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Olhos De Sangue

|•Prólogo•| 1° Temporada

Diziam que ela era amaldiçoada. Teus pais de cabelos loiros, olhos claros, azuis. Lua de cabelos escuros como a noite, olhos esverdeados num tom um pouco cinzento. Viu a diferença? Mas não, não teve traição. Fora comprovado, a garota era mesmo filha de Francis, seu pai. Mas seus pais não ligavam para isto, muito menos se importam com a opinião dos que sabiam da história, afinal, nossa vida não se constitui de opinião alheia.

Mesmo com estas diferenças, Lua é linda, sua beleza avassaladora, encanta todos a sua volta. Assim existem os que acreditam que ela não é amaldiçoada, e sim abençoada, seus pais estão entre estes, pois ela vive em graça e beleza. Finalmente apresentando-a: ela é Luana, vinte e quatro anos, formada em medicina. Vive em uma cidade grande, uma metrópole na verdade. Teve depressão e ansiedade na adolescência por conta do bullying que sofria na escola. Sua vida é marcada por fatos negativos, alguns felizes, mas são raros.

Hoje em dia trabalha em uma clínica hospitalar como médica geral, ganha bem, o suficiente para viver, já que é sozinha, pois seus pais morreram em um acidente anos atrás. Até hoje não se sabe ao certo o que aconteceu, qual era o defeito do veículo, ou se foi algum descontrole de direção, apenas não se sabe, a única coisa que Luana tem certeza é que eles estão mortos, e ela nunca mais terá o afeto e carinho de seus pais. Sozinha no mundo, tenta lutar por si mesma, pela sua vida. Tenta seguir em frente mesmo que doloroso. Um dia iria acontecer, não é mesmo? Mas por que tinha de ser de uma forma tão… agonizante? Não devemos questionar o destino.

Ele faz o que quer, manda e desmanda. Ele é o dono do tempo, do passado, do futuro, e principalmente do presente. Pode-se dizer que ele é o dono do mundo, e quem quer tomar seu lugar, terá de vencê-lo. O futuro de Luana agora é incerto, mas seu passado está muito bem escrito.

Em seu consultório ela tenta descansar, nem que seja um pouco. O dia está sendo corrido, inúmeras pessoas para atender, e, os casos mais graves e mais difíceis, sobram para ela. Uma batida na porta desesperada faz com que ela perca as esperanças do tal descanso, sua amiga entra desesperada no consultório.

— O que foi Daniela? _ Luana pergunta.

— Acabou de acontecer um acidente Luana, estou indo junto com a ambulância e terei de ficar lá para socorrer os feridos. Eles serão trazidos para cá, por favor, os espere, a recepção está lotada e os outros médicos estão muito ocupados.

— Ok, já estou indo. _ ela fala enquanto veste seu jaleco novamente, suspirando cansada _ Mais tarde irei sair mais cedo, para descontar minha hora de descanso perdida.

— Obrigada Lua! Farei hora extra para sobrepor teu lugar.

Sua colega sai em disparada da sala, enquanto Luana vai logo atrás. Esta é a rotina de Lua, socorrer vidas, enquanto tenta manter a si própria de pé.

|•Capítulo 1•|

Era dia de folga do trabalho, os colegas haviam combinado de se encontrarem para curtir um pouco, e então decidiram que seria em um bar qualquer pela cidade. É algo normal, todas as folgas são assim. Curtição e nada mais.

Luana gosta destes dias, são os dias que pode retirar-se um pouco de sua rotina tortuosa e cansativa, mas ao mesmo tempo satisfatória por estar a todo minuto salvando vidas, assim, tenta amenizar a dor de não ter conseguido salvar seus falecidos pais.

Lua resolvera que neste dia iria se embebedar para esquecer dos problemas. Claro que sabe que isto não é nada bom, e que depois haverão grandes consequências, mas depois de tal incidente não teve tempo nem para si mesma ao se afogar em tanto trabalho. Bêbada sai do barzinho pelas ruas escuras e frias junto com Daniela, sua amiga de muito tempo.

Tentavam se ajudar mas o mínimo que puderam foi cair no meio da rua. Dani morava perto dali, então foi "fácil" chegar em casa.

— Você tem certeza que não quer dormir aqui Lua? _ Daniela fala, entre cochilos no sofá.

— O-obrigada Dani, mas prefiro ir para casa. _ ela responde em meio a um soluço.

— Tem certeza que vai conseguir chegar lá? Deveria ter pedido para o Alan te deixar em casa. Seria bem melhor.

— Não Dani, não seria nada bom. Não quero nada com ele e ele vive no meu pé. Prefiro voltar para casa sozinha. _ Luana fala enquanto se dirige para a porta, tateando nas paredes.

— Não diga que eu não avisei! _ Daniela grita da sala achando que a amiga estava longe.

— Vai se banhar que é melhor sua vaca, será melhor, deixa que eu sei me cuidar. _ a outra grita enquanto sai, irritada.

Luana anda pela rua aos tropeções, enquanto tenta tirar o cabelo extremamente bagunçado do rosto, tentativa falha está, pois estes teimosamente voltam a cair-lhe pelo rosto e ela solta um palavrão atrás de outro irritada. E com a visão meio embaçada, acaba tropeçando novamente, mas antes que seu corpo vá de encontro ao chão, fortes braços a seguram.

— Devia tomar mais cuidado morena, a esta hora da noite uma mulher tão linda quanto você pode servir de brinquedo a qualquer um que queira algo de bom gosto. _ uma voz firme mas rouca diz, enquanto põe Luana de pé.

— Obrigada. _ ela fala enquanto se esforça para ver o rosto do tal homem de cabelos negros, esta é a única coisa que pode distinguir com a luz do poste.

— Deixe-me te ajudar a ir para casa. _ ele fala, segurando seu corpo contra outro tropeço da garota, que quase caí novamente.

— Me desculpe! _ ela murmura _ Mas não é necessário, não devo estar longe.

— Não é seguro que vá sozinha, está tarde e você mal está parando de pé.

— Ok. _ ela se dá por vencida ainda receosa e ele coloca o braço dela por cima de seu pescoço, enquanto segura firmemente sua cintura.

O perfume dele era embriagante. De fato, se já estava bêbada, deve ter ficado um pouco mais. Ela estava com medo do que ele poderia fazer, mas ao chegar em frente a sua casa sã e salva, soltou o ar aliviada e agradeceu ao bom homem pela ajuda. Ele respondeu de uma forma um tanto confusa, mas que não preocupou Luana naquele momento. Cansada, nem mesmo se banhou, se jogou em uma canto qualquer da casa e ali adormeceu.

|•Capítulo 2•|

Algumas semanas se passaram, Luana estava sempre na lua nos últimos dias. Algo a estava incomodando, e além de parecer estranho, era curioso. E isto estava deixando-a muito dispersa. Ela parecia conhecer aquele cara. Já havia o visto em algum lugar, mas agora, não conseguia de forma alguma se recordar de quem se trata.

Este a observa todos os dias em seus sonhos, mas nunca se aproxima, nunca diz nada. Sempre aos cantos a observá-la, até mesmo nos lugares mais privados. Isto tudo faz parte do sonho dela. Não há nada de real. Talvez tenha, talvez seja sua imaginação. Ela não sabe dizer. Fantasia. Já estava a pensar que necessita de um psicólogo, ou talvez, ainda mais longe: um psiquiatra.

Fazendo suas tarefas do dia, que é visitar seus pacientes nos quartos para examiná-los, finalmente havia se esquecido dos tais sonhos. Faltava apenas um dos pacientes, e ela saiu do quarto de outro agradecendo por ser o último este próximo. Não havia dormido muito bem na noite anterior e sentia que precisava descansar. Desatenciosamente, olha para frente, e vê um homem de cabelos negros atravessando o outro corredor que passava um pouco antes do último quarto.

Ela entra em êxtase, era o homem dos seus sonhos. Com a respiração rápida e fria, corre até lá, mas ao virar para este outro corredor, não vê nada além de uma mulher que ia em direção a saída. Agora sim havia mais razões para precisar de um psiquiatra, ou até mesmo de um sanatório. Com a mão sobre a testa, a respiração acelerada, ela se encosta na parede a fim de se acalmar. Teria de voltar até onde começou a correr para recolher os papéis que caíram todos pelo chão durante tal "euforia".

— Eu não aguento mais! _ ela diz e deixa seu corpo escorregar pela parede até cair sentada no chão, esgotada _ Por que tudo isso tinha de ser justamente comigo?

E ali, deixa que as lágrimas desçam _ quentes, amargas, solitárias. Por dentro praguejas a si mesma pela vida que tem. Sente falta dos pais, que não estão mais ali para a acolher. Sente falta do afago de sua mãe, dos seus conselhos, das brincadeiras do pai. A angústia toma conta novamente de seu coração. Ela está acabada, desgastada. Tenta ficar de pé, lutar por si mesma, mas tem hora que a vida a arrebata. Em com este golpe, ela se sente inútil por não conseguir parar de pé, caindo sempre de joelhos ao chão. Sente como se sua alma estivesse acorrentada a um destino cruel e infeliz, onde só há amargura.

Mas ao mesmo tempo um brilho novo surge: não consegue salvar a si mesma, mas sua missão é salvar o próximo. Com esperanças novamente _ mesmo que poucas _ , se levanta do chão e recolhe os papéis, indo atender seu último paciente, colocando um sorriso no rosto. E ali naquela criança, vê a vida. Se ele luta para sobreviver, por que não ela também?

Então o sorriso que era falso, onde os olhos não haviam brilho algum, se torna verdadeiro, alegre. Um brilho novo no olhar, a esperança renascida. Ela quer lutar por si e ela vai. Porque mesmo que não seja mil maravilhas, a vida à espera, as pessoas necessitam dela. Tem esperança nela. Acreditam nela. E ela tem que passar confiança para estas. E com um sorriso revigorante, termina seu expediente, indo para casa.

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