir desenhando modelos de roupas se eu quisesse prosseguir na carreira. Logo depois ela saiu e me deixou com uma pulga atrás da orelha, quem era ela afinal? Sara Byrnes era o nome dela, a editora-chefe da Golden Magazine, a empresa editorial mais prestigiada do Vale da Esperança. Descobri, não muito tempo depois, já que no mundo da moda e estilo ela era e ainda é a referência aqui. Desde então comecei a me dedicar à moda e a tudo que a envolvesse, no entanto, foi desenhando que realmente encontrei meu potencial, algo que me empolga ao máximo em fazer. Disso, decidi ir para a faculdade de design gráfico, e agora estou em um estágio na maior editora daqui, nem acredito! Minhas expectativas estão muito altas em poder rever a famosíssima Sara Byrnes que agora será minha chefe, mal posso esperar! Me arrumei rapidinho e me apressei pra comer alguma coisa, afinal não poderia me atrasar logo no meu primeiro dia de trabalho! Mas assim que olhei para a mesa vi um bilhete e uma caneta ao lado, antes de ler percebi que era a letra da Sandra. Não é possível!  Era um bilhete de despedida, ela estava indo pra cidade para arrumar emprego, mas isso poderia ser perigoso pra ela, já que ela nunca esteve numa cidade antes... Mas de qualquer forma, eu não deveria me preocupar porquê a Sandra já é adulta..

Eu, Joanna, moro com minha mãe Silvana, a qual sou muito próxima, e com minha irmã mais velha Sandra, com quem já tive um relacionamento difícil, mas hoje são águas passadas. Meu pai faleceu de tuberculose quando nós ainda éramos crianças, deixando um casebre de alegria pra nós. Nosso aluguel estava cada vez mais alto, e por isso nossas dívidas também. Sandra disse que poderia ajudar, mas ela atualmente está desempregada, é bastante difícil encontrar vagas nesse município, só indo pra cidade grande, ainda mais ela que era formada em Direito. Ela tem um currículo invejável, é inteligente e esforçada, além de tirar ótimas notas, é dona de uma beleza estonteante, e tem uma personalidade ótima, gentil, educada e sociável, além de se vestir razoavelmente bem

Sandra Salles

Muito diferente de mim que não gosto de ser chamada de caçula da família, pois eu sempre era comparada à minha irmã nos estudos e nos modos de se comportar. Logo eu que não gostava de estudar, não era muito sociável,  sou detentora de uma personalidade forte, e considerada como feia na minha cidade, pois minhas vestimentas todos acham que são antiquadas, em geral visto roupas muito largas, e tons muito escuros, como cinza ou preto, uso óculos redondos e grandes e como eu era acima do peso na infância, meus amigos sempre me fizeram bullying por isso. Mas agora estava empenhada em fazer dieta, ainda não tinha chegado a um peso desejável, porém já dava pra notar diferenças em minha fisionomia. Mesmo a contragosto dos familiares, estava terminando a faculdade de design gráfico, na qual sempre foi meu sonho, no entanto, meus parentes não ficaram nem um pouco satisfeitos com minha escolha.

Joanna Salles

E agora , já no meu primeiro dia de estadia na Golden Magazine, por enquanto, estava indo muito bem, já que fiz alguns amigos aqui como Jean e Lina. Mas até agora Sara Byrnes não apareceu. Bem, de acordo com meus amigos ela é bastante reclusa, só em algumas ocasiões ela está presente junto aos funcionários, já que ela tinha um gabinete só dela e me parece que não gostava de ser incomodada também. Pelo visto, tão cedo poderei falar com ela novamente. Além disso, eles disseram que ela é bem difícil de agradar, são poucos os que conseguem conquistá-la. Quando já estava me contentando com esse fato, recebi uma chamada pelo secretário de Sara Byrnes. Meu Deus! Ela estava me convidando para ir à sala dela naquela hora! E eu estava pulando de alegria, finalmente poderia revê-la depois de tanto tempo! Fui direcionada pelo secretário dela até seu enorme gabinete, e era enorme! Tinha um sofá- cama, duas poltronas e a mesa onde ela estava sentada imperiosamente, além de lustres e muito luxo. Mas, já esperava por isso, pois ela sempre foi o ícone de estilo na cidade, não poderia ser diferente. O secretário saiu, deixando eu e Sara sozinhas naquele enorme e luxuoso espaço. Somente com os dedos ela me pediu para sentar e eu procuro um jeito de me acalmar sem que ela percebesse. Haha, eu já estava rindo de nervoso. Depois de alguns minutos ela finalmente começa a conversar:

— Então você é a nova estagiária aqui, certo?

— Sim… Sssou. — Gaguejo.

— O que você quer exatamente fazer aqui?

— Eu sempre tive você como inspiração, e gosto de trabalhar com design gráfic...

— Chega! Isso já é suficiente! — Ela exclama me interrompendo. — Respostas como essa todos dão. Prove o porquê que você merece continuar aqui.

— Como?

— Quero que você traga uma notícia nova e reveladora para a revista. E tem que ser algo diferente e especial.

— Mas isso não faz parte da minha área, é outro grupo de funcionários que cuidam d...

— Você quer ou não trabalhar aqui?

— Sim!

— Então dê o seu melhor. Pode ir.

Nossa! Essa é a primeira vez em tempos que eu estou me sentindo tão pressionada quanto agora. Já sabia que ela seria difícil de conquistar, mas não sabia que era tão rude ao ponto de me interromper várias vezes. Se fui me sentindo super empolgada, voltei com um desânimo total depois de sair da sala da minha nova chefe. Agora vou ter que bater cabeça procurando alguma notícia bombástica, isso já me dá nos nervos, pensei que ela iria me designar para a área de desenho artístico, que eu coloquei no currículo como minha especialidade, mas parece que aqui não funciona assim. Fiquei até tarde no escritório, pesquisando arquivos e outros materiais que poderiam servir para essa difícil tarefa, enquanto via cada um dos meus colegas indo embora, um por um. Até ficar sozinha diante daquele monte de mesas e cadeiras vazias. Já se aproximava da meia noite, quando ouvi um barulho que vinha do andar de baixo, acho que poderia ser o vigia fechando as portas. O quê?! Espera! Não posso ficar trancada aqui! Socorro! Peguei minhas coisas e desci freneticamente as escadas até chegar no térreo, porém, não havia ninguém ali. Então acho que foi só um susto mesmo. Assim que dobrei na esquina e já ia saindo do prédio, senti alguém puxando meu braço… era um homem vestindo um macacão azul. O homem estranho era alto, e apresentava uma tez enrubescida, estava encapuzado, mas ainda assim era possível ver seu suor pingando, estava ofegante, parecia que havia corrido bastante até ali, ficou de cócoras, visivelmente abatido e cansado falava com dificuldade:

— Áa...gua, água por favor!

—Tudo bem, espera só um instante. — Falo subindo as escadas em direção ao bebedouro.

Passados alguns minutos volto com um copo de água na mão.

— Aqui está. — Entrego o copo com água para o homem estranho.

—Oo...obrigado! — Ele diz depois de ter bebido de uma só vez o líquido.

— Por nada. Mas agora você pode me dizer, quem é você?

Capítulo 2: O novo editor

Eu sabia que ao perguntar a verdadeira identidade daquele homem poderia ser perigoso, mas algo me dizia que ele não faria mal a ninguém, só o estado em que se encontrava já era um mistério e não custava nada perguntar, então:

— Agora me diga, quem é você?

— Pode me chamar de Luís... Só estou procurando minha mãe. E quem é você? Nunca te vi por aqui…

— Me chamo Joanna e sou estagiária aqui na Golden Magazine. Mas porquê você está com essas roupas?

— Vamos dizer que me perdi no meio do caminho e essa é a melhor forma de voltar para casa. — Ele passou a mão no pescoço.

— Então você é cheio de mistério… Está bem, tchau senhor misterioso!

E assim, sentado na calçada, Luís observou Joanna ir embora pela rua mal iluminada. Finalmente estava descansado o suficiente da longa caminhada.

No outro dia…

Era de manhã cedinho quando acordei com alguém batendo na porta, parecia até que ia derrubar! Logo me coloquei de prontidão, calcei minhas pantufas e fui atender o doido ou doida que estava quase arrombando a casa. E me assustei com a visita inesperada de ninguém mais ninguém menos que Cynthia Boulevard, a garota que era um prestígio na nossa vila, ela costumava ser quem os garotos desejavam e quem as meninas queriam ser. Não vou mentir que me inspirei nela por muito tempo... Mas demorei para perceber o quanto ela era e ainda é esnobe, e assim se foi a minha grande admiração por ela.

— Vai ficar só me encarando ou vai me deixar entrar? — Exclama Cynthia com um olhar que assustava qualquer um.

— Oh, me desculpe! Pode entrar. — Respondi  super constrangida. Aceita um chá, café ou uma água? 

— Não, obrigada. Preciso resolver um assunto urgente aqui.

— Então pode dizer.

— Sua mãe está devendo o aluguel e ainda tem várias contas pendentes, diga a ela que se ela não quitar essas dívidas em três meses, vocês todas serão expulsas dessa casa.

— O quê? Você poderia dar mais um pouco de tempo? Aí posso pagar tudo e até com juros.— Argumento já com lágrimas nos olhos.

— Muito bem! Você me convenceu, vou te dar cinco meses e nada mais que isso. — Resolve Cynthia convicta.

 — Mas espere! — A essa altura eu já estava nervosa e com uma vontade de xingá-la de tudo quanto é nome. 

— Ah, e antes que me esqueça aqui está sua intimação, espero que dê conta do recado, e até mais! — Fala Cynthia colocando a carta que tinha em mãos na mesa e sai da casa com um sorriso despretensioso.

Não sei como eu fui capaz de ter essa megera como inspiração! Ela realmente é muito desprezível.

Cynthia Boulevard:

Mas apesar disso, não há nada que me faça deprimir logo hoje que eu acordei disposta a ir para a empresa, apesar de ter um grande trabalho pela frente… Enquanto tomava café conversava com minha mãe e de repente lembro do estranho que tinha conhecido no dia anterior, ele estava procurando pela mãe… O que será que poderia ter acontecido para que ele tivesse se perdido e não soubesse onde estaria a própria mãe? Essa indagação ficava rondando minha cabeça de vez em quando até acontecer algo mais dramático naquele dia.

Meu segundo dia na Golden Magazine estava indo tudo bem, sentada na minha mesinha junto com meus outros colegas que estavam trabalhando bastante e eu pesquisando bastante também, mas até agora não tinha nada nesses arquivos velhos que pudessem me ajudar, logo sou novamente chamada para o gabinete de Sara. O secretário disse que era para eu levar possíveis resultados das minhas pesquisas para ela analisar. E eu estava ferrada! Era só nisso que conseguia pensar, não deu em nada, mesmo me dedicando ao máximo nisso. Entrei na sala da editora-chefe e tentei não transparecer meu fracasso. Ela logo pediu que eu entregasse todo o meu material e deixasse em cima da mesa, o que eu não percebi foi que junto com o material estava meu caderno de desenho, tinha todo tipo de rabiscos e anotações ali e eu torcia para que ela não notasse. Mas obviamente que ela não deixaria passar nada dos seus olhos, assim que ela olhava para os trabalhos, ia amassando e jogando fora cada um até chegar no caderno que folheava página por página e então inicia o diálogo:

— Todos os trabalhos que você fez foram só lixo. Esperava que você me trouxesse algo melhor.

— Sim, me desculpe! — Permaneço com a cabeça baixa por um longo tempo.

— E esse caderno? — Sara aponta para o caderno azul nas suas mãos.

— Não era para estar aí… Ele não é meu! — Respondo temendo a repreensão dela.

— De quem é isto?

— Eu não sei…

— Então ache o dono deste caderno! Te dou até a próxima semana pra você trazer aqui o responsável por isto. Agora pode ir.

Saí do gabinete receosa do meu futuro. Por um lado eu não sabia o que ia acontecer quando Sara descobrir que o caderno é meu e por outro será que finalmente eu poderia trabalhar com minhas habilidades? Ficava nervosa ao pensar nisso. Mas por hora preciso me preparar para o que vier. Voltei para o escritório, sentei na minha mesinha e pus as duas mãos na cabeça, ainda estava tentando processar tudo aquilo quando de repente um homem que ainda não tinha visto ali passa direto pela nossa sala e vai até o gabinete de Sara Byrnes. Ele parecia muito com alguém… Parecia com o Guilherme Rodrigues! Só o vi de costas, mas com certeza eu iria reconhecer, ele foi o menino com quem estudei no colegial, durante praticamente toda minha infância, sofri bullying por causa dele, me chamava de balofa e cara de bolacha e ainda roubava meus lanches, porque dizia que eu estava muito gorda. Eu não reagia, só começava a chorar e Guilherme mais os amigos dele ficavam sorrindo e me chamando de chorona, como resultado: vivia comendo dentro do banheiro.O pior aconteceu quando eles colocaram cola na minha cadeira... Foi um vexame que não quero relembrar. Felizmente isso só durou até eu mudar de escola alguns anos depois. Mas agora, após 9 anos, ele estava ali novamente, só dava para vê-lo de costas pela enorme janela de vidro do gabinete de Sara, e ainda assim dava para perceber que continuava loiro e de olhos castanhos, só que estava mais crescido, ganhou alguns músculos e me parecia que estava mais alegre, sua personalidade não era mais a mesma. Logo depois, Sara e Guilherme saem do gabinete e caminham em direção ao nosso escritório e eu não consegui enfrentá-lo, tentei me esconder atrás de outras pessoas e colocar papéis para cobrir meu rosto e ainda me abaixei um pouco para que não fosse notada minha presença. Eles aparecem na frente de todos os funcionários e Sara pede atenção:

— Pessoal, atenção! — Sara bate as mãos em uma revista. — Este é o novo editor da Golden Magazine, o nome dele é Luís Guilherme e vai começar aqui na próxima semana. — Fala Sara apontando para Guilherme que estava ao seu lado.

Luís Guilherme:

Como eu poderia ter esquecido? O nome do Guilherme todo era Luis Guilherme Rodrigues! Que coincidência, o primeiro nome dele é igual o nome do estranho de ontem... Mas não acho que podem ser a mesma pessoa... Não tem como, eles tem diferenças muito grandes, melhor tirar essas fantasias da minha cabeça.

— Qual é seu telefone, Luís? — perguntou Lina, que estava sentada na mesa da frente.

— Mais alguma dúvida? — Questiona a editora chefe tirando os óculos.

— Você tem namorada? — Indagou Carla, que estava olhando furtivamente para Luís. —Nesse momento muitos sorriem, e até o novo editor.

— Mmm.. Ainda não tenho namorada. Mas em breve terei. — Fala Luís sorrindo.

— Ohhh! — Todos pronunciam em uníssono. E aplaudem ao novo integrante da editora.

Depois disso, Sara acompanha Luís até a saída e ele vai embora. Lina e Carla se aproximam me rodeando para discutir sobre o mais novo membro da empresa:

— Você não achou ele lindo, Joanna?- pergunta Lina sorrindo e pegando no meu ombro.

— É… É bonitinho. —Falo constrangida.

— Bonitinho? Ele é um gato! — Carla rebate.

— Mas ele não disse que tem uma namorada em mente? — Pergunto tentando me desvencilhar daquela conversa o mais rápido possível.

— Não, não. Ele disse que pode ter uma futura namorada, mas não importa, porque agora será eu! — Fala Carla com um enorme sorriso no rosto.

— É! Vai com tudo amiga, Aposto em você! —incentiva Lina.

— Tudo bem, vocês quem sabem. — Dei de ombros.

Carla Gutierrez:

Naquele momento eu só queria desaparecer dali, então saí para o banheiro, mas logo na entrada do corredor me esbarrei com Luís. Fiquei colocando a mão no rosto para ele não me reconhecer, mas era tarde, ele já tinha me visto e logo fala comigo:

— Você parece com alguém...Acho que conheço você. — Diz Guilherme colocando a mão no queixo.

— Não, acho que não, você deve estar enganado. Eu não conheço você. — Contesto de imediato.

— Joanna...

— O quê? —Mantive a calma por fora mas estava totalmente escandalizada por dentro, será que minha verdadeira identidade iria ser revelada assim?

— Você me lembra alguém...Sabe… Qual é seu nome?

— Meu nome é… Cynthia Boulevard.

Capítulo 3: A transformação

Eu ainda não me sentia preparada para encarar aquele que já tinha me feito chorar durante quase toda minha infância. Eu sentia que precisava mostrar algo mais além, que estava diferente da menina de antes e que estaria disposta a encarar o que houvesse. Eu não esperava ter que revê-lo assim do nada, esperava que eu pudesse ter coragem para ser eu mesma e ele não me sacanear novamente. Mas infelizmente eu fracassei, ainda estava me recuperando do meu passado, quando ele inesperadamente retorna, isso talvez seja demais para mim. Mas ainda assim não quero fazer errado, nem quero que Luís me veja dessa forma, a mesma que eu era na infância…

— E qual é seu nome? — Luís pergunta incisivamente.

—Meu nome é… Cynthia Boulevard. — Respondo instintivamente, com a primeira coisa que me veio à cabeça.

—Prazer! Eu sou Luís. — Ele estende sua mão em minha direção.

Pena que não posso dizer o mesmo. Porque na verdade é um desprazer ver ele de novo.

— Então você não conhece nenhuma Joanna? Sabe… É que você me lembra muito uma menina fofinha que estudou comigo no fundamental.

Fofinha ou balofa? Que ódio! Parece que ele não tá lembrado do tanto que ele me fez passar raiva!

— Não, eu não conheço nenhuma Joanna. — Eu respondo com um sorriso amarelo.

— Tudo bem, então até mais Cynthia! — Ele acena com as mãos, desce as escadas e vai embora.

Ufa! Só parecia que estava me livrando dessa, mas ele seria meu chefe! Estou completamente encrencada! Não sei porque achei que essa era uma boa ideia, estou ferrada! Só consigo pensar nisso. Queria enfiar minha cabeça em um buraco se tivesse na hora em que o vi. Parecia até que eu tinha visto um fantasma, meu coração disparou, fiquei pálida e em estado de choque. Não pode ser, será que eu estou com transtorno pós- traumático? Ai..minha cabeça dói só de pensar nisso. Eu não entendo nada disso, mas sei que vai ser bom manter distância do Luís, pelo meu próprio bem. Voltei para minha mesa e felizmente Lina e Carla voltaram para seus lugares. Passado algum tempo, finalmente era hora de ir embora e fui para casa com um misto de sentimentos. Ao mesmo tempo que parecia livre do Luís, me sentia mais presa. Sei que não foi correto eu ter mentido, mas queria ficar longe o máximo que eu pudesse dele. Ainda bem que amanhã não precisarei ir já que vai ser final de semana, então poderei aproveitar bem para pensar no que fazer antes de reencontrar meu novo chefe e saber como vou lidar com isso. Cheguei em casa e logo fui direto para cama,estava muito cansada depois de um dia como esse.

No outro dia…

Minha mãe me acordou cedo para que eu ajudasse ela nas tarefas domésticas. Então lá fui eu estender as roupas enquanto estava pensando comigo mesma sobre o que fazer para que Luís continuasse acreditando naquela falsa identidade. Mas quando estava estendendo o último lençol, senti como se alguém estivesse me observando e num piscar de olhos, o vento levantou o lençol e pude ver! Tinha alguém me observando! Era um intruso. Ele estava na minha frente, vestia roupas pretas com capuz e máscara, e com um pé apoiado no muro. Mas assim que me viu, correu e pulou a mureta do meu quintal em direção à rua. Não pensei duas vezes, comecei a correr para pegar aquele intruso, também pulei a mureta e corri atrás dele pela rua, mas antes que pudesse chegar até ele, Cynthia aparece no meio do caminho e quase tropeço pelo impacto entre nós duas.

— Muito bem, ao invés de estar pagando o que deve, tá parecendo uma sirigaita correndo atrás de homem! — Cynthia lança um olhar fugaz pra mim.

— Não é isso! — Falo me controlando pra não fazer besteira.

— Sei... Me engana que eu gosto! — Cynthia cruza os braços.

— É sério! Aquele homem tava me espionando!

— Hahaha! — Ela gargalha alto. — Espionando você?! Acho mais fácil você estar espionando ele.

— Claro que não! Mas quer saber? Isso não vem ao caso agora.

— Na verdade sim, eu estou disposta a te ajudar, mas você precisa fazer algo por mim.

— Ajudar no quê? Fazer o quê por você? Eu não tenho tempo.

Ela revira os olhos.

— Eu sei onde ele está agora. Mas você precisa fazer algo por mim pra eu te contar.

— O quê você quer?

— Descubra sobre ele pra mim.

— Olha só! No final, é você que tá atrás de homem.

— Não é só isso, eu acho que eu conheço ele.

— Tudo bem, mas preciso que você faça outra coisa por mim.

— Se for sobre o aluguel...

— Por favor, me transforme em você. — Quase implorei.

— Como é?

— É uma longa história, mas eu só quero que você me ajude a ficar parecida com você, quer dizer, ter a mesma aparência.

— Então você quer ajuda pra se vestir melhor?

— Sim.

— Oh Darling! Esse na verdade é um favor que você faz pra mim.

— Então você vai me ajudar?

— Claro! Tudo pra fazer você escapar dessa escuridão.

No mesmo instante, Cynthia pega no meu braço e me leva até a casa dela. Chegando lá, o espaço era enorme, tanto que dava duas vezes minha casa e do lado de dentro tinha muitas antiguidades. Ela me levou até o seu quarto no andar de cima e me sentou na cadeira da penteadeira. Eu estava totalmente atordoada com aquilo tudo. Ela começou a fazer meus cabelos, aplicou alguns hidratantes capilares e percebi que isso ressaltou meus cachos, que ficaram moldados e brilhosos. Assim também foi com meu rosto. Ela tirou meus óculos e pôs uma lente clara e demorei um pouco pra me acostumar. Aplicou uma máscara facial e a minha pele ficou igual a de um bebê. Fez minhas sobrancelhas e aplicou uma maquiagem suave em meu rosto. Depois, me levou para uma loja de roupas e me pediu pra provar vários estilos diferentes. Após eu ir e voltar do provador umas 10 vezes, ela finalmente balançou a cabeça positivamente ao me ver vestida em um vestido preto preenchido com rendinhas até o joelho que contornava todo meu corpo, revelando curvas e levantando meus seios.

Joanna (Depois da transformação):

— Agora sim você está pronta! — Cynthia aplaude enquanto me vê perto do provador.

— Te agradeço muito por isso.

— Não me agradeça ainda, lembra que você me deve algo?

— Sim, eu me lembro. Vou te apresentar ao homem misterioso. Mas por quê você mesmo não vai se encontrar com ele?

— Porque se ele for quem eu tô pensando que seja, não vai querer me encontrar.

— Entendi. — Eu me aproximo do espelho, e noto que aquele vestido ainda não estava bom, já que ele estava me sufocando. — Mas não sei quanto a esse vestido… Ele ficou um pouco apertado em mim. — Falo ainda olhando pro meu reflexo.

— Isso tem solução!

— Qual?

— Vem comigo! — Ela pega nossas coisas, paga pelo vestido e saímos imediatamente da loja.

Cynthia me puxa pelo braço, e partimos no carro dela até um espaço enorme que parecia de ginástica. Assim que ela estaciona bem na frente do local, não pus os pés pra fora do automóvel, e Cynthia se incomoda.

— Vem, você não vai sair? — Ela indaga começando a abrir a porta do carro.

— Que lugar é esse? — Pergunto ainda confusa. — Me segurava no cinto de segurança igual uma criança.

— Tente adivinhar! — Ela enlarguece o sorriso.

— Isso é uma academia?! — Falo já mostrando os dentes de tanta irritação.

— Sim, agora vamos sair pra te matricular.

— Não, eu não vou!

— Por acaso você tem alguma doença?

— Não, por quê?

— Por nada, agora levanta daí!

— Tá, tá bom, você venceu!

Desço do carro ainda irritada, mas seguindo Cynthia. Porém ao chegar na recepção não havia nenhum funcionário sequer e quando eu já ia saindo Cynthia acena pra alguém. Um homem moreno, alto e tonificado nos atende e não sei se ele percebeu mas fiquei boquiaberta com tamanha beleza.

Henrique:

— Olá Henrique, essa aqui será sua nova cliente. — Cynthia diz olhando pro homem e depois aponta pra mim.

— Espero que possamos nos dar bem… — O homem se pronuncia se aproximando de mim.

— Joanna. Meu nome. — Digo percebendo que Cynthia ainda não havia dito meu nome.

— Joanna. — Ele repete logo em seguida.

— Também espero Henrique. — Respondo, e sinto minhas maçãs do rosto enrubescerem assim que nossos olhares se encontram.

Eu fiz minha matrícula e nós saimos da academia. Assim que entramos no carro não pude conter meus sorrisos.

— Tá tão alegre assim por quê? — Cynthia pergunta enquanto começa a dirigir.

— Eu sinto que vou gostar dessa academia! — Exclamo quase pulando de alegria.

— Da academia, ou do Henrique?

— Da academia, claro!

— Acho que ele estava interessado em você.

— Claro que não!

— Claro que sim!

— Dentre todas aquelas meninas lindas da academia, por que ele iria se interessar logo por mim?

— Você ainda não se olhou no espelho? Você tá mais gata até que eu se duvidar!

— Hahaha. Você me mata de rir Cynthia. — Gargalho alto. — Mas obrigada pela motivação.

— Qual é teu problema Joanna? Será que só você não enxerga o tanto que você mudou e tá gata?

— Não sei Cynthia. Mas de qualquer modo, agradeço por tudo o que fez pra mim.

Ela revirou os olhos.

Depois de alguns instantes ela me deixou na porta da minha casa e nos despedimos.

— Tchau, até mais Cynthia! — Digo saindo do carro.

— Não esquece do favor que você me deve.

— Claro, o homem misterioso. E por falar nisso, onde ele tá?

— Ele voltou pra sua casa.

— O quê?

— Argh! Você vai encontrar ele. — Ela murmura.

— Que seja! Não entendi nada, mas tudo bem. Tchau! — Ela dá partida no carro e vai embora.

Eu entro em casa e assim que piso os pés na sala me deparo com minha mãe e um homem sentados no sofá conversando. Eles tomavam chá e reparo que o homem era o mesmo de antes. Era igual ao homem que me espionava. Ele estava usando o mesmo capuz e tinha abaixado a cabeça para beber o líquido da xícara. Parecia que ele estava bem confortável ali. Não posso acreditar nisso! Fui em direção a ele e indaguei furiosa:

— Quem é você?! O que você tá fazendo aqui?! — Meu estômago se revira quando ele levanta a cabeça e eu pude ver um rosto conhecido. Era Luís.

— Que modos são esses, Joanna? — Minha mãe me repreende. — Desculpa pela minha filha, ela às vezes é um pouco emotiva.

— Mamãe! — Exclamo.

— Eu entendo. — Ele fala com um sorriso no canto da boca.

— Joanna, esse é nosso novo inquilino, Luís.— Ela aponta pra ele. — E essa é minha filha Joanna. — Ela aponta pra mim. — Minha outra filha não tá aqui, então você pode ocupar o quarto dela. — Minha mãe nos apresenta finalmente pra meu desprazer.

— Muito obrigado. Amanhã eu me mudo pra cá.

— Eu é que agradeço. Além de bonito você é um amor de pessoa. — Ela se derretia pela carinha dele. Ela vai ter ataque se descobrir que ele é na verdade um lobo em pele de cordeiro. Na minha época de infância, apesar de algumas vezes eu voltar chorando da escola, ela não sabia quem me fazia aquilo. E me pedia pra ser forte. E eu era forte por ela. Aguentava tudo sem dizer nada. Na maioria das vezes eu mentia a causa dos meus "acidentes". Mas agora com aquela notícia, isso é demais! Eu fiquei pasma. Pálida. Não pode ser! Será que meu plano vai todo por água abaixo logo agora?!

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