Bem, posso ter nome de princesa, mas tenho nada parecido com uma. Tem até algumas princesas que são órfãs, assim como eu, como no caso da Cinderela, mas na história da princesa Aurora, aquela que leva o meu nome. Ela tinha os seus pais, além de todo um reino que a amava muito e desejada por todos. Houve até uma grande festa para comemorar a sua chegada. Daí começou o problema da minha xará. Um convite se perde e ela ganha uma maldição. Sendo assim, não temos nada em comum. Eu nunca tive ninguém ao meu lado. E algo me diz que minha história não terá um final feliz depois de um beijo.
Eu completo hoje meus 18 anos, todos vividos aqui, nesse orfanato. Fui deixada ainda quando era um bebê. Com apenas alguns meses. Estava dentro se uma cesta, a madre me disse. Falou que dentro dela tinha um cartão com meu nome, "Aurora" e esse colar com formato de coração.
Não tenho nenhuma outra informação que possa levar a minha verdadeira família, apenas que fui abandonada. Também nunca fui adotada, mesmo chegando nova. Várias crianças vieram e foram. E eu fiquei. Até essa semana. Que será a minha última. Depois da minha formatura, terei que me mudar e começar a viver por conta própria.
Bom, a parte boa, que consegui um quartinho pequenininho na cidade. Com ajuda de Philips, um grande amigo meu da escola. Na verdade, um dos poucos. Já que a escola é para alunos de elite e eu era bolsista, nunca fui bem aceita. Tudo bem, gente. Valeu a pena! Passei na Universidade e vou cursar designer, meu sonho. Na faculdade Federal da cidade. Vou trabalhar durante o dia em uma lanchonete e a noite estudarei.
Agora, preciso me arrumar para minha formatura. Tenho cabelos claros lisos, olhos castanhos e um corpo padrão. Eu sou tão normal que chega a ser sem graça. Não tenho nada que realmente me destaque. Ou apenas não me importo demais com isso.
Morar em um convento pode deixar você um pouco despreocupado quando se trata de estética. Eu me preocupo bem menos com isso e bem mais como vou sobreviver agora. Diferente da maioria das pessoas, vivo no modo hard a vida. Se eu precisa de ajuda, minha lista de contatos de emergência é zero. Então isso dificulta um pouco que eu me preocupe tanto com coisas pequenas. O medo do futuro é avassalador.
Estou pronta. Vou direto a pé para escola. Vestida com esse negócio quente. Todos na rua me olham estranho. Acho que nunca viram uma formanda. Chego na escola, vejo várias rodinhas, muitas pessoas fotografando com os amigos e familiares. A única amiga que eu tinha na escola, teve querer intercâmbio e o meu amigo, Philips? Ele meio que é o menino mais gato da escola. Tem uma roda enorme de meninas ao seu redor. Ele me vê e grita:
— Aurora! — Ele sempre me assusta
— Oi — Falei tímida Ou assustada, tinham olhares assassinos me olhando
— Vem comigo. Quero tirar uma foto de nos dois. Preciso dessa recordação. — Ele disse sorrindo.
A foto não ficou lá certinha. Não conseguimos parar de rir da cara das meninas que estavam ele.
— Se muito bonito é trabalhoso — Falei a ele
— Demais! — Ele falou rindo — Quer sair para comemorar mais tarde?
— Não dá. Tenho que organizar a mudança — eu falei
— Tem certeza que não vai aceitar o emprego que ofereci e nem o apartamento? Será só até você se organizar — Ele falou
— Obrigada, mas não. Já cuidaram de mim até hoje. Chegou a hora de cuidar de mim sozinha. — Eu falei animada
— Só estou preocupado. Você é tão doce e inocente. Morar sozinha me parece tão perigoso — Ele diz fazendo careta.
— VAI ter que superar. Já basta o tempo que as freiras e impediram de até respirar. Agora serei uma menina má. — Eu falei.
— Duvido! — Ele disse rindo.
— Não me teste. Vou entregar essa roupa sem lavar. Eu sou má. Muito má. — Eu disse e ele caiu a gargalhada
— Sua maldade foi paga o aluguel. pagamos a taxa da lavagem. — Ele disse rindo
— Você sabia? — Eu falei surpresa.
— Então você sabia também? Como isso seria ruim. — Ele disse rindo.
— Entregar algo sujo não é bom. Mesmo que lavar novamente — Eu disse fazendo careta
— Ainda quer saber porque estou preocupado de você morando sozinha. — falou me puxando
Começou a cerimônia. Chamaram nome por nome. Sempre com gritaria e palmas dos amigos. Era um momento tão lindo.
— Aurora das Graças? — Era minha vez. Odiava como o meu nome e sobrenome não combinavam, mas fazer o que, quem escolhei foi um juiz.
Quando pego meu diploma, diferente dos outros, que tinham várias palmas, gritos e os nomes sendo gritados ao vento. Só ouvi um grito, uma pessoa. Era o Philip gritando o meu nome e batendo palmas sozinho na plateia . Sabe? Às vezes qualidade realmente é bem melhor que quantidade. Eu comecei a chorar. Tá tudo bem. Tinha acabado aquela fase. Agora iria ser melhor.
Quando estava já indo para casa, ele corre até mim e me entrega um buquê de rosas vermelhas. Ele me encara alguns minutos:
— Parabéns, Aurora! Você fez bem. Agora será uma fase mais leve e divertida. Espero está o seu lado para poder acompanhar a sua nova caminhada — Ele disse e eu abracei ele com força.
— Obrigada, você é o melhor amigo que qualquer garota poderia ter — Eu falei e seu sorriso sumiu — O que foi?
— Não, Não é nada. Esqueci tu é meio tapada para certas coisas. Vamos, vou te levar em casa — Ele disse pegando a minha mão e me levando até seu carro.
— Como a pessoa chama a outra de tapado como se fosse nada. — Eu falei encarando ele.
— Se eu te pedir um presente você pode me dar ?— ele falou me olhando dentro do carro.
— Sabe que você tem tudo. Eu não conseguiria te dar nada — Eu falei triste
— Isso você vai conseguir. Me dará isso de presente de formatura? — Ele falou e eu acenei concordando — Então comemora mais tarde comigo? Quero comemorar isso com você.
— Tá bom. Me pega as 21h na esquina da rua. — Eu ia ter que fugir do convento, não era a primeira vez, mas não era fácil.
— Obrigada, você é a melhor. — Ele falou acelerando o carro na direção da minha casa.
Cheguei no orfanato, fui tomar um banho e desci para ajudar na cozinha, como era uma das mais velhas, fiquei responsável pelas refeições. Me sentia bem. Era uma forma de retribuir tudo que me deram. Elas tentaram muito me dar amor, carinho e atenção, mas precisavam dividir com mais 30 outras crianças. Não era fácil. Aprendi muito com elas e não tenho nada a reclamar, quer dizer, só um pouco, são bem rigorosas.
Terminei o almoço, chamei todos para comer. Aqui tem que comer na hora. Tudo é bem dividido para não faltar para ninguém ou esquecer. Se você não comer na hora, talvez não coma mais. Assim que funciona. Me alimentei e fui empacotar minhas coisas.
— Quer ajuda? — A irmã Helena perguntou entrando no meu quarto
— Acabei de perceber que não muita coisa para embalar. — Eu disse rindo
— Sim, a maioria das coisas que são doações devem continuar aqui. Você vai ficar bem? — Ela perguntou
— Tenho que ficar. Aprendi muito com vocês. Vou me dar bem. — Eu falei
— Aprendeu apenas teoria. A prática sempre é diferente — me alertou
— Pior que aquele colégio que ninguém falava comigo? — Perguntou
— O mundo pode ser bem cruel. Você sempre teve o Philips na escola e a Yasmin. Não esteve sempre sozinha. Agora talvez fique. Saiba que sempre estarei aqui. — Helena falou me abraçando
— Tem certeza que não quer fugir e vir comigo? Ou ainda está atrás de um padre lindo para te transformar em mula sem cabeça? — Falei brincando
— Deixa de conversa, menina! Se a madre ouve isso. — Helena estava falando quando percebemos alguém entrando
— O quê não podia ouvir? — Ela dizia me olhando
— Que eu não queria ir embora. Vou me esconder no porão. — Menti uma freira. Serei enviada de classe A para o inferno.
— Eu coloco você para fora amarrada. Me deixe ter um pouco de paz antes da minha aposentadoria. Você ainda vai me enlouquecer com as suas pegadinhas e fugas — Ela diz fazendo caretaa.
— Eu sei. Você vai sentir muito a mjnha falta. — Falei rindo e ela saiu
— Tenho que ajudar o padre na paróquia. Até amanhã. Boa noite — Helena disse.
— Boa noite! — Falei sorrindo
Eu sei que pode ser rigoroso, restritivo e com menos amor que uma família normal, mas sentirei muita falta daqui. Na verdade, morar no porão não seria uma péssima ideia. Pelo menos, economizaria aluguei e poderia viver de miojo e pipoca.
OMG! Olha hora. Preciso me arrumar rápido. Pior que não sei nem para onde ele quer ir comemorar. Vou vestir qualquer coisa. Não tenho nada muito arrumado de qualquer forma.
Pelo menos de short fica mais fácil para pular da janela para árvore e descer. Então, vamos nessa. Espero não ser pega. Não quero ser expulsa dias antes de ser expulsa. Assim acabaria com o charme. Pensei rindo.
Quando cheguei na esquina, ele na estava lá. Sempre marcavamos aqui. Ele sempre me pegou e me deixou aqui. Se der bobeira nem sabe onde é o orfanato.
— Boa noite. Tá gata. — Ele falou sorrindo
— Boa noite, sem futuro. Para onde vamos? — Falei rindo
— Para um restaurante 5 estrelas, sua sem coração. — Ele disse e eu me assustei
— Tá me zoando, né? Como vou com essa roupa? — Falei irritada
— Acalma aí. Tô brincando, mas ia adorar ver a cara de todos te olhando entrando assim.— Ele falou rindo.
— Claro. claro. Um milionário levou a puta dele para jantar. Era o que estariam pensando — Falei irritada
— Que mal humor para quem passou em 1° lugar no curso. Eu vou levar a gente para o barco. Podemos comemorar de boa lá, rabugenta. — falou estirando a língua para mim.
— Fácil falar. Difícil você entender que as mulheres são julgadas todo tempo. Andar com você é subir em um palanque — Eu disse completamente irritada
— Pega, toma isso. — Falou me passando uma garrafa de bebida.
— O quê é isso? — Eu perguntei
— Felicidade engarrafada. Tenta — Ele falou e acelerou o carro.
— A sua felicidade é um pouco amarga — Eu falei rindo.
— Seu paladar que não consegue lidar com algo tão saboroso — Ele brincou enquanto estacionada
— Pensei que aqui era seu motel aquático — Falei olhando para ele. Ele sempre levava as meninas que saia para um navio ou um apartamento dele.
— Não, nenhuma delas pisou nesse. — Ele respondeu parecendo chateado
— Me ajuda a subir? — Eu pedi a ele.
— Ser baixinha não é fácil, né? — Ele disse rindo.
— Tá muito palhaço hoje. — Subi empurrando ele e passando
— Quando ódio num corpo tão pequeno. Cuidado que pode explodir — Ele disse rindo
— Só seremos nós dois? Não chamou os seus amigos? E a sua família? — Eu pensava que tinha mais gente
— Não, queria comemorar só com você? Não pode? — Ele falou chateado
— Pode. Só perguntei. Achei que seria uma festa.
— E será! Mas só seremos eu e você. — Ele disse e ligou o som, me passou uma felicidade amarga engarrafada
Não demorou muitas garrafas para entender porque ela era felicidade engarrafada. Eu já estava rindo a toa, dançando com ele colado em mim e o barco moveu-se. A capacidade de equilíbrio nossa estava certamente comprometida, ambos caímos, como um dominó, um por cima do outro. Eu olhei para ele que estava em cima de mim, comecei a ri, ele acabou rindo também. No meio das gargalhadas os nos olhos encontraram-se e ele me beijou, minha mente ficou um completo branco.
— PHILIPS ! — Um grito fino desconhecido
Abro meus olhos, com dificuldade de me acostumar com a luz, estava muito confusa. Olho para um lado e outro tentando entender o que estava acontecendo.
— Veste isso — Philips me passa a sua camisa, eu olho para ele tentando entender, ele parece que percebeu se aproxima de mim e sussurra no meu ouvido — Você está nua.
Visto a camisa bem rápido. Olho novamente para a mulher que gritava. Começo a reconhecer. É a sua mãe. Aí meu Deus. Já é dia. Eu me levanto desesperada, ele puxa-me para perto dele. Eu tava mostrando tudo e ele cobriu
— O quê você está fazendo com essa vadia sem pais? — A mãe dele falou e eu sentia a minha cabeça girando
— Eu gosto dela. — Ele falou e eu me assustei
— VOCÊ É NOIVO. ESSA DAI NÃO TEVE PAIS PARA ENSINAR HONRA E RESPEITO? OU VOCÊ USOU ELA PARA SUA DESPEDIDA DE SOLTEIRO? — A mãe dele gritava
Uma moça passa empurrando todos os seguranças que estavam com a mãe dele, passa por ela se aproxima de mim e bate na minha cara.
— SAIA! NÃO QUERO VOCÊ PERTO DO MEU NOIVO, SUA BISCATE DA RALÉ. PELO MENOS ELE NÃO PRECISOU GASTAR DINHEIRO, PEGOU ALGUÉM TOTALMENTE DE GRAÇA — sua noiva gritava
Peguei meu short que estava no chão, estava tentando sair, ele me seguro com força.
— Aurora, não é assim, acredita em mim.— ele falou me segurando pela cintura
— Você é noivo? — perguntei encarando ele
— SIM, mas — interrompi ele
— Me solte! Independe da história dramática que tiver envolvida, você não me contou. Não me importo com elas, mas se você não me contou, não merece minha confiava, agora me largue. — Falei soltando a mão dele
Quando estava passando, a noiva babaca me empurra na água e começa a filmar com o celular.
— Para aprender a nunca mais dormir com o marido dos outros — Ela disse rindo
Eu não conseguia respirar, nadar naquele frio foi ainda pior. Estava me sentindo humilhada e ainda dececionada, como pude confiar nele? Acreditar que ele me via como uma amiga. Como toda desgraça para pobre é pouco, a minha maldita bolsa ficou no barco. Então, estou eu, andando horas até o orfanato, no início, estava toda molhada, agora estou quase seca, as lágrimas também já secaram.
Quando cheguei próximo da entrada do orfanato, até pensei em entrar por onde sai, mas esse horário, todo mundo já tinha descoberto a minha fuga. Quando estava prestes a bater na porta, ela abre-se magicamente e a madre superior brota.
— Que bom! Você está viva. E parece, que decidiu bem como vai seguir a sua vida a partir de agora – ela falou olhando a minha roupa. Eu estava vestindo a camisa daquele idiota. — Helena, traga as coisas dela. Ela não entra mais aqui nesse orfanato. Aqui é um lugar de Deus, não de indecência.
Ele estava com os olhos vermelhos, deve ter chorado e implorado pelo meu perdão. Sou mesmo uma idiota. Pego a minha bolsa das mãos dela e lanço um sorriso. As lágrimas dela rolam mais ainda.
— Sim, aqui deveria ser a casa de Deus. Um hospital. Onde não se tem julgamento e sim cura, mas chego e recebo um juiz, com a minha sentença pronta. Muito obrigada pelo que fez por mim até hoje. Não vou esquecer jamais de nenhum ensinamento. Adeus. — Me virei para sair.
— ESPERA! — Ouvi Helena gritando
Me virei confusa, ela estava no quarto dela já, no primeiro andar. Começou a jogar as bolsas lá de cima. Eu fiquei em choque. Vou de jatinho para o inferno fiz a freira largar o convento. O meu dia está realmente indo bem mais fora do controle do que eu esperava.
— Aliás, Madre. — Helena que já estava do meu lado diz – Vai tomar no.. Vamos, Aurora.
— Eu vou para o inferno. Fiz a freira ir ladeira a baixo. — Falei com a mão no rosto.
— Ela mereceu. Nem chegou a te ouvir. Só jogou pedras. Quem é ela para julgar alguém? — Helena falava indignada
Sentamos na parada, olhamos uma para outra e começamos a rir.
— Para aonde vamos? — Helena perguntou
— Podemos ir para o quarto que eu iria ficar. Acho que por enquanto cabe nos duas. Por enquanto será suficiente, certo? — Eu falei, não ia ser ruim Helena está comigo. Ficar sozinha, só de pensar era assustador.
— Então vamos! – Helena falou animada
Helena sem ser freia era bem nova. Na verdade, ela realmente era nova, toma apenas 20 anos. Era loira e muito tímida. Ela gostava de lutar por justiça, não aceitava desigualdade. Nunca entendi bem o motivo dela ir para como freira. Ela não parecia em nada com as outras.
Chegamos no quarto, era bem pequeno. Tinha uma cozinha- sala-quarto no mesmo cômodo, o único lugar separado era o banheiro.
— É bem melhor do que eu imaginei — Helena falou
— O quê imaginou? — perguntei rindo.
— Um quarto. Literalmente.
— Eu preciso de um banho. — Eu disse indo para o banheiro.
Tomei um banho demorando. Até quis chorar, mas não tinha mais lágrimas. Tudo tinha secado. Eu terminei, enxuguei-me, vesti uma roupa leve e voltei para o quarto.
— Você quer conversar sobre o que aconteceu? — Helena perguntou
— Eu não sei muito bem o que aconteceu. Eu e Philips estávamos dançando, bebendo e brincando. Quando acordei hoje pela manhã a mãe dele estava gritando comigo, me amaldiçoando, junto com a noiva dele que eu não sabia que existia. — Falei tentando lembrar de algo mais, mas nada me vinha a cabeça.
— Você e ele? — Helena colocou as mãos na boca.
— Eu e ele o quê? — perguntei sem entender onde ela queria chegar.
— Você dormiram juntos, lesada. — Quando ouvi ela falar isso, me levantei colocando as mãos na cabeças.
— Eu.. Não lembro.. De nada.. Acordei estava nua... Ele me deu uma camisa dele. Não lembro de absolutamente nada. E agora, Helena. O quê eu fiz? — Eu comecei a chorar.
— Está tudo bem. Esquece esse embuste safado. Esquece o dia de ontem. Vamos nos focar em organizar esse quarto. E comprar o que precisamos. Também preciso procurar um emprego. Vamos organizar a nossa vida. — Helena falou.
— Você está certa. Vamos focar no que é realmente importa. O nosso futuro. Vamos dominar isso tudo. Vamos mostrar quem manda, Helena. — Eu falei sorrindo
— Concordo. Eu também vou estudar e tentar a faculdade. Vamos começar a vida do zero juntas. Mas.. Por hoje... que tal uma faxina nesse quarto cheio de poeira? — Ela disse olhando para o caos que estava aquilo
— Acho uma boa. Depois temos que ir comprar mantimentos, alguns utensílios para cozinha e material de limpeza, algumas coisas para comer pronta e gostaria de conhecer o bairro também. — Falei enquanto prendia o cabelo. — Então, vamos começar a limpeza do nosso novo barraco?
— Vamos!
Demorou mais do que imaginamos, tinha poeira na poeira. Fizemos a lista do que iríamos precisar comprar durante a faxina, o que íamos lembrando, adicionamos. Quando acabamos tudo. Tomamos um belo banho e descemos para um supermercado próximo. Tínhamos uma lista imensa de materiais urgentes para nossa sobrevivência.
— Que tal comprar tudo em tons meio rosa? Rosa pastel. — Helena falou olhando alguns lençóis.
— Até os copos? — perguntei
— E os pratos! É tão pequeno que só me lembra a casa da Barbie. Será divertido tudo meio rosa. — Helena argumentou. Ela estava sorrindo como nunca vi, parecia mais livre do que nunca. Me pergunto o que prendia ela naquele lugar.
— Quanto temos em caixa? — eu perguntei, foi decidido que ela tomaria conta do dinheiro, eu sou péssima com números.
— 524 reais e 55 centavos — Ela respondeu
— Para sobreviver até próximo mês — Falei com as mãos na cabeça.
— Você é bem ruim de matemática mesmo. Daqui vai sobrar quase nada. Vamos passar o mês nem difícil. — Helena falou
— Ainda bem que a gente treinou muito jejum e penitência — Falei e ela teve uma crise de riso.
As nossas compras começaram a passar, cada número que aumentava, o meu coração batia um pouco mais descompassado.
— 501,50 — A atendente falou, Helena pagou e saímos.
— Temos 23 reais agora para o resto do mês. — Helena falou rindo.
— Vamos conseguir.
— Eu sei que vamos. Amanhã mesmo vou arrumar um emprego.
— Eu começo o meu pela manhã — Eu disse comemorando
— Pelo menos, não precisaremos nos preocupar com aluguel. O resto a gente vai conseguindo devagar. — Helena abraçou-me
— Sim! Vamos mostrar o que podemos fazer nesse mundão de Deus.
Para mais, baixe o APP de MangaToon!