" Se lembra das respostas que um dia procurei, não faz noção do valor daquilo que encontrei".
...
Datado da época que os herdeiros de Bonneville começaram a se espalhar rumo a novas terras.
Berta Reis, mãe de Patrick Reis, que estava diretamente ligado na criação das águas vermelhas, estava com sua preocupação no limite.
Apesar de concordar com a Montair raivosa sobre sair daquelas terras que se banharam em sangue, não sabia se tudo que lhe restou naquela guerra conseguiria suportar uma viagem tão longa como Teresa estava propondo.
Primeiro porque seu filho, um garoto de cabelo tão ralos de tom vermelho claro, pequeno e calmo como seus pais, algo que seu marido nunca teria tempo para notar, as pequenas semelhanças entre eles, tudo porque Luiz Reis havia perecido naquela guerra repentina, mas enfim, seu bebê estava muito frágil depois de passar por tudo que houve na guerra.
Não culpava Hadassa como muitos estavam fazendo, se sentia incapaz de qualquer ato do tipo, a tristeza por sua perda era maior do que qualquer outra coisa.
Outro fator que a fazia se questionar sobre aquela viagem, era Inácio Reis, o irmão de seu marido, dava para ver que toda aquela pose que fazia, era somente ele se fazendo de forte, nada estava realmente bem como se esforçava para aparentar.
Ele não aguentaria uma viagem tão grande a ponto de fazer aquela montanha imensa sumir de vista como Teresa queria, e era evidente que nem toda a magia de cura mudaria aquela situação, e como tinha tanta certeza assim ?
Pelo simples fato de Inácio não estar com nenhum arranhão na pele, ou seja, ele já havia passado por todo aquele procedimento de cura, e não adiantará de nada, pois quando cambaleou de leve no momento que estavam lá enterrando seus mortos, mostrava que algo estava errado, ou no mais pequeno detalhe de levar a mão ao peito mostrava sua fragilidade, que mesmo não vendo perfeitamente, ela podia jurar que ele estava evitando fazer uma careta de dor.
Era sempre assim, ele sempre evitava ser fraco na frente dos outros, mas eram sempre esses pequenos detalhes que entregavam tudo, Berta suspirou desanimada, ele era tão parecido com seu marido até mesmo nesse orgulho sem medida.
Ela ficou lá observando em um canto enquanto seus entes queridos desapareciam na terra por magia, e permaneciam somente nos corações daqueles que viviam, e em sequência o encontro que soltou faíscas entre Heitor e Teresa.
Poucos minutos após aquele encontro, partiram deixando Bonneville para trás.
...
Foi-se horas andando na direção oposta a Bonneville, Berta já estava ficando cansada, carregar seu bebê e ficar de olho em Inácio, cansava mais do que qualquer motivação que poderia ter para recomeçar.
O dia havia se posto havia várias horas, mas ainda sim ninguém ousava parar, seguiam com fervor aqueles que tomavam a dianteira da nova jornada abaixo daquela lua tão clara.
Heitor e Teresa não haviam dito uma única palavra um com o outro desde o momento no enterro, mas ainda sim não saiam um do lado do outro, como se tivessem medindo os próprios passos.
Também eram poucos os que sussurravam para quebrar o silêncio, naquele primeiro momento, não havia sinais de risos, ou sequer alguém relaxando os ombros, sequer havia aquela rotineira fofoca, os únicos que ousavam abrir a boca, era pra dizer que ia recolher algum mantimento pelo caminho, pois devido a guerra não tinham quase nenhum.
Continuou assim por mais algumas horas até alguém gritar.
— Já não acha que está bom por hoje Teresa — bradou Heitor.
— Claro que não, ainda estamos perto daquele lugar miserável.
— E por isso quer matar todos de cansaço? — perguntou incrédulo.
Teresa revirou os olhos.
— Se já quer pedir pra sair, pede logo.
— Olhe por você então — falou irritado, em seguida foi procurar um lugar para se sentar.
Quando Teresa o fez, viu que Heitor estava falando sério, nem mesmo a motivação de conhecer terras novas estava sendo capaz de fazê-los continuar, a bruxa respirou frustrada, entendia tal necessidade até mesmo em seu corpo, mas sua teimosia não queria dar o braço a torcer tão cedo.
— Tanto faz — ela falou um pouco mais alto — descansaremos aqui hoje.
...
Nove dias haviam se passado desde o começo daquela jornada, Berta já não conseguia mais pregar os olhos de tanta preocupação, pois a cada dia os passos de Inácio ficavam mais lentos, e em consequência ficavam mais pra trás.
A bruxa notou que outros também diminuíram os passos, presos naquela mesma fadiga que atormentava Inácio, no mesmo momento que alguns olhares maldosos se direcionava a eles, tanto que foi comum naquele dia, ela ouvir sussurros a respeito daquele pequeno grupo estar querendo voltar a Bonneville, ou até mesmo a retardar o progresso deles.
Eram poucos que os olhava com mais cuidado, que reparava com mais detalhes, de modo que Berta ficou irritada o suficiente, a ponto de querer enfiar a força na cabeça daquela maioria o que realmente estava acontecendo.
Por fim decidiu simplesmente ignorar, sabia que o psicológico deles devia estar muito abalado ainda devido a guerra a ponto de mais simples detalhes virem a se tornar uma ameaça, pois em Bonneville não havia tanta hostilidade assim, e Berta também notava bem o quanto ficavam assustados a cada simples barulho, ora de alguém pisando em um galho, ou até mesmo o som do próprio vento os deixava de olhos atentos a qualquer movimento, ela também estava longe de fugir a regra, esse recomeço não estava sendo fácil pra ninguém.
Mas não demorou mais que nove dias para a verdade chegar a porta, está que com todo imediatismo de Teresa só ficava ainda pior, aqueles feridos em guerra estavam fracos demais para uma jornada assim, lutar contra uma magia que ainda nem era moldada fez os feitiços de cura serem menos eficazes, e cada vez mais necessários.
Ao cair do nono dia, quando estavam se reunindo para descansar mais uma vez, tanto Inácio, como outras pessoas que também foram feridas na guerra, tiveram uma febre terrível, e nenhum feitiço de cura foi capaz de fazer algo a respeito.
Contando com Inácio, era em torno de dez pessoas, o coração de Berta estava a mil, tentava de todas as formas estabilizar as condições dele com ervas que havia colhido pelo caminho, já que feitiços de cura não funcionavam mais, mas se ele iria ficar bem ou não, era algo que somente o tempo poderia dizer.
Ao seu redor a bruxa pode ver a mudança brusca na atmosfera do ambiente, era preocupação dos mais variados níveis, que ia desde cuidado com aqueles que estavam convalescendo ao seu lado, a puro medo de que algum Nighty os encontrasse a qualquer momento, já que devido a condição dos doentes não sairiam dali tão cedo, os mais neuróticos cochichavam que tudo aquilo não passava de de um complô para voltarem ao reino caído.
A frente deles Heitor e Teresa discutiam mais uma vez.
— Não acredito que essa tragédia aconteceu logo agora — Falou Teresa emburrada.
— E você queria que ela tivesse horas pra acontecer ? — Heitor retrucou sarcástico.
— Não, mas merda Heitor, não me diga que você não sentiu, é perigoso ficar aqui, algo está gritando em todo meu ser que se ficarmos aqui algo ruim pode acontecer.
— Eu sei, mas não conseguiremos sair com tantos inconscientes assim, pode ser perigoso para eles.
— Vamos pensar em algo.
No entanto, o que Heitor não sabia, era que Teresa já havia pensado em algo, e meia hora antes de todos dormirem, ela mandou avisar todos aqueles que estavam nitidamente do seu lado sobre seu plano.
Assim que aqueles fora do seu plano dormiram, todos os aliados da bruxa juntaram suas coisas e partiram na calada da noite, estavam movidos por puro medo daquele presságio que sentiam sobre ser perigoso ficar ali.
No dia seguinte, Berta acordou assustada mediante ao som de um grito enfurecido, era Heitor extravasando toda sua raiva a plenos pulmões depois de ver o que Teresa havia feito.
Ficaram ali cerca de trinta pessoas contando com os doentes, e todos ficaram muito atordoados ao verem o que havia acontecido.
Heitor ainda estava de punho fechado e tentando controlar a respiração, quando algumas pessoas o procuraram em busca de respostas, então ele se obrigou a guardar sua raiva para si, e falou em alto e bom som.
— Olha, eu não sei o que aconteceu noite passada a ponto de quererem partir, suas motivações muito menos...
— Mas e agora, o que nós fazemos ?
— Vamos atrás deles ou não ?
O povo manifestava suas dúvidas aos montes, e necessitava respostas, Heitor virou a face para o outro lado, para não prestar tanta atenção neles, e explodir toda a raiva que estava tentando conter.
— Olha, vai atrás deles quem quiser, eu não vou abandonar amigos que estão doentes à própria sorte.
— Falou bem senhor Dark, mesmo tendo sobrado apenas meu bebê e eu dessa guerra insana, entendo bem a importância de se cuidar de entes próximos.
Heitor olhou assustado em direção ao som daquela voz, e foi inevitável sorrir, talvez não fosse tão ruim ficar, já que a dona daquela voz, era nada mais nada menos que Eloise Anges sua paixão mais antiga, e proibida diga-se de passagem, ela era mãe de Camilo Anges, um bebê de cabelos tão escuros quanto a noite e de olhos tão azuis quanto o mar, Heitor amava aquela cor.
Do outro lado, Berta apenas observava tudo em silêncio, com um único foco em mente, a recuperação de Inácio.
Um mês havia se passado desde a partida de Teresa e os outros, Berta se dedicava ao máximo a cuidar de Inácio, e como prova de seus esforços, já era possível notar evidente melhora dele.
Já fazia quase duas semanas que os doentes haviam recobrado a consciência e extinguido a febre, e a dois dias atrás já se arriscaram a dar alguns passos, embora não tivessem forças para ir muito longe.
Berta estava lá velando o sono de Inácio, enquanto amamentava seu filho inquieto que se recusava a dormir, pela primeira vez desde a guerra sorria realmente, no fundo imaginava que devia ser uma peça do destino Patrick estar tão inquieto quanto o tio, uma que ligava todos de cabelos vermelhos e e sobrenome Reis e serem iguais, não só em semelhança, mas no temperamento diversificado também.
" Mas que família difícil essa a minha " pensava enquanto Heitor chegou ao seu lado.
— Oi — Falou ele.
— Oi.
— Como ele está ?
— Melhor, um pouco fraco ainda, mas é só, comparado a antes, a situação de agora é quase nada.
— Entendo — o Dark sorriu — acredito que se continuar assim, logo poderemos partir.
— Que bom, ainda não tive coragem de dizer a ele tudo que aconteceu enquanto estava inconsciente — confessou Berta.
— Melhor assim, conheço Inácio, com aquele gênio mal humorado dele, é bem capaz de não aceitar bem o fato de que fomos deixados para trás por causa deles — Berta suspirou desanimada, a aquela altura, Patrick já havia pegado no sono, e a bruxa deu um sorriso contido " finalmente" pensou.
— Preciso pegar mais água, pode ficar de olho nele por mim ?
— Mas é claro, estou aqui para o que precisarem — falou contente estendendo os braços para pegar o pequeno Reis.
Berta se apressou para cumprir com suas obrigações, não era longe o pequeno rio que o grupo havia criado, mas precisava ser rápida e terminar com seus afazeres antes que Patrick acordasse, seu filho andava tendo sono muito leve depois de tudo que aconteceu.
No entanto, seus planos foram interrompidos de forma inesperada.
Faltava pouco menos de dois metros para chegar ao seu destino, tanto que já podia ver as águas correndo calmante, foi quando ouviu vozes estranhas se aproximando, assustada Berta estacou onde estava.
Foi somente quando viu silhuetas escuras passando na sua frente, que ela se apressou em se esconder atrás da primeira árvore que viu, foi quando as vozes se tornaram mais audíveis.
— Não entendo, porque estamos indo tão longe do acampamento, e tão cedo assim ? — falou uma voz em tom confuso.
— Poxa, a garotinha sonolenta já está com medo — Berta ouviu várias risadas de deboche em seguida.
— Seu nome pode significar coragem, mas nunca vi alguém tão mole em toda nossa tribo quanto você, Bernard — falou outra voz séria.
— Eu não sou um covarde .
— Oh ! Não diga — Eles riram de novo — então por que não lutou contra Bonneville como nosso mestre havia ordenado ? — Berta arregalou os olhos de medo, então eram os Nighty, eles estavam ali.
— Simples, não vi motivo para lutar uma guerra tão tola por causa de um pedaço de chão, quando a tanto por aí desocupado — Berta ouviu um forte barulho e tremeu onde estava.
— Por que me socou seu idiota ? — falou enraivecido e outra voz se pronunciou.
— Por que você é um inútil que só desonra o sobrenome Nighty, não sei como nosso chefe tem esperanças em você.
— Sabe irmão, por que não damos um fim nessa desonra em nosso nome ? — Berta colocou as mãos na boca para não gritar.
— Sim, não compensa ensinar ele a ser homem como nosso chefe quer.
— Mas... — o que veio a seguir, foi uma sucessão de sons de chutes, socos e explosões que a bruxa escondida saltava de medo.
Houve um silêncio mortal abruptamente que se estendeu por minutos, até que alguém finalmente o quebrou.
— Não falei irmão, ele era um estorvo em nossas vidas — o dono da outra voz riu — não soube nem se defender de atos tão simples, então devia morrer mesmo.
— Ai que merda, agora temos que inventar uma desculpa para o chefe de como o projeto de sobrinho dele não voltou.
— Não acho que ele vá sentir falta também.
— Verdade — As vozes foram sumindo até restar o mais profundo silêncio, Berta esperou mais um pouco antes de mover do seu esconderijo.
Em primeiro plano, Berta queria correr dali, avisar aos outros que havia um acampamento Nighty não muito distante deles, mas travou antes mesmo de dar o primeiro passo em direção ao seu povo.
Com o coração batendo a mil por hora, ela se virou para onde havia acontecido toda a cena, e ficou horrorizada com o que viu, havia árvores queimadas por todo lugar, crateras, marcas de sangue, e bem no centro de tudo aqui, estava um garoto inconsciente.
Suas vestes cor da noite denunciavam bem que ele não era de Bonneville, e seus cabelos escuros estavam tão curtos que parecia uma sombra por sua cabeça, sem contar seu corpo que estava recheado de hematomas.
A princípio pensou em deixá-lo ali, mas quando se lembrou do que aquelas pessoas haviam falado, seu coração gritou que aquilo era errado, não podia ser má com quem não tinha feito mal a si, não importa o nome que viesse a carregar, e pelo que havia acontecido a pouco, duvidava muito que seu coração fosse errar em seu julgamento.
Então por fim decidiu seguir onde ele apontava e ajudar aquele homem.
"Em meu coração a voz da escuridão não chega,
porque ele sempre foi iluminado por sua voz que diz, não me esqueça".
Datado aproximadamente da época que os herdeiros de Bonneville começaram a espalhar rumo a novas terras...
Ser uma Anges nunca foi fácil, e Eloise era a prova viva disso, desde que nasceu sempre soube que se casaria com outro Anges, era tradição de algumas famílias em Bonneville, se unir entre si, para assim pregar mais união e força entre eles.
No entanto, aos cinco anos de idade, seu coração já teimava em dizer o contrário, primeiro porque não gostava nem um pouco de fazer tudo em família como lhe era pregado.
Ela gostava de correr por toda Bonneville, e principalmente fazer graça com outras crianças, mexer com Berta que ficava sempre na janela de sua casa observando as pessoas, a pequena Reis era tão calma, que chegava a ser chato a deixar em seu mundo quieto.
Quando não estava importunando Berta, gostava de brincar com o trio Jadel, Teresa e Heitor, em especial o último, lhe encantava aquele garoto de cabelos claros como o sol, gostava de estar perto dele, porque o pequeno Dark entendia sua necessidade de liberdade.
Mas era pouca as vezes que conseguia tal façanha, sua família era muito rigorosa e fechada tal como a família Reis, e todas as vezes que fugia, só significava brigas e castigos intermináveis, não que lhe importasse claro.
...
Eloise já estava no auge dos seus vinte anos, época que Jadel foi escolhido para ser o braço direito de Hadassa, ela estava presa em casa, pois já era época do seu futuro noivado, e seus pais não queriam que nada desse errado, ou seja, ela fugir de casa, porque desde sempre já demonstrava não gostar de toda aquela tradição em família.
Era noite, a jovem estava deitada na cama de seu quarto, ela se sentia deprimida por toda aquela situação, e por não ter ideia de como mudá-la, quando alguém começou a jogar pedrinhas na sua janela.
Curiosa como só ela sabia ser, foi logo ver quem era, e para sua surpresa, viu Heitor do outro lado.
— Você sumiu.
— Sabe como é né, minha família me ama demais a ponto de me sufocar dentro de casa — Heitor deu um sorrisinho sem graça.
— E tem como sair ? Preciso desabafar com alguém — Eloise franziu o cenho.
— E os outros do trio ?
— Jadel está ocupado demais andando atrás de Hadassa, e Teresa de algum modo começou a odiar toda vez que eu abro a boca, porque toda vez que tento, ela se irrita, e isso me dá medo.
— Ela realmente tem um gênio difícil — Eloise sorriu — Se me prometer ser rápido, posso abrir um horário pra você, sabe, agora sou uma mulher muito ocupada — a bruxa revirou os olhos — além de comprometida.
O coração de Heitor deu uma leve vacilada ao ouvir aquela última parte, mas ele ignorou.
— Obrigado.
...
O tempo passou, Eloise ficou noiva, e seu casamento foi cada vez mais se enrolando, porque sua mãe estava com a saúde frágil, e queriam que ela melhorasse para presenciar o matrimônio da única filha.
A cada noite, mesmo Eloise tendo firmado matrimônio, Heitor sempre ia a visitar, como sua única companhia desde que seus amigos haviam sido dissolvidos, o rapaz gostava de passar o tempo com ela, pois aquela calmaria que sentia ao lado da jovem Anges, ele não sentia com nenhuma outra pessoa.
Eloise também não ficava pra trás, gostava de tudo em Heitor, desde seu sorriso, até mesmo seu olhar maroto, ficava bem a cada encontro que tinham, e se amaldiçoava internamente toda vez que precisava voltar, porque era nesse momento que se lembrava que seu destino não estava traçado onde a família Dark passava.
Um ano antes da grande guerra, foi quando tudo ficou mais intenso, as emoções do jovem casal estavam cada vez mais fortes, e em um de seus inúmeros encontros tiveram seu primeiro beijo, ali mesmo à luz das estrelas, e sobre olhares necessitados de ter mais um do outro.
Eloise e Heitor estavam sentados debaixo da janela da casa do jovem Dark, a garota estava em silêncio mediante a sombra do casamento que se aproximava, visto que sua mãe já apresentava uma ligeira melhora, e para a acalentar de seus medos, o irmão de Jadel a abraçou, foi quando tudo aconteceu, toda aquela proximidade foi como um ímã que ligou em um segundo tudo aquilo que negavam por anos, e selou a certeza naquele suave toque de lábios que um amava o outro.
Ainda ofegantes ao se separarem, Eloise ficou assustada com a veracidade daquilo que seu coração gritava, era algo que não admitia para si mesma durante todo aquele tempo, viver na ilusão era tão mais doce do que encarar a verdade cruel, e aquilo a deixou mal a ponto de se levantar e correr dali sem dizer uma única palavra.
...
Dez meses antes da guerra, era a noite anterior ao dia do casamento de Eloise, ela andava irritada de um lado para o outro no seu quarto, desde a noite do beijo não havia se encontrado com Heitor, e aquela situação estava lhe golpeando como facas em seu peito, não podia se casar assim sem ao menos falar com ele uma última vez.
Com esse pensamento, ela fugiu em direção a casa de Heitor, e como na primeira vez que ele a chamou para seus encontros noturnos, jogou pedrinhas na janela do jovem Dark.
Ela não precisou jogar pedrinhas uma segunda vez, Heitor abriu a janela rápido, quando viu que se tratava de Eloise, ele se teletransportou para o lado de fora da casa e ficaram frente a frente.
— Eu... Eu... Eu... — as palavras da bruxa sumiram de sua boca.
— Não precisa explicar nada, eu entendo — Disse Heitor, em seguida a beijou intensamente.
Eloise simplesmente se entregou, estava cansada de toda aquela negação.
Aquela noite foi só deles, sem sombra de casamento ou problemas, era somente a intensidade daquele amor falando mais alto, e os dois se descobrindo em meio ao turbilhão.
Naquela noite se amaram intensamente, Eloise se lembrava bem do modo como se sentiu viva naquele momento, e no buraco inevitável que ficou no dia seguinte, pois sabia que aquilo nunca mais poderia acontecer.
Seu casamento só serviu ainda mais para tortura-la, seu marido não fazia questão de trocar muitas palavras consigo, e quando o fazia, era para reclamar de como o temperamento de Teresa Monteir era horrível, embora seu talento com magia fosse inigualável. O que deixava bem evidente que era outro frustrado no amor por causa de tradições idiotas.
Foi somente quando completou dois meses de casamento, que começaram a ter uma relação mais amigável, e a finalmente se tratar como marido e mulher, tempo suficiente para já aceitarem melhor seus destinos e tentarem se entender.
Mas naquele tempo, Eloise já carregava um segredo que a complicava de dar cem por cento de si nas investidas do marido, um que vinha desde a noite de despedida que teve com Heitor.
E foi assim até o momento que o enterrou naquele dia seguinte à guerra.
Havia perdido tanto naqueles poucos dias, sua mãe que não aguentou a pressão de tudo que estava acontecendo, seu pai e marido para os Nighty, era uma tristeza que chegava a ser palpável, mas ainda sim, nada se comparava ao alívio que sentiu ao ver que Heitor estava vivo, queria abraçá-lo e dizer que tudo ficaria bem quando ele enfrentou Teresa frente a frente no enterro, mas se conteve, pois a sombra do seu segredo, tinha medo de como ele reagiria se soubesse.
Ainda estava naquele mesmo dilema nove dias depois que partiram de Bonneville, tinha certo receio de se aproximar, embora tivesse certeza que iria onde quer que Heitor Dark fosse, e foi essa certeza que a fez ficar quando Teresa e os outros partiram.
Quando Heitor se pronunciou na manhã seguinte, foi inevitável deixar seu coração falar mais alto ao ouvir aquelas palavras, ele ainda tinha toda aquela bondade que parecia que as outras pessoas haviam se esquecido.
Um mês se passou, e ela continuou o amando de longe, sem coragem para alguma aproximação, mas sempre a posto para o que ele precisasse, embora evitasse muito conversar nesses momentos.
Mas naquela hora que ele pegou Patrick em seus braços para Berta ir buscar água, seu coração apertou no peito, e sem ver já estava se aproximando devagar.
— Oi — Heitor falou ao notar a presença de Eloise.
— Oi — ela respondeu.
— Bebês são tão fofinhos não acha — ele falou sorrindo.
— Sim, mas o mais engraçado que vi até agora, e como a média que crescem vão ficando a cópia exata dos pais, assim e pra morrer de amores.
— Verdade, no caso de Patrick mesmo, ele e o pai escrito, mas ao olhar seu bebê, só consigo pensar em uma mistura minha mais de Jadel, não importa que ângulo olhe — Eloise arregalou os olhos e apertou seu filho nos braços, enquanto Heitor balançou a cabeça e sorriu todo bobo — eu sei que deve ser só imaginação da minha cabeça depois de tudo que vivemos, e também que deve estar sendo difícil passar por todas essas perdas que teve no período da guerra, mas por favor não me afaste como vem fazendo esses dias — ele falou triste — isso machuca mais do que ter deixado meu irmão para trás.
Mesmo Heitor tendo falado pouco sobre seu irmão Jadel, Eloise já suspeitava onde ele teria ido, atrás de Hadassa, todos sabiam que ele morria de amores pela rainha, talvez devesse fazer o mesmo e ir atrás do seu amor.
— Não é por te querer longe, é que preciso te dizer algo, mas não faço ideia nem de como começar.
Heitor sorriu diante daquele evidente embaraço, queria dizer palavras de incentivo à garota que tanto lhe tirava o sono, mas foi interrompido com a chegada de Berta e aquela pessoa misteriosa.
" Seje bom e seja alcançado,
Seja mau, e será devastado".
Heitor ficou espantado quando viu Berta trazer um estranho para o acampamento deles, e bem apreensivo quando notou as características visíveis de um Nighty.
Ela o arrastava com certa dificuldade, e à medida que se aproximavam era notável os hematomas no corpo do garoto.
Heitor não entendeu nada daquela cena, e se aproximou dos dois.
— O que é tudo isso ?
— Só me ajude por favor, explico depois.
— Mas não pode simplesmente entrar com ele no acampamento como se não fosse nada — Eloise falou do lado de Heitor.
— Ela tem razão, mesmo sendo muito cedo, e tendo poucos acordados, eles vão se assustar com a presença de um Nighty, ainda é muito recente a guerra na memória deles.
— Sem contar que é um Nighty, não tem como sair coisa boa os ajudar — completou Eloise brava — então por que o trouxe aqui a princípio de conversa ?
— Ele não é mau, só está nesse estado porque seus companheiros o espancaram.
— E sabe por que eles fizeram isso ? — Pergunta Heitor ainda duvidoso.
— Porque ele não quis participar da guerra.
Heitor respirou fundo.
— Tudo bem podemos o ajudar, mas ainda sim e como Eloise disse, não podemos deixá-lo aqui, vai gerar muita discórdia entre nosso povo.
— Mas então, tem alguma ideia melhor, porque me recuso a agir tão friamente seja com quem for.
Heitor suspirou descrente, via nos olhos da mulher que estava decidida em sua atitude, e a respeitava por isso, só que estava começando a ser estressante ter tantos problemas sob suas costas.
— Vamos dar uma pequena alteração na sua rota, e acomodar ele em outro lugar.
Com sua varinha, Heitor fez o jovem Nighty flutuar, bem no momento que o pequeno Patrick começou a mexer em seus braços.
— Acho que ele é todo seu agora — falou entregando o pequeno a sua mãe.
E Berta assim que se certificou que o Nighty não cairia, envolveu seu jovem filho nos braços, enquanto Heitor assumia sua posição em auxílio ao garoto desacordo.
Andaram aproximadamente dez minutos em passos calmos, e bem medidos por Heitor, que parava a todo instante, para se certificar que já não dava mais para serem vistos do acampamento por entre as árvores.
— Aqui parece bom — falou o Dark, e depositou gentilmente Bernard no chão.
— Agora vamos dar uma olhada nesses machucados — com a varinha ainda em mão, Heitor começou a analisá-lo — ele tem sorte, parece que a maioria dos ferimentos foi físico, então com um bom feitiço de cura, ele pode ficar bom até o final do dia.
— Não compreendi, como assim ? — perguntou Berta ainda com receio, pois devido aos últimos acontecimentos, ela sabia que feitiços de cura em determinadas situações não eram o suficiente.
— Físico, e não mágico Berta — pronunciou Eloise — até antes da guerra não sabíamos a diferença, mas existe uma, e bem grande, dano físico se resume mais em pancadas cortes, essas coisas, e dano mágico, e de feitiços que resistem ao poder de cura por serem mais destrutivos.
— Entendi.
Cinco minutos depois, Heitor finalmente havia cuidado dos ferimentos de Bernard, tanto que o rapaz já apresentava uma ligeira melhora, o que deixou Berta um pouco mais aliviada.
— E agora ? — perguntou a bruxa.
— Vamos deixar no tempo dele agora, quando ele for abrir os olhos, e única e exclusivamente decisão dele — Berta assentiu — agora acho prudente nós voltarmos, fizemos tudo que podíamos por ele, sem contar que se não voltarmos logo, as pessoas do acampamento podem ficar preocupadas.
— Mas não será perigoso deixá-lo sozinho ? — perguntou Berta e Heitor sorriu.
— Não se preocupe, também coloquei um feitiço de proteção depois que o curei, ou seja nada que quiser o mal dele seja homem, ou animal vai conseguir chegar perto — Berta assentiu, e viu que até ali seria o máximo que podia chegar para ajudá-lo, pois dali para frente Bernard Nighty estaria por conta própria.
— Mas não vamos esquecer o mais importante aqui, Berta, tem que nós contar exatamente o que aconteceu, e porque tinha tantos Nighty por aqui — falou Eloise.
— Pelo que entendi, a uma vila inteira deles morando por aqui — Heitor arregalou os olhos.
— Merda, isso é grave — falou o Dark.
— Não compreendo, passamos tanto tempo lado a lado — falou Berta.
— Simples, mesmo que exista divergências entre este jovem e os outros de sua raça, alguém ainda deve se importar com ele, e podem querer procurá-lo, e adivinha onde ele está querida — Eloise falou irritada — bem ao lado do nosso acampamento.
— Então na pior das hipóteses, eles nos encontram e nos atacam — um calafrio subiu pela espinha de Heitor — e devido a nossas forças estarem como estão, não serviremos nem de petisco.
— Na opção mais aceitável, nós levamos esse carinha de volta aonde você o encontrou para dar mais tempo para fugir, mas será fácil demais para eles reconhecerem a ação externa que fizemos nele — falou Eloise — mas a chance de o tempo que ganhamos ser apenas uma fagulha do que realmente precisamos, sem contar que dar carne aos predadores, não faz jus a como ditamos as leis por aqui — terminou a bruxa olhando para Heitor que sorriu, podia passar o tempo que fosse, ela sempre saberia o modo de agir do Dark, e era aquilo que mais a atraía, toda aquela bondade que exalava do coração do jovem.
— Isso aí — ele falou contente pelas palavras da bruxa— embora a situação tenha se agravado, já tenho um plano, mas primeiro temos que voltar ao acampamento.
...
De volta ao acampamento, tudo estava transcorrendo na mais perfeita harmonia, Inácio já havia acordado, e conversava com Aloísio, um antigo amigo que vivia na cola do Reis desde que era criança, pelo menos um dos poucos que sobreviveu a guerra miserável.
Inácio já estava prestes a perguntar sobre Berta, já que não era costume a bruxa sair do seu lado desde que caiu doente, mas parou quando a viu chegar com Heitor e Eloise, a cara de preocupação deles estava evidente para quem quisesse ver, o Reis cerrou os punhos e esperou pela notícia ruim que estava por vir.
Berta estava se sentindo culpada, se não fosse por sua decisão precipitada, talvez não precisassem sair às pressas, mas não podia agir tão baixo, também podia ser que suas ações não tivessem uma consequência tão ruim, afinal Heitor disse que tinha um plano, mas planos podiam dar errado, porque não tem como calcular todas as possibilidades e evitar as chances de fracasso.
Berta balançou a cabeça descrente, não podia se dar ao luxo de sentir medo em uma situação como aquela, porque medo cega, e devido ao nível de perigo, ter brechas assim podia ser mortal.
— Vou reunir os outros — falou Eloise, e Heitor assentiu.
Berta apenas observava tudo, ainda longe no mundo dos seus pensamentos que sequer reparou que Inácio estava indo até ela.
A passos vagarosos, Inácio se aproximou, ainda lhe custava muito mesmo em atos tão simples como caminhar, embora seu modo de viver não permitisse muito ser ajudado, porque ele odiava demonstrar fraqueza.
Sorte que Berta estava lá para ignorar suas manias e cuidar do jovem Reis, e também naquele dia, ele não precisou dar muitos passos até chegar a mãe de Patrick.
— O que houve ? — ela balançou a cabeça, e forçou a voltar sua atenção para Inácio, havia escutado sua pergunta, mas de repente ficou sem palavras.
— É complicado — Inácio arqueou uma sobrancelha.
— Tente.
— Parece que há Nightys por perto — Berta despejou de uma vez e Inácio ficou pálido.
— O que ? — Berta não conseguiu explicar como sabia, ficou sem palavras novamente.
Quando abriu a boca para começar a falar, foi interrompida pelas pessoas que começavam a se aproximar junto de um pequeno burburinho recheado de perguntas sobre o que estava acontecendo.
Logo quando todos se reuniram, Heitor começou a falar.
— Reuni todos aqui, porque agora a pouco, descobrimos algo que não pode ser ignorado, a Nightys morando aqui perto — as pessoas ficaram surpresas, e não demorou nada para expressarem suas dúvidas.
— Não compreendo?
— Como isso pode ser possível ?
— Calma, calma — Heitor elevou o nível da voz — permita-me terminar.
Precisou de alguns segundos para que Heitor pudesse silenciar as pessoas e voltar a falar.
— Mais cedo um pouco, quando a maioria de vocês ainda repousava, Berta havia ido em busca de água para cuidar de sua família, quando presenciou uma conversa, e em sequência uma briga da tribo Nighty — as pessoas voltaram a ficar inquietas, e com olhares repletos de medo — eu sei que é uma péssima notícia, é que podemos ser alvo de ataque deles a qualquer momento agora que chegaram tão perto, mas preciso que prestem atenção agora para entenderem bem meu plano — ele aumentou o tom de voz à medida que falava, e eles voltaram a ter total atenção sobre o Dark.
— Eu sei que nossos doentes ainda não estão aptos a andar longas distâncias, e pensando que esse momento poderia chegar, em que precisaríamos de uma retirada rápida, cuidei para que esse plano tivesse em perfeitas condições para uso — houve um silêncio geral entre os moradores de Bonneville, e Berta ficou estática no lugar, aquele era o ponto alto de todo discurso.
— A um feitiço que poucos sabem, porque na época, Hadassa julgou ser perigoso como tantos outros, e é perfeito para o momento — Heitor pigarreou para limpar a voz — ele consiste basicamente em compartilhamento de vitalidade, onde a um doador, e um que vai receber, nesse caso quem vai receber e aqueles que estão se recuperando das lesões mágicas, e o doador pode ser qualquer um depois que o feitiço for aplicado, a pessoa em si vai ter energia de uma pessoa normal, embora não será duradoura, e quem doou vai ficar mais cansado que o habitual, mas servirá bem para ganharmos uma distância segura daqui — pausa — todos de acordo?
Houve um longo segundo de silêncio até cada uma das pessoas que ali estavam assentir com a cabeça.
— Ótimo, vocês tem uma hora para guardar tudo que precisarem, depois quero todo mundo aqui para realizarmos o feitiço, e em seguida, eu explico como vamos sair.
A multidão não demorou a se dispersar, estavam com medo demais mediante a um possível confronto.
Berta pressionou o filho contra os braços, em seguida arrastou Inácio com o outro.
— Ei, calma.
— Estamos com tempo pra tudo, menos ter calma, e conheço bem seu gênio, e adivinha, também não temos tempo para aquela discussão de sempre que envolve você reclamar que um Reis deve ser soberano e tudo e sempre ter postura, até que chegamos na parte que pouco me importa.
— Mas esse não é todo aquele cuidado que você costuma ter comigo — Berta relaxou o semblante.
— Desculpe Inácio — ela relaxou o aperto no braço do bruxo — só não quero que percamos tempo — o bruxo suspirou ainda frustrado, mas decidiu ceder, concordava com ela.
— Tudo bem.
A hora requerida por Heitor passou rapidamente, e foi o tempo que Berta mais viu bruxos correndo de um lado para o outro desde a guerra.
Inácio tentava a todo momento fazer algo, e era muito bem parado por Berta.
Patrick por incrível que pareça ficou quieto, como se sentisse também a tensão que pairava por aqueles ares.
Pontualmente, como Heitor havia pedido, todos estavam frente a frente com aquele líder improvisado, esperando atentamente por suas palavras.
— Bom, já que estão todos prontos, vou lhes explicar a segunda parte do meu plano, que e como vamos sair, primeiro quero que formem duplas com aqueles que precisam do feitiço que expliquei mais cedo, essas pessoas são as que vão sair primeiro, e também haverá um líder, este será encarregado de um feitiço localizador, para que não haja desencontro do primeiro com o segundo grupo.
O povo ficou inquieto.
— E o que exatamente você quer com isso ?
— Planeja nos separar assim como aquela Monteir fez ?
— Quer destruir o resto de nossas famílias ?
O povo estava revoltado com aquilo que ouvia, tanto que Heitor teve que gritar.
— BASTA! Não é nada disso, só escolhi essa formação assim para no caso de conflito com os Nighty, os doentes não se envolvam — as vozes morreram ali.
— Isso era onde eu queria chegar, o primeiro grupo será composto pelas pessoas que ainda estão se recuperando, e aquelas pessoas que ainda não sabem bem magia, ou que por motivo maior não pode lutar, portanto, pensem bem na dupla que vão escolher, e claro, mais o líder, essas vinte e uma pessoas vão sair primeiro, então quando der um intervalo de pelo menos três horas saíram as nove restantes.
— Mas qual o objetivo desse plano ? — alguém do fundo daquele aglomerado de pessoas perguntou.
— Simples, não sabemos bem quantos Nighty tem por aqui, nem o que eles sabem — Heitor olhou para Berta — então para nós prevenir dessa última parte, esse plano e para caso haja algum confronto provindo deles também saberem algo sobre nós, e como todos bem devem saber, todo cuidado é pouco, de acordo ?
Houve e um longo silêncio, e quando Heitor viu que não havia mais perguntas prosseguiu.
— Ótimo, vamos recapitular então, o primeiro grupo e basicamente para proteção, eles vão sair primeiro, e quando der o intervalo de três horas sairão os demais, esse último grupo servirá basicamente para uma possível contenção, claro que não vamos brigar até a morte com ninguém, se tiver uma briga e claro, nosso objetivo é somente ganhar tempo para aqueles que não podem lutar, então quem for ficar, se atente a não se separar muito do grupo, e a usar somente feitiços de contenção para poupar magia.
As pessoas voltaram a ficar inquietas.
— Mas isso e suicídio se eles realmente vierem.
— A mim pouco importa, ficamos todo esse tempo aqui e não descobriram nada, então não vai ser agora que vão começar.
— E porque vamos precisar de todas as nossas forças para nos reunir com o outro grupo — Heitor falou alto — E USÁ-LAS PARA UMA RETIRADA MAIS AVANÇADA — as vozes começaram a diminuir — ou vocês acham que eles vão parar se nós fugirmos ? — ele falou irritado — houve uma guerra, pessoas morreram, sei que nessas condições para nós é impossível partir para cima com tudo que temos, pois apesar da dor que carregamos, seria morte certa, mas certamente não será para eles.
— E acha que vai ser possível nos reunir com o grupo que saiu primeiro com Teresa ?
Heitor suspirou mais aliviado, era uma pergunta simples de responder, porque era Teresa que os estava guiando, e era fácil saber o que se passava pela cabeça dela.
— Simples, sigam em frente, até onde não der para ver as montanhas de Bonneville, e onde vão estar, sem curvas ou algo do tipo, por isso não vai ajudar no plano principal.
— Mas e se tiverem desviado do caminho ?
— Olha, primeiro vamos pelo plano original de Teresa, estou pensando em um modo para caso isso tenha acontecido, mas esse será um foco somente quando nos reunirmos.
Eles se aquietaram novamente.
— Ótimo, se é somente isso que tinham para perguntar, façam as duplas, vou passar em cada uma para fazer o feitiço, vocês saíram o mais rápido possível.
O que poucos ali sabiam, e que sim, a probabilidade dos Nighty aparecerem era total, mas o que ninguém estava realmente preparado ali, era para o que realmente aconteceria.
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