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Noite Com O Skeik

A Vergonha do Sheik

SAAID ZAHIR rei hereditário de Maraban, no Golfo Pérsico, levantou-se e saiu de trás da mesa quando seu irmão mais novo, Akram, literalmente irrompeu no escritório, como se tivesse visto o próprio demônio .

– O que aconteceu? – perguntou ele, apreensivo, do alto de seu um metro e noventa de altura. Seu corpo esbelto ficou imediatamente tenso, como o oficial do exército que havia sido, pronto para um possível confronto com o inimigo.

Com o rosto corado, Akram parou abruptamente e fez uma mesura apressada, ao lembrar-se das sutilezas da etiqueta da corte.

– Peço desculpas pela interrupção, majestade...– disse recuperando o fôlego

– Imagino que seja por um bom motivo – disse Saaid, relaxando um pouco ao ver a expressão transtornada de Akram e reconhecer que devia se um assunto de natureza particular para aquela entrada alvoroçada em um dos poucos lugares onde conseguia ter a paz tão necessária para trabalhar.

Akram enrijeceu e o embaraço se estampou em seu semblante simpático.

– Eu não sei como lhe dizer...

– Sente-se e respire fundo – aconselhou Saaid, calmamente, retomando sua segurança natural enquanto se sentava na poltrona em um dos cantos da sala e fitava o irmão com seus olhos cor de âmbar. Ele gesticulou para que Akram se sentasse também. – Não há nada que não possamos conversar. Eu não sou, e nunca serei, intimidador como nosso pai, então diga logo.

Akram ficou mortalmente pálido, pois o falecido pai deles fora um tirano opressor, tanto no palácio real com sua família, como em sua posição de governante do que havia sido um dos menores países do Oriente Médio. Enquanto Moramed o Magnífico, como ele próprio insistia em ser chamado, estivera no poder, a fortuna do petróleo de Maraban fluíra em uma única direção – os cofres reais –, ao passo que o povo continuava vivendo na idade das trevas, privado de educação, de tecnologia moderna e de um sistema adequado de saúde, a pobreza assolava a classe operária. Fazia três anos que Saaid assumira o trono, e as mudanças que imediatamente promoverá ainda eram um empreendimento colossal.

Ciente de que o irmão trabalhava cada hora do dia em sua determinação de melhorar a vida dos súditos, Akram de repente sentiu medo de dar a Saaid a notícia que recebera.

Saaid nunca tocava no assunto da ex-esposa. Era um tópico muito controverso e não poderia ser diferente, Akram reconhecia. Seu irmão pagará um preço alto por desafiar o pai deles e casar-se com uma moça estrangeira, de outra cultura, que de nada entendia sobre o reino. E o fato de ter feito isso por uma mulher não merecedora de sua confiança era apenas mais um agravante.

– Akram...? – Saaid encorajou, impaciente. – Tenho uma reunião daqui a meia hora, então o que tiver de falar, fale logo.

– É... ela! Aquela mulher com quem você se casou! – Akram recuperou a voz abruptamente. – Ela está lá fora, nas ruas da cidade, envergonhando você neste exato momento!

Saaid franziu a testa, tenso, e apertou os lábios e os punhos.

– Do que você está falando? – Falou com sua voz desprovida de emoção.

– Sopphia está aqui, sendo Fotografada para uma revista de lingeries! – explicou Akram em tom de firme condenação, ressentido com uma circunstância que considerava ofensiva a seu irmão mais velho, e imperdoável.

Marcas do passado

Saaid cerrou os punhos.

– Aqui? – trovejou ele, incrédulo. – Sopphia está sendo Fotografada aqui em Maraban?

– Wakil me contou – disse o irmão, referindo-se a um dos ex-seguranças de Saaid – Ele não conseguia acreditar nos próprios olhos, quando a reconheceu, devido a sua ousadia em aparecer aqui. Ainda bem que nosso pai se recusou a anunciar seu casamento para o povo...

Nunca pensei que um dia seríamos gratos por isso... Ainda mais agora com essa afronta.

Saaid estava atônito com a ideia de que sua ex-esposa tivesse o atrevimento de pisar ali outra vez, em seu país.

"Como ela ousa me desafiar dessa forma". Pensou ele.

Uma onda de raiva e amargura o tomou, e ele se pôs de pé, inquieto. Ele tentara não se tornar um homem amargo, tentara mais ainda esquecer seu casamento fracassado... Só que isso era um pouco difícil quando a ex-esposa havia se tornado uma top model internacionalmente famosa, aparecendo em inúmeros jornais e revistas, e até num outdoor gigantesco em Times Square, para sempre lembra-lo de sua imaturidade e vergonha.

Na verdade, cinco anos antes havia sido um alvo fácil para uma pessoa ardilosa como Sopphia Pierce, e tamanha ingenuidade deixara uma marca em seu ego masculino.

Com vinte e cinco anos de idade na época, por causa da opressão do pai nunca havia se deitado com uma mulher, sem conhecimento nenhum dos costumes ocidentais e menos ainda das mulheres ocidentais. Mesmo assim, fizera de tudo para que seu casamento desse certo, tentará ser o mais agradável possível. Sopphia, no entanto, se recusará a fazer o menor esforço para resolver os problemas entre eles. Saaid havia penado para manter a seu lado uma mulher que não queria ser sua mulher, que na verdade não suportava nem que a tocasse.

Só que agora não era mais aquele rapaz inocente quando se tratava de mulheres, pensou Saaid com cinismo e arrogância. A explicação para o extraordinário comportamento de Sopphi ficara cristalinamente clara depois que abandonara suas suposições idealistas sobre a honra de sua esposa: havia se casado com ele somente porque era riquíssimo e um príncipe, e não porque gostasse dele, uma oportunista. Imperdoavelmente, o objetivo de Sopphi ao casar-se com ele fora simplesmente a segurança financeira que teria após o divórcio.

– Eu sinto muito, Saaid – murmurou Akram, pouco à vontade com a fúria que via no rosto do irmão. – Achei que você tinha o direito de saber que ela teve a ousadia de vir aqui.

– Faz cinco anos que nos divorciamos – retrucou Saaid, bruscamente. – Por que me importaria com o que ela faz ou deixa de fazer? – Falou, mas sem acreditar em suas próprias palavras.

– Porque está sendo muito inconveniente! Imagine como você se sentiria se a mídia descobrisse que foi sua esposa! Ela é muito descarada e atrevida para vir fazer essas fotografias em Maraban!

– Eu entendo a sua revolta, Akram – disse Saaid, ao mesmo tempo relutante e comovido com a preocupação do irmão. – Agradeço você ter vindo me contar, mas o que posso fazer? Você ainda é jovem, meu irmão. Os paparazzi seguem minha ex-mulher por toda parte. Pense nas prováveis consequências de deportar uma celebridade mundialmente famosa. Por que eu provocaria manchetes para alertar a mídia do mundo inteiro para um passado que é melhor deixar enterrado?

Depois que Akram finalmente saiu, ainda incrédulo por seu irmão não demonstrar o desejo de vingança, Saaid fez vários telefonemas que teriam deixado o rapaz mais novo surpreso.

Era uma ironia suprema, mas o cérebro astuto e calculista de Saaid era um contraste gritante com seu temperamento volátil. Embora não fizesse sentido, queria ter a oportunidade de ver Sopphi outra vez. Ele não sabia se tinha a ver com alguma necessidade sufocada de estar perto dela ou se era simples curiosidade pelo fato de estar no momento contemplando a perspectiva de ter de se vingar por tudo o que ela fez. Saaid sabia que Sopphi estava envolvida num relacionamento com o premiado fotógrafo escocês de animais selvagens, Thomas Star. A ideia de que presumivelmente não tinha problemas para ir para a cama com o atual namorado fez os olhos de Saaid brilharem de Ódio. Sua cabeça trabalhava a mil, lembranças do passado, um casamento fracassado ao qual ele fez de tudo para salvar, a ousadia de sua ex-esposa em aparecer ali, em Marabam, e esfregar em sua cara a sua vergonha. Estar sendo Fotografada somente de lingerie... Tudo, deixa ele com ainda mais ódio.

Ele já tinha aceitado a derrota, o divórcio... Demorou mais ele já tinha aceitado. E agora Sopphia aparece, simplesmente para conturbar sua vida mais uma vez.

Sopphi usara e abusara dele antes de partir, consideravelmente mais rica. Talvez tivesse chegado a hora de dar o troco, refletiu, sentindo uma liberação de adrenalina com a ideia.

E o simples pensamento de ter Sopphi à sua mercê era a coisa mais sedutora que Saaid experimentava em anos.

A modelo

OBEDIENTEMENTE, Sopphi virou o rosto bonito e atraente contra o ventilador, de modo que suas madeixas loiras fossem delicadamente sopradas para trás, sobre os ombros. Nem uma centelha sequer de sua crescente irritação e desconforto apareciam em seus traços perfeitos. Sopphi era sempre extremamente profissional quando estava trabalhando. uma Modelo exemplar, era o que diziam. Mas quantas vezes sua maquiagem precisara ser retocada naquele calor sufocante? Estava simplesmente derretendo em seu rosto. Arthur, seu fotógrafo havia escolhido uma jardim no meio daquela cidade escaldante, mas ainda sim estava um calor insuportável.

E quantas vezes os seguranças tiveram de interromper a sessão para afastar os populares curiosos, que insistiam em invadir o espaço do set? Vir para Maraban para uma sessão de fotos fora um erro, uma insensatez, aonde ela estava com a cabeça para aceitar tal coisa? Os sistemas de apoio que a equipe de filmagem tinha como certos eram inexistentes. Tudo naquele lugar a deixava tensa, o calor e principalmente as pessoas, com seus olhares julgadores, já que eles não entendiam sua cultura.

Sopphi tentava não demostrar sua tensão, tentava se concentrar... Seu rosto era uma máscara indecifrável.

– Faça aquele olhar sensual, Sopphi... – pediu Arthur – Qual é o problema com você estes dias? Você não está em sua disposição habitual... Não está satisfeita?

Como se alguém a tivesse tocado com um ferro quente, Sopphi imediatamente concentrou-se em adotar a expressão que Arthur queria, pois detestava que alguém enxergasse seu estado de espírito atrás da fachada de serenidade. Simplesmente não suportava que achassem que estava fazendo seu trabalho mal feito.

Mentalmente, tentou se focar na fantasia que nunca deixava de trazer aquele ar de desejo ao seu semblante.

Era uma ironia, uma ironia muito cruel, refletiu ela, que tivesse de focar o pensamento em um sonho que nunca conseguirá realizar e que jamais realizaria.

Mas enquanto estava fazendo uma sessão de fotos que representava milhares de libras para o cliente, não era o momento de deixar transparecer lembranças desagradáveis.

Com a firme determinação que era característica de seu temperamento, Sopphi afastou as lembranças dolorosas e procurou ignorar a imagem tão familiar: de um homem de cabelo preto, ombros largos, um homem que definitivamente exalava um magnetismo animal por todos os poros de seu corpo esbelto e pele bronzeada.

Em suas imagens mentais, sempre virava o rosto para fitá-la com os impressionantes olhos selvagens, emoldurados por cílios escuros e espessos, uma visão de tirar o fôlego.

Ele simplesmente a encarava, com puro desejo nos olhos.

– Isso! É exatamente isso... – Arthur exclamou entusiasmado, rodeando Sopphi para fotografá-la de diferentes ângulos, enquanto ia mudando ligeiramente de pose com uma facilidade incrível, o tempo inteiro inspirada pela imagem em sua mente.

– Abaixe um pouquinho mais as pálpebras... isso... faça biquinho com essa boca maravilhosa...

Ela simplesmente viajava no tempo, imaginar ele a fazia diferente, Sopphi se tornava diferente. Mesmo que as imagens fossem dolorosas, não gostava de pensar nele, nem imaginar coisas que nunca iriam acontecer. Mas sempre pensava, imaginava aquelas mãos fortes em seu corpo... Isso a relaxava. Aqueles olhos selvagens, insondáveis... Ela deixava de lado toda dor e ressentimento e só focava na imagem do homem, que jamais seria seu.

Alguns minutos se passaram antes que, com um estremecimento quase imperceptível, Sopphi voltasse ao presente e novamente se desse conta do calor escaldante, do burburinho e dos olhares curiosos, e que o desconforto com aquilo tudo se refletisse em seus olhos azuis.

Arthur já conseguira as fotos que queria, e suspirou, aliviada. Ela já estava acostumada a esse tipo de assédio das pessoas, mas ainda assim se sentia desconfortável, ainda mais naquele lugar. Então olhou em volta e avistou um automóvel estacionado no alto de uma duna de areia dourada. Em pé ao lado do veículo, viu um vulto de túnica, segurando nas mãos um objeto que reluzia ao sol. Um arrepio correu por sua espinha.

Mesmo de longe Sopphi sabia, com certeza, quem era.

Seu ex-marido, o Sheik, sabia que ela estava na cidade!

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