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Meu Primeiro Amor

capítulo 01

YANA KIMI

- Kimi, tenta ficar um pouco mais feliz. - Minha melhor amiga Lívia se aproximou tocando em meu braço.

- Não dá pra ficar feliz perto desses idiotas Lili. - Falei com a cara fechada.

- Eles não são tão ruins assim. Você só precisa ser mais sociável.

- Eu só estou aqui por sua causa, então não me peça pra ser legal com esses imbecis - Falei olhando para Caio e Lucas que brincavam de luta no meio do shopping.

- Não liga pra eles, garotos são assim mesmo. Ou você aceita ou vai ficar doida tentando entendê-los. - Falou rindo. Caminhamos até o cinema e compramos ingressos para a próxima sessão.

- Ainda não acredito que aceitei essa palhaçada de encontro duplo. - Falei com a cara fechada. 

- Você aceitou porque sou sua melhor Amiga e você me ama. - Lívia falou beijando meu rosto. Ela sabia que aquilo sempre me fazia ceder.

- Tudo bem. Vou tentar ser legal. Mas se o Caio tentar alguma gracinha vou dar na cara dele. - Ela riu e segurou na minha mão.

- Se ele tentar alguma coisa pode deixar que eu dou na cara dele. Agora, vamos logo que o filme já vai começar.

Lívia me puxou pelas fileiras de cadeiras dentro da sala do cinema até que encontramos os nossos lugares. Lucas sentou do seu lado e eu sentei do outro, com Caio ao meu lado. O que eu não fazia por aquela garota. Ela me fez sair de casa em plena quarta-feira só porque Lucas Gomes, seu crush da faculdade a chamou pra sair em casal com seu amigo Caio Lemos.

O filme era de terror e apesar de odiar esse tipo de filme eu estava aqui. Caio tentou segurar minha mão algumas vezes, mas mantive meus braços cruzados. Ao contrário de Lívia que estava com a cabeça apoiada no ombro de Lucas. Eu odiava quando ela me chamava para os seus encontros românticos com caras idiotas e egocêntricos. Depois de alguns anos eu me acostumei a esconder meus sentimentos de Lívia, mas hoje não estava conseguindo me controlar. Lucas me dava nos nervos e diferentes das outras vezes minha amiga estava realmente interessada nele. Os dois não paravam de se tocar e aquilo já estava me irritando. Levantei bruscamente e fui em direção a saída, caminhando a passos firmes. Eu não ia ficar vendo aquela palhaçada.

- Kimi! Espera, você vai aonde? - Ouvi Lívia me chamar, mas continuei andando até que senti um puxão no braço.

- Ei espera. Tá tudo bem? - Ela me olhou com aqueles seus olhos negros e penetrantes.

- Tá tudo bem. Eu só preciso tomar um ar. - Menti.

- Você tá passando mal? - perguntou preocupada.

- Não, eu só... tenho que ir no banheiro. - Menti novamente.

- Então vamos. Eu seguro a porta pra você. - segurou minha mão me levando até a cabine no banheiro. Entrei e fiquei lá dentro por um tempo. Eu precisava me controlar. O que estava acontecendo comigo? Eu já sabia que essa paixão que nutria por Lívia nunca seria correspondida.

Eramos melhores amigas, ela nunca me olhou de outra forma. Sempre namorava com os garotos da faculdade. Porque eu ainda me importava?

- Kimi, está tudo bem? - Lívia perguntou perto da porta.

- Sim, já estou saindo. - Puxei a descarga e abri a porta. Fui até a pia e lavei minhas mãos.

- Você tem certeza que está tudo bem? Estou te achando muito tensa hoje. Aconteceu alguma coisa? - perguntou realmente preocupada. E era exatamente por isso que eu a amava. Lívia, era cuidadosa e protetora. - Kimi, pode confiar em mim. Me fala o que tá acontecendo. - Lili tocou meu rosto e se aproximou. Sua boca estava tão perto da minha. Toquei em seu rosto e ela sorriu. Aquele sorriso que acabava com qualquer resistência dentro de mim. Algumas meninas entraram no banheiro fazendo com que eu me desse conta do que estava preste a fazer. Me afastei de Lívia ainda desnorteada e falei.

- Vamos voltar. Os meninos devem estar nos procurando. - Saí e ela me seguiu sem dizer mais nada.

- Meninas, onde vocês estavam? O filme já acabou. O que vocês acham de irmos para um barzinho aqui perto? - Caio sugeriu. Se eu teria que aguentar mais demonstrações de afeto entre Lívia e Lucas ao menos tinha que encher a cara.

- Eu topo. - Falei e Lívia me olhou surpresa.

- Certo garotas, vamos que a noite está só começando. - Lucas falou segurando a mão de Lívia. Eu apenas me virei e segui para a porta de saída.

LÍVIA DUARTE

O bar estava lotado e as pessoas se aglomeravam na entrada. Pra nossa sorte Lucas conhecia o dono, que nos deixou entrar sem encararmos  a fila quilométrica. No lado de dentro o ambiente era agradável e bem iluminado. Tinha uma pista de dança e um Dj que animava a galera. Sentamos em uma mesa com dois sofás. Kimi e Caio estavam na minha frente e de Lucas. O rapaz tentava puxar assunto com minha amiga, mas ela o ignorava com empenho. Kimi ainda estava com a cara fechada e mesmo que ela diga que está tudo bem, eu sei que tem alguma coisa a incomodando.

- Então meninas, o que vocês querem beber? - Lucas perguntou.

- Uma cerveja. - Falei.

- E você Yana? - Caio perguntou para minha amiga.

- Quero a bebida mais forte que tiver nesse bar. - Kimi falou e eu fiquei preocupada. Ela não costumava beber quando saíamos, além de estar dirigindo. Os garotos foram para o balcão de bebidas e nos deixaram sentadas.

- Pega leve tá. Você tá dirigindo. - Falei.

- Você tá parecendo o meu pai Lívia. - Kimi jogou as palavras chateada. Me chamar pelo nome era um forte sinal de que ela estava muito brava comigo.

- Desculpa, é que eu...

- Tá aqui gatas. Uma cerveja para você. E uma tequila para a Yana. - Caio nos entregou a bebida e Lucas veio atrás dele com outras doses. Kimi pegou sua dose e virou de uma vez, depois virou mais 4 doses em seguida.

- Vai com calma gatinha. - Caio falou pra ela.

- Vamos dançar. - Kimi pegou no braço de Caio e saiu puxando ele até a pista de dança. Fiquei observando os dois dançando e minha amiga parecia um pouco alterada.

- Agora somos só nós dois princesa. - Lucas falou perto da minha orelha por causa da música alta.

- O que? - perguntei sem tirar os olhos da pista de dança, onde Kimi pulava igual uma doida.

- Que tal se...- Lucas falou, mas eu não estava prestando atenção. Uma música sensual começou a tocar e Kimi começou a rebolar, tocar em seu corpo de forma sexy. Algumas pessoas chegavam perto e roçavam nela sem nenhum pudor.

- Lívia, você tá me escutando? - Lucas chamou minha atenção.

- Me desculpa Lucas, mas eu tô indo embora. A Kimi não está nada bem e eu vou levar ela em casa. - Falei me levantando.

- Calma gata. A sua amiga só tá curtindo. Você devia fazer o mesmo. - Falou segurando meu braço.

- Amanhã agente se fala. Eu tenho mesmo que ir embora. - Falei olhando para a pista de dança. Kimi estava tirando sua camisa e todo mundo estava gritando pra ela continuar.

- Espera, eu levo vocês. - Lucas insistiu, mas eu já estava caminhando em direção a minha amiga que nem me viu chegar. Segurei em seu braço e disse.

- Vamos Kimi, já está na hora de ir pra casa. - Falei.

- Maas.. eeu.. queeero.. fiicar. Deixaaa...dee.. serrr chaaata Liiili. - Falou com a voz arrastada. Ela estava muito bêbada.

- Não, você vai embora agora. - Falei mais alto e puxei seu braço para que ela me acompanhasse.

- Mee.. sooolta... Liiívia, vaai.. fiicar.. coomm... o seeeu.. naamoradiinho

.. ee mee.. deeeixa em paaz. - Falou brava. Eu já não estava nem ligando para as pessoas nos olhando. Tirei Kimi arrastada de lá. Sabia que amanhã ela iria me agradecer.

- Me soltaa.. mamãããe. - Falou debochada. Apenas fingi que não era comigo e continuei levando ela até o estacionamento.

Apesar de ser mais baixa que Kimi, consegui sustentá-la. Peguei a chave do carro dela em seu bolso e destravei as portas. Coloquei Kimi no banco do passageiro e afivelei seu cinto de segurança. Finalmente ela tinha resolvido ficar calada.

Depois de um tempo estacionei na garagem da casa da minha amiga.

- Seu pai tá em casa? - perguntei.

- Nãoo, eele tá viajaando coomo seempre. - Falou.

- Ok, vem. Eu vou te levar até sua cama e vou cuidar de você essa noite. - Falei saindo do carro e ajudando Kimi a caminhar.

Kimi deitou na sua cama e eu tirei seus sapatos. Ela parecia bem cansada. Ter aquele tipo de diversão não era algo normal pra ela. Kimi é a Nerd que sempre está estudando e nunca sai de casa. Nos conhecemos a 5 anos. Fizemos o último ano do ensino médio juntas e desde lá somos inseparáveis.

- Deeita aqui coomigo. - Kimi me puxou para a cama e ficou em cima de mim.

- O que está fazendo? - perguntei. Meu coração estava acelerado.

- Sóó queero ficaar te olhaando. - Ela fez carinho em meu rosto. - Voocê é tãoo liiinda. - Minha respiração estava pesada. - Poorque voocê faaz isso coomiigo? - Kimi se aproximou e roçou nossos lábios. Senti meu corpo arrepiar. Ela descansou sua cabeça em meu peito e sua respiração ficou mais tranquila. Ela tinha dormido.

O que tinha acontecido ali? Kimi estava muito bêbada pra saber o que estava fazendo. Ela nunca tinha agido dessa forma antes. Saí da cama e fui para o banheiro. Iria tomar um banho e depois dormiria no sofá do quarto da minha amiga caso ela passasse mal durante a madrugada.

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capítulo 02

YANA KIMI

Ai, minha cabeça parecia que ia explodir. Fiquei mirando o teto do quarto esperando que aquela dor melhorasse. É por isso que eu não bebia. Não nasci pra aguentar uma ressaca.

- Como você está? - Lili falou entrando no quarto.

- Com muita dor de cabeça. - Falei.

- Toma esse remédio pra melhorar. - Ela me entregou um copo com água e um analgésico. Peguei e tomei.

- Você dormiu aqui? - Perguntei.

- Sim. Você não lembra de nada sobre ontem a noite?

- Lembro de ter ido dançar com o Caio. Talvez alguma coisa sobre você me colocando no banco do carro. Mas nada além disso. O resto se tornou um borrão. - Falei, ainda deitada.

- Tem certeza que você não lembra de nada? - Lili estava estranha. Será que eu tinha falado alguma bobagem?

- Eu fiz alguma coisa errada? - Perguntei apavorada.

- Além do fato de você ter tirado a camisa no meio da pista de dança. - Falou séria.

- Que droga. Sério? Eu não acredito que fiz isso. - Falei me sentando na cama e colocando minha cabeça entre as mãos.

- É mocinha, você me deu o maior trabalho ontem.

- Promete que nunca mais vai me deixar ficar bêbada na vida. - Falei nervosa.

- Você é muito teimosa. Não sei se consigo prometer isso.

- Que horas são? - perguntei massageando a lateral da cabeça.

- 7:20.

- Ai não, eu estou atrasada. Tenho prova no primeiro tempo. - Pulei da cama e fui direto para o banheiro. Tirei minha roupa e entrei no box.

- Você quer comer alguma coisa? - Lili gritou do quarto.

- Não, mas pode ficar a vontade Lili. - Ela não respondeu. Então imaginei que já tinha descido para a cozinha.

Tomei um banho super rápido e me troquei pegando um blusão do meu guarda roupa com um shorts pequeno. Depois coloquei um tênis. Deixei meu cabelo solto e me maquiei.

- Você já tá pronta pra ir? - perguntei entrando na cozinha.

- Sim, peguei um roupa sua e fiz café pra você.

- Tudo bem e obrigada. Vamos que meu professor é um velho muito mal encarado e a prova já deve ter começado. - Lili me deu um copo e fomos para a garagem.

- Usa o meu carro. - Ofereci as chaves pra ela.

- Tudo bem Kimi, eu vou de busão.

- Lili, seu trabalho é do outro lado da cidade. Eu posso pegar o carro do meu pai. - Insisti.

- Tá bom. Obrigada Kimi, fico te devendo essa.

- Deixa disso. Você já me pagou ontem. - Beijei seu rosto e entramos nos carros. Lili saiu primeiro. Saí logo em seguida cantando pneu para dar tempo de fazer minha prova.

LÍVIA DUARTE

- Lívia?

- Lívia?

- Oi, me desculpa. - Falei saindo dos meus pensamentos.

- Nossa Lívia, você estava no mundo da lua? - Samantha falou irônica.

- Eu só...

- Eu não quero saber bobinha. Pega isso aqui é para o seu chefe. - Ela colocou uma cópia de um livro em cima da minha mesa e saiu com o queixo empinado. Eu não gostava de Samantha. Ela era ignorante e tinha quase certeza que queria o meu cargo de assistente do editor. Eu trabalhava em uma editora que escrevia sobre política e economia, pela manhã e a tarde cursava Letras na Universidade Federal de Santa Catarina.

Dei leves batidas na porta do meu chefe.

- Pode entrar.

- Senhor Rodrigo. A cópia do livro sobre a Economia mundial depois do covid 19 já chegou. - Entreguei o livro para ele.

- Ok Lívia. Vou dar uma olhada mais tarde. Você já escreveu sua opinião sobre artigo que vamos publicar semana que vem?

- Sim, está no meu computador. Vou enviar para o senhor agora mesmo. - falei.

- Lívia, lembre-se que uma boa opinião sempre vem acompanhada de referências, contextos e...

- Experiências. - completei.

- Isso mesmo. Nunca esqueça disso e você será uma ótima escritora.

- Obrigada Rodrigo.

- De nada. Você é a melhor aprendiz que já tive. - Devolvi o sorriso que ele me lançava. - Vamos voltar ao trabalho. Quando você for pra faculdade me avisa.

- Ok Senhor. Com licença. - Voltei para a minha mesa. Enviei a minha opinião sobre o artigo que falava sobre os inúmeros erros que o governo Bolsonaro cometeu durante a pandemia. Apesar da quarentena ter acabado e as coisas terem voltado ao normal, nada seria igual e o país estava enfrentando uma crise terrível.

Cheguei na faculdade atrasada como sempre. Hoje eu teria seis tempos de aula. Tudo estava uma loucura, muitas atividades e provas. Os professores corriam contra o tempo para recuperar as aulas perdidas do período em que ficamos em casa. E eu me virava nos 30 para conseguir dar conta de tanta coisa. Quando estacionei o carro na frente da minha casa já eram 19hs.

- Mãe, cheguei! - Gritei entrando na sala e indo direto para o meu quarto. Meu celular vibrou indicando que recebi uma mensagem de texto.

Kimi ❤

COMO FOI SEU DIA?😊19:02

FOI UMA TRAGÉDIA.😥 MAS O MEU CHEFE VAI LER MINHA OPINIÃO SOBRE AQUELE ARTIGO QUE TE FALEI.😊19:02

Kimi❤

PELO MENOS UMA NOTICIA BOA. PARABÉNS.

VOCÊ QUER JANTAR COMIGO?19:03

Ainda não tinha parado pra pensar no quase beijo que Kimi me deu. É claro que ela estava muito bêbada pra se lembrar, mas eu estava muito sóbria para esquecer. Não era como se eu e Kimi nunca tivéssemos jantado juntas, pelo contrário, fazíamos isso sempre. Só que dessa vez eu estava um pouco nervosa.

QUERO SIM. VOU PRA SUA CASA DAQUI A 30 MINUTOS. 19:05.

Kimi ❤

NÃO ESQUECE DE TRAZER ROUPAS PARA PASSAR A NOITE. NÃO QUERO DORMIR SOZINHA HOJE. BJOS ATÉ DEPOIS.😘 19:05.

Fui para o banheiro e tomei um banho rápido. Coloquei algumas roupas, coisas da faculdade e do trabalho em uma bolsa e fui até o quarto da minha mãe. Ela estava com a porta aberta vendo um vídeo de ginástica que tentava imitar. Mamãe sempre cuidava da saúde. Desde que o homem que dizia ser meu pai foi embora de casa e nos deixou desamparadas ela passou a viver como queria e eu achei essas mudanças maravilhosas. Era como se ela só tivesse encontrado a alegria de viver quando se divorciou.

- Oi mãe. Como você está?

- Oi filha, estou bem. Você já jantou?

- Vou jantar com a Kimi e vou dormi lá também.

- Se cuida tá. Se você puder amanhã passar no mercado e compra algumas coisas. Eu vou trabalhar até mais tarde essa semana.

- Você já ganhou aquele caso?

- Não, o cliente estava escondendo algumas informações, o que atrasou um pouco meu trabalho.

Mamãe se formou em Direito depois que o meu progenitor se mandou. Passamos tempos bem difíceis, mas aos poucos conseguimos terminar de pagar a casa e ela até comprou um carro esse ano.

- Ok, amanhã vou sair mais cedo da faculdade. Daí já passo no mercado. - fui até minha mãe e beijei seu rosto.

- Nada de bebidas hoje a noite minha filha. - Falou séria.

- Hoje é quinta-feira mãe e não quero ser demitida por chegar de ressaca no trabalho.

- Melhor assim. Como estão as coisas no trabalho e na faculdade?

- Meu chefe vai ler uma análise que fiz sobre um artigo muito importante. Se ele gostar eu posso acabar publicando alguma coisa. E na faculdade tá tudo igual. -

- Tenho certeza que você vai ser uma ótima escritora meu amor. E a Kimi?

Aquela pergunta me deixou nervosa e eu acabei gaguejando.

- A Ki-mi? O que tem ela?

- Como ela tá?

- Bem eu acho.

- O Roberto não tinha viajado ?

- Sim, ele só volta no domingo.

- A Kimi deve se sentir muito sozinha. Diga a sua amiga que ela pode dormir aqui sempre que quiser.

- Eu vou dizer mãe. Agora deixa eu ir que estou atrasada.

- Se cuida e juízo filha.

- Pode deixar mãe

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capítulo 03

LÍVIA DUARTE

O caminho até a casa de Kimi foi tranquilo. Bati na porta e ela abriu animada.

- Ainda bem que você chegou. Estou cozinhando seu prato preferido. - Falou sorrindo e me abraçando.

- Sério?? Você fez lasanha?

- Com direito a batata palha e arroz. Vem, vamos decidir qual filme assistir enquanto eu termino o jantar. - Sentei no balcão da cozinha e kimi colocou a lasanha no forno.

- Você conseguiu fazer sua prova? - Perguntei.

- Consegui. O professor me olhou de cara feia, mas me deixou entrar.

- É muito estranho saber que existe um professor que não gosta de você. - Brinquei.

- E ele é o único. Os outros professores me amam. Eu sou a melhor aluna. - Falou se gabando.

- Quanta modéstia.

- Só digo verdades. - Nós duas rimos.

- E quando esse jantar vai ficar pronto. Estou morrendo de fome?

- Você sempre tá com fome Lili.

- Não tenho culpa, meu metabolismo é muito acelerado.

- Tá certo dragãozinho, vamos te alimentar então.

Kimi serviu nossos pratos e sentamos no sofá em frente à televisão.

- Qual filme vamos assistir? - Perguntei.

- Não sei, vamos fazer o teste dos 10 minutos.

O teste dos 10 minutos consistia em assistir o filme por 10 minutos, se ficássemos curiosas pra saber a continuação continuávamos assistindo, mas se ficasse entediante escolhíamos outro filme. Acabamos assistindo Alitta Anjo de Combate. Na metade do filme eu deitei no colo de Kimi e ela ficou brincando com o meu cabelo. Se fosse qualquer outra pessoa eu não deixaria, mas o carinho da minha amiga era o melhor. Aos poucos fui ficando sonolenta e não demorou muito para meus olhos se fecharem.

YANA KIMI

Na metade do filme Lili dormiu no meu colo. Seu cabelo era tão macio e cheiroso. Sua boca estava levemente aberta e ela balbuciava pequenos sons. Parecia uma gatinha dormindo. Eu aproveitava aquele momento para olhá-la com mais atenção. Sua pele branca contrastava com seus cabelos negros e curtos. Ela tinha a boca pequena e nariz afilado. Passei minha mão em seu rosto sentindo sua pele macia e delicada. Lili era mais baixa do que eu e quase sempre se jogava em meus braços como se não pesasse nada, ela gostava de se empendurar em mim e depois ria da situação. Eu nunca deixei ela cair, era mais alta e mais forte também. Meus extintos sempre foram de proteção em relação a minha amiga e isso ficava muito evidente quando eu estava com ciúmes.

Quando o filme acabou, peguei Lili no colo e a levei até a minha cama. Ela estava dopada e, provavelmente, só acordaria amanhã. Deitei ao seu lado e ela se aconchegou em meus braços. Essa era nossa posição favorita. Lili já tinha dormido na minha casa milhares de vezes e eu também dormia na sua. Tínhamos uma conexão. Nos conhecíamos tão bem que até falávamos juntas as vezes. Ela me completava e me fazia rir. Era sempre assim, quando estávamos juntas o sorriso saía fácil e eu queria sempre fazê-la feliz.

-

Diferente do dia anterior, levantei cedo e preparei o café da manhã. Eu era boa na cozinha e Lili adorava minha comida. Preparei panquecas e calda de chocolate. Fiz o café e coloquei em duas canecas.

- Você acordou cedo. - Lili entrou na cozinha.

- Não consegui voltar a dormir. - Falei.

- Não sei como consegue dormir tarde e acordar cedo.

- É o meu organismo, ele já está acostumado. - Falei sentando na cadeira e Lili me imitou.

- Adoro suas panquecas. - Ela colocou um pedaço na boca e gemeu em aprovação. - Isso tá perfeito.

- Obrigada. Você quer carona?

- Você não vai se atrasar? - Perguntou.

- Não, hoje só tenho aula no terceiro tempo.

- Já que é assim, eu aceito a carona.

- Que bom, porque é perigoso andar de ônibus.

- Eu tomo cuidado.

- Eu sei, mas eu me preocupo.

- Você sempre preocupada com minha segurança.

- Não quero que nada te aconteça.

Lili levantou do seu lugar e me abraçou.

- Você é a melhor. - Falou sorrindo e eu não conseguia parar de sorrir também.

- Agora, vou comer todas essas panquecas porque não quero estragar comida.

- É só por isso mesmo? - Brinquei.

- Não, eu estou morrendo de fome.

- Me conta uma novidade.

Lili me mostrou a língua e continuou comendo. Eu nunca me cansaria de observá-la. Não importa se fosse comendo ou dormindo. Ela ficava linda fazendo qualquer coisa.

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