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Destinada A Você

Capítulo 1

Bianca Ricci é uma mulher de 27 anos, solteira, mora em Roma na Itália, sua mãe faleceu quando ela tinha apenas 4 anos e por isso ela foi criada por sua avó, que lhe deu muito carinho, amor e apoio, principalmente nos estudos, fazendo com que Bianca cursasse enfermagem. Atualmente ela faz residência para se especializar em cuidados com bebês, no hospital mais renomado da cidade. Bianca possui poucos amigos, os acontecimentos de sua vida fizeram com que ela tivesse dificuldade em se relacionar com pessoas.

Bianca Ricci

Bianca

Saio do hospital, já são quase seis da tarde, marquei de sair com os meus amigos hoje, já faz um tempo que não fazemos isso, então me apresso e vou até o ponto de ônibus. Enquanto caminho tenho a sensação de estar sendo observada, olho para os lados e não vejo ninguém.

Bianca: O cansaço da residência realmente deve estar me matando, estou até imaginando coisas. — Penso comigo mesma.

Deixo meus devaneios de lado e corro até o ônibus que já está no ponto. Chego em casa por volta das 18:40, corro para o banho e tomo uma ducha quente, retirando todo o estresse do dia-a-dia, eu amo trabalhar com bebês, mas lidar com os pais, às vezes pode ser exaustivo.

Vou para o meu quarto, escolho um vestido preto de mangas bufantes e decote profundo, faço uma maquiagem leve, coloco uma sandália de tiras, passo um perfume bem cheiroso e pego minha bolsa e celular para chamar um uber.

Look Bianca

Desço até a portaria e cumprimento Sr. Antônio, o porteiro, ele é um senhor de idade, muito querido,

sempre me tratou muito bem nos três anos que moro aqui.

Sr. Antônio

Bianca: Boa noite, Sr. Antônio. — Me aproximo do balcão da recepção do prédio, de onde consigo ver a rua.

Sr. Antônio: Boa noite Srta. Bianca, para onde vai tão bonita? — Ele fala sorridente como sempre.

Bianca: Obrigada pelo elogio, vou sair com os meus amigos, preciso relaxar um pouco.

Sr. Antônio: Faz bem relaxar um pouco às vezes Srta. Bianca, você trabalha demais e ainda é tão jovem.

Bianca: Verdade, amo o que faço, mas está bem cansativo.

Suspiro, relaxando um pouco os ombros liberando uma tensão que nem eu sabia estar tão presente. Em seguida o carro para na porta do prédio, me despeço de Sr. Antônio e entro no carro, seguindo para a casa de Gian e Mona.

Sigo até o apartamento e logo na porta já os vejo, abaixo o vidro para chamá-los.

Bianca: Sua carruagem chegou madames.

Eles dão uns gritinhos e correm até mim, entram no carro me agarrando e me beijando.

Mona

Gian

Gian: Meu Deus! Que saudades de você garota! Por que você sumiu assim?

Bianca: Aí amigo, a residência está muito puxada, não tenho tido muito tempo.

Gian: Mesmo assim, não some e fica dias sem mandar mensagem, nós ficamos pensando que você morreu criatura.

Mona: É verdade Bia, não faz isso, manda pelo menos um sinal de fumaça, para nós sabermos que você está bem.

Bianca: Tá bom, prometo!

Levanto as mãos me rendendo, sempre fui uma péssima pessoa em cultivar as amizades que tenho, me acostumei a ser completamente sozinha, então não tinha muito traquejo com isso, mas ia me esforçar para mantê-los por perto, eu os amava, mesmo não sabendo demonstrar muito bem.

Chegamos na boate e eles já foram me empurrando para dentro.

Gian: Uh uh! Vamos curtir garota!

Nós corremos até o balcão e pedimos algumas bebidas, tomo alguns drinks e viro duas doses de tequila

enquanto fico encostada em uma banqueta, quando mais uma vez a sensação de estar sendo observada me assola, seguida de um forte arrepio que faz meu corpo estremecer. Começo a olhar em volta, mas sou tirada dos meus pensamentos por Mona, que me puxa pela mão até a pista de dança.

Mona: Vem amiga! Vamos nos divertir!

Gian: É isso aí garota!

Bianca: Vamos lá!

Entro na onda e me deixo curtir, meu corpo segue no ritmo da música e eu vou deixando os meus quadris balançarem curtindo o meu momento, não sou de beber muito, então apenas alguns drinks e já estou quase bêbada.

Não demora muito e sinto uma mão firme passando pela minha cintura. Me viro e vejo um rapaz alto e bonito, loiro e de olhos azuis, me encarando profundamente.

Rafael

Homem: Você está chamando a atenção da boate inteira menina bonita.

Sorrio timidamente, nunca namorei e sou péssima em flertar.

Homem: Prazer, Rafael.

Ele estende a mão para mim e me lança um sorriso sedutor. Ele é muito bonito e sua presença me deixa um pouco desconcertada, um homem daqueles só pode querer uma coisa comigo, e não sei se estou pronta para isso.

Bianca: Prazer Rafael, eu sou a Bianca.

Ele aproxima o corpo do meu sorrindo, e nós começamos a dançar com nossos corpos colados. Sinto que o clima está esquentando e ele começa a se empolgar, tento controlar minha respiração e uma voz fala dentro da minha própria cabeça.

Qual é Bianca, tá na hora de você abdicar disso, deixar o passado para trás.

Tento me convencer enquanto ele não para de roçar o corpo no meu, me viro de frente para ele que se aproxima um pouco mais, roçando o nariz no meu e deixando nossos lábios a apenas um suspiro de distância. Respiro pesadamente, quando ele toma os meus lábios em um beijo surpreendentemente quente, eu retribuo, ele entrelaça os dedos em meus cabelos e pede passagem na minha boca com a língua, eu permito e ele me invade o que por um minuto, confesso, chega a me deixar curiosa por mais, mas não excitada, eu queria mesmo saber como era me sentir assim.

Rafael: Que tal se a gente saísse daqui?

Mais uma vez, uma voz na minha cabeça tenta me convencer a aceitar.

Acho que tá na hora de esquecer tudo e partir para a vida.

Bianca: Vamos lá.

Aviso aos meus amigos que estou de saída, Rafael entrelaça os dedos nos meus e me guia até um carro. Entramos e já sinto meu coração disparar, um arrependimento instantâneo me bate no momento em que passo meu endereço.

Rafael para o carro em minha porta e me olha.

Rafael: Tudo bem com você gatinha? Você ficou calada o caminho todo...

Bianca: Tudo, vamos? — Minto tentando convencer a mim mesma e a ele.

Desço do carro antes que ele me faça mais perguntas e dou a volta para entrar no prédio. Sou surpreendida por Rafael, que me puxa pelo braço e cola o corpo no meu.

Rafael: Vou te deixar relaxada.

Ele me puxa para um beijo, bem gostoso, mas que não é o suficiente para me fazer entrar no momento, meu corpo treme, mas me obrigo a ir em frente. Afasto nossos corpos, sorrio e o chamo para subir.

Quando entramos no meu apartamento, Rafael não me dá muito tempo para falar, me puxa para outro beijo, dessa vez com ainda mais fogo, mas eu não consigo corresponder na mesma intensidade, o que ele parece não notar. Ele continua, e desce as mãos pelo meu corpo, nesse ponto já não consigo mais me concentrar no que estou fazendo, tudo piora quando ele chega até a minha bunda e aperta, uma sensação ruim toma conta do meu corpo e flashes daquela noite me vem à mente. Empurro Rafael para longe e ele me olha sem entender.

Rafael: Ei, tá tudo bem? Te machuquei?

Bianca: Não é só... — Tento controlar as lágrimas para que o rapaz não pense que sou completamente maluca — Isso foi um erro Rafael, me desculpa, é melhor você ir.

Rafael: Gatinha...

Bianca: Não, é sério, preciso ficar sozinha agora.

Rafael: Tudo bem... — Ele me olha confuso, mas não insiste mais, apenas sai me deixando sozinha, e quando a porta bate, eu desabo, choro me sentindo completamente impotente e fico me perguntando, quando vou conseguir me livrar disso?

Capítulo 2

Bianca

Sinto uma leve brisa no ar, eu estou sentada no jardim da minha casa de infância, percebo que alguém escova meus cabelos, olho para cima e vejo os lindos olhos da minha mãe. Ela sorri para mim docemente me fazendo sentir acolhida e me diz:

Eu quero que você saiba, meu amor, que eu sempre vou estar com você, mesmo que eu não esteja mais por perto algum dia, eu sempre vou cuidar de você.

Acordo assustada com o barulho do despertador e percebo que foi apenas mais um sonho, ultimamente tenho sonhado muito com a minha mãe. Assim que abro os olhos sinto uma pontada na cabeça fruto da minha ressaca, mas tenho que entrar no plantão da tarde então tomo uma aspirina e almoço, me arrumo e sigo para o hospital. Ao chegar, troco minha roupa e me debruço no balcão da enfermaria completamente exausta.

Antonella: Parece que a noite foi boa, você está com a cara péssima. — Antonella é minha colega de residência e se tornou uma amiga com o tempo.

Antonella

Bianca: Nem me fala, nunca mais eu bebo. — Falo enquanto massageio minhas têmporas buscando um pouco de alívio.

Antonella: Vem cá.

Ela me puxa para o quarto de observação e manda eu me deitar, eu só obedeço. Antonella volta com uma

bolsinha de glicose e coloca um acesso em mim.

Antonella: Vou colocar bem rapidinho, em 15 minutos pode tirar.

Bianca: Não sei nem como te agradecer.

Deito e relaxo esperando a bolsa de soro glicosado acabar, fecho os olhos e me permito viajar um pouco, em alguns instantes adormeço. Sonho outra vez com a minha mãe, ela está comigo, brincando no jardim da nossa casa outra vez, ela está linda como sempre, com os cabelos loiros soltos ao vento e me dando aquele lindo sorriso que só ela tinha, um garotinho corre em nossa direção sorrindo. Ao longe escuto alguém me chamar, e aquela voz vai ficando mais alta e mais perto. Desperto com minha colega me chamando.

Giulia: Bia, acorda.

Abro os olhos ainda sonolenta, mas já me sentindo muito melhor e avisto Giulia, outra enfermeira com quem eu dividia os plantões sempre.

Bianca: Desculpa, eu cochilei, estava só esperando acabar.

Aponto para o soro glicosado e percebo que a dor de cabeça e sensação de ressaca foram embora graças a Deus.

Giulia: Tudo bem, o plantão está tranquilo hoje, só te chamei por que tem um moço aí te procurando.

Bianca: Um moço?

A primeira pessoa que me vem na cabeça é o Rafael, o cara da noite passada. Mas como ele saberia que eu

trabalhava aqui?

Giulia: É, um cara bem gostoso por sinal.

Retiro o acesso do meu braço me ajeito e vou até à recepção. Definitivamente não era o Rafael, um homem alto, de cabelos castanhos e olhos negros como a noite, o corpo parecia ter sido esculpido pelos deuses, parado na recepção, ele se vira para mim quando eu entro e sinto meu corpo inteiro gelar. Seu rosto me era estranhamente familiar, aqueles traços perfeitamente desenhados eu já havia visto em algum lugar.

Homem misterioso

Ele encara o meu rosto que devia estar bem amassado e eu passo a mão pelos cabelos tentando me ajeitar para parecer ao mínimo apresentável, o olhar dele não sai do meu rosto e aquilo faz o meu corpo inteiro ferver.

Homem: Boa tarde, Srta. Ricci.

Quem era aquele homem? Por que me causava tantas sensações? E por que diabos ele sabia meu nome?

Bianca: Boa tarde, posso ajudar?

Homem: Gostaria de falar com a senhorita por um momento.

Bianca: Pode falar.

Homem: A sós.

Ele lança um olhar para trás de mim, e observo que absolutamente todas as enfermeiras estão olhando para ele atentamente e babando.

Bianca: Ok, me acompanhe, por favor.

Sigo para uma sala privada e ele me acompanha, durante todo o caminho a minha cabeça só pensa no que aquele homem pode estar querendo comigo, eu não o conheço, embora a sensação de já tê-lo visto antes não saia de mim.

Chego na sala e me encosto contra a parede, ele se senta na mesa de frente para mim e começa a me encarar, aquilo faz minhas pernas ficarem bambas, não sei explicar o porquê, mas aquele maldito olhar, está acabando comigo.

Bianca: Eu conheço você?

Homem: Não.

Bianca: Mas você me conhece.

Homem: Sei o básico sobre você, o que me interessa mesmo é a sua vida profissional.

Bianca: Como assim?

Homem: Você é enfermeira neonatal, certo?

Bianca: Quase certo, ainda faltam três meses para a minha residência acabar, e, nessa altura sim, eu pego o título.

Homem: Isso são apenas formalidades. Eu preciso dos seus serviços.

Bianca: Quais serviços?

Homem: Tenho um filho, um bebê de apenas alguns dias ele nasceu antes do tempo e com alguns problemas de saúde, e precisa de cuidados especiais.

Bianca: Certo, em que hospital ele está?

Homem: Está em casa, sendo assistido por um médico particular.

Aquilo me deixa um tanto indignada, um bebê prematuro doente não pode ser assistido apenas em tratamento domiciliar.

Bianca: Mas se ele requer cuidados, deveria estar num hospital. — Falo ainda tentando entender o porquê desse bebê estar em casa.

Homem: Isso não vem ao caso.

Ele respira fundo e passa a mão pelos cabelos, reparo que apesar de muito bonito, ele está com olheiras, parece não estar dormindo muito. Mas não deixo que aquilo me distraia da situação em questão.

Bianca: Como não? Você é doido? Um bebê doente não tem imunidade para se curar sozinho em casa.

Homem: Srta. Ricci, eu sei o que faço com meu filho, o pai sou eu, estou aqui para lhe oferecer o cargo de

cuidadora dele, não para que opine no que eu faço ou deixo de fazer.

Bianca: Ele precisa ir para um hospital, isso é loucura. — Minha voz começa a se alterar um pouco, mas não consigo controlar a raiva que estou sentindo.

Homem: Eu não posso expor ele a ir para um hospital! — Ele diz se exaltando um pouco, e eu faço o mesmo, apesar de ele ser muito imponente, não me deixo intimidar.

Bianca: Expor ele? Como assim? Do que você tá falando?

Homem: Não posso arriscar... — Ele diz um pouco mais baixo e abaixando o olhar.

Ele parece verdadeiramente triste, sinto que ele se preocupa com o filho, mas não entendo por que ele não

pode trazer a criança para o hospital.

Homem: O que me diz Srta. Ricci, você aceita?

Bianca: Não tenho interesse, obrigada.

Começo a caminhar para fora da sala, mas ele me pega pelo braço e me faz voltar. O toque dele, na minha pele é o suficiente para uma onda de calor percorrer todo meu corpo, quase como uma onda magnética que me chama para ele.

Homem: Tenho uma proposta irrecusável, quanto você ganha aqui, quatro, cinco mil euros por mês? Eu vou te pagar cinco vezes isso.

Bianca: Não tenho interesse, se você quer matar seu filho, não vou participar disso, procure outra.

Puxo meu braço e saio da sala indignada com a proposta daquele homem, onde já se viu, colocar a vida do

próprio filho em risco por puro capricho. Saio da sala bufando e batendo os pés, sigo para a UTI neonatal e resolvo ver meus pacientes.

O resto do plantão passa tranquilo, não vejo mais o homem, mas também não consigo tirar sua imagem da minha cabeça. Minhas colegas disseram que ele foi embora com uma cara bem fechada, eu não me importava, não queria participar do plano de colocar a vida de uma criança em risco.

Me preparo para sair do meu plantão, bato o ponto e troco de roupa. Passo pela recepção para me despedir das meninas e percebo que o assunto ainda é o cara gato e estúpido de mais cedo.

Antonella: Nossa, ele realmente era um gostoso, você viu aqueles braços, ai meu Deus, se eu fosse a Bia, subiria em cima dele dentro daquela sala mesmo.

Vejo Antonella cochichando com Nicole, nossa outra colega, uma criaturinha extremamente antipática, e que me detestava.

Nicole: E você sabe se ela não subiu? Aquela dali não me engana em nada, ela pode se fazer de santa para

vocês, mas ontem a noite eu a vi na balada se esfregando com um cara no meio da pista de dança e logo depois, foi embora com ele.

Sinto um fogo percorrer o meu corpo, expressando todo ódio que habitava em mim naquele momento, caminho até o balcão e olho para ela cínica e minto descaradamente.

Bianca: Pois é Nicole, eu tr@nsei com aquele cara sim, tr@nsei gostoso. Ele me pegou em todas as posições

possíveis, a maneira mais gostosa possível e você sabe porquê? Por que ao invés de ficar perdendo o meu tempo me intrometendo na vida dos outros, eu perco ele vivendo. Você deveria fazer o mesmo, está muito amarga, isso deve ser falta de sex0.

Ouço Antonella e Giulia segurando uma risada e observo com um sorriso cínico e vitorioso a cara de tacho de Nicole.

Antonella: Tomou? Poderia ter ficado sem essa...

As meninas gargalham da cara dela e ela sai batendo os pés para fora da recepção furiosa. Aí é que nós rimos, até doer a barriga, quando a crise passa, Giulia me pergunta.

Giulia: Mas fala sério amiga, você não deu nem um beijinho naquele boyzão?

Bianca: Eu não, juro. Não vou negar que ele era lindo, mas além de ter vindo aqui para me propor um trabalho, ainda conseguiu me deixar com ódio, isso sim.

Antonella: Ódio por que garota?

Bianca: Você acredita que ele veio me pedir para cuidar de um bebezinho prematuro, doente, em casa.

Giulia: Gente! Ele quer matar a criança?

Bianca: Pois é, óbvio que eu neguei, falei que não ia participar disso e deixei ele falando sozinho.

Antonella: Por isso que ele saiu daqui possesso.

Bianca: Não tô nem aí, não conheço ele mesmo.

Falo aquilo, mas a verdade é que aquele homem não saiu da minha cabeça o dia inteiro.

Antonella: Hum! Então tá! Se você diz, eu acredito.

Bianca: Bom, já vou indo, não quero perder meu ônibus.

Giulia: Tchau amiga.

Me despeço das meninas, meu próximo plantão é só em três dias, então provavelmente vou descansar muito. Saio andando pela rua tranquilamente, são quase seis da manhã, então a rua está bem tranquila.

Caminho lentamente e já avisto o ponto completamente vazio, dou graças a Deus, pois poderei sentar um pouco. A rua está vazia, até que uma van vem um pouco veloz demais para o meu gosto, me assusto levemente, mas continuo meu caminho. A van para um pouco a frente de mim, me fazendo parar de andar, olho um pouco assustada, a porta lateral se abre e um homem me puxa para dentro.

Bianca: Ahhhh! Me solta!

Me debato, mas não adianta, ele é muito mais forte que eu.

Sinto ele cobrir o meu rosto com um pano e vou perdendo os meus sentidos e forças, paro de me debater e vejo tudo apagar.

Capítulo 3

… Três meses antes…

Pietro Lombardi

Parei o meu carro num parque mais afastado, sempre vinha aqui quando criança e queria me afastar do mundo. Hoje não é diferente, uma mulher com quem me relacionei durante o ano passado apareceu na minha casa dizendo estar grávida de 6 meses de um menino, já é possível até ver barriga. É claro que logo de início eu não acreditei, sou um homem rico e não é a primeira vez que uma mulher aparece grávida na minha casa dizendo que o filho é meu, mas essa foi a primeira vez em que aquilo era verdade. Meus advogados providenciaram um médico de confiança para fazer um exame de DNA. Estou parado dentro do meu carro com o teste em minhas mãos, escrito claramente, positivo. Não sei como isso aconteceu, sempre me preveni, nunca me relacionei sem preservativo com a garota, mas o fato é, aconteceu. Coço minha cabeça sem saber o que fazer e começo a socar o volante.

Pietro: PORRA! — Bato incessantemente contra o volante tentando descontar minha ira.

Eu nunca quis ser pai, já que a minha referência de pai foi uma cara que me abandonou para ir atrás de uma mulher quando eu tinha 10 anos, me deixando um império da máfia para governar. É óbvio que meu tio administrou até eu ter idade, mas quando eu fiz 20 anos ele pulou fora e jogou tudo no meu colo, tive que deixar para trás o meu sonho de ser um pintor e entrar para o mundo do crime de cabeça. Não tive um exemplo de como ser um pai, e agora teria que dar conta de uma criança que eu não planejei vindo ao mundo, eu não vou dar conta.

Meus olhos enchem de lágrimas pensando em como a minha mãe fora boa para mim nos anos em que ainda era viva, e em como eu senti falta dela durante a minha infância e ainda sentia.

Isso tudo é uma merd@. — Penso comigo mesmo

Estou me sentindo no fundo do poço, mas de repente, levanto o meu olhar e a vejo. Uma linda loira, correndo pelo parque, ela se apoia nos joelhos ofegante e se senta em um banquinho bebendo uma garrafa d’água. Suas bochechas estão coradas pelo calor e seu rosto suado, olho os olhos dela, aqueles olhos verdes, sinto que já os vi em algum lugar. Por um minuto, enquanto observo a linda moça, esqueço de tudo, dos problemas, dos sentimentos ruins, da vida difícil e do abandono. Estranhamente, só de olhá-la, o meu corpo se acalmou e relaxou.

Ela respira por alguns minutos, mas logo retoma a corrida com seus loiros cabelos balançando em um lindo rabo de cavalo. Ela some por entre as árvores, tento encontrá-la, saio dirigindo ao redor do parque, mas ela simplesmente sumiu, imagino ter sido uma miragem, criada pela minha cabeça para me distrair daquele momento. Por algum motivo, depois que a vi, consegui respirar e raciocinar, o meu filho não tinha nada a ver com o meu passado conturbado, eu tinha que criá-lo com o amor e carinho que eu não tive, então voltei para casa e encarei a situação de frente. Na semana seguinte pedi que Elisa, a mulher que o carregava em seu ventre, para se mudar para a minha casa, assim eu acompanharia a gestação de perto. Prometi dar todo apoio que ela precisasse, mas que não ficaria com ela. No início ela esbravejou e ficava tentando me seduzir, eu a rejeitei por diversas vezes, até que por fim ela desistiu.

Com o passar dos dias, eu me apeguei cada vez mais ao meu filho, nós compramos roupinhas, decoramos um quarto e já estávamos pensando em nomes para o nosso bebê, eu estava muito animado com tudo aquilo. Aos oito meses de gravidez, Elisa entrou em trabalho de parto prematuro, a esse ponto todos da máfia, incluindo meus inimigos, que por sinal estavam ameaçando entrar em guerra, já sabiam que eu seria pai, era arriscado demais levá-los para um hospital, então chamei um médico amigo da família, muito competente. Ele fez de tudo, mas Elisa teve eclampsia e não resistiu ao nascimento do nosso bebê. O meu filho nasceu prematuro, ele era tão pequeno e tão frágil, mas no momento em que o peguei no colo, algo dentro de mim, mudou.

Pietro: Oi filhão, eu sou o seu papai, sabia? — Falei com os olhos cheios de lágrimas — Eu vou fazer de tudo

para cuidar de você, sempre, eu prometo.

Enquanto eu acariciava o meu filho em meu colo, ele teve uma parada cardiorrespiratória e teve que ser

reanimado várias vezes. Ver aquela cena partiu meu coração, eu chorava copiosamente, meu filho, agora órfão de mãe, tão pequeno, lutando pela vida, aquilo era tão injusto. O médico fez tudo que podia, até trouxe uma incubadora para a minha casa, ele conseguiu reanimar e estabilizar o meu bebê, mas devido ao parto prematuro ele tinha vários problemas, como asma, refluxo, dificuldade para se alimentar e não ganhava peso de jeito nenhum. Para piorar, ele não tinha leite materno a disposição, o que prejudicava muito a imunidade dele.

Por diversas noites fiquei acordado a noite inteira só olhando para ele, não tive coragem nem de dar a ele

um nome, tinha muito medo de perdê-lo e mais uma vez acabar sozinho no mundo. O médico me ordenou que conseguisse uma ajuda especializada, alguém que pudesse ficar 24 horas com ele e soubesse o que estava fazendo, e foi aí que minha busca começou, procurei durante dias uma enfermeira especialista em bebês prematuros, mas não encontrava, era uma área muito específica. Foi quando um dos meus homens indicou um programa de residência de enfermeiros pediátricos.

Entrei em contato com o médico responsável pelo programa e procurei saber quem era o melhor de toda a turma. Ele me passou o nome e mandei o meu investigador procurá-la, não foi possível descobrir muita coisa sobre a mulher, ela era um verdadeiro fantasma, a única coisa que se sabia sobre ela, era que arrendava um apartamento há três anos e era enfermeira, nem o nome completo conseguimos descobrir. Eu já estava quase desistindo dessa ideia, colocar alguém assim na minha vida, poderia ser muito perigoso, mas o investigador me mostrou uma foto da moça, e para a minha surpresa, era ela, a linda loira do parque. Meu coração bateu mais forte nesse dia, assim que vi as fotos que o investigador me mostrava, eu sabia que tinha que ser ela!

A segui em alguns lugares, queria saber como era a sua rotina e as pessoas com quem se relacionava, não podia trazer qualquer uma para dentro da minha casa. Ela tinha uma vida simples, saia para trabalhar e ia para casa, só em um dia que ela saiu toda arrumada, linda demais e quando voltou, estava acompanhada de um cara, meu sangue ferveu aquele dia, não sei explicar o porquê, mas vê-lo beijando aqueles doces lábios, apertando ela contra seu corpo com tanta intimidade me deixou enfurecido. Fui para casa dirigindo feito louco, e só me acalmei quando vi meu filho.

No dia seguinte a procurei no hospital, mas ela me chamou de louco e se recusou a cuidar de um bebê prematuro em casa, eu já não sabia o que fazer, na noite anterior, ele chorou a noite inteira, e não conseguiu comer nada o dia todo, eu precisava dela, ela era a melhor, e eu faria de tudo para tê-la, mesmo que para isso tivesse que colocar o meu lado sombrio em ação, era a vida do meu filho em jogo. Planejei tudo e na manhã seguinte, mandei que a trouxessem para mim.

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