...Cuiabá MT, Janeiro de 1988...

Isadora Maldonado, Goiana, recém chegada na capital matogrossense, filha de agricultores, veio de carona com um caminhoneiro, que uma amiga apresentou, ele a deixa na rodoviária de Várzea Grande, logo ela desembarca em Cuiabá, onde ela conhece Vicente, o moreno que vai ser a grande perdição da sua vida ou não.

Isa vem fugida de um pai machista e de um casamento arranjado, casamento esse que seria apenas para aumentar as terras da família Maldonado.

Doeu muito deixar a sua mãe Bina para trás, mas Isa sempre quis mais da vida, que ser apenas uma dona de casa, pacata e submissa.

Yêda Mashui sua madrinha de batismo, Juíza de Direito da comarca de Cuiabá MT.

Yêda: desculpe o meu atraso, estava em uma audiência, pensei em mandar o motorista mas achei melhor vir pessoalmente.

Isa: tudo bem madrinha, esse moço me fez companhia.

Vicente: Boa Tarde, é perigoso uma moça tão jovem ficar sozinha na rodoviária.

Yêda: Realmente Cuiabá anda muito perigosa, quanto eu lhe devo rapaz? ( ela fala enquanto pega a carteira na bolsa)

Vicente: Não foi nada senhora, tenho irmãs as quais eu gostaria que alguém fizesse o mesmo.

Yêda: sendo assim obrigada! Vamos Isadora.

Isa: Obrigada.

Elas entram no carro, e Vicente observa o carro sumir, certo de que nunca mais verá aquela moça novamente.

" Isadora, bonito nome, garota de personalidade forte, cabelos longos e negros, pele clara, olhos pequenos e dona do sorriso mais lindo que eu já vi, ela só pode ser goiana, o carisma da goiana é diferenciado, se bem que ela desceu do ônibus de Várzea Grande" Vicente pensava enquanto aguardava o engenheiro chefe, que estava para chegar.

Vicente estava no último ano de engenharia civil, estava fazendo estágio, o projeto era um grande shopping em um bairro nobre da cidade, ele também era goiano, mas já havia viajado por todo Brasil, nas horas vagas era professor de caratê em uma academia, aliás para as garotas bonitas todas as horas eram vagas, ele era um galanteador de primeira e não que ele fosse um mulherengo, ele realmente amava intensamente e queria casar, ter filhos, construir família, viajar mundo a fora.

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Isadora foi o caminho todo em silêncio, enquanto Yêda estudava alguns documentos em uma pasta preta, Yêda morava sozinha, ficou viúva muito jovem e desde então se dedicou apenas a carreira, estudo, concursos, até chegar a ser Juíza, Yêda era referência para Isa, filha de imigrantes japoneses, nasceu em Tóquio, mas se mudou ainda criança para o Brasil, seus pais eram agricultores na região centro oeste de Goiás, seu irmão mais velho voltou para o Japão logo após o casamento de Bina e Vino Maldonado, ele tentou impedir o casamento, mas foi em vão... Yêda era melhor amiga de Bina e por meros detalhes de tradições e terras, não se tornaram cunhadas, mas o destino quis que elas fossem comadres.

Isa: que casa linda madrinha.

Yêda: seu novo lar, quero que descanse, no final de semana dispenso as funcionárias, ficam só os seguranças.

Isa: ainda guarda esse gnomo.

Yêda: tenho uma série de gnomos, duendes e fadinhas espalhadas pela casa são eles que renovam as minhas energias, quando chego em casa.

Isa: madrinha minha mãe não acredita que eu converso com eles.

Yêda: tenho muita coisas para te ensinar, precisamos te matricular em cursinhos mas amanhã veremos isso, vou te levar para o seu quarto.

"a impressão que tenho é que sai do mato, mas o mato não saiu de mim, aqui parece uma selva, apesar da casa ser ampla, ter lustres enormes, uma escada linda toda trabalhada em dourado, na sala de Tv, (sim temos TV aqui, na fazenda meu pai não quis comprar) tem grandes almofadas e um tapete felpudo, na sala de jantar minha madrinha seguiu a cultura brasileira, mesa de madeira com cadeiras estofadas de veludo vermelho, em todos os cômodos tem uma planta, até no banheiro"

Isa estava encantada com a mansão da madrinha, com tudo a sua volta, desde quê saiu da fazenda, só tinha uma única preocupação, sua mãe.

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Fazenda dos Maldonado

Vino: anda mulher, vai chamar a Isadora, se ela pensa que vai me enfrentar e eu vou deixar por isso mesmo, ela está muito enganada, já marquei o casamento dela pra domingo.

Bina: Vino a isa fugiu...

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Isadora, ela não nasceu cigana de sangue, ela é cigana de alma, alma cigana... livre, leve e solta. Canta como pássaro em revoada, ela sempre teve fama de levada, seu maior sonho é ser livre e nunca dominada, ela sorri com os olhos e se entrega de corpo e alma. Espere! você pode ter tudo e ao mesmo tempo não ter nada, porquê Isadora é uma Maldonado e ela ninguém prende, ninguém doma, ela é a cigana indomável. ( Dstephany Oliveira)

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Como era de se esperar Vino Maldonado, colocou todos seus funcionários, (eu diria capangas mas como narradora precisa ser imparcial) no encalço da Isadora, inclusive o Zé seu sobrinho favorito e noivo de Isa.

Zé: nenhum sinal dela tio.

Vino: ela não pode ter evaporado.

Zé: ela não foi de ônibus, na cidade ninguém a viu, não sumiu nenhum cavalo, ela não desceu pelo rio, só se ela foi abduzida.

Vino: essa moleca teve ajuda de alguém, eu vou descobrir quem foi e quando eu colocar as minhas mãos nela, ela e a fugitiva vão me pagar caro.

Zé: desconfia de alguém tio?

Vino: tenho as minhas desconfianças.

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...Em Cuiabá ...

O dia amanhece, Isa faz sua higiene pessoal e desce cantarolando.

..." ...Como uma Deusa... ...

...você me mantém ...

...e as coisas que você me diz...

... me levam além..."...

Ela gesticula, dança, simula um microfone imaginário na mão, se sente a própria Rosana.

Yêda: o show está lindo mas venha aqui, vou te ensinar a acalmar a fera que existe dentro de você, vamos fazer yoga.

Isa nunca tinha ouvido falar de yoga, porém não questiona nada, pega o colchonete coloca ao lado de Yêda e começa a imita-la, com um fundo musical sereno de uma cascata artificial que tem no jardim de inverno, ambas se concentram nos movimentos de relaxamento.

Yêda: agora sim podemos começar o nosso dia, bom dia Isadora, dormiu bem?

Isa: Sim, estava cansada da viagem.

Yêda: que bom! segunda feira iremos te matricular no cursinho, na natação... você terminou o colegial certo? tem algum curso que queira fazer?

Isa: Sim, terminei a mamãe sempre priorizou o estudo, a Tete até da aula na escola da fazenda, eu queria dar aula também, mas eu ficava em casa ajudando nos afazeres domésticos.

Yêda: quer ser professora? achei que queria ser Juíza como eu.

Com um tom de surpresa Yêda pergunta a Isa, Yêda foi uma das primeiras mulheres a tomar posse como juíza e a assumir uma comarca.

Isa: eu quero ser juíza, quero desembargadora do Brasil.

Yêda: primeiro tem que passar no vestibular de advogacia, não se perca no caminho Isa, foque suas energias no estudo e no seu projeto de vida.

Elas tomam o café da manhã e passam o restante do dia conversando sobre os projetos e planos, Isa presta muita atenção em tudo que a madrinha dela fala.

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Em outro canto da cidade, Vicente não para de pensar na goiana, é a primeira mulher que o fez querer proteger, ele já teve muitas mulheres, das quais ele se apaixonava genuinamente, chegou a pedir uma em casamento, isso antes dele entrar na faculdade de engenharia, o que para ele foi um marco muito grande, afinal ele vinha de uma família da classe média, seu pai tinha um armazém com máquinas de moer café, arroz entre outros.

Marcos: pensando longe, saudades do Goiás?

Vicente: não, o Goiás que me mandou um presente, só não sei onde encontrá-la .

Marcos: tem uma pamonharia( lugar que vende pamonha) no centro.

Vicente: Boa Marcos.

Marcos: no final de semana que vem, vou para o Rio Verde, visitar a família quer ir comigo? posso te apresentar minha irmã.

Vicente: ela é gata?

Marcos: Pura e casta, ela é pra casar!

Vicente: senti uma ironia na suas palavras.

Marcos: que isso, ela trabalha com minha mãe e meu pai, nos negócios da família.

Vicente: ter você como cunhado não é muito atrativo, eu passo.

Marcos: quando você a conhecer vai mudar de ideia.

A ideia de Vicente era uma só reencontrar Isadora, enquanto Isa só pensava em vencer na vida, ser livre, viajar pelo mundo.

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Alguns dias depois, as buscas por Isa continuava e mesmo com a pressão que o marido estava fazendo, Bina não falava onde estava Isa. Madalena sua comadre e amiga, avisou que Isa havia chegado bem e em segurança, na casa de Yêda, pois ela lhe enviou um telegrama avisando.

Isa estava bem adaptada a nova rotina, yoga, caminhada matinal, natação três vezes na semana pela manhã, cursinho de teatro e artes cênicas durante a tarde duas vezes por semana, e a noite cursinho pré vestibular, ufa, ela também entrou em um curso de datilografia e digitação, ( Jovens queridos a máquina de escrever era a top do momento)

imagem de domínio público.

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Yêda: vai se atrasar para o cursinho Isadora.

Isa: já estou descendo, madrinha.

Yêda: quer que o motorista te leve?

Isa: não precisa, vou caminhando.

Yêda: não me espere para o jantar, tenho audiência hoje, sem hora para terminar.

Isa: sim madrinha, bom trabalho.

Isa seguia para o teatro municipal, passando por uma construção, do que futuramente seria um shopping Center, ela ouve os peões da obra mexendo e assobiando. Isa estava usando uma saia de pregas preta na altura do joelho e uma blusinha de alça, branca com bolinhas azuis.

Isa ignora os assobios e comentários vulgares, do tipo, "oi gostosa" , "psiu, psiu", "que delicia", "não se machucou quando caiu do céu?" Ela simplesmente se perguntava, "quando uma mulher poderia andar tranquila na rua sem ser assediada?" (acredite Isa, isso acontece até hoje, trinta e poucos anos depois, ser mulher é conviver com essa insegurança, infelizmente)

Isadora, Isadora...

Isa ouve o seu nome, mas não se da o trabalho de virar para ver quem é, como ela não conhece quase ninguém na cidade provavelmente não era com ela.

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Zé: tio achei estranho a vinda da Madalena, aqui na fazenda hoje.

Vino: ela é minha comadre, o que tem de estranho nisso?

Zé: ela e tia Bina, estavam lendo um papel, parecia uma carta.

Vino: Você acha que pode ser a Isadora?

Zé: eu acho, sim senhor.

Horas mais tarde...

Vino: onde está a carta que aquela ingrata te mandou?

Bina: eu não sei que carta você está falando.

Vino: sabe sim, a que você estava lendo com a Madalena.

Bina: não tem carta nenhuma Vino.

Ele levanta a mão pra dar um soco em Bina, mas João o filho caçula entra na frente e acaba levando o soco no lugar da mãe.

João: na minha mãe o senhor não rela um dedo.

Vino: e vai fazer o que seu moleque de uma figa?

vai apanhar no lugar dela? Bina não presta pra nada, não soube criar esses filhos.

Bina estava cansada de tanta humilhação, ela sentia que precisava tomar uma atitude, mas naquele momento sua única atitude, era proteger o seu menino, ela abraçou o filho e foi lavar o rosto dele que estava saindo sangue.

Vino pegou a viola a cachaça e foi para fogueira onde estava, Joaquim seu filho mais velho e os peões da fazenda. Joaquim adora tocar violão, por isso estava sempre cantando com os peões da fazenda.

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Vicente corre tentando alcançar Isadora que parecia estar no mundo paralelo,ele a chama duas vezes e ela nem se quer olha para trás.

Vicente: finalmente te alcancei.

Isa: foi você que me chamou?

Vicente: sim.

Isa: não respondo, cantada de pedreiros, não é nada pessoal.

Vicente: eu estava na obra, mas não faço o tipo de homem que assedia mulheres...

Isa: não mesmo? então o que você está fazendo aqui?

Vicente: te acompanhando, já te disse aqui é perigoso... e tem outra desde que eu te vi na rodoviária, sinto um desejo incontrolável de ...

Isa: nem termine, não vai rolar.

Vicente: calma moça, de te proteger.

Isa: não preciso de proteção.

Ela diz tocando na ponta do nariz de Vicente, Isa olha nos olhos dele e sente um arrepio percorrer seu corpo, como se tivesse sido hipnotizada, ele retribui o olhar de Isa, porém ele deseja beijar aqueles lábios, tocar aquela pele, Vicente sabe o que quer, ele quer Isadora pra ele... Ele se aproxima dela e ela dá um passo para trás, se desequilibrando, Vicente mais que depressa pega ela, com uma mão ele segura a cintura de Isa e com a outra segura a mão dela ,trazendo para perto do seu peito.

Vicente: está vendo só, se eu não estivesse aqui você teria caído.

Isa: se você não estivesse aqui, eu não teria me afastado...

Vicente: touché! agora me diga moça bonita, digo Isadora, aceita sair comigo?

Isa: não saio com estranhos, estou atrasada para minha aula de teatro.

Vicente: Prazer Vicente Fortes

Isa: Isadora!

Vicente: Isadora dê...

Isa: Isadora dê Isadora, isso é uma entrevista de emprego e eu não estou sabendo ?

Vicente: tá certa, Isadora dê Isadora, vou voltar para a obra,estarei aqui as 17h te acompanho ate sua casa.

Isa: não precisa!

Algo dentro de Isa, queria muito que aquele moreno viesse lhe buscar, mas por outro lado, sua intuição cigana estava com o alerta de perigo.

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Na peça a qual ela estava estudando, contaria a história de uma cigana que roubava corações em busca de prazer, ela começou a estudar sobre a cultura cigana, suas divisões Rom, Sintó e Calons.

Rom utilizam do Romani como dialeto entre a roma( família), e são oriundos do Leste Europeu.

Sintó ou Sintis, vieram da Alemanha e da França, logo após a primeira Guerra mundial.

Calons ou Caló, são oriundos de Portugal e Espanha, eles mantém o dialeto caló.

Os ciganos sofreram muitas perseguições e até hoje sofrem com o preconceito, esses exemplos de clãs tem as suas subdivisões e origens diferentes. Isa estava apaixonada pelo assunto, tanto que quando ela entrou na sala e começou a ler, nem viu o tempo passar.

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...Na fazenda dos Maldonado...

Bina: Tereza, tome cuidado filha, seu pai não gosta nada da sua amizade com o Betinho.

Tereza: mãe me diga uma coisa que o senhor Vino goste? que não seja tocar e beber?

João: Bater na mamãe.

Bina: si aquiete menino.

Tereza: ele te agrediu mãe?

Bina: não dê ouvido a Jão

João: só não bateu porque eu entrei na frente!

Tereza: e onde estava Quim? que não te defendeu mãezinha?

Bina: Quim deveria estar na fogueira, mas fiquem calmos meus filhos, isso não vai se repetir, eu vou juntar dinheiro e nós vamos embora daqui.

Tereza: mãe metade dessas terras são suas.

Bina: eu tenho o sol e a lua, e vocês dois, logo você entra no convento e fica eu e Jão.

João: torce pra eles acharem a Dorinha logo, se não é ocê que vai casar com o Zé.

Tereza: mas de jeito nenhum.

Joaquim: a prosa tá boa ai? esqueceu de ir da aula Tetê?

Tereza: Já tô indo, você selou meu cavalo Quim?

Joaquim: tá no jeito... eu tô indo pra cidade com o pai, modi procurar a Isa, se quiser te dou uma carona.

Tereza: chego mais rápido com o trovão( cavalo), bença mãe.

Bina: Deus te abençoe filha.

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Lina: Isa você vai arrasar de cigana.

Isa: você acha Lina? sou tão magra, tenho vergonha do meu corpo, será que vão gostar da minha dança? ou vão dizer olha a tripa mal enchida, só os cambitos.

Lina: ai Isa só você.

Isa: é sério.

Lina: meu Deus, olha aquele Deus grego que está parado ali na frente.

Isa: Vicente.

Lina: mal chegou e já está roubando corações ciganinha...

Lina usa um tom de deboche, zoação, ela encara o moreno alto, de barba feita, perfume amadeirado, calça de brim e camiseta azul,alguém tomou banho para vir buscar a Isa.

Isa: e você veio.

Vicente: estou aqui na sua frente.

Ele gira tentando fazer charme, o que não precisava afinal ele é o negro mais charmoso que você pode imaginar, o sorriso que brilha, e mesmo que Isa tente disfarçar ela já estava se sentindo atraída por aquele 1,90 de pura perdição.

Isa: onde pretende me levar?

Vicente sorri maliciosamente para Isa.

Vicente: quer passar na sua casa?

Isa: seria bom, tomar um banho, trocar de roupa, ainda mais que as 19h tenho curso.

Vicente: temos duas horas.

Isa: você não vai desistir?

Vicente: não! sou persistente!

Isa: me troco em dez minutos, quinze...

Vicente: entendi meia hora no mínimo, tudo bem eu espero, te levo no cursinho.

Isa: primeiro em casa.

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