Hoje é um dia muito importante, terminei meu curso técnico de administração, acabei o ensino médio com 17 anos e estava indecisa sobre qual faculdade cursar, então o cursinho foi uma boa opção pra mim no momento.
Depois de fazer uma despedida rápida com uns colegas que fiz no período do curso, pego o ônibus e vou para a clínica onde fiz um exame de sangue pela parte da manhã, preciso pegar logo o resultado, estou tão ansiosa que não posso esperar mais nenhum segundo para saber se estou grávida ou não.
Namoro com o Nathan a 3 anos, ano passado no meu aniversário de 18 perdi a minha virgindade com ele, não posso dizer que foi incrível, algo mágico porque eu estaria mentindo, e odeio mentiras, mas depois foi ficando bom, somos amigos antes de tudo conversamos bastante sobre o que gostamos ou não
O nosso relacionamento é, digamos um relacionamento comum, eu sempre fui muito introspectiva, com ele as coisas foram acontecendo a amizade foi crescendo, o amor aparecendo, agora estamos juntos ah 3 anos e possivelmente seremos pais, Nate fala muito sobre casamento, mas eu estava esperando me estabilizar, porque não quero depender dele.
Moro com o meu "pai" sr Cássio, a sua atual esposa Sarah e a filha dela de outro casamento Scarlat mais velha do que eu dois anos, se terminou o ensino médio foi muito, o sonho dela é casar com um homem rico (coitada). A casa em que moramos é tamanho mediano de três quartos, o meu pai tem uma oficina que nos permite ter uma vida confortável, onde trabalha como louco para dar tudo do bom e do melhor para as cobras (Sarah e a sua prole) e eu trabalho com ele, fico na recepção, caixa, atendendo os clientes, fazendo anotações.
Depois de pegar o resultado do exame penso em ir logo na casa de Nate, para abrirmos juntos, como ainda é relativamente cedo vou para casa tomar primeiro um banho odeio ficar suada.
Aí meu Jesus Cristo não estou me aguentando de ansiedade, misericórdia ansiedade me dá fome e fome me faz lembrar que eu não comi quase nada hoje, tô pra ver Jesus já, se duvidar minha barriga tá encostando na costela
Eu sei sou dramática que dói, eu devo ter puxado isso da minha mãe, a qual não lembro e mal ouço falar, sabe aquela coisa de "ah meu pai foi comprar cigarro e até hoje não voltou, então, no meu caso quem foi, foi a minha mãe. É, triste eu sei.
Mas acho que não seria tão diferente do que é hoje com Sarah, que me faz de empregada desde os meus 08 anos, que foi quando veio morar comigo e com o coitado do Sr Cássio.
Afinal o que se esperar de uma mulher que abandonou uma criança, praticamente um bebê? Eu só tinha 3 anos. Ahh mas você tá esquecendo que ainda tem o seu pai. Já ouviu falar que filha é da mãe? (Nem todos eu sei) afinal tem muito pai que faz papel de pai e mãe, muita mãe que faz papel de mãe e pai, misericórdia nossa quase eu me enrolo com meus pensamentos agora.
Chego em casa, tudo estar como sempre, Sarah na sala assistindo novela e sozinha isso significa que Scarcobra saiu, amém, deve estar procurando algum trouxa pra arrancar dinheiro do coitado.
Não entendo como conseguem viver assim sem expectativa para nada, só em gastar dinheiro, um dinheiro que não é delas, não tem um plano de nada, mas como dizem cada um com a sua loucura.
Passo pela sala cobra mãe que me olha de cima abaixo e faz cara de deboche, mas continuo indo na direção da escada que leva aos quartos.
–Ah! é você santa do pau oco, aproveita que chegou cedo e lava a louça do almoço
Paro de andar e resolvo dar 2 minutos de atenção pra essa pobre coitada, só que não.
— Porque não lava você ou peça para a Scarcobra lavar, afinal vocês que sujaram que lavem.
— olha o respeito sua santa do pau oco. -
Meu Deus me dê paciência, se der força eu bato."penso"
— Se quer respeito, respeite primeiro. Você não faz nada o dia todo, não te incomoda ficar sentada sabendo que a pia está cheia de louça?
— mas é uma insolente mesmo — Reviro os olhos– fui a manicure hoje, não posso borrar. Você sabe o que é ir a manicure? Aposto que não. — ela diz cheia do deboche, não ligo.
– E onde está a princesa das cobras? "Ironizo"
– não que seja da sua conta, mas ela está cuidando do nosso futuro.
Diz e consigo sentir a maldade em cada palavra.
– boa sorte então com seu futuro e com as louças. – Resolvo encerrar o assunto e começo a andar, mas ainda a ouço dizer
-você não perde por esperar sua songa monga.
Depois do banho e o meu ritual com creme corporal, dessa vez vou usar o de morango que é o meu preferido, coloco uma calcinha de renda preta um vestidinho rodado preto e botas cano alto sem salto, passo rimel e um gloss rosinha e tô perfeita, só que não. Vocês estão pensando e o sutiã sua maluca? Eu já não gosto muito de usar e por conta de uma possível gravidez os meus seios estão muito doloridos, então melhor evitar.
Para quê eu fui lembrar disso? Aí meu Jesus não vou aguentar esperar até lá, vou ter que abrir logo se não é capaz de eu passar o endereço para o motorista errado de tão ansiosa.
Ele vai me perdoar por abrir sozinha, afinal ele me perdoou da vez que eu comprei 2 pastéis de uma senhora que vende próximo onde eu fazia curso, e comi os dois sozinha antes de chegar em casa, oque eu podia fazer se eles estavam com um cheiro dos Deuses? eram de calabresa com queijo, meu preferido
Quase não consigo abrir com as mãos trêmulas, mais quando consigo meus olhos vão direto no positivo.
Misericórdia não tô sentindo meu coração bater, vou desmaiar certeza, minha mãe vai me brigar, meu pai do céu.
–o meu god tem alguma coisa errada – falo enquanto ando pelo quarto – espera, volta a fita — que mãe sua maluca? A minha consciência diz- Ah é mesmo. O meu pai então, mas logo lembro que ele talvez não lembra nem a data do meu aniversário o medo de ele brigar comigo passa.
Tô entrando em crise tô sentindo, já comecei a falar sozinha, isso que dá não ter amigas. Mulher não surta, vai da tudo certo, Nathan te ama, quer casar com você, ou seja construir uma família, ok vai da certo, só tenho que ir até lá e ele vai ficar feliz me abraçar, dizer que me ama e que esse bebê será muito amado.
Saio do meu quarto, desço as escadas e não encontro ninguém, ainda bem. Nate mora aqui perto, uns 30 minutos de caminhada, uma que eu não tô muito afim de fazer agora. Por isso prefiro pegar um taxi, olho no relógio e vejo que já são 17h
Um táxi passa logo quando saiu na rua, faço parada, entro e passo o endereço, seja oque god quiser.
Depois de pagar o taxista, faço o caminho até o portão, agradeço mentalmente o seu Pedro por tê-lo deixado aberto, só ele que esquece de fechar as vezes.
A porta de entrada também estava aberta, mas na sala não vejo o meu sogro, o que acho estranho, dou de ombros e subo as escadas para o quarto de Nate, prestes a terminar de subir escuto uma voz feminina, que ouvindo mais atentamente me parece bem familiar.
Paro de andar e fico tentando ouvir a conversa, a fofoqueira que habita em mim, precisa ser alimentada de vez enquanto.
— Isso não pode ser verdade - escuto a voz de Nate ele chegou e não me avisou? Estranho, ele disse que me avisaria para que pudesse ir me buscar em casa, dou de ombros e resolvo me aproximar mais um pouco.
— É sim, olhe o exame quantas vezes quiser, mas é verdade meu amor. — fala manhosa, essa é a voz da cobra Scarlat? E ela disse meu amor?
— Você disse que estava tomando pílula — esbraveja Nate
Eu tô entendendo certo? Meu Deus isso não pode estar acontecendo, não, não, não, estou dormindo e é só um pesadelo, sim vamos lá, acorda piranha. Saio dos meus pensamentos com a voz de Scarlat
— e eu estava, essas coisas acontece, mais do que você pode imaginar meu amor.
Eu quero vomitar, mas eu não posso dar uma de fresca agora, preciso ouvir tudo, ainda não acredito no que estou ouvindo.
— Meu Deus a Ana vai me matar. - Nathan filho de uma senhora boa diz com tristeza, agora né filho da mãe depois de enfeitar minha cabeça seu cretino.
— Eu aqui dizendo que estou esperando um filho seu e você preocupado com a songa monga? – A essa vadia vai ver o que é dela. Vontade de invadir o quarto só para dar na cara desses dois condenados, mas resolvo ver se aquele cachorro (me perdoem os cachorrinhos por essa afronta de comparar com o cretino) vai me defender.
— Já disse para não falar assim dela, apesar do que fazemos aqui, Ana é a mulher que eu amo, e vou me casar com ela. — só nos teus sonhos seu desgraçado. Ouço passos e logo depois sons de beijos, oh! não agora eu vou vomitar
— amor eu tô esperando o seu primeiro filho, é comigo que você tem que casar, sou eu que você procura para tirar o estresse na cama.
Ela diz e depois ouço mais sons de beijo não aguento mais e entro com tudo no quarto.
–Mas que porra é essa?
Os dois pulam de susto, quando entro com tudo, mas a vadia se recupera rápido, parece que esperava por isso, já o desgraçado parece que viu um fantasma.
—a.a.amor— Nathan diz e (gagueja, olha que bonitinho)
—não diga que vai me dizer que não é nada do que eu estou pensando. Ironizo
—mas não é amor— cretino diz
– como não? Ela já viu amor— Scarlat cobra corajosa fala.
—Cala a boca Scarlat, vai pra sua casa, deixa eu resolver isso com a Ana.
—Resolver? Resolver oque? Vamos falar de quanto tempo eu sou corna?— Relaxa mulher pense no bebê, você não pode se estressar—Meu Deus agora tudo faz sentido, quando você dizia que não podíamos ficar juntos porque você estava muito cansado do trabalho na loja e por coincidência a Scarlat também não estava em casa vocês estavam juntos. — Afirmo, agora tudo começando a fazer sentido.
—Amor— Nathan tenta.
— Para de chamar ela de amor querido, não vê que ela já descobriu tudo? Agora nós podemos ficar juntos, eu você e o nosso bebê.— a vadia diz começando a fingir que vai chorar, falsa.
— Scarlet vai pra casa você não pode se estressar, pense no bebê – Nathan diz e ela dá um sorriso vitorioso, é agora que tenho um siricutico.
— Fica Scarlat, quem vai embora sou eu.— Digo já me virando para sair do quarto, mas paro quando Nathan segura meu braço, coitado quer morrer. — Solta o meu braço agora —Digo já chorando não aguentando mais a situação.
Scarlat estar parada próximo a cama fazendo cara de tédio. Isso o cretino não vê.
– Amor por favor vamos conversar— Fala já sabendo que mesmo ouvindo eu nunca vou perdoar, conversamos muito sobre traição e sempre deixei claro que nunca perdoaria.
–Conversar? Tudo bem. Eu vim aqui dizer que como terminei o cursinho, podíamos enfim da mais um passo no nosso relacionamento, e ia dizer que esperávamos o nosso primeiro filho, mas vejo que alguém chegou adiantada — falo e olho pra cobra que agora me olha assustada, Nathan não tem como ficar mais branco coitado.
— Fi.filho?
— Sim, na vez que fizemos sem camisinha parece que a gente não tem tanta sorte assim, na primeira e já engravida -falo rindo e chorando ao mesmo tempo.
—Como assim filho?— Scarlat se exalta— nem deve ser seu, vai saber de quem é, além do mais ela pode estar inventando isso só pra separar a gente- a olho espantada, ela não pode esta falando sério.
— Scarlat por favor faz oque eu tô mandando e vai embora.
— Não, quem vai embora sou eu —. Digo já voltando a andar, mas paro quando ouço ele falar.
— Se você for embora e não casar comigo não vou assumir esse filho, ele só vai ter um pai se a gente se casar.
Não posso acreditar no que ouvi, ele está brincando não estar? Alguém diz que ele tá brincando.
— oque ? Você não pode tá falando sério— Digo, agora o choro não é de tristeza e sim de raiva.
—E tem mais — não diga, encaro seus lindos olhos azuis no qual eu amava olhar, era como se observasse o mar— se você não se casar comigo eu me caso com a Scarlat — Diz e olho nos seus olhos e vejo que ele tá falando a verdade.
A cobra nesse momento da um sorriso de vitória e saí praticamente correndo, provavelmente indo espalhar para as amigas igualmente cobra e a pior delas, a mãe.
Continuo imóvel olhando para ele ainda sem acreditar, que ele esteja falando sério.
— Você acha que depois de eu descobrir que você me traia por sei lá quanto tempo, eu ainda vou querer casar-me com você? Que vamos viver um lindo conto de fadas? Vocês sempre me tiraram como a bobinha, a inocente Ana, mas acabou, cansei — Ele por um momento faz cara de tristeza, mas só por um momento depois volta a me olhar como se fosse o dono do mundo, e fico pensando, onde tá aquele cara carinhoso com quem passei 3 longos anos?
— Então se é assim vou me casar com Scarlat, não diga que não avisei, te dei uma escolha, eu amava você, mas parece que você não me ama o suficiente, e prefere jogar 3 anos no lixo por conta de um pequeno deslize — Ele diz andando pelo quarto, passando a mão no cabelo, indignado com a minha decisão, como se eu estivesse errada.
— Eu e meu filho não precisamos de você, eu posso me virar muito bem sozinha, posso cuidar muito bem do meu filho, ele não precisa de um pai que não sabe da valor a família, um traidor de primeira—. Digo colocando a mão na minha barriga lisa, ele olha o caminho da minha mão, e vejo os olhos dele brilhando, mas deve ser minhas lágrima embaçando minha visão.
Ele fica encarando a minha barriga uns segundos que parecem a eternidade, por fim diz
— Se você diz, então pode ir embora, fique sabendo que não vou sentir falta de vocês, afinal vou ter um bebê também, e quando você se arrepender será tarde de mais, porque eu vou estar casado com a Scarlat e seremos uma família eu ela e filho que ela espera.
Antes que eu perceba a minha mão faz o caminho do seu rosto e o estalo ecoa pelo quarto parece que acabaram de enfiar uma faca no meu coração, não sei se essa é a sensação de verdade, afinal nunca levei uma facada, mas deve chegar perto, sinto o meu coração parar, os meus olhos ardem de tanta força para segurar as lágrimas, as minhas pernas parecem não terem forcas o suficiente para se mover, vejo parado me encarando, parece que espera que eu retroceda, mas enganou-se, não me conhece o suficiente se pensa que vou perdoar e aceitar essa humilhação, posso muito bem cuidar do meu filho sozinha, sou mulher, mulher já nasce sendo guerreira, pronta pra batalha.
Olho mais uma vez e me sinto preparada pra encerrar mais esse capítulo de merda da minha vida, a única coisa que me trouxe de bom foi meu filho.
— Antes que eu me esqueça, adeus e vai se foder. Digo e vou embora.
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