Larc E A Princesa Exilada.
Uma noite especial
O silencio cobria a céu estrelado do reino Danjir.
O vento uiva pelas planícies e fazendas ao redor da cidadela de Danjir.
Apenas duas luzes são visiveis, a luz das estrelas e as fortes luzes da cidadela localizada num monte bem no meio das extensas planícies escondidas pelo escuro da noite.
Luzes menores mais em baixo no pé do monte e luzes mais intensas mais ao topo, e bem no topo do monte que também é o topo e centro da cidadela esta a construção mais iluminada, o castelo do rei de Danjir.
Dentro do muro da cidadela existe uma cidade fortemente protegida por vários soldados vagando pelas ruas, muito bem atentos ao seu serviço.
Dentre todos esses soldados alertas e atentos, existe um jovem correndo meio desajeitado em direção ao castelo no topo do monte.
Larc
Eu vou me atrasar! Eu vou me atrasar! Eu vou me atrasar!
Larc corre tentando não esbarrar em todos os que viam ele pelo caminho, mas nenhum soldado tentava o parar, porque todos sabiam que aquela era uma noite única na vida de um jovem do reino Danjir.
Larc chega no portão do castelo, coloca a mão no peito e respira lentamente tentando recuperar o folego, suor escorrendo pela sua face.
Morgana
Você conseguiu o que?
Larc estremesse. Esse tom de voz era como a de uma espada apontada para o seu pescoço. Larc toma folego e olha para a mulher de armadura branca na sua frente.
Morgana o encara em silencio por alguns segundos enquanto o Larc ainda recuperava o seu folego.
Morgana sorri e o abraça.
Morgana
Você finalmente está se tornando um Paladino, você não sabe o quanto eu esperei por esse dia. Eu to tão orgulhosa.
A Morgana solta seu filho.
Morgana
Vamos para o salão sagrado.
Ambos percorrem os majestosos corredores do castelo do rei e sobem varias escadarias até o topo da torre mais alta, onde estão vários outros jovens soldados esperando pelo grande momento pra se tornarem paladinos.
Um jovem alto com um largo sorriso no rosto se aproxima do Larc. Ele olha pra Morgana e bate contingência pra ela.
Eolous
Lady Morgana, é uma honra ter a sua presença aqui.
Morgana nota que todos os novatos se surpreenderam com a sua presença e faz um gesto para que todos fiquem calmos.
Morgana
Eu não estou aqui a trabalho hoje, relaxe.
Eolous vira pro Larc com um sorriso.
Eolous
Larc, achei que não fosse te ver aqui, logo você que ta sempre tão animado sobre se tornar paladino.
Larc
Eu tive uns contratempos aprendendo forja com o meu avô. Ele sempre diz que esse conhecimento ainda vai salvar a minha vida um dia, mas eu não sou muito bom na arte da forja.
Eolous
Eu tenho certeza que você deve ser muito bom nisso. Você é incrível Larc! Sua mãe é uma das melhores paladinas do reino, seu pai foi um herói de guerra, e seu avô é um famoso ferreiro. Você tem tudo pra ser um sucesso!
Larc sorri desviando o olhar.
O portão do salão sagrado se abre lentamente. Um homem de meia idade vestindo um manto longo branco e dourado surge na porta.
Rei Ricardo
Oh vós que buscai a justiça infinita e fostes provados dignos, entrem no santíssimo salão sagrado.
Todos se levantam e entram no salão, os portões de ouro se fecham. Dentro do salão, tudo é branco e dourado de uma forma tão brilhante que não tinha como não apreciar cada detalhe.
Toda a decoração era esculpida com uma maestria tão grande que cativava a atenção de todos os jovens.
Larc
Como um lugar tão bonito assim existe?
Morgana
É aqui que a sua nova vida começa filho.
O rei sobe no altar e sorri abrindo os braços.
Algumas batidas na porta do salão são escutadas. Uma freqüência bem peculiar de uma batida, seguido por três batidas rápidas, seguido, por mais uma batida.
Morgana da uma breve olhada na direção do portão do salão. Apenas a voz do rei é escutada.
Rei Ricardo
Hoje vocês estão se tornando paladinos!
Rei Ricardo
Bravos guerreiros da justiça contra as forças das trevas que assola o nosso mundo!
As batidas no portão se repetem. Uma batida, seguido por três batidas rápidas, seguido, por mais uma batida.
Morgana coloca a mão em sua espada, Larc olha pra sua mãe.
Morgana faz um jesto com a mão indicando pro Larc ficar quieto.
Rei Ricardo
Quando eu chamar seus nomes, venham até o altar para receber o seu título de Paladino!
O rei pega um pergaminho.
Larc caminha até o altar em silêncio, tentando segurar o sorriso.
Rei Ricardo
Não existe vergonha em se orgulhar de seu trabalho duro jovem!
Larc abre um enorme sorriso e se ajoelha. Larc desembainha sua espada e a oferece ao rei. Larc se lembra do dia em que o seu avô forjou essa espada como um presente de incentivo para os testes para se tornar um paladino. A espada possui uma lamina de cristal verde ao invés das laminas de metal convencional feita por outros ferreiros.
O rei toca os ombros do Larc com a ponta da lamina.
Rei Ricardo
Eu te proclamo...
Uma batida forte no portão acontece.
Três batidas fortes rápidas. O rei descia o olhar para o portão e volta a olhar pro Larc.
O rei devolve a espada pro Larc que então se ergue e vira para todos. Ele nota sua mãe olhando fixamente pro portão com a mão na bainha na espada. Larc sente um arrepio por todo o seu corpo.
Uma batida forte no portão.
O portão explode pra dentro do salão, a pressão da explosão foi tão forte que derrubou todos ali presentes, menos a Morgana que desembainhou sua espada e correu em direção a entrada explodida sem pensar duas vezes.
Os ouvidos de Larc estão zunindo, Larc tenta olhar ao redor pra entender o que estava acontecendo. Era impossível que alguem tivesse invadido a cidadela de Danjir, a cidade mais bem protegida do reino.
Larc levanta e olha pro rei desmaiado, então volta seu olhar pra multidão de jovens como ele, todos confusos e sem entender nada.
Uma mulher de pele pálida e cabelos e vestido preto adentra o salão com um sorriso no rosto.
Larc começa a tremer pensando onde sera que sua mãe estava.
A mulher parece ser jovem, talvez até da mesma idade que o Larc. Ela olha pra todos os soldados tremendo enquanto seguram suas espadas.
Serena
Eu estou de bom humor, então eu vou dar a todos vocês a chance de fugir com vida.
Dois gigantes com corpos meio pedra meio orgânico entram no salão atrás da Serena. E por fim, um homem metade escorpião com o corpo da Morgana perfurado em seu rabo entra no salão.
Lac arregala os olhos e lagrimas escorrem, seu corpo estremesse, ele segura sua espada com raiva.
Serena
O que vocês estão esperando? xô!
Uma noite destruída
Larc
Ficar com raiva não vai resolver nada, lembre do seu treinamento Larc.
Do outro lado do salão, Serena está olhando para todos os soldados presentes, todos estão assustados, mas nenhum deles está fugindo. Ela olha para as criaturas atrás dela.
Serena
Saiam do caminho, deixem espaço para eles passarem, eu prometi deixar eles saírem com vida.
O homem escorpião, e os dois gigantes de pedra abriram caminho.
Vários dos jovens soldados correm para fora do salão e por mais surpreendente que pareça, eles não foram mortos ao passar pelo homem escorpião e os gigantes de pedra.
Larc sentiu algo puxando o seu pulso, e olhou para trás assustado.
Era o rei tentando se levantar. Havia sangue saindo de sua boca.
Larc se virou pra ele enquanto os soldados ainda evacuavam o salão.
Larc
Vossa majestade temos que sair daqui.
Rei Ricardo
Lac, vá, se os monstros conseguiram entrar nesse salão tão rápido significa que o reino já caiu, nós estamos condenados. Todos lá fora já devem estar mortos.
Larc sente um arrepio e se lembra do corpo morto de sua mãe ainda preso ao ferrão do homem escorpião, ele segura sua espada com ainda mais força e segurando as lagrimas.
Larc
Não, não podemos estar condenados! Deve existir um jeito!
Larc se vira pra Serena apontando sua espada pra ela.
Quem ainda não havia fugido olhou para o Larc, todos olharam para ele, até mesmo os montros. Serena piscou os olhos rapidamente, como se não acreditasse no que tivesse vendo.
Os golems deram um passo a frente, mas a Serena fez um gesto com as mãos para que parassem.
Serena
Princesa dos exilados, e futura imperatriz da humanidade. E você?
Serena
Soldado numero 3248 eu suponho? Não importa...
Larc
Meu nome é Larc! E eu solicito um duelo com a Princesa!
Um pequeno sorriso se forma no canto do rosto da Serena. Eolous que ainda não tinha fugido corre em direção ao Larc.
Eolous
Larc você ta louco?
Larc
Do que você ta falando? Somos paladinos desse reino!
Serena lentamente caminha em direção ao Larc e Eolous.
Serena
Qual é o seu elemento? Você tem um certo?
Larc sentiu aquela pergunta doer no fundo do seu coração.
Larc
Eu ainda não adquiri meu elemento.
Serena começa a gargalhar alto.
Eolous entra na frente do Larc.
Eolous
Se você quer batalhar contra alguem que possui um elemento, esse alguem sou eu. Eu que tive as notas mais altas de manipulação elemental. Meu elemento é água.
Serena
Tá tá, tanto faz bonitinho.
Serena
Você está disposto a morrer pelo seu amigo sem talento?
Eolous hesitou, mas puxou a espada de aço.
Eolous
Larc é meu melhor amigo.
Pequenas esferas de água começaram a se formar ao redor dele.
Serena sorriu e algum tipo de liquido gosmento escuro começou a se espalhar pelo chão.
Eolous olha para todos os lados discretamente com os cantos dos olhos.
Serena
Olha, é a sua ultima chance de fugir.
Uma esfera de agua é disparada contra a Serena e ao acertar seu peito, isso fez com que com que ela desse um passo pra trás, ela fecha os olhos e cobre a área ferida com as mãos.
Serena
Um ataque covarde? Esperava mais de vocês , os "bravos paladinos da justiça".
O estranho liquido preto que se espalhava pelo chão vindo da Serena agora já se tornou numa gigantesca poça que cobre todo o chão do salão.
Serena
Vocês estão na palma da minha mão, ou deveria dizer "em cima de mim"?
O estranho liquido preto começa a escalar o corpo de todos os humanos ali presentes, imobilizando seus corpos e os cobri-los completamente.
Larc
O que é essa coisa nojenta?
O corpo da Serena começa a liquefazer, derretendo completamente e se misturando a poça.
A voz da Serena começa a ecoar por todo o salão.
Serena
ISSO é a maldição que nos foi imposta pelo erro de nossos antepassados!
Serena
Nascer amaldiçoado e odiado por uma escolha que não foi sua!
O liquido que cobria o corpo do Larc começa a borbulhar e a forma humanóide da Serena começa a emergir dele. Ela olha no fundo dos olhos dele.
Serena
Todos os que fugiram já estão mortos, meus soldados lá fora já os mataram.
Serena
Porque eu odeio gente medrosa.
O corpo da Serena emergiu completamente na forma humana de pele pálida e cabelos pretos, porem dessa vez o Larc percebeu que o vestido dela é liquido. Tudo é parte do corpo dela.
Ela olhou pro Eolous, então ela olhou pro Larc e sorriu.
Serena
Sabe, eu gostei de vocês, vocês foram os primeiros que me desafiaram.
Larc e Eolous ficaram em completo silencio.
Serena
Eu vou dar uma chance pra vocês.
Serena para de frente pro Larc, libera ele de seu poder e abre os braços.
Serena
Se você conseguir me matar, eu te deixo ir. Mas se você não conseguir me matar, você vai se tornar meu bichinho.
Ele segura sua espada e respira fundo.
As preocupações de não mata-la começam a cobrir a sua mente.
Larc
Eu preciso de um milagre.
Larc perfura o corpo da Serena no coração. Serena arregala os olhos.
Toda a gigantesca poça de líquido preto começa a evaporar.
O corpo da Serena começa a desmanchar e ela tenta se escorar no Larc.
Serena
Eu não consigo me manter estável.
Serena começa a gargalhar e se estabilizar.
Serena
Por um segundo você me assustou. Isso realmente doeu, o que tem nessa espada verde?
Serena
Eu nunca ouvi falar de algo assim antes.
Serena olha pros dois gigantes de pedra e o homem escorpião. Eles fazem uma cara de quem também não sabe.
Eolus dispara uma rajada de agua contra a Serena e ela é empurrada pra trás.
Eolous puxa o Larc pelo braço em direção a janela, pulando por ela.
Serena
Eles preferem morrer do que serem meus bichinhos? Que pena.
Larc e Eolous estão caindo do topo da torre mais alta. A cidade está em chamas, monstros por todas as partes.
Eolous conjurou e disparou agua por suas mãos para diminuir a velocidade da queda.
Eles caem, não com muita força, mas perdem o equilíbrio por causa do chão molhado.
Eolous
Essa foi por pouco.
Larc
Se eu não te conhecesse eu te mataria.
Ambos se levantam, mas rapidamente são cercados por quatro mulheres com cauda de cobra no lugar das pernas.
Larc olha pras mulheres cobra deslizando de um lado pro outro prontas pra atacar.
Eolous
Saímos de um problema pra cair em outro.
Larc
Você fala como se isso não acontecesse sempre.
Duas das quatro mulheres cobra avançam pra cima dos dois.
Larc esquiva pra direita e golpeia a mulher cobra no peito. Ela solta um grito de dor e começa a se contorcer loucamente.
A lamina da espada do Larc esta brilhando novamente. Todas as mulheres cobras recuam um pouco surpresas, mas com ainda mais raiva.
Eolous
O que ta acontecendo com sua espada?
Larc
Não sei, mas foi por causa dela que eu tava atrasado.
Eolous
Eu só sei que quero uma igual.
A mulher cobra que estava se contorcendo de dor, foi parando de se mover lentamente até parar de se mover e ficar assim como morta.
As outras mulheres cobra começaram a gritar de raiva e protestar.
Eolous dispara uma rajada de agua certeira na boca de cada uma das mulheres cobra.
Larc avançou pra cima das três e desferiu um golpe lateral rápido nas três.
Todas as três começaram a se contorcer de dor. Larc e Eolous correram para longe.
Eolous
Temos que ir para os túneis de fuga.
Larc
Não, a cidade caiu rápido demais. Eles com certeza invadiram a cidade pelos tuneis de fuga.
Ambos se escondem de um gigante de pedra atrás de alguns escombros de uma casa destruída.
Eolous
Você acha que aguém nos traiu ou que eles tinham um espião?
Larc
Isso não importa agora.
O gigante de pedra se move pra longe.
Larc e Eolous voltam a procurar um meio de sair da cidade.
Larc
Eu só espero que meu avô tenha fugido em segurança.
Eolous
A sua cara fica bem perto da saída da cidade, querendo ou não, vamos ter que passar por lá, se quisermos ter uma chance de escapar.
Ambos continuam a se mover evitando serem vistos enquanto descem o monte até a saída da cidade.
O fim da longa noite
Larc e Eolous pararam entre os escombros de duas casas próximo da avenida principal que desce a montanha.
Várias criaturas andando para todos os lados.
Todos humanos que sofreram mutação pela Corrupção e se tornaram monstruosos.
Larc
Eolous, eu não escuto nem vejo nenhum dos nossos cidadãos.
Eolous
É bem provável que já estejam todos mortos.
Eolous guia Larc pelos becos e destroços das casas.
Ambos seguem em direção a voz que parecia estar na casa ao lado, tomando cuidado para não fazer barulho nem chamar atenção.
voz feminina
Eles entram no que seria agora uma sala de estar completamente em pedaços.
Larc
Ola? Consegue nos ouvir?
voz feminina
O armário caiu em cima de mim, não consigo sair.
Larc e Eolous levantam o armário pesado com uma certa dificuldade.
Eolous
Você consegue sair?
voz feminina
Acho que sim...
As mãos de Larc e Eolous são coladas ao armário por uma gosma estranha.
Antes mesmo deles abrirem suas bocas pra falar, suas bocas também são tampadas pelo mesmo líquido viscoso.
Os olhos do Larc e do Eolous se arregalaram.
O armário é erguido sem muita dificuldade pela força desse liquido e é colocado de lado sem fazer nenhum barulho.
Larc e Eolous são colados contra a parede completamente imobilizados e incapazes de falar.
Serena
Olá de novo rapazes.
Larc
Surunumuvutu (Serena, maldita!)
A aparência humanóide da Serena emerge da gosma na parede.
Serena
Façam silencio, vocês não querem que eles nos descubram ne?
Serena esta com um olhar sério.
Larc e Eolous se entreolham.
Serena
Desculpem, mas por segurança própria eu não posso deixar vocês soltos.
Serena
Então fiquem ai quietinhos me escutando.
Serena
É verdade que eu sou a princesa dos Exilados, mas eu sou contra tudo o que meu povo está fazendo.
Eolous
uvussuuvuguvumusucuvufunufu (E você acha que vamos acreditar que vamos acreditar nisso?)
Serena
Meu povo me ama, mas ao mesmo tempo, eles não pensariam duas vezes em me matar caso eu falasse abertamente que sou contra o que está acontecendo.
Serena
São muitos seculos de ódio acumulado.
Serena respira fundo de novo.
Serena
Enfim, eu não to afim de ficar falando por muito tempo sobre isso. Vocês já devem ter estudado sobre isso eu suponho.
Serena
A questão é a seguinte.
Serena
Vocês tem duas opções.
Serena levantou o polegar.
Serena
Tentar escapar daqui, falhar miseravelmente e morrer.
Serena levantou o indicador.
Serena
Me ajudar e talvez por um fim nessa guerra milenar.
Larc e Eolous se entreolham.
Serena
Eu vou liberar as suas bocas e vocês poderão falar.
Serena
E já adianto que me matar só vai deixar tudo pior, na verdade vai ser um favor que vocês vão estar me fazendo.
Serena
Já que eu não consigo morrer de causas naturais.
O liquido que cobria a boca do Larc e do Eolous se desprende então caindo no chão.
Larc
Ela podia ter nos matado varias vezes, mas ela nunca tentou fazer isso de verdade, acho que deveríamos dar uma chance.
Serena
Você é mais inteligente do que parece Larc.
Serena
Eu não posso ficar ausente por muito tempo, então por enquanto eu vou ajudar vocês a escapar da cidadela.
Larc e Eolous são colocados no chão e completamente libertos da gosma que os prendia.
Serena
Obrigado por confiarem em mim.
Eolous
Eu ainda acho que isso é pura encenação.
Serena
Eu teria que ser muito burra pra deixar vocês viverem.
Eolous
E sobre as pessoas que você disse que foram mortas por escapar?
Serena
Eles realmente morreram, não por mim, mas eu sabia que eles morreriam, eu só não queria ver eles morrendo na minha frente.
Larc
Isso não importa mais, temos que sair daqui e achar um jeito de acabar tudo isso de uma vez.
Serena
Exatamente, me sigam.
Serena, guia Larc e Eolous por um caminho seguro.
Larc
Se continuarmos seguindo por aqui, vamos chegar na saída lateral da cidade onde passa o rio.
Serena
Exato, é a única área da cidade que não tem uma forte vigilância. O foco era invadir pelos tuneis de fuga o portão principal para que ninguém conseguisse fugir.
Larc e Eolous ficam em silêncio.
Serena
Sinto muito, mas as eu duvido que alguem tenha escapado com vida.
Todo o resto da caminhada deles é feita no mais absoluto silêncio.
Seja pelo luto, seja pena tristeza, ou até mesmo pra pensar no que fazer daqui pra frente. O silencio os acompanhava, nada mais.
Eles chegaram até a estreita passagem do rio.
Serena
É aqui que eu me despeço de vocês.
Larc e Eolous se entreolharam.
Larc
Obrigado por nos ajudar.
Serena
Eu só quero lembra-los que meu plano não tem garantia de sucesso. Então não me agradeça.
Larc olhou pro Eolous, que cruzou os braços.
Eolous
Eu ainda não confio 100% em você.
Serena
Eu nunca esperei que confiasse.
Serena olhou pro Larc e colocou a mão no peito.
Serena arrancou um pedacinho de si mesma, o pedaço faltando logo se regenerou.
Serena
Larc, quero que fique com isso, é um fragmento de mim mesma, então não exponha no sol ou ele vai desaparecer.
Serena
Mas é como eu vou encontrar vocês no futuro.
Larc segurou aquela bolinha preta gelatinosa, e a colocou no bolso.
Serena olhou para os lados, abraçou o Larc e o soltou.
Serena
Espero que sobrevivam até o nosso próximo encontro.
Eolous
Essa não é a melhor forma de se despedir.
Serena
Tem razão bonitinho.
Serena se virou e seu corpo derreteu numa poça preta e começou a escorrer em direção ao topo da montanha.
Larc e Eolous pegaram um barco e seguiram viagem rio a baixo.
Eolous
Então, qual o nosso plano agora? Você vai mesmo ficar com aquela coisa?
Larc
Eu tava pensando em passarmos na vai vila dos ferreiros. Minha familia tem uma casa lá.
Larc
E sim, eu vou ficar com aquilo.
Eolous
Legal. Seria bom poder descansar um pouco.
O sol começa a surgir no horizonte.
Larc boceja e Eolous continua a remar.
Algumas horas depois, ambos acordam com o barco encalhando abruptamente.
Larc e Eolous já puxam suas espadas olhando para todos os lados.
Larc
Eu to com muito sono.
Ambos vêem uma floresta densa logo a frente.
Larc
Chegamos, vamos seguir a pé.
Eles descem do barco e seguem o rio floresta a dentro.
Larc leva sua mão ao peito, pensando no pior.
Larc
Espero que encontremos sobreviventes.
Eolous coloca a mão esquerda no ombro direito do Larc.
Eolous
Vamos encontrar sim.
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