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Um Anjo Humano

Reencontro

Para Felipe era mais um dia de faculdade, ele cursava o quarto período de engenharia civil,  estava um pouco atrasado e na entrada viu alguém que conhecia . Depois de dois anos eles voltavam a se encontrar . Ele não sabia que ela estudava ali. Aos olhos de Felipe, Camila estava mais bonita, e para ele, Camila continuava ignorando sua presença. Quando ia acenar para ela,  Camila se virou entrando na faculdade como se não o conhecesse.

Felipe não entendia porque Camila o evitava desde que estudaram juntos no último ano do ensino médio. Quando ela chegou a escola, parecia que existia um sentimento compartilhado pelos dois. apesar de nunca ter trocado nenhuma palavra, havia troca de olhares tímidos e sorrisos. Após algo que aconteceu em uma comemoração na escola, Camila mudou completamente em relação a ele. Parecia ter raiva e Felipe não sabia porquê.

_ Não sabia que ela estudava aqui. Falou enquanto observava ela sumir entre os alunos.

_ O que foi Felipe? Era Carlos, um amigo que estudava engenharia com Felipe, que chegava também atrasado.

_ Não é nada, estava falando sozinho.

_ Já está ficando louco, vejo que as aulas de cálculo  não estão te fazendo bem. Disse brincando com o amigo.

_ Eu vi uma garota que estudou comigo no último ano do ensino médio, eu fui meio que apaixonado por ela.  Tinha uns dois anos que eu não a via.

_ O que você está esperando? Vai lá falar com ela. Carlos empurrava o amigo.

_ Melhor não Carlos, acho que ela tem raiva de mim e eu não sei o motivo.

_ Tem certeza que você não sabe?

_Nós nunca trocamos uma palavra, a única coisa que aconteceu foi em uma festa na escola que nós nos beijamos na sala de projeções. Lá na escova quando a gente sabia que tinha alguém afim da gente, com ajuda dos colegas conseguimos  marcar um encontro nos intervalos ou nas festinhas para dar o primeiro beijo em um lugar escondido porque era proibido namorar na escola. No caso depois que eu beijei ela ficou com raiva.

_ Quer dizer que o beijo foi ruim.  falou Carlos rindo de Felipe.

_ Não acredito que seja isso,  o beijo foi muito bom, fiquei com gosto de quero mais, tive vontade de chamar ela para sair. Mas teve a reação dela depois do beijo que eu não entendi . Ela nunca mais quis  se aproximar de mim, e se eu me aproximava de onde ela estava, ela se afastava, então não insistir.

_ Aí não dá, você foi rejeitado.

_ Quem sabe um dia eu pergunto o porquê dessa raiva. Tenho vontade de saber, talvez ela estava esperando outro garoto e não eu naquela sala. Essa é a única explicação que eu consigo encontrar para ela ter esse comportamento. A Michele, uma colega da classe, que me disse que ela gostava de mim e marcou o encontro, pra mim foi perfeito, mas para ela não.

_ Vai entender as mulheres. Esquece ela e vamos para a aula, pois  já estamos atrasados. Carlos e Felipe seguiram para a sala.

Nos dias seguintes, Felipe passou a ver Camila constantemente na faculdade. Encontrava  com ela no refeitório, na biblioteca, nos corredores, às vezes parecia que ela estava seguindo ele. E se não a via, Felipe ficava atento à procura dela. Um dia Felipe e Carlos estavam indo para a biblioteca quando ele avistou Camila sentada em um banco no pátio.

_Carlos, lembra da garota que te falei.

_ Sim, ela está por aqui? Quis saber Carlos.

_ Está…olha ela sentada no banco à esquerda, de blusa verde. Carlos olhou para a direção e a viu.

_Nossa, ela é muito gata. Como ela se chama?

_ Camila. Ela sempre foi muito bonita.

_ Quantos anos que ela tem?

_ Acho que ela deve ter vinte anos como a gente.

_ Você sabe qual curso ela faz? Carlos continuava com o interrogatório.

_ Não sei, talvez algo ligado a arte, ela desenhava bem, ou música. Um dia ela cantou no show de talentos da escola, tem a voz muito bonita.

_ Parece que você ainda sente algo por ela. Carlos riu olhando o amigo que olhava disfarçadamente para Camila

_ Eu? Não, ela está no passado. Tive só uma queda por ela no ensino médio.

_ Pela forma que você está olhando para ela parece outra coisa.

_ Carlos, Carlos, Carlos… Vamos estudar  que é melhor para o nosso futuro.

_ Vamos, já que você não está afim, quem sabe eu tenho uma chance com ela. Disse provocando Felipe que ficou com o semblante sério.

O acidente

No final da tarde, Felipe voltou à biblioteca da faculdade para buscar um livro de uma disciplina que estava lhe dando trabalho. Quando saía, viu Camila sentada em um banco que ficava na área externa da biblioteca. Ela estava inquieta, batia com os pés no chão,  parecia triste e angustiada, parecia que precisava de ajuda.

_ Será que devo me aproximar? Ela parece sofrer com algo. Pensou Felipe. Chegou a dar alguns passos em direção a Camila, mas desistiu lembrando-se do passado, não tinham nenhuma ligação. _ Melhor não, talvez o que ela quer é ficar sozinha, vai me rejeitar com certeza. Felipe passou por ela e seguiu seu caminho.

Camila viu Felipe passar por ela e teve vontade de falar com ele, quase gritou seu nome para que ele a ouvisse, mas não conseguiu. Resolveu ir para casa, já estava escurecendo. Chegando à rua  viu Felipe ser atropelado. Um carro em alta velocidade avançou o sinal e pegou Felipe que não conseguiu reagir a tempo.

_ Não… Gritou assustada indo em direção a Felipe.

Após o impacto, Felipe foi arremessado longe e bateu a cabeça no chão, mas ainda estava consciente. Ao ver a face de Camila assustada depois de ver o acidente, acabou perdendo os sentidos.

Chamaram a ambulância para socorrê-lo, e ela chegou rapidamente e o levou desacordado para o Hospital.

Camila foi para casa aos prantos. Sentia-se culpada, pois se tivesse chamado Felipe ele provavelmente não seria atropelado. Não queria que nada de ruim acontecesse com ele. A imagem dele desacordado não saía da sua cabeça.

_ Oh Deus… cuida dele, não deixe ele morrer. Fez uma súplica pedindo pela vida de Felipe.

Na manhã seguinte Camila, foi ao hospital fazer um exame e sabia que Felipe havia sido levado por uma ambulância daquele hospital e tentou descobrir alguma informação do seu estado de saúde mas não conseguiu, não se lembrava do sobrenome dele. Foi para a faculdade, talvez lá alguém poderia lhe dar essa informação.

Felipe acordava naquele instante. Sentia algo estranho. Lembrava que havia sido atropelado e o rosto de Camila a olhá-lo antes de perder os sentidos. Não sentia dor ou outro incômodo.

_ Achei que ia estar pior, o choque foi forte, mas eu me sinto bem. Falou se levantando. Ao se levantar da cama, Felipe tomou um susto que o deixou em choque. Na cama estava seu corpo desacordado. O primeiro pensamento que veio a sua mente era o de que estava morto.

_ Acalme-se, você não está morto. Ele ouviu alguém lhe dizer essas palavras e ficou mais assustado. Olhou para a pessoa e viu um homem alto de mais ou menos quarenta anos vestido com roupas brancas.

_ Quem é você? O que está acontecendo? É um sonho? Eu estou sonhando , ou melhor estou tendo um pesadelo… ele falava sem parar.

_ Não é um sonho ou pesadelo, ou como você quiser chamar essa situação.

_ Você não entende, como posso estar falando com você e meu corpo está na cama cheio de fios, com um tubo na boca, eu estou me vendo na cama, você entende? … eu não sei o que está acontecendo se estou apenas dormindo. Ele estava surtando.

_ Você não está exatamente dormindo.

_ Você ainda não me disse quem é, o que eu estou fazendo aqui se não estou morto… a atenção de Felipe foi levada até a porta do quarto que se abriu e sua mãe e seu pai entraram acompanhados pelo médico. Sua mãe sentou-se ao seu lado e seu pai ficou em pé em frente da cama.

_ Mãe, mãe…  eu estou aqui. Ele tentava tocar a mãe. _ Mãe… pai...

_ Eles não podem te ouvir e também não podem te ver. Disse o homem de branco.

_ Como não? O que realmente está acontecendo, eu preciso saber. Felipe não conseguia se acalmar. O homem que conversava com ele apontou para seus pais e para o médico.

_ Ouça…

_ Quanto tempo ele vai ficar assim Doutor? Perguntou a mãe de Felipe ao médico.

_ Não dá para prever o tempo nesses casos. O choque na cabeça foi forte e ele teve um leve traumatismo, e infelizmente está em coma.  Ele é jovem e saudável, mas não posso dar uma previsão de tempo para vocês, temos que esperar que o organismo dele reaja o mais rápido possível.

 _ Meu filho não merecia estar passando por isso por causa de um motorista irresponsável. Seu pai estava bravo e sua mãe chorava.

_ Infelizmente, casos como o atropelamento do seu filho são comuns no hospital, uma realidade triste que mata milhares de pessoas todos os anos. Disse o médico.

_ Eu, em coma? Felipe estava abalado com sua condição.

_ Sim, mas é temporário. Felipe olhou para aquele homem que falava com ele.

_ Por que eu não posso voltar para o meu corpo agora? Não quero ver minha mãe e meu pai sofrendo por minha causa. Ele estava desesperado.

_ Você ainda não pode voltar para o seu corpo, vai poder em breve. Ele encarou aquele homem.

_ Quem é você ? Ainda não  disse porque está aqui comigo.

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Anjo da guarda

_ Não vai me responder? Questionava Felipe. O homem suspirou buscando ter paciência com a inquietude dele.

_ Eu sou um anjo da guarda. Felipe se espantou ao ouvir o que ele dizia.

_ Anjo da guarda?

_ Sim. Respondeu com calma.

_ Meu anjo da guarda?

_ Não, eu não sou seu anjo da guarda.

_ Então não entendo o que está acontecendo, porque está aqui comigo. Você não é meu anjo e eu não estou morto… falou gesticulando andando de um lado para o outro. _ Devo estar louco, só pode ser isso. Concluiu. O anjo encarou Felipe com o semblante sério.

_ Você tem uma missão importante a cumprir. Felipe parou de andar o encarando de volta.

_ Uma missão? Como assim?

_ Há uma pessoa que necessita muita da sua ajuda…

_ Como eu posso ajudar alguém nesse estado? Devo estar parecendo um fantasma agora. Ele riu de nervoso do que falou.

_ Você não é um fantasma. Falou o anjo. _ Você será uma espécie de anjo da guarda temporário dessa pessoa.

_ Eu não sei se sou uma boa pessoa para me tornar um anjo da guarda, melhor deixar eu voltar para o meu corpo e encontrar alguém melhor.

_ Não tem como fugir dessa missão, você já deixou passar uma oportunidade antes de estar nesse estado. Agora tem a oportunidade de ser um anjo da guarda.

_ Anjo da guarda temporário, foi o que você disse antes.  Lembrou Felipe.

_ Exatamente, anjo da guarda temporário. Falou com calma o anjo. Felipe pensava no que devia fazer.

_ Deixa eu ver se eu entendi direito. Eu vou ser um anjo da guarda e tenho que ajudar uma pessoa.

_ Correto…

_ E a minha vida como fica? Ele questionava.

_ Sua vida está segura. Assim que o tempo que tem para cumprir a missão acabar, você terá sua vida de volta ao normal.

_ Tenho tempo para cumprir a missão?

_ Sim…

_ E se eu cumprir antes do tempo…

_ Sua vida volta ao normal imediatamente.

_ E se nesse tempo eu não conseguir ajudar a pessoa… eu vou morrer? Perguntou com medo da resposta.

_ Não, você terá sua vida de volta. A pessoa que você terá que ajudar tem que tomar uma decisão que vai mudar a vida dela. Ela tem dois caminhos a seguir, espero que com sua ajuda ela escolha o caminho certo.

_ Eu não posso dizer não a essa missão? Insistia Felipe. _ Olha, minha família está sofrendo, eu estou sofrendo, estou em pânico. Argumentou.

_ Não pode. Você passará um tempo nesse estado, não tem como você voltar ao seu corpo agora… Ajudando essa pessoa, pode antecipar a sua volta ao normal… Ele olhou Felipe nos olhos. _ Somente você pode ajudar essa pessoa, por isso eu estou aqui. Falou com um semblante triste o anjo.

Felipe pensou e se viu sem saída, pensava que quanto mais cedo ele começasse a missão, mais cedo poderia voltar para sua vida.

_ Me diga, quem é a pessoa que devo ajudar? O que eu devo fazer para ajudá-la o mais rápido possível.

_ Vou te dizer quem é a pessoa, mas não poderei dizer o que fazer para ajudá-la, como anjo da guarda, você terá que descobrir sozinho o que fazer.

_ Como assim não dá para dizer? Por que tem que dificultar as coisas para mim?

_ Pode ter certeza que gostaria muito de poder dizer o que você tem a fazer,  mas eu não posso. A vida é cheia de dificuldades, você terá um bom aprendizado com essa experiência…

_ Tenho medo de não conseguir ajudar essa pessoa e ficar preso a ela pelo resto da minha vida. Você não estaria mentindo para mim ou escondendo algo.

_ Não estou mentindo e não estou te escondendo nada. Ao final do tempo, se não conseguir ajudar essa pessoa, você não ficará preso a ela, a menos que queira ficar…

_ Não, eu não quero… Gesticulou negativamente Felipe.

_ Não se preocupe,Você não ficará muito tempo assim, o tempo que tem para ajudar essa pessoa é curto.

_ E se nesse tempo essa pessoa não tomar nenhuma decisão, eu estarei livre então?

_ Você está sendo muito repetitivo nessa questão. Falou o anjo colocando a mão na cabeça como se sentisse uma dor.

_ Quero ter certeza de que vou ter minha vida de volta.

_ A resposta para a sua pergunta é sim, a sua vida e a vida dessa pessoa, seguirão o curso que tem que seguir de qualquer forma.

_ E quanto tempo eu tenho então para cumprir essa missão?

_ Pouco tempo…

_ Pouco… quanto?

_ Só posso te dizer isso. Felipe suspirou, tudo que acontecia era muito confuso para ele.

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