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Querido Diário - Diário De Uma Gorda

Encontro as cegas

Apresentação dos personagens

Celine Armand

Henry Lewis

Renato Lewis

Miguel

Jully

Elisa

Estefânia

O amor verdadeiro enxerga além das aparências e o que realmente importa é a beleza interior. A velha frase clichê que para Celine não passa de um jeito fofo para consolar quem está longe de se encaixar nos padrões de beleza exigidos pela sociedade.

Filha de um empresário renomado, Celine tem uma figura paterna pouco presente, que sempre priorizou o trabalho visando cada vez mais lucros, enquanto sua mãe, uma dondoca de carteirinha, se preocupa apenas em usufruir da vida luxuosa que o marido a proporciona. 

Desde a infância, ela sentia como se não pertencesse ao mundo frívolo ao qual sua família fazia parte. Sua avó materna era sua grande companheira, e foi a responsável por lhe ensinar o apreço pela confeitaria, porém, a partida precipitada da idosa e consequentemente a ausência do carinho da única pessoa que era realmente capaz de enxergá-la, foram responsáveis por grandes mudanças em sua vida, ou melhor, em sua aparência.

— Você é um dos nutricionistas mais caros da cidade e até agora minha filha não perdeu um grama sequer! — Estefânia, a mãe de Celine, bufava. 

— A senhora pode ir em quantos quiser, mas enquanto a sua filha não seguir a dieta corretamente de nada irá adiantar!

— A minha funcionária prepara todos os dias a comida dela, tal qual está aqui… — Apontou para o plano alimentar.

De cabeça baixa, Celine apenas observava toda a discussão já constrangida.

— A sua filha sofre de compulsão alimentar, ela come o que está especificado na dieta e outras coisas mais quando ninguém está vendo, foi a sua funcionária quem relatou na última consulta. — O nutricionista vociferou já irritado. — A Celine usa a comida como fonte de prazer, comer se tornou um vício e tentar me culpar não vai ajudá-la!

Estefânia se calou por uma fração de segundos e abaixou o tom. 

— O que devo fazer? 

— Procure também um psicólogo! 

E assim foi feito. Celine não perdeu peso, mas ao menos tinha com quem desabafar, afinal, conviver com ofensas diárias não era uma tarefa fácil.

— Abram espaço que a gorda vai passar! — Um colega de classe debochou. 

— Por que não cuida da sua vida? Idiota! — Miguel, seu amigo e vizinho, a defendeu.

— Tudo bem, Miguel, não precisa se estressar, é assim todos os dias, já estou acostumada. Obrigada por me defender. 

— Vem, vou te acompanhar até em casa.

Ela ergueu a cabeça surpresa e sorriu timidamente. Ambos moravam lado a lado e seguiram juntos em silêncio por um tempo.

— Não dê importância para o que dizem. — O garoto falou arrancando uma pequena flor de um arbusto e entregando-a. — Você fica mais bonita sorrindo.

Celine sentiu as bochechas queimarem com o rubor que dominou sua pele clara, e sorrindo, recolheu a flor que foi parar em seu diário mais tarde.

"Querido diário, hoje foi um dia especial. Miguel me defendeu de pessoas que me insultaram e ainda me deu uma flor. Ele é um dos garotos mais gentis que já conheci, não debocha da minha aparência e sempre me trata com carinho, mas vive rodeado de meninas lindas e magras, sei que jamais olharia para mim."

Celine suspirou, enquanto mastigava bolachas de chocolate, derrubando o pacote no chão quando sua mãe entrou no quarto repentinamente, assustando-a.

— Querida…

— Mamãe?! Que susto! — Falou enfiando o diário por baixo do travesseiro. 

— Já vamos jantar e você está comendo bolachas? 

— Foram só duas.

— Você não tem jeito mesmo. — Resmungou gesticulando para que a filha lhe entregasse o pacote. — Você vive sozinha, trancada nesse quarto comendo, não acha que seria legal ter amigos? Um namorado?

— Como se isso fosse escolha minha. 

— Você é tão bonita, se emagrecer com certeza ...

— Não estou interessada em mudar pra agradar ninguém. — Celine a cortou, chateada.

— Tudo bem, faça como achar melhor, eu falo as coisas pro seu bem, mas não posso te forçar a nada. — Se virou seguindo rumo a porta. — Estamos te aguardando para o jantar.

Celine apenas concordou com a cabeça, e magoada, voltou a escrever em seu diário, derramando algumas lágrimas.

"Me sinto um estorvo para a minha família, sou sempre comparada aos filhos perfeitos dos outros, julgada pela minha forma e nada que eu faça de bom parece ser o suficiente."

2 anos depois…

Celine estava na cozinha testando uma de suas receitas quando um toque na porta chamou sua atenção.

— Atrapalho? — Miguel entrou inspirando profundamente. — Senti o cheiro do seu bolo lá de casa, daí resolvi fazer uma visitinha.

Ela riu, sujando o nariz do amigo com o recheio. 

— É uma receita que a vovó me ensinou, mas estou fazendo algumas alterações, acrescentei vinagre e bicarbonato na mistura, a química entre os dois deixou a massa mais leve e fofinha. Experimenta… — Falou cortando uma fatia para servi-lo.

— Minha nossa, está divino! 

— Gentileza sua… — Celine sorriu timidamente.

— Hum, é sério! — Miguel balbuciou enquanto mastigava. — Você é boa nisso, podia criar uma página na internet, ia ficar famosa. 

— Blogueira, eu? 

— Sim, você pode dar dicas e ensinar receitas, o mundo está perdendo essa divindade!

Celine riu, mas acabou seguindo o conselho do amigo. O canal se tornou um sucesso e o carinho que recebia de seu público a tornou uma pessoa mais alegre e extrovertida, e compartilhar vídeos com essas pessoas havia se tornado sua nova paixão.

— Filha… — Estefânia entrou na cozinha interrompendo uma de suas gravações. — Desculpe, não vi que estava filmando.

— Tudo bem, precisa de algo? 

— Bom, na verdade… — Sua mãe se aproximou com uma expressão dissimulada. — É que… Você não acha que está na hora de sair um pouco de trás das telas e voltar ao mundo real? 

— O que quer dizer com isso?

— Você precisa sair mais, conhecer gente nova… Um namorado… 

Celine desviou o olhar da massa para encará-la. 

— Como se alguém me quisesse… — Sorriu fingindo humor.

— Quer sim, olha! — Estefânia pegou o celular, mostrando um aplicativo de encontros às cegas aberto. — Criei esse perfil para você faz algum tempo e um rapaz se interessou.

— A senhora fez o quê? 

— Olhe o perfil dele, também é gordinho, talvez vocês se entendam. 

— Eu não posso acreditar nisso, mas é claro que não! — Celine bufou nervosa. — Sem chances! 

— Ao menos dê uma olhada, o que você tem a perder? 

Após negar incessantemente, sozinha em seu quarto, Celine acabou cedendo a sua curiosidade e olhou o perfil do rapaz, que dizia buscar alguém que o enxergasse além das aparências e imaginando que poderiam ter algo em comum, marcou o encontro para o sábado seguinte.

Ansiosa e ao mesmo tempo nervosa, ela se vestiu com o auxílio de sua mãe.

— Use esse vestido preto e soltinho, vai disfarçar suas gordurinhas.

— Só se eu vestisse uma capa da invisibilidade para disfarçar as minhas gordurinhas. — Lembrou rindo.

Após finalizar uma leve maquiagem que realçava seus olhos verdes, um batom vermelho ardente finalizou a produção.

— Mãe, não está muito exagerado?

— Não, seus lábios são carnudos, ficou perfeito. Você está linda! — Estefânia a levou para frente do espelho. — Mas a maior beleza de todas está aqui… — Finalizou tocando o peito da filha. — Aposto que ele vai te adorar. Divirta-se, querida!

Após inspirar profundamente criando coragem, Celine tomou um táxi, seguindo para o restaurante indicado, porém se chocou ao visualizar o homem que estava na mesa reservada.

— Ué… Não é possível!

O date

Celine procurou o celular para ver novamente o perfil do homem no aplicativo, notando que não estava com o aparelho.

 O rapaz que a aguardava era extremamente bonito, dono de uma pele morena clara, cabelos lisos bem penteados e barba por fazer, mas o corpo foi o que mais chamou sua atenção, o date não tinha nada de gordo.

— Minha Nossa Senhora dos bolinhos de chuva, será que estava claro pra ele que eu sou obesa?

Celine segurava sua bolsa como um escudo, pensando se deveria ou não ir em frente e notou quando o rapaz olhou a hora no relógio, olhando em seguida ao redor parecendo impaciente.

"Bom, já estou aqui, não posso dar um bolo no coitado." Pensou se aproximando com o seu melhor sorriso e puxou a cadeira sentando-se bruscamente.

— Boa noite, me desculpe pela demora. 

O rapaz ergueu a cabeça surpreso e parou encarando-a sem reação, enquanto Celine tagarelava diante do nervosismo. 

— Estou realmente surpresa, seu perfil não condiz exatamente com o que eu esperava, bom… Você é muito bonito, mas não tem nada de gordo. 

— Perdão, moça, eu…

— Não tem porque se desculpar. Muito prazer, me chamo Celine. — Falou estendendo a mão.

— Eu sou o Henry, mas…

— Henry, que lindo nome. Me conta, Henry, o que você fez pra emagrecer? Você está de parabéns, eu venho tentando há anos, imagino que não tenha sido fácil… Você está bem sarado, com todo respeito, é claro… Você faz academia? 

Henry soltou uma risadinha, balançando a cabeça em negação.

— São seus olhos… Preciso ir ao banheiro, está bem? — Falou se levantando e endireitando seu terno.

— Ah, sim, tudo bem. — Ela forçou um sorriso, imaginando que de fato ele não teria gostado de sua aparência. — Devo esperar você voltar?

Henry não sabia como dizer que não era o rapaz que havia marcado um encontro, mas ficou penalizado com a expressão frustrada de Celine.

— Só vou ao banheiro, volto logo.

Sem jeito, ele se afastou rumo aos banheiros e de longe voltou a olhar para Celine que estava cabisbaixa, enquanto discava um número no celular.

— Onde você está, seu imbecil? — Rosnou, ao falar com o irmão. 

— Caramba, mano, foi mal, eu me esqueci! — Renato riu do outro lado da linha. 

— Seu idiota, eu estou te esperando a horas, estou te esperando a tempo suficiente pra uma gorda sentar na mesa comigo e achar que eu sou o cara que marcou um encontro com ela! 

— Como é? — Ele gargalhava. — E o que você fez?

— Nada, estou no banheiro.

— Como nada? Não falou pra gorda que você não é o cara? 

— Ela está triste, Renato, como vou fazer isso?

— E daí? Vai virar o padroeiro das balofas agora? Fale a verdade e vá embora, mais tarde passo no seu apartamento e conversamos.

Henry desligou o telefone irritado e se recompôs antes de voltar para a mesa.

— Me perdoe, eu realmente estava apertado.

— Tudo bem, obrigada por voltar.

— Mas é claro que eu voltaria, Celine, não é? 

Celine abriu um sorriso acanhado, confirmando. 

— Eu só preciso te pedir perdão, pois houve um imprevisto, meu irmão me ligou e não vou poder demorar, tudo bem? 

— Claro, sem problemas! Eu tomei a liberdade de pedir a nossa comida. — Contou soltando uma risadinha. — Vi no seu perfil que gosta de camarão, então pedi um camarão cremoso gratinado, acertei? 

— Ah, claro, amo camarão. — Henry forçou um sorriso ao lembrar que era alérgico. — Eu só, bom, não queria ser grosseiro, mas lembra que eu emagreci? Então, é que foi tão difícil, sabe? Preciso manter o foco. 

— Oh, claro, perdão…Mas se eu comer na sua frente não vou te deixar com vontade? 

— De forma alguma.

— Você é muito simpático, obrigada por ficar. Aceita uma bebida? 

Henry soltou uma risadinha.

— Quer parar de agradecer? Será que ao menos a bebida eu posso te oferecer, senhorita? — Falou sinalizando para o garçom.

— Ah, claro, perdão… — Celine corou, sorrindo sem jeito. — Nunca fui a um encontro, não sei bem como proceder. 

— Nunca?

— Não é comum alguém se interessar por uma gorda.

Henry a olhou com pesar, sentindo certo alívio por não tê-la deixado.

— Apenas seja você mesma, sei que parece clichê, mas as pessoas têm que gostar de nós pelo que somos. 

O garçom se aproximou cortando o assunto e Henry fez o pedido, surpreendendo-a. 

— Eu quero o melhor vinho da casa, por favor.

— Certo, Senhor Lewis.

Assim que o funcionário se retirou, Celine olhou para o rapaz, curiosa.

— Ele te conhece? 

— Venho aqui com certa frequência para reuniões de negócio. 

— Oh, e com o que você trabalha? 

— Sou presidente da Keyword. 

Celine arregalou os olhos surpresa.

— Aquela empresa de publicidade famosa? 

Henry riu.

— Digamos que sim.

— Me desculpe a inconveniência, mas você parece muito novo pra ser um CEO de uma empresa tão antiga e renomada, quantos anos você tem? 

— Tenho 25, e assumi a presidência recentemente depois que meu pai resolveu se aposentar. 

— Uau, isso é incrível, meus parabéns.

— É, não era bem o que eu queria, mas nunca tive opção. — Lembrou frustrado.

— Nossa, super entendo, meu pai é médico, dono de uma rede hospitalar e sempre quis que eu cursasse medicina…

— Então você é médica?

— Não, decidi cursar gastronomia. 

— E o que ele disse sobre isso? 

— Que não ficou impressionado por eu ter escolhido algo relacionado a comida. 

Celine riu, mas Henry a olhou chocado.

— Nossa, bem direito ele.

— Normal. Já estou acostumada com piadinhas. — Ela abaixou a cabeça, forçando um sorriso. — Imagino que você esteja sempre rodeado de lindas mulheres, modelos famosas. Por que veio em um encontro comigo? 

— Sabe, nesse momento eu estou com uma linda mulher, aliás, que belos olhos os seus…  — Ele falou tentando anima-la e Celine corou, abrindo um sorriso acanhado. — Ás vezes é bom conhecer pessoas que não  se aproximam de você por interesse ou status.

— As mulheres iam atrás de você mesmo quando era gordo? Nossa, imagino então como deve ser agora que está tão lindo e magro.

Henry riu, mas a olhou curioso.

— Por que você acha que magreza é sinônimo de beleza, Celine? Você é tão bonita! 

Celina sentiu um frio na barriga como nunca antes e sorriu. 

— Eu cresci sendo motivo de piada, não precisou ninguém me dizer, eu aprendi com a vida.

Henry se penalizou e segurou as mãos dela por cima da mesa, apertando delicadamente, quando o garçom se aproximou com os pedidos, fazendo-o se afastar bruscamente.

— Bom, imagino que você esteja com fome. — Ele tomou os talheres, servindo-a.

— Obrigada, e você não vai pedir nada? 

— Ficarei apenas com o vinho, mas fique à vontade.

Os dois conversavam entre garfadas e taças de vinho, até que o celular de Henry tocou.

— Só um momento, é o meu irmão novamente. — Falou atendendo na sequência. 

— Henry, seu retardado, onde você está? — Renato parecia nervoso.

— Sabe o encontro que te falei, então, ainda estou aqui… — Falou dando uma risadinha ao olhar para Celine. — Ela é adorável. 

— Sei bem, maninho, e que bom que gostou da gorda, porque nesse momento a foto de vocês está circulando em vários sites de fofoca! 

— O quê? — Henri arfou.

— Deve ter algum paparazzo por aí, vai embora sua anta!

Demais para mim

Após desligar a ligação, Henry respirou fundo e olhou para Celine tentando manter a calma, mas sorriu ao notar a forma como ela comia.

— Isso deve estar muito bom, em?!

— Excelente! — Falou ainda com a boca cheia. — Poxa, você deve estar passando vontade, não é mesmo? Eu sabia! Se fosse eu no seu lugar não ia resistir, não tenho essa força de vontade.

Henry riu.

— Imagine, estou tranquilo.

— Por que não experimenta ao menos? Um pedacinho só não vai te engordar de novo! 

Antes que Henry pudesse racionar, Celine enfiou o garfo repleto de camarão em sua boca.

— Nossa, realmente, está muito bom. — Mastigou se deliciando, até lembrar de sua alergia. — Me perdoe, fiquei mais tempo do que o previsto, meu irmão estava me apressando, adorei a nossa conversa, mas agora preciso ir!

— Imagina, eu amei cada segundo, de verdade, muito obrigada.

— Infelizmente não vou poder te deixar em casa, mas vou deixar um motorista a sua disposição, está bem? 

— Imagina, não se preocupe, ainda não acabei de comer, fique tranquilo.

Henry deu uma risadinha, então Celine se levantou timidamente abrindo os braços para um abraço.

— Foi um prazer. 

Ele correspondeu com carinho, suspirando profundamente ao sentir o seu perfume.

— Se cuida, o prazer foi meu.

Celina sorriu, abaixando a cabeça timidamente, até que Henry começou a se coçar freneticamente.

— Você está bem? 

— Sim, eu só… Bom … Preciso ir, até a próxima.

Sem mais, Henry correu para fora do estabelecimento e Celine sentou-se novamente suspirando, voltando a comer com um sorriso bobo no rosto. Já longe dali, ele parou em uma farmácia em busca de um antialérgico, antes de ir ao encontro do seu irmão.

— Nossa, achei que ia passar a noite com a gorda. — Renato debochou. — Que diabos aconteceu com você? 

Perguntou espantado ao notar a pele avermelhada e o rosto inchado do irmão pela primeira vez. 

— Camarão, foi o que aconteceu comigo. 

Renato riu se atirando no sofá.

— Acho que assumir a empresa está mexendo demais com a sua cabeça… Primeiro vai pra um encontro aleatório com uma gorda, e ainda come camarão com ela? 

— Quer parar de ser chato? Eu fiquei com dó dela! 

— Você merece um Nobel da piedade, meu caro! — Renato gargalhou.

— Pare com isso, ela era engraçada, simpática, demonstrou ser uma boa pessoa, não custava nada elevar um pouco a auto estima da moça.

— Ai meu Deus, o que foi isso? Amor a primeira vista? Você está mudado, maninho!

— Vai pro inferno, idiota! 

— Espero que tenha uma boa desculpa quando sua namoradinha ver isso…

Renato abriu um Instagram de fofocas, mostrando para o irmão.

"Atual presidente da Keyword, Henry Lewis é flagrado em restaurante de luxo com uma mulher gorda."

— Que idiotas, como podem ser tão grosseiros? — Henry resmungava ao ler o chamado na notícia. 

— Sério que seu nome está circulando dessa forma e você ainda está preocupado se a gorda vai se ofender? 

— Eu não estou nem aí pro que dizem, sinceramente…

— Ah, não? Então deixe-me ler o resto da notícia pra você. — Renato tomou o celular, lendo o texto abaixo da foto. — Henry Lewis, que assumiu recentemente a presidência de uma das maiores empresas de publicidade do Brasil, foi flagrado em um jantar romântico, regado a camarão e vinho, acompanhado de uma nova mulher. O que chamou atenção dos paparazzis, foi que a suposta affair do playboy, era uma mulher de peso. Após assumir um relacionamento sério com a modelo e atriz Elisa Sampaio, que ainda não se pronunciou a respeito, a aparição inesperada deixa uma série de questionamentos no ar.

Henry olhou para o irmão incrédulo.

— Espero que você tenha uma ótima desculpa pra dar pra Elisa. 

— Quer desculpa melhor do que a verdade? 

— Você acha mesmo que ela vai ficar feliz em saber que levou fama de corna desse jeito por causa de caridade, reverendo? 

Henry suspirou. 

— Você acha que a Elisa realmente vai achar que foi corna? Raciocina, Renato! Amanhã eu me pronuncio desmentindo tudo e está tudo certo.

— Você só pode estar louco! 

Enquanto Renato gargalhava do problema que o irmão havia arranjado, Celine finalizou o jantar sozinha, sinalizando para o garçom.

— A conta, por favor. 

— O senhor Lewis já deixou tudo pago, senhorita. Posso ajudar com algo mais? 

— Ah, sim… Apenas isto, obrigada!

Celine sorriu, pois não imaginava que o date teria arcado com tudo sem sequer ter consumido e saiu em busca de um táxi.

— Senhorita, Celine? — Um senhor vestido de terno preto a abordou. 

— Sim, sou eu.

— O senhor Lewis pediu que eu a levasse em casa. Já está de saída? 

— Imagina, não precisa se incomodar. — Falou surpresa. 

— Incômodo nenhum, senhorita, é o meu trabalho. Podemos? 

O senhor abriu a porta do carro esportivo para que Celine entrasse, deixando-a na porta de casa.

— Agradeça ao seu patrão por mim, ele é muito gentil.

— Pode deixar, senhorita.

Assim que entrou em casa, Celine foi abordada pela mãe que parecia preocupada.

— Onde você estava, minha filha? Eu estava louca sem notícias suas, você acabou esquecendo o celular… Por que não foi no encontro com o rapaz? Ele ligou várias vezes tentando falar com você, até que desistiu! 

— Eu fui, mãe, só me atrasei um pouco porque não estávamos achando o restaurante, mas o conheci…

Estefânia olhou para a filha, confusa.

— E então, como foi? 

Celine sentou no sofá, suspirando antes de explicar. 

— Ele não era mais gordo. 

— Como?

— Não era gordo, ele está magro e é muito bonito, foi muito simpático e atencioso, mas não tenho a menor chance! 

— Por que acha isso? Ele disse algo sobre você? Porque se te ofendeu, eu…

— Não, mamãe, ele foi incrível o tempo todo, mas além de bonito é famoso, é o presidente da Keyword…

— O quê? Era aquele velho que aparece na TV? 

Celine riu.

— Não, mãe, o filho mais velho dele, Henry Lewis.

Estefânia olhou para a filha bestificada.

— Uau. E o que ele disse? Me conta tudo! 

— Basicamente conversamos, falamos um pouco das nossas vidas e então o irmão dele ligou, daí ele foi embora às pressas…

— Mas só isso? Tem certeza?

— Sim, só isso…

— E mais nada? Nadinha? 

— Não nos beijamos se é isso que quer saber.

Estefânia bufou.

— Ele deu esperanças de um novo encontro?

Celine parou pensando, e lembrou que sequer havia passado seu telefone.

— Bom, ele disse: Até a próxima. Quem sabe… Apesar de quê…

— O quê?

— Ele é demais pra mim.

Celine levantou indo rumo a escadaria que levava até o seu quarto. Enquanto a filha subia, Estefânia a observava esperançosa e ao mesmo tempo preocupada, certa de que ela estava apaixonada.

Em seu quarto, após se preparar para dormir, Celine pegou o diário, e ainda entre sorrisos bobos começou a escrever:

"Querido diário, hoje foi um dos dias mais incríveis da minha vida. Fui em meu primeiro encontro, tudo bem que nada saiu exatamente como o esperado e o gordinho que poderia ser a minha alma gêmea não tinha nada de gordo. Saí de casa imaginando que seria hoje que eu daria o meu primeiro beijo, o que também não aconteceu, mas ao menos conheci uma pessoa muito especial, que me mostrou de forma simples que eu tenho algum valor."

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