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Dungeon Rings

Primeira vez

Foi no ano 2000, o ano em que se deu início ao desastre, aventureiros começaram a desbravar dentro daquelas pirâmides, muitos entram e poucos saem, uma pirâmide do Egito preta, foi assim que classificaram nos primeiros meses, mesmo com a existência de pequenas pirâmides ao redor que possuem entrada para a grande pirâmide, não sendo apenas uma, entretanto os relatos dos sobreviventes, mesmo mostrando que é uma tumba para os que entram, também lhe dá recompensas, que até então existiria apenas na ficção, o que o mundo pode fazer ao provar que poderes são reais e que se pode obtê-los ao sobreviver e ser escolhido pelo Tutor da pirâmide? Completando ela, você ganha um Ring que te dá poderes, podendo ser qualquer coisa dependendo da dungeon, no entanto você só descobre ao final qual habilidade especial lhe aguarda, com uma pedra que nela está escrito tudo sobre o Ring. Apenas ao finalizar uma, que surge outra, sendo no final, chamadas pelo consenso de todos os países, de Dungeon Rings. A história acompanha Asani, um jovem brasileiro tendo apenas 16 anos, nascido no ano de 2006 e estando no final do ano de 2022, o que quer dizer que fazem 22 anos desde que apareceu a primeira dungeon.

Na cozinha de uma casa de dois andares, uma mulher coloca um prato com pão na mesa, acompanhado de um suco de laranja, são aproximadamente sete horas da manhã quando ela visualiza o horário em seu relógio de pulso e olha pra cima abrindo a boca.

- Vem tomar café, Asani - a mãe de Asani o chama, seu cabelo destaca as cores do fogo, um ruivo fraco, sua pele sendo um pouco mais clara que a de Asani e sua altura determinando que uma mãe pode ser menor que seu filho mesmo ele estando com 17 anos de diferença.

Rapidamente o adolescente abre a porta de seu quarto segurando em suas mãos a mochila da escola.

- Já tô indo! - responde Asani descendo às escadas.

Asani, um garoto de pele parda, olhos castanhos, cabelo preto longo e boa estatura, sai do quarto rapidamente após ter feito suas flexões matinais, 3x15, vestido com o uniforme da escola e a mochila já em suas costas.

- Tô atrasado, vou pegar só o pão, mãe - comenta Asani passando pela cozinha e retirando o pão com maionese, queijo e peito de frango do prato.

- Você deve comer bem, Asani, qualquer coisa eu te levo pra escola de carro! - é evidente que a mãe dele se preocupa com o seu bem-estar.

Ele já comeu o pão, duas grandes mordidas.

- Preciso me exercitar um pouco mais, eu compro algo depois - responde Asani sorrindo, de boca cheia, fechando a porta de casa e saindo pelo portão, seu cachorro, pastor alemão, tentou dar bom dia, todavia não recebeu um bom dia de volta, nenhum belo sinal.

O cão, desapontado, senta na frente do portão e espera alí até não conseguir vê-lo pela rua.

- Bom dia, Asani - seu colega de sala e vizinho o cumprimenta com um aperto de mão másculo ao sair de casa, sua aparência física detém uma pele branca, olhos azuis, cabelo ruivo e boa estatura.

- Opa, Léo - cumprimenta Asani no mesmo momento do aperto de mão.

- Ei, Asani, eu estive pensando e o que você acha da gente ir nessa dungeon que tá há mais de um ano aqui? - Léo com ânimo coloca seu braço esquerdo em cima do ombro de Asani enquanto caminham para a escola.

Primeiro, desacreditado, Asani o encara, porém, ao ver que o rosto de Léo permanecia igual, houve uma preocupação ao responder.

- Sei não, parece muito difícil, já que ninguém completou em mais de um ano, normalmente demora uma semana e você sabe disso, se entrarmos podemos correr perigo - uma resposta preocupada.

- Sim, claro que eu sei! Bora ir depois da aula? - pergunta Léo sem dar bola para os riscos que Asani disse.

- Sim e não, depende se eu estiver com vontade de morrer.

- Issoooo, mano, que?? Morrer? - fala Léo pulando de alegria e logo demonstrando preocupação.

A caminhada dos dois está lenta, a preocupação com a escola diminuiu.

- Sim, se formos pra lá é pra morrer, já que ninguém saiu de lá vivo.

- Que nada, a gente é forte, confia!

- Bora logo pra aula, que não quero ficar falando sobre isso agora, eu mal acordei!

- Certo, mano, confirmado então - Léo se anima.

- Confirmado o que? - Asani se irrita.

- A gente ir, já viu os caras fodas? Eles são monstros, todo poderoso, não quer ser igual a eles? - indaga Léo animado.

- Ringers? Quero, mas...

Léo interrompe Asani.

- Então bora, sem mas, no entanto, entretanto, todavia, só bora.

Asani não fala mais nada, apenas continua seu trajeto até a escola.

...

Durante o recreio de apenas 15 minutos, Asani não fala uma única palavra com Léo, o que entre eles só significa uma coisa... "Não conte isso para ninguém".

Lara chega até Asani e lhe pergunta preocupada.

- Fez?

- Fez o que?

- O que mais? O trabalho!

- Que trabalho, garota?

- Idiota! Não me diga que você não fez, eu te avisei ontem! - ela começa a ficar preocupada, havia deixado tudo na mãos de sua dupla pois queria ir numa festa em plena terça-feira à noite, obviamente seu parceiro queria se vingar.

- Por que eu faria tudo sozinho?

- Ah não, é pra próxima aula, você sabe disso, por que não fez? - a mão dela já toca em sua cabeça pensando no que fazer.

- Óbvio que eu fiz, festeira, e essa foi a última vez que fiz e vou fazer o trabalho inteiro sozinho!

- Ufa! você me salvou - ela abre seu braço para abraçá-lo, no entanto foi rapidamente impedida, a mão de Asani a parou segurando sua testa, logo em seguida o sinal para voltarem à aula toca.

...

27 alunos em uma sala de aula, prestes a acabar a aula dos alunos matutinos.

- Essa aula tá demorando pra acabar, será que é porque a gente vai pra dungeon? - resmunga Léo para Asani.

- Já não disse que não era pra dizer nada durante a aula? - retruca Asani.

O sinal do final da aula toca. Depois de todos saírem...

- Bora, Asaaani, tô muito animado pra isso - Léo empurra sua cadeira para trás e, animado, soca o bíceps de Asani.

- Ei, aí dói, sabia não? Tô indo, mas deixa eu guardar o material e não me diz que sou demorado como sempre, vou colocar no armário da sala.

- Bora pra onde? emm? - pergunta Lara ao entrar na sala, uma garota bonita de cabelos pretos longos e pele de cor morena, a melhor amiga de Léo, da qual Asani diz que parece mais a namorada que melhor amiga.

- Nós vamos treinar na academia, fortalecer o bíceps de Asani, sabe?! - responde Léo mudando todo o clima do ambiente.

- Até parece! - Lara está desacreditada

- Como assim? Acha que eu, seu melhor amigo, mentiria pra você? Tá fazendo pouco caso de mim, sabia?! - Léo cruza seus braços.

- Sim, você tá mentindo, seu mentiroso, te conheço há mais de sete anos e eu nem precisaria de todo esse tempo pra perceber que você mentiu, então me falem a verdade - Lara começa a bater seu dedo indicador em Léo para demonstrar sua raiva.

- Nós vamos para a Dungeon - Asani fala de forma seca e direta.

- Nãooooooo, como ousa Asani? - resmunga Léo triste caindo ao chão com sua mão de arrependimento sobre sua cabeça.

- Por que vocês vão pra lá, não faz sentido, o Asani nem gosta das Dungeons e você é fraco - Lara tenta entender os dois.

- Quero ter poder, cansei de estudar - responde Asani sem nenhum brilho nos olhos.

Lara caminha até Asani e dá um tapa no rosto dele.

- Mentiroso, como diz isso se você ama estudar? Vocês querem me fazer de boba né?!

- Vamos, Léo, tô com pressa, e aliás, doeu, Lara - Asani joga sua mochila no canto da sala e caminha para fora dela.

- Tchau, Lara, se eu morrer, fique sabendo que eu sempre te amei, mas eu nunca me declarei porque não queria perder a amizade, te amo - Léo sai correndo com vergonha.

- Que declaração horrenda, mano - fala Asani zoando, mudando seu humor de alguém nervoso e frio para alguém divertido e feliz.

- Ah, cara, eu não tinha opção, era isso ou nada.

- Eu ficaria com o nada, quanto você tem? Tô morrendo de fome - Asani coloca sua mão na barriga.

- Folgado, acabei de me declarar, podendo ser a última vez que a gente se vê e você quer saber de comida pra você?

- Se você morrer lá não vai mudar nada pagando comida pra mim, entendeu?

- Você tá me manipulando, né?!

- E se eu estiver? - pergunta Asani com cara de malandro.

- Seu sacana!

- Vamos sem armas, né?!

- Sim, sem armas, até porque deve ter algumas pelo chão, já que ninguém zerou aquela dungeon e além do mais, são muito caras.

....

Um mercado pequeno perto da dungeon.

- Nessa conveniência a comida é barata- diz Asani mudando de lado da calçada sem atravessar pela faixa de pedestre.

- Ok, bora rápido, espera, você não passou na faixa - comenta Léo seguindo Asani.

- Nem você - responde o outro.

Os dois saem de lá com uma sacola cheia de comida cada um.

- Se pensar bem, a gente nem almoçou, né?! - indaga Léo.

- Pois é, sem perda de tempo, bora - Asani sai correndo em direção à dungeon.

- Era pra eu estar animado, espera, Asani - Léo sai correndo atrás de Asani no meio da rua.

Uma dungeon é parecida com as pirâmides do Egito, só que preta ou cinza de 400 metros de altura e com uma entrada escura de mais ou menos 2,5 metros de altura e largura em algum lugar dela.

- Wow, nunca pensei que fosse tão bonita e grande - fala Léo encantado - Bora entrar? Tem que ser antes que os guardas voltem e cobrem a taxa.

- Deixa eu terminar o meu Cri-Crí (amendoim torrado com açúcar) - responde Asani colocando um punhado de amendoim na boca.

- Ei, garotos, tão fazendo o que aqui? - um idoso corre atrás deles com os braços a frente, preocupado ou nervoso?

- Bora, Asani - Léo empurra seu amigo e os dois entram na dungeon.

- Nãooo, meu Cri-Crí.....

- Tinha que ser adolescentes, esses idiotas vão perder suas comidas - resmunga o idoso.

..............................

Dentro da Dungeon, escuro, mas com iluminação, os dois não estão mais com seus uniformes, é mais para um trapo velho o que eles estão usando, os relógios deles sumiram e suas comidas também, tudo sumiu, só o corpo ficou com novas vestimentas.

A porta não está mais no lugar de onde vieram, eles não conseguem mais sair, acima deles parece que não tem teto, porém a falta de luz suficiente não permite comprovar.

- Minhas roupas, cadê? - pergunta Léo.

- Cadê minhas comidas? - pergunta Asani.

- Não acredito - os dois falam inusitavelmente ao mesmo tempo.

- Nossas roupas foram trocadas por esse trapo - fala Léo.

- De uma coisa eu percebi, sumiu minha vontade de comer, não sei se é porque eu perdi minhas comidas ou essas dungeons são outra história.

- A...sa...ni!!! Olha aquilo - aponta Léo com medo.

- Ossos? Há quanto tempo eles morreram?

O olhar assustado dos dois perpetua no local, afinal essa é a primeira vez que viram ossos humanos.

- Não faz nem dois meses - um Tutor surge atrás deles.

- Aaaaaaaaaa - os dois gritam e caem no chão ao mesmo tempo.

- Quem morre aqui vira osso na hora, é pra não ter cheiro ruim, aliás, vocês querem um Tutor para cada ou só um já tá bom? - pergunta um ser estranho parecido com um boneco branco musculoso, de olhos e boca grandes.

- Claro que não, já pensou eu me assustar de novo?

- Tutor?? - pergunta Léo sem entender o significado.

- Sim, Tutor, eu faço a introdução da dungeon, eu respondo as perguntas, mas faço uma atualização prévia sobre a dungeon também e mais importante, sou eu quem dá as provas pra vocês.

- Como assim? - pergunta Léo

- Eu sou o... Tutor, só isso, não tem como assim.

- Cadê as minhas comidas? - pergunta Asani com raiva.

- Tá comigo - fala o tutor.

- Então devolve - fala Asani dando a mão.

- Claro que não, só os seus corpos entram nas dungeons, caso não saiba nem mesmo os que já têm um Ring pode entrar com o poder do Ring, por exemplo, eles entram com o Ring, já que não tem como retirá-lo depois de colocar, mas o poder dele não funciona aqui dentro, legal né?!

- Meu Cri-Crí, tô com fome - resmunga Asani com o braço estendido pedindo indiretamente seu amendoim.

- Não minta pra mim, aqui dentro ninguém passa fome - responde o Tutor.

- Entendi, valeu, mas o Cri-Crí é sagrado - Asani faz cara de emburrado - Se eu sair, eu recebo o meu Cri-Crí?.

- Só pode sair daqui quando completar os desafios da dungeon.

- Qual o Ring que a gente recebe no final dessa dungeon? - pergunta Léo.

- O nome do ring é "Volta-Time", gostaram do nome? - responde o tutor

- Não entendi - fala Asani voltando a ser sério

- Não posso dizer nada além disso - o tutor começa a falar levantando sua mão esquerda com o indicador apontando pra cima - Então continuem andando que receberão o Ring depois de completarem os desafios, mesmo que ninguém tenha chego nele - o tutor sorri - O caminho, vocês descubram sozinhos, BOA ****SORTE****!

Funilando os 200

Todos são responsáveis por suas escolhas, até o fato de não escolher significa ter escolhido.

Asani e Léo começam a andar pela dungeon, curvas e curvas durante o caminho, reparando as paredes exóticas com musgos e chegando ao momento em que se deve optar por qual lado prosseguir, uma divisória pelo caminho.

Qual lado eles vão escolher?

Asani passa a mão em seu cabelo longo para tirar seus fios da frente de seus olhos, todavia eles voltam para o atrapalhar, incomodado, ele passa a mão ao redor de sua cabeça acumulando seu cabelo em suas mãos e localizando-os na metade de sua cabeça, porém um sentimento de tristeza o rodeia, ele lembra que não tem amarrador. Irritado, ele dá um passo a frente de seu amigo e começa a apontar o dedo repetidamente em cada um dos lados.

- U-ni-du-ni-tê, sa-la-me-min... - ele começou o famoso unidunitê até ser interrompido, entretanto ele continua em sua mente apontando com os dedos a cada sílaba.

- Que é que se tá pensando? Assim não vamos ganhar, tem que analisar - Léo o interrompe puxando-o pelo braço.

- Foi vo-cê. Direita, sabia - fala Asani alegre apontando para o caminho da direita.

Com um olhar nervoso, Léo soca o biceps esquerdo de Asani com seu punho esquerdo.

- Analisa, mano, é a nossa vida que está em jogo!

- Vamos ir pela direita, se a gente perceber que tá subindo a gente continua.

- E se for armadilha só pra gente pensar que estamos indo pelo caminho certo? - Léo contraria.

- Aqui vai uma análise pra você; estamos no começo da dungeon, não teria por que fazer uma brincadeira dessas, como nós sabemos que é no topo que tá o Ring, nós precisamos subir já no começo da Dungeon e se tiver muitos ossos, vamos estar pelo caminho correto já que tecnicamente as pessoas morreram por algo estranho no caminho.

- E por que teria ossos no caminho correto?

- Simples, se você visse um ser mais poderoso que você, se ferisse ou sentisse medo lá no topo, você iria passar por ele ou fugir? Infelizmente esse pensamento é pro lado errado, mas não seria fácil o caminho correto, sempre tem alguém que morre.

- Entendi bulhufas, mas e se trancar o caminho da volta logo depois que passarmos por aqui? - indaga Léo, colocando sempre as controvérsias.

- Qual tem mais ossos? - pergunta Asani, ambos os caminhos estão iluminados por apenas 100 metros de onde estão.

Eles olham bem atentamente aos dois caminhos.

- O direito, eles estão bem concentrados na entrada - Léo informa enquanto aponta.

- Então você está correto, o outro não tem nenhum osso no começo, o que significa que ninguém conseguiu voltar, uma incógnita, será que tem um buraco? Estando apenas no começo da Dungeon? Não entendo mais eu mesmo - Asani aperta sua cabeça enquanto bagunça seu cabelo.

- Mas nem sabemos se no direito a gente sobe mesmo.

Os dois estão ficando tensos, começam a rodear o local, uma única escolha com 50% de chance de acertar ou errar, o maior problema nessas horas é escolher.

- Aquele Tutor disse algo? - pergunta Asani colocando o dedão e o indicador da mão direita no queixo, em posição de pensador.

- Não.

- Aquele cara levantou a mão esquerda, você reparou né?! - indaga Asani animado apontando e esperando que Léo confirme.

- Hmm... verdade, era quase impossível não perceber já que ele ficou desde o começo com as mãos abaixadas, pelo menos eu acho, minha memória não é tão boa.

- Isso, então sabemos por onde ir - Asani aponta para o lado esquerdo.

- Bora, cara - Léo anda para o caminho do lado esquerdo.

- Você não iria soltar a controvérsia?

Os dois andam por 6km em um caminho monótono, nunca em suas vidas houve um momento em que tiveram que caminhar tanto.

- Sei não mano, tô cansado, o tutor disse que a gente não passa fome né?! Então, consequentemente a gente não deveria se cansar já que caminhar usa energia, como vamos conseguir energia se não comemos e não sentimos fome? - Asani está ofegante, suor escorre de sua testa, a roupa de ambos está encharcada de suor, a temperatura da Dungeon não coopera.

- Concordo, quanto mais devemos andar? - indaga Léo com peso em seus ombros por causa do cansaço.

...

Em um piscar de olhos, Asani e Léo são teletransportados para um corredor fechado por uma porta de vidro um lado e cimento o outro, as goteiras presentes no local com plantas ao redor, nas paredes e no teto, permitem escorrer um pingo de água no olho de Léo assim que olha para cima.

- Ai - uma reação rápido à gota da água.

- Que local é esse? - indaga Asani olhando ao redor, ao investigar mais, ele vê que está embaçada a porta de vidro.

Um susto inevitável pela porta, alguém bate a palma da mão nela enquanto apoia a cabeça, essa pessoa está com medo, muito medo.

- Pensa fora, pensa em mim! - ela grita enquanto começa a bater no vidro.

- Quê? - indaga Léo chegando mais perto.

Um barulho alto, um tiro atinge as costas da pessoa, vários e vários sons iguais continuam. Asani e Léo apenas olham para a porta, a pessoa morreu na frente de seus olhos, foi a primeira vez em suas vidas que eles viram alguém morrer, os olhos deles tremem, o medo toma conta de seus cérebros, eles não dão conta de se mover e suas mãos tentam se fechar, mas não conseguem, instantaneamente, todo o sangue desaparece e o corpo morto também, apenas simples esqueletos aparecem onde a pessoa estava.

A porta de vidro se abre, e eles, com medo, entram caminhando o mais devagar que podem.

- Vocês têm duas chances, caso não acertem, acabarão mortos como a última pessoa que esteve aqui - diz uma voz do teto.

- Fudeu, vamorrer - Léo não conhece mais os bons modos da língua portuguesa.

- Foi você que quis vir, vacilão - Asani aperta o ombro de seu melhor amigo e balança.

- Uma única pergunta será este desafio especial... Qual a cor do céu? - a voz entoa com um tom mais grave a pergunta.

Léo logo se prontifica.

- Azul?

- Por que está perguntando?

- Você não disse que faria só uma pergunta? Idiota assassino.

- Eu poderia matá-lo agora, mas não quero, uma única pergunta é o desfio especial, qual a cor do ceu?

- Não tem cor - responde Asani.

- Sua afirmação está errada.

- Pensa fora, pensa em mim?

- Ela tá morta, Léo!

- Mas e se era uma pista?

- Ela poderia ter dito a cor pra gente ao invés de uma pista.

- Vermelho, o céu de hoje é vermelho - responde Léo

Asani o prende com um mata leão para impedir que fale mais.

- Por que vermelho? - indaga a voz.

- Porque hoje morreu um inocente, assassino!

- Se acalme, vocês passaram, estão vivos.

- Mas ela não

- Ela não era ninguém, fui eu que a criei, esse desafio era só um teste.

...

Num piscar de olhos eles aparecem prestes a fazer uma curva no grande corredor.

- Finalmente, chegou alguém, não!! Chegou DOIS - alguém grita de longe, ele está feliz com a chegada de dois adolescentes e sua característica principal é sua barba, já que nota-se que está há tempo sem aparar ou cuidar.

- Uhuul - várias pessoas sujas do lado de fora de uma grande porta começam a gritar e a ficar animadas.

- O que é isso? - Léo pergunta para aquele que gritou avisando a chegada deles.

- O desafio número um precisa de 200 pessoas, e olha, temos 200 agora, mano, eu tô muito feliz, já faz por volta de sete meses que eu tô aqui - fala a pessoa quase chorando e pulando de alegria, a lágrima que escorre em seu rosto deixa aparentemente limpo o caminho traçado, retirando boa parte da sujeira.

- Pelo que eu saiba, já entrou muito mais de 200 pessoas aqui, mais de mil - comenta Asani.

- Sim, mas tinha um minotauro aqui que matou muitos, por isso só tem isso de gente e além do mais, se escolherem o caminho errado também morrem, disseram que o caminho direito tem vários minotauros, mas não podemos comprovar - responde o homem que está feliz com a chegada deles.

- Ei, me diz que dia é hoje - o homem pergunta.

- 05 de agosto de 2022, por quê? - indaga Léo.

O homem cai ao chão desesperado.

- Não falem nada sobre que dia é hoje pra eles - o homem implora para os garotos.

- Entendi, vocês não fazem ideia de qual dia é hoje e muito menos de quanto tempo vocês estão aqui, certo? - Asani cochicha no ouvido do homem em um nível de voz que Léo também possa ouvir

Léo arregala os olhos ficando sem reação.

- Bora, traz eles, Atemi - outro homem chama eles, revelando o nome daquele que recepcionou os jovens.

- Estamos indo - responde Atemi.

Eles passam por uma curva e vêem varios homens e algumas mulheres atrás de uma porta gigante escura.

- Tutor!!! - um homem grita imediatamente.

O Tutor aparece levitando acima de todos e apenas passa o olho.

- Que comece o primeiro desafio da dungeon - ele abre a porta gigante de cor escura que impedia os outros de seguirem adiante.

- Uhuul - as pessoas começam a gritar de felicidade. O tédio só trouxe suicídio para três desafiantes do Ring.

- Após todos entrarem direi qual é o desafio - o Tutor fala dando um sorriso discreto ao final.

As pessoas começam a entrar de pouco em pouco, até que preenchem 20% da grande sala.

- Tem muito espaço pra 200 pessoas - comenta Léo.

- Verdade, parece que a nossa física não serve aqui dentro, o espaço de dentro não faz jus ao espaço de fora.

- Começaremos o primeiro desafio - o tutor fala em um tom normal, porém todos ouvem ele ao mesmo tempo - Vocês devem filtrar esses duzentos até sobrarem apenas 50 - o tutor fala sorrindo - Vocês têm duas horas pra isso, o tempo estará passando no telão.

Um telão surge ao topo da sala. Todos entram em estado de choque, estão sem saber o que fazer.

- QUEREM ARMAS? JÁ QUE ESTÃO TÃO PARADOS - o Tutor fica nervoso com o silêncio da sala.

Alguns homens começam a socar outras pessoas e até mulheres, fazendo com que os que estavam ao redor os segurassem.

- Não aceitaremos isso - um homem barbudo fala em alto e bom tom.

- COMO ASSIM? NÃO CONSEGUEM INTERPRETAR? É ISSO? ENTÃO VOU LHES DAR UMA DICA, JÁ QUE EU NÃO FUI TÃO CLARO, EU NUNCA DISSE QUE VOCÊS DEVIAM SE MATAR, QUERO 50 REUNIDOS EM UM CANTO E QUE OS OUTROS ACEITEM QUE SÓ ELES VÃO CONTINUAR, SE NÃO ACEITAREM VOCÊS PODEM IR PRA MODA ANTIGA, O MAIS FORTE VENCE - fala o tutor flutuando do alto.

Todos suspiram aliviados e se reúnem em forma de sala de aula sentados de perna cruzada no chão, com aquele homem barbudo como o "professor".

- Tutor - o homem o chama.

- Sim?

- Quero um microfone para conversar com todos.

- Não precisa de microfone, eu farei com que todos te ouçam, se quiser.

- Se eu quero? Eu aceito esse dom - responde o homem.

- Concedido!

- Aqueles que não quiserem participar das próximas provas ou desafios correndo o risco de morrerem, podem ir até a porta de entrada - fala o homem com todos o ouvindo.

As pessoas começam a sair da "sala de aula" restando apenas 100 pessoas.

- Avisando, eu pagarei para aqueles que não quiserem continuar - fala o homem barbudo levantando sua mão, mostrando seu Ring a todos, uma demonstração de que ele passa confiança.

- Aquele homem é um caçador de Rings? - cochicha Asani para Léo.

- Deve ser - responde seu amigo.

- Interessante!

Outras 25 pessoas saem da "sala de aula".

- Lembrando que estamos tentando resolver do jeito mais pacífico, então estamos agradecendo quem sair - fala o homem novamente.

Uma mulher encantadora levanta a mão, pedindo o direito de falar, o tutor dá a ela a oportunidade de falar, fazendo com que todos da "sala de aula" a ouçam.

- Se não sobrarem 50 até o final eu mesma matarei os 25 restantes, mas se os homens daqui desistirem de continuar, eu realizarei um desejo que tiverem quando saírmos daqui.

- Falou, Léo, tô indo - cochicha Asani ameaçando sair da "sala de aula".

Léo olha seriamente para Asani.

- Eu tava brincando - responde Asani levantando as duas mãos na altura de sua bochecha, uma posição de vítima.

- Gatinha, não se esquece em! - alguns homens comentam.

Sobraram 75 pessoas e 1h20min.

Dungeon Rank S

Uma decisão que todos devem tomar, ser um dos 50 e correr o risco de morrer ou desistir e sobreviver sem ter a garantia de que realmente sobreviverá, uma escolha que deve ser tomada por todos para que não seja uma luta entre 200 até sobrarem 50 de pé.

- Eu vou começar a escolher os mais aptos a continuar, quem não for escolhido, por favor se retire - fala o homem, aquele que é conhecido como o "professor" por Asani e Léo, mas também é conhecido como um caçador de Rings pelos outros.

Um silêncio predomina no local, os que escolheram não ir estão sentados perto da porta

- Não concordo, tenho cara de quem vai passar por essa seleção? - impõe Asani quando levanta seu braço direito.

- Eu também não concordo, mesma razão que o Asani - Léo não levanta o braço esquerdo, apenas a mão.

- Hahaha incongruência essa de vocês, por que acham isso? - pergunta o caçador com um rosto feliz.

- Porque somos adolescentes, isso é óbvio!

- Eu quero apenas 50 aqui, não importa se for criança, mulher, idoso, gordo, magro, tanto faz, eu vou começar a apontar e a pessoa que eu apontar vai sair, simples né? Até porque dos 50 que estiverem aqui só um vai sobreviver - fala o caçador nervoso, ele percebe que faz tempo que está preso na dungeon, quanto mais rápido acabar pra ele, melhor.

Um homem, musculoso, se levanta, sua cara não mostra calma.

- Que bom que você se escolheu primeiro para sair - diz o Ringer com um sorriso no rosto.

O homem começa a andar, todavia não para o lado com as pessoas que se retiraram; ele está caminhando em direção ao Ringer, em um instante o homem cerra seus dois punhos.

O Ringer, preocupado assume a defensiva dando passos para sua retaguarda.

- Vocês não tão vendo que ele quer me bater? - Diz o Ringer direcionando seu olhar para todos os que estão sentados.

Ninguém dá bola para o que ele disse.

- Tutor, eu quero uma pistola - ao levantar sua mão, a arma surge nela.

O homem, que estava andando em sua direção, ao se assustar vira-se para trás e começa a correr.

BANG!

Um tiro certeiro? O corpo caído por cima dos outros, seu sangue escorre ao chão, uma morte lenta, perda de sangue ou asfixia? Seu pulmão foi perfurado.

Um único evento, um unico motivo para trazer caos. Os olhos de Asani e Léo estão arregalados, medo, é a segunda vez que vêem alguém morrendo em sua frente.

Será que a dungeon traz à tona toda a perversidade de um homem em troca de sua sobrevivência? A mente deles está em colapso, devemos lutar e matar para sobreviver ou, sendo uma criança, tentar convencê-los a não causar tumulto e morte?

BANG! BANG! BANG!

Vários tiros tomam conta do ouvido de Asani, seu temor não é mais o próximo teste, são as balas, balas perdidas; ao ver um por um cair morto e não se tornarem ossos, seu medo toma conta de si. Sangue cai em sua cara, o cheiro ruim toma conta de seu nariz e sua mente para de pensar, ele não queria mais imaginar neles como seres vivos e vê-los morrer.

Seu corpo apenas cai ao chão no meio de tantos corpos, sem ao menos se levantar, lágrimas escorrem de seus olhos já fechados.

Os outros que se retiraram anteriormente também entraram nesse grande massacre. Léo, ao ver Asani deitado e chorando, entra em crise, sua ansiedade o deixa instável, deitando-se no meu de corpos e sangue chorando sem voz alguma.

...

- Ei, Tutor, acabou aqui, só sobraram 46, vai ter que ser com isso mesmo - diz o Ringer cheio de sangue em seu corpo.

- NÃO ME IMPORTO SE TEM DOIS A MENOS AQUI, QUERO COMEÇAR ISSO LOGO, TÔ ANSIOSO COM O DESAFIO - fala o Tutor com todos o ouvindo, no meio dos 48.

- Como assim? - todos dizem.

- HÁ DOIS NO MEIO DO SANGUE, VOU TELETRANSPORTÁ-LOS PARA O PRÓXIMO TESTE

.........................

Todos foram separados em duplas escolhidas pelo tutor, sendo colocada cada dupla em uma sala, todas iguais, duas espadas em cima de uma mesa para cada dupla e um círculo em frente a porta da sala.

- GOSTARAM? ESSA É A PRÓXIMA PROVA, UM BONECO VAI APARECER EM CINCO MINUTOS NO CÍRCULO E VOCÊS TÊM DEZ MINUTOS PARA ARRANCAR A CABEÇA DO BONECO, LEMBRANDO QUE TODA PROVA TEM UMA DICA, BOA SORTE! - todos ouviram o Tutor, porém ninguém o viu.

Ambos, Asani e Léo, ainda estão tentando se recuperar psicologicamente do evento anterior.

- Mano... - Asani tenta dizer algo, mas sua boca nada tem para falar.

Quatro minutos se passaram.

- FALTA 1 MINUTO PARA O TESTE - o Tutor os informa.

- Asani, você entendeu, né? - indaga Léo confiante.

- Claro que sim, esse teste é fichinha.

- Obviamente, se pensarmos direito vemos que uma espada é bem mais longa que a outra, fazendo com que ela pareça mais uma lança, o que significa que deixaremos essa espada pronta no círculo para perfurá-lo quando surgir no local já proposto - fala Léo retirando a espada longa da mesa.

- Quando você perfurá-lo com a espada longa, obviamente ele vai prestar atenção nela e nesse momento eu corto a cabeça dele com a outra espada - Asani pega a outra espada e vai para o lado direito da parte de trás do círculo.

- A gente é dois em um, invencíveis juntos - comenta Léo com um sorriso fraco, seus rostos estão vermelho.

- TRÊS, DOIS, UM.... ZERO - o Tutor termina a contagem regressiva dando início ao evento.

Os bonecos aparecem.

Ao mesmo momento que eles surgem, um em cada sala, a espada de Léo finca no peito do boneco que apareceu em cima do círculo da sala deles, Asani rapidamente corta a cabeça do boneco, fazendo-a cair ao chão.

- Boneco de vitrine, não tem sangue nenhum - comenta Asani olhando, após, para a sua roupa.

- Ainda bem né? - indaga Léo.

- Pois é, mas eu acho que foi fácil demais essa prova.

- Também acho, coitados, mais de um ano pra isso?

A porta abre, aparece um caminho para se seguir.

- Vamos? - pergunta Léo esperando seu amigo dar indícios de que vai seguí-lo.

- Claro, mano - responde Asani.

Os dois partem a caminho do novo desafio.

- Por que o Tutor separou todos? - indaga Léo, os dois começam a conversar enquanto caminham.

- Ele reúne 50 pessoas e depois divide em duplas, parece aqueles clichês de eventos, sabe aquelas ideias que se tem no banho? Parece esse Tutor, só ganha ideias no banho - responde Asani, seu dedo indicador direito está apontando para cima com seu cotovelo curvado a 90°, demonstrando sua busca por ideias ou novos pensamentos.

- Estamos chegando no final - fala Léo apontando para uma porta.

Os dois caminham até a porta e ao abrirem vêem um buraco escuro e uma escada de corda com andares de madeira podre que leva pra cima.

- O que faremos, Asani?

- Escalamos, óbvio, ou você prefere pular para o buraco?

- Temos que pular para alcançar a escada, ela tá longe, não acha que significa algo?

- Não acho.

Os dois pulam, um por vez, para alcançar o início da escada, Léo pula primeiro alcançando-a com sua mão direita com pouco equilíbrio, logo em seguida ele usa sua mão esquerda para se equilibrar e ficar mais firme, começa a escalar para dar espaço a Asani que logo pula também, tendo as mesmas dificuldades de Léo.

- Tá podre essa escada - fala Asani com nojo enquanto escala.

- Toma cuidado... - Léo é interrompido ao ouvir o som de algo quebrando.

- Aaaaa - Asani grita caindo, a escada havia quebrado enquanto ele subia - Socorrooo - grita ele caindo, pedindo por ajuda.

- Asaniii - Léo grita esticando a mão para baixo - Nãooo - ele se solta da escada para cair com Asani.

- AAAAAAHHHH - os dois gritam enquanto caem.

- Seu idiota! - Asani não perdeu a oportunidade.

..................

Outra dupla tenta subir pelas escadas, logo que seu parceiro cai, ele não se preocupa com ele e continua subindo, ao chegar no final, há apenas um teto. Ele começa a gritar, desesperado e com raiva. A escada desmonta e ele começa a cair sem fim

..................

Um clarão, os dois aparecem em uma sala branca.

- Que merda é essa? Tutooor, cadê você seu merda? - Asani grita com raiva procurando pelo Tutor.

- Que legal não é? Vocês passaram por três desafios em um instante - o Tutor aparece por trás deles.

Asani pega no braço do tutor e o abaixa trazendo a cabeça dele a altura da sua.

- Faz isso de novo e eu te mato - fala Asani seriamente, apontando seu indicador direito ao olho do Tutor.

O tutor começa a gargalhar.

- HAHAHA eu não aguento de rir, vem garoto, tenta me matar, se é que isso é possível - fala o tutor tornando a sua última frase séria e mais grossa.

O Tutor empurra o garoto, fazendo-o bater na parede.

- Ah - Suspira Asani caído e sentado ao canto da parede.

- Só quatro duplas passaram por esse teste - fala o Tutor.

- E agora? O que Faremos? - pergunta Léo ao Tutor

- O teste anterior foi pra que passasse apenas os que se importam por seus companheiros, então agora só um vai passar e o outro vai morrer - o Tutor sorri.

Os dois perdem o restante do brilho de seus olhos no exato momento em que o Tutor termina a frase.

- Aliás, Asani, tô louco pra ver você me matando - fala o tutor sorrindo - Vocês são a melhor dupla, mas dessa vez só um passa pela porta e o outro fica para morrer, sei que vai ser difícil para escolherem.

- E se me dar um tempo para eu ir e completar a prova rapidamente, pra dar tempo antes dele morrer? - pergunta Léo.

- Essa sua pergunta é estranha, mas os outros 152 que ficaram pra trás no primeiro desafio estão mortos, eu fiz os melhores desafios, eu explodi o psicológico deles, quem que tem ideias no banho, Asani? Fala pra mim, fala!

- Seu desgraçado, não tem vergonha? Como ousa quebrar sua promessa? - indaga Asani se levantando e andando até o Tutor.

- Não prometi nada, foram vocês que se mataram, nunca prometo algo que não posso cumprir e aliás, se você quer saber, só uma pessoa pode sobreviver nessa dungeon.

- Como assim? Não faz sentido, por quê? - pergunta Léo.

- Essa é uma dungeon de rank S, o que quer dizer que ela precisa de apenas um sobrevivente no final, senão não valeu a pena, pouco sofrimento para um poder grande? Qual a graça? Já que ela visa trazer a tona o verdadeiro "eu" do caçador.

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