O que eu vou fazer da minha vida?
suspiro e fecho os meus olhos tentando controlar a minha respiração.
Eu acabei de contar ao meu namorado que estou grávida, e sabe o que ele fez? Me abandonou e disse que não está pronto para ser pai, que não quer assumir tal responsabilidade e que sentiu muito!
E sem contar que estou longe do meu país, dos meus pais e do meu irmão.
Eu vim morar em Nova York há mais ou menos dois anos. Eu aprendi a falar inglês ainda quando criança. Eu assistia vários desenhos e ouvia músicas em outras línguas acompanhando sempre as traduções, e a minha tia me ajudou muito também. Ela é professora de inglês e me deu algumas aulas.
Eu consegui uma bolsa em uma das melhores faculdades daqui, eu estudei por um ano inteiro e passei.
Foi um momento tão feliz! Eu via nos olhos dos meus pais o quanto estavam orgulhosos de mim. E sem contar no Lucas, meu irmão mais velho, ele tem vinte e cinco anos, é casado com a Júlia e tem um filho de um ano com ela.
Eu vejo o meu sobrinho sempre por chamada de vídeo, ele é um lindo bebê!
Estou no segundo ano de pediatria, sempre foi o meu sonho poder cuidar da saúde das crianças, desde menina eu tenho esse desejo dentro de mim, sempre soube o que eu queria ser quando crescesse.
Eu vim para cá na esperança de ter uma vida melhor, de poder dar uma vida ao menos estável aos meus pais, eles batalharam muito para poder cuidar de mim e do meu irmão, e agora eu estou prestes a dar uma grande decepção a eles.
_ o que foi, Jai? Por quê está assim? - enxugo minhas lágrimas ao ver a Marie entrar no quarto.
Ela é minha melhor amiga e dividimos juntas esse apartamento.
_ ele não quer saber de mim e nem do bebê _ olho para ela e suspiro pesado levantando da cama logo em seguida _ ele terminou comigo e disse que sentia muito.
_olha, eu vou dar na cara dele! _ ela nega com a cabeça parecendo nervosa _ como ele teve coragem de fazer isso com você? Não pode encarar isso sozinha!
- eu não sei o que fazer, estou me sentindo tão insegura e desamparada! - volto a sentar na minha cama.
_ você não está sozinha, Jai _ ela segura minha mão _ eu estou com você, ouviu? E eu jamais vou te abandonar.
- você não entende, Marie, tudo que eu menos queria agora era um bebê! - volto a derramar algumas lágrimas - o que ganhamos no trabalho não está dando nem para pagar as contas quem dirá sustentar uma criança! - eu e Marie trabalhamos em um bar que fica a umas três quadras daqui, não ganhamos muito, entretanto dá para suprir as nossas necessidades e comprar pelo menos o básico.
_ olha, enxuga essas lágrimas, ele não merece isso _ ela passa sua mão em meu rosto _ vamos dar um jeito, está bem? E eu acho que a primeira coisa que você deve fazer é ligar para os seus pais.
_ eu não posso fazer isso _ levanto da cama _ eles estão bem, felizes e vivendo com o dinheiro que ganham com o pequeno restaurante que abriram juntos há pouco tempo, não quero preocupá-los com os meus problemas.
_ Jai, os seus pais são ótimas pessoas, e eu tenho certeza que eles jamais te abandonariam.
_ eu sei, entretanto eu quero me estabilizar primeiro, não quero jogar em cima deles uma responsabilidade que é somente minha.
_ sua e daquele idiota, não é? _ ela sorrir de lado tentando me animar _ o que vai fazer em relação a faculdade?
_ eu vou ter que abandonar _ sinto a tristeza tomar conta de mim novamente. Eu amo tanto a minha faculdade, amo aprender e saber que em breve poderia trabalhar fazendo o que sempre quis e tive vontade _ eu terei que arrumar outro emprego, esse que estou não vai dar para pagar as nossas contas e nem comprar coisas para o bebê _ toco minha barriga e suspiro. Apesar de estar passando por todos esses problemas, eu ainda sim estou feliz por saber que tem uma vida crescendo dentro de mim. Apesar de não ter sido planejado, ele já é muito amado e sei que também será pela minha família _ eu vou esperar ele nascer para depois voltar ao Brasil.
_ você vai embora ?
_ eu tenho que ir, Marie, os meus pais me deram o terreno deles para eu poder fazer a minha casa futuramente, e eu sei que com esforço eu vou conseguir.
Os meus pais são de Salvador, eu nasci e cresci na liberdade, é uma cidade linda e incrível!.
_ eu vou te deixar sozinha um pouco, sei que é disso que está precisando agora _ Marie toca meu ombro _ cuida bem do meu afilhado ou afilhada.
_ não se preocupe, eu vou cuidar muito bem dele.
18h12 da noite.
Hoje é o dia de maior movimento no bar, é um lugar calmo, tranquilo e que muitas pessoas de bom senso frequentam.
Não é um daqueles bares onde tem muito barulho e adolescentes bêbados. Temos karaokê ao vivo todos os dias, servimos comidas e vários drinks especiais. A maioria das pessoas que frequentam aqui são daquele tipo que buscam um lugar tranquilo para sair com o namorado ou até mesmo se divertir com amigos ou alguém da família.
Jacob costumava me levar para lugares assim.
Ele foi o meu primeiro namorado, e eu nunca imaginei que ele me deixaria em uma situação como essa. Jacob parecia me amar tanto, ele sempre dizia que estaria ao meu lado em todos os momentos da minha vida e eu infelizmente acreditei.
_ Jai, você está bem?_ sorrio ao sentir a preocupação na voz do Brandon, ele é o cara que faz os drinks super famosos do bar.
_ estou, não se preocupe _ pego a bandeja em cima do balcão e suspiro.
_ tem certeza? Seus olhos me parecem meio inchados _ ele me analisa e eu nego com a cabeça.
_ eu juro que estou bem, não precisa se preocupar _ tento lhe dar o meu melhor sorriso _ tenho que ir, o trabalho me espera.
Respiro fundo e caminho até as mesas.
_ boa noite! Vão querer algum drinks especial?
_ não, já estamos de saída _ o homem que antes estava sentado na mesa a minha frente, agora está de pé do meu lado olhado para o seu amigo com certa presa.
_ pelo amor de Deus, Tyler! A gente acabou de chegar! _ o cara sentado nega com a cabeça se recusando a levantar.
_ sabe que eu não gosto de frequentar esse tipo de lugar. Preciso ir para casa, Chloe está me esperando.
Ele parece não está em um dos seus melhores dias.
Alto, moreno e bonito. Tem uns lábios chamativos e um músculo não muito exagerado.
Deve arrancar muitos suspiros por aí.
_ aí! _ toco minha cabeça ao sentir uma leve pontada nela.
_ você está bem? _ ele interrompe sua discussão para me olhar.
_ estou, só foi uma leve dor de cabeça _ fecho meus olhos e respiro fundo ao sentir uma forte tontura me invadir.
_ ei! _ sinto minhas pernas falharem e braços fortes me tocarem ao mesmo tempo _ senta aqui _ ele me guia até a cadeira enquanto seu amigo me abana com o cardápio _ o que está sentindo?
_ uma tontura muito forte! _ tento controlar minha respiração e olho para ele que agora está abaixado na minha frente.
_ isso acontece com frequência?
_ não, entretanto eu acho que esse é o meu destino nós próximos oito meses.
_ toma, bebe um pouco de água.
_ obrigada! _ pego o copo da mão do outro cara e trago o líquido até a minha boca.
_ acho que esse trabalho não é nada leve para uma mulher grávida _ ele levanta e leva as mãos até o bolso de sua calça.
_ é o único que tenho e preciso agarrar ele com todas as minhas forças! _ sinto meus olhos lacrimejarem _ obrigada pela ajuda, e já que não vão querer nada eu vou voltar para o balcão _ levanto da cadeira com calma e recolho os cardápios em cima da mesa.
_ espera!_ ele segura meu braço com certeza delicadeza _ eu vou querer um drink de morango _ ele me solta e volta a sentar na cadeira _ com pouco álcool.
_ tudo bem, e você? _ olho para o outro cara que também está sentado novamente.
_ eu vou querer o mesmo que ele.
_ daqui a pouco eu trago os drinks _ pigarreio e me afasto indo para o balcão.
_ Brandon, dois drinks de morango com pouco álcool _ coloco os cardápios em cima do balcão e suspiro pesando olhando de relance para os homens sentados a mesa.
O bar está começando a ficar movimentando e pelo visto a minha noite vai ser super agitada.
02h13 da manhã.
Aos sábados sempre fechamos nesses horários, e é por isso que eles costumam ser bem puxados e cansativos.
Os homens que me ajudaram quando passei mal foram embora há poucos minutos.
Eles tomaram dois drinks e a cada dez minutos eu podia ver o Tyler, acho que esse é o nome dele, me olhando.
_ bom, eu quero falar com vocês.
_ acho que vêm problema a í_ Marie sussurra em meu ouvido ao vê o Simon se aproximando. Ele é o dono do bar e está com uma cara bem estranha, e sabemos que vêm coisa ruim por aí porquê ele é sempre bem tranquilo e sorridente.
_ vocês sabem que nos últimos meses as despesas do bar vêm aumentando muito _ ele começa e suspira.
Por Deus, não seja o que eu estou pensando.
_ e eu quero que cada um de vocês saibam que sempre foram e sempre serão muito importantes para mim e para o nosso bar, mas, infelizmente eu terei que demitir alguns funcionários hoje. Não estou conseguindo conciliar o salário de vocês junto com as contas de luz, água e todo o resto que subiu absurdamente! _ ele morde os lábios e fecha os olhos _ Jai, Brandon e Lucy, infelizmente eu terei que me despedir de vocês, sinto muito.
Mas que merda! Era só o que me faltava! Como eu vou viver agora? Como vou manter esse bebê?
_ espera! Não pode fazer isso! _ Marie dá um passo a frente e eu seguro sua mão _ ela está grávida! Não pode demitir uma funcionária gestante.
_ você está grávida? _ ele me olha surpreso e eu confirmo com a cabeça _ e-eu não sabia, me desculpa! _ ele se aproxima _ então eu vou ter que escolher outra pessoa.
_ não, Simon, está tudo bem! _ tento segurar as lágrimas que estão insistindo em cair pelo meu rosto _ não é justo você demitir outra pessoa no meu lugar _ tiro meu avental.
_ Jai, eu sinto muito de verdade _ ele fecha os olhos _ passa aqui amanhã, eu vou dar baixa na sua carteira e prometo te dar tudo o que tem direito.
_ tudo bem _ lhe entrego o avental _ foi bom trabalhar com você, apesar de tudo eu me divertir bastante.
_ me perdoa, está bem? _ ele me puxa para um breve abraço _ tenho certeza que vai achar um emprego bem melhor do que esse.
_ eu espero que isso seja verdade _ pego minha bolsa em cima da mesa.
_ eu vou acompanhar vocês em casa _ Brandon se aproxima de mim.
_ não precisa, a gente vai pegar um táxi _ Marie afaga minhas costas.
_ eu faço questão de acompanhar vocês, está tarde e não é bom andarem na rua sozinhas _ ele abre a porta para sairmos _ então, o que vai fazer agora? _ ele olha para mim com as sobrancelhas erguidas enquanto caminhamos na rua.
_ procurar um emprego?
_ eu juro que se conseguir alguma coisa eu ligo para você.
_ não precisa se preocupar comigo, também precisa de um emprego _ entrelaço o meu braço no seu.
_ vamos fazer assim, o que conseguir um emprego primeiro ajuda o outro a achar também.
_ prometo que se conseguir um emprego eu vou indicar você para o meu chefe _ suspiro e continuo minha caminha até o ponto de táxi.
Eu estou sorriso por fora mas acabada por dentro.
O que vou fazer para sustentar esse bebê? O que vou fazer da minha vida?
Está tudo sendo muito mais difícil do que eu pensava. Já faz uma semana que eu perdi o meu emprego e até agora não consegui arrumar outro. Marie não vai conseguir manter as coisas em seu devido lugar sozinha, eu sei que não.
_ Jai, a gente pode conversar? _ Marie entra em meu quarto com uma cara nada boa e eu suspiro.
Ultimamente só me aparecem problemas e por isso eu já venho me preparando para qualquer coisa.
_ o quê aconteceu agora? _ pergunto preocupada.
_ o dono do apartamento está pedindo que a gente saía daqui em uma semana _ ela solta tudo de vez me fazendo cuspir a água que estava tomando.
_ o que? Mas porquê? A gente sempre pagou o aluguel em dia e estamos cuidando muito bem dele! _ isso só pode ser piada! O que eu vou fazer da minha vida agora?
_ não é isso, é que a filha dele vai casar e ele vai presentear ela com esse apartamento, e antes disso ele quer fazer algumas reformas _ sinto o desespero em sua voz _ eu não sei o quê vamos fazer, esse apartamento é tão perfeito para nós duas e o bebê. E sem contar que ele é o mais barato que achamos _ ela senta do meu lado.
Ontem eu fui até o bar para poder pegar as minhas contas e tudo que eu tinha direito. Simon foi até bem generoso e me deu bem mais do que deveria, e com esse dinheiro eu posso comprar algumas coisas para o bebê e quitar algumas das nossas dívidas.
_ Marie, vai para a casa dos seus pais _ enxugo uma lágrima involuntária que escapou pelos meus olhos.
_ o que? Não! Eu não posso te deixar sozinha, não posso te abandonar! _ ela nega com a cabeça _ podemos ir nós duas, sabe que eles vão te receber de braços abertos.
_ não, Marie, os seus pais já nos ajudaram muito nos dando alguns móveis quando viemos morar aqui.
Os pais da Marie são ótimas pessoas, eles me tratam super bem, mas eu não posso abusar, não posso ir morar na casa deles sem ter nada para dar em troca e ainda por cima grávida.
_ e o que você vai fazer? Vai morar na rua? _ ela nega com a cabeça _ eu não vou te deixar sozinha, vamos atrás do imbecil do Jacob, ele tera que te ajudar.
_ não, eu não quero ser ainda mais humilhada do que já fui. Ele deixou claro que não quer saber nem de mim e nem desse bebê _ as palavras do Jacob ficaram cravadas em mim e eu nunca vou conseguir perdoar isso.
_ então liga para os seus pais ou para o seu irmão, eles são a sua família, tenho certeza que vão te ajudar.
_ pelo visto eu vou ter que fazer o que eu não queria _ eu não queria preocupa-los, mas eu não vejo outra solução a não ser pedir ajuda a eles.
_ eles podem te mandar um dinheiro, talvez isso te ajude _ ela segura minha mão _ vamos dar um jeito nisso, eu prometo.
Dois dias depois.
Eu estou correndo feito louca atrás de um emprego. Marie está empacotando as nossas coisas, nos restam poucos dias aqui e temos que deixar tudo no lugar.
Ela vai levar tudo o que temos para a casa dos seus pais, vai ficar tudo guardado na garagem até as nossas vidas se ajeitarem novamente.
_ Jai, eu achei o emprego perfeito para você! _ Marie joga o jornal em cima da mesa visivelmente eufórica _ você vai tomar conta de uma criança de seis anos, aqui não informa o salário, mas eles oferecem moradia e vários benefícios _ ela sorrir esperando minha resposta.
_ moradia? _ esse é realmente um emprego bom, mas para uma pessoa que não esteja esperando um bebê _ eles não vão me aceitar, Marie, eu estou grávida, acha mesmo que vão me deixar morar lá? _ deixo o jornal de lado.
_ não custa nada tentar, Jai, essa é a sua única saída, não conseguimos achar mas nada! Para cada empresa que a gente liga todas as vagas já foram ocupadas _ ela suspira _ eu prometo que depois que as coisas se acertarem vamos atrás de um apartamento bem legal para gente, só que por enquanto temos que tentar ganhar o máximo de dinheiro possível. Assim já pagamos uns bons meses adiantando de aluguel e compramos tudo que o bebê for precisar. Ah, e eu vou logo avisando que vou ser a madrinha.
_ você não existe! _ puxo ela para um abraço _ muito obrigada por ter entrado na minha vida, não sei o que faria sem você.
_ eu sei, eu sou demais _ ela se afasta _ vêm, vamos nos arrumar, temos que ir até essa casa hoje mesmo, não podemos perder tempo e nem essa oportunidade.
11h12 da manhã.
Acabamos de chegar na casa que estava descrita no anúncio do jornal. Ela é bem bonita e muito moderna.
_bom dia! Eu vir pelo anúncio no jornal _ tem dois homens bem grandes parados na porta, devem ser os seguranças ou algo do tipo.
_ anúncio no jornal? _ ele sorrir sarcasticamente como se estivesse tirando sarro da minha cara _ o senhor Miller não colocou nenhum anúncio no jornal _ ele cruza os braços e arqueia as sobrancelhas.
_ como assim ele não colocou? _ Marie busca o jornal em sua bolsa _ vocês são cegos ou o que? _ ela entrega o jornal a eles.
_ ninguém nos informou sobre isso _ ele olha para o outro homem do seu lado aparentemente surpreso.
_ foi eu quem colocou o anúncio no jornal _ observo uma mulher sair da casa _ Chloe precisa de uma babá, ela passa muito tempo sozinha, sabe que o Tyler não está tendo muito tempo para ficar em casa. Sabem bem como é o seu irmão.
Tyler! É o mesmo nome do homem do bar.
_ e ele sabe disso?
_ não, mas vai saber.
_ mãe, a senhora sabe que o Tyler odeia que se metam na vida dele.
_ você estava discutindo com o irmão do meu possível futuro chefe! _ sussurro no ouvido de Marie.
_ desculpe, eu não sabia, achei que eles fossem seguranças. Olha só como estão vestidos? _ nego com a cabeça.
Eu estou literalmente perdida!
_ venha, querida, eu vou te apresentar a casa.
_ vai lá, eu vou ficar aqui te esperando _ Marie me entrega minha bolsa _ boa sorte!
_ obrigada, Marie! _ suspiro e sigo a senhora a minha frente.
_ bom, quantos anos você tem?
_ eu tenho vinte _ mordo meus lábios _ eu não tenho muita experiência com crianças, mas eu estava cursando faculdade de pediatria.
_ estava? _ vejo a interrogação na sua testa e pigarreio.
_ infelizmente eu tive que trancar ela, problemas pessoais _ a sala tem uma decoração bem moderna e muito bonita. Nada muito grande e nem muito pequeno.
_ sinto muito, querida _ ela sorrir de lado aparentemente tentando me confortar _ bom, você é a nossa primeira candidata _ ela senta no sofá e faz menção para eu fazer o mesmo _ Chloe nunca teve uma babá, Tyler sempre cuidou dela sozinho com a nossa ajuda, na verdade ele quase sempre rejeitou a nossa ajuda e sempre fez questão de cuidar dela sozinho _ vejo ela negar com a cabeça.
_ e onde está a mãe dela? _ eu não quero ser intrometida, mas eu preciso saber mais sobre a família para quem eu acho que vou trabalhar.
_Miranda foi embora assim que a Chloe nasceu, ela era modelo na época, estava no auge da carreira e fez questão de manter a gravidez longe da mídia, e assim que ela nasceu, Miranda foi embora deixando o meu filho e minha neta para trás.
_ eu sinto muito! _ que mulher sem coração, como ela teve coragem de abandonar a própria filha?
_ não sinta, apesar dele ter amado ela, Miranda nunca foi uma boa namorada _ vejo seu olhar ficar distante _ Tyler tem vinte e seis anos, eles eram bem jovens quando a menina nasceu, e nem mesmo por isso ele abandonou a filha.
_ apesar de ser uma história um tanto triste, eu fico feliz em saber que a Chloe tem um bom pai _ brinco com a alça da minha bolsa.
_ sabe, querida, eu gostei muito de você, e acho que está apta para o cargo de babá. Está jovem e vai conseguir andar no ritmo da Chloe. Ela é bem elétrica, e sem falar que a sua meia experiência em pediatria te dá um ponto bem extra! _ vejo um sorriso surgir nos seus lábios ao falar da neta.
_ eu tenho uma coisa para dizer antes que tome qualquer decisão _ estou tão nervosa e tão ansiosa. Eu quero muito esse emprego, mas não posso mentir sobre a gravidez, minha barriga vai crescer e eles vão perceber que eu omiti esse fato _ eu estou grávida de um mês, fui demitida do meu emprego e estou sem um lugar para morar, e quando eu vi o anúncio no jornal hoje de manhã eu senti um pingo que esperança nascer dento de mim novamente _ levanto do sofá _ o meu ex namorado não quer saber nem de mim e nem do bebê, mas nem mesmo por isso eu vou abandonar essa criança _ toco minha barriga _ ela é tudo para mim mesmo eu ainda não a conhecendo, e eu não quero ter que voltar ao Brasil agora, não sem ter pelo menos estabilizado a minha vida primeiro.
_ você é brasileira?
_sou, faz quase três anos que eu vir morar aqui, eu consegui uma bolsa em uma das melhores faculdades dessa cidade, foi lá que conheci o Jacob _ balanço minha cabeça tentando afastar os pensamentos ruins que se apossaram dela _ meus pais sempre fizeram de tudo por mim e pelo meu irmão, e eu não quero que eles se sintam na obrigação de cuidar dessa criança também. Eu sou a mãe e sou eu quem devo fazer isso _ volto a sentar no sofá e seguro sua mão _ por favor, me dá esse emprego, eu juro que a gravidez não vai atrapalhar em nada, eu posso passar a semana inteira com a Chloe se for possível, e eu prometo que assim que eu conseguir juntar um bom dinheiro, eu alugo um apartamento e levo todas as minhas coisas para lá _ eu estou me sentindo mais leve em ter contado tudo a ela. Não podia esconder o meu filho, ele vai crescer e mostrar as pessoas que está chegando no mundo para trazer uma cor a minha vida e fazer tudo isso valer a pena.
_ eu preciso conversar com o Tyler primeiro, ele não sabe que eu estou prestes a contratar uma babá _ ela sorrir de lado e afaga minhas mãos _ mas não se preocupe, querida, pode ter certeza que esse emprego já é seu.
A minha vida não vêm sido nada fácil nos últimos anos. Eu sou um dos cirurgiões mais renomados de Nova York apesar de ter apenas vinte e seis anos.
Mas não foi fácil chegar até aqui, os meus pais, apesar de terem dinheiro, não tornou as coisas fáceis para gente, eles sempre nos ensinou que se queremos mesmo conquistar algo, tem que ser com o nosso próprio mérito e esforço.
Eles começarem bem de baixo, e juntos construíram seu primeiro restaurante com o pouco dinheiro que tinham no bolso, então os negócios foram crescendo e hoje eles tem vários negócios espalhados pela cidade.
_ Tyler, eu preciso falar com você _ sempre que a minha mãe me olha com essa cara, é porquê ela andou aprontando.
_ o que foi dessa vez? _ olho para ela desconfiado _ o que a senhora fez agora? _ sento no sofá e suspiro esperando ela soltar a bomba.
_ eu contratei uma babá para te ajudar a cuidar da Chloe.
_ a senhora fez o que? _ olho para ela desacreditado _ sabe que eu sempre cuidei muito bem da minha filha sozinho e não preciso da ajuda de ninguém! _ levanto do sofá.
_ Tyler, a sua filha tem apenas seis anos! E você está atolado de trabalho no hospital, não pode deixar a menina com a Maria toda vez que tiver que fazer plantão. E sem contar que você quase nunca leva ela lá em casa, a gente quase não vê a Chloe _ ela nega com a cabeça reprovando minhas atitudes.
_ sabe que eu não gosto de incomodar _ suspiro e fecho os meus olhos.
_ ela é minha neta, sabe que nem eu e nem o seu pai iremos nos incomodar de ficar com ela, só que infelizmente a gente também está com muito trabalho esses dias, o restaurante vêm ficando lotado nas últimas semanas _ ela nega com a cabeça _Tyler, por favor, pensa na sua filha, está bem? Ela se sente sozinha nessa casa.
_ Mãe...
_ Sabemos que você se esforça ao máximo para dar a ela todo amor que precisa, entretanto, a Chloe precisa de alguém para distrair ela, precisa de uma presença feminina nessa casa além da Maria que não consegue acompanhar o ritmo dela _ ela toca meu braço _ mas se você não quiser eu vou enteder, eu posso encontrar uma vaga para a garota lá no restaurante.
_ não precisa!_ volto a sentar no sofá derrotado _ trás ela aqui amanhã, eu quero conhecê-la.
_ só tem uma coisa que você precisa saber _ ela morde os lábios _ a menina está grávida, e não seja insensível, eu prometi a ela que o emprego séria dela.
_ como uma mulher grávida vai cuidar da Chloe? _ não que gravidez seja doença, só que a Chloe é super elétrica e eu não sei se uma mulher grávida vai conseguir acompanhar o ritmo dela sempre que a minha filha quiser.
_ é simples, ela vai morar aqui com vocês até determinado momento da gravidez, assim ela não precisará se cansar ao ficar se locomovendo para cá todos os dias.
_ tá, e depois? Quando a criança nascer vamos ter que contratar outra babá? Como vai ficar a cabeça da Chloe com isso? Sabe que ela se apega rápido as pessoas.
_ ainda temos muito tempo daqui até lá, a menina está apenas com um mês de gestação.
_ mãe, tem certeza disso? Faz idéia de tudo que acabou de falar? Estamos trazendo uma estranha para casa e ainda por cima grávida!
_ Tyler, quando ela me disse que estava grávida, eu também fiquei meio relutante em contratá-la. Mas a menina está sozinha e sem um lugar para morar, ela precisa de ajuda e eu não posso ignorar isso. Podemos lhe pagar um bom salário e até mesmo um convênio médico para ela, sabe que eu criei vocês mostrando que devemos sempre ajudar as pessoas sem mesmo conhecê-las.
_ tá, você me convenceu mais uma vez _ me dou por vencido _ pode ligar para ela e dizer que amanhã mesmo pode vir.
Eu não irei trabalhar amanhã, vou aproveitar o final de semana para ficar com a minha filha, eu venho trabalhando muito nos últimos dias e tenho visto ela bem pouco.
_ obrigada, Tyler, eu sabia que você iria me entender.
Bom, essa é a minha mãe, Christine Miller. Ela sempre consegue nos convencer a fazer tudo que ela quer sempre que lhe é convivente.
Eu tenho três irmãos, Justin, o mais velho, ele tem trinta anos. O mesmo
trabalha no restaurante junto com os meus pais, ele nasceu nutrindo essa paixão pela culinária. Dylan é o segundo mais velho de vinte e oito anos, ele é advogado e isso é motivo de muito orgulho para a família, e Sara, a caçula é dona de uma loja de roupas no centro da cidade, ela tem vinte e dois anos e é casada com o Vincent, ele é meu melhor amigo e enfermeiro no mesmo hospital que trabalho.
_ bom, amanhã bem cedo ela estará aqui, só que infelizmente eu não vou poder estar presente, um cliente quer fazer uma pequena festa no restaurante e precisamos deixar tudo arrumado.
_ não se preocupe, eu vou cuidar de tudo.
_ por favor, Tyler, não seja rude com ela. Não esqueça que as mulheres grávidas ficam bastante sensíveis durante esse período _ minha mãe pega sua bolsa em cima do sofá, deposita um beijo em minha testa e vai embora me deixando sozinho.
Espero não que me arrepender disso.
POV Jai
Sábado, 07h13 da manhã.
Eu nem esperei o despertador tocar e já estava de pé. Ontem a noite eu recebi uma ligação da Christine, ela disse que hoje mesmo eu poderia começar o meu trabalho e levar as minhas coisas para lá.
E agora, me olhando no espelho com essas malas nas mãos, eu consigo entender todo o amor que os meus pais sempre disseram sentir por mim e pelo meu irmão. Eu estou indo trabalhar na casa de um completo estranho como babá e vou morar lá por uns bons meses, em outros tempos eu jamais faria isso. Eu provavelmente teria aceitado passar alguns dias na casa dos pais da Marie.
Mas agora não se trata de mim, e sim do meu filho. Eu preciso desse emprego para poder sustentar ele e comprar as suas coisas.
_ boa sorte, amiga _ Marie me puxa para mais um abraço _ e por favor, me liga todos os dias, não esquece de mim.
_ Marie, eu não estou voltando para o brasil, só estou indo trabalhar bem aqui do lado _ sorrio ao vê algumas lágrimas caírem pelo seu rosto.
_ é que faz tanto tempo que moramos juntas, e vê você indo embora assim está fazendo eu me sentir muito mal, é como se a gente estivesse se divorciando.
_ também está sendo muito difícil para mim deixar esse lugar _ suspiro frustrada ao ver o meu quarto vazio _ mas eu tenho certeza que em breve estaremos juntas novamente _ pego minha mala. Eu não vou levar muita coisa, apenas o básico e o mais necessário, o resto das minhas coisas vai ficar na casa da Marie _ eu vou marcar uma consulta para saber como o bebê está, você quer ir junto comigo l?
_ é claro que eu quero! _ ela senta na cama _ não vou perder nenhuma consulta do meu afilhado ou afilhada.
_ acho bom mesmo _ olho para o relógio em meu pulso _ eu tenho que ir, já está quase na hora de eu chegar lá.
_ eu também, os meus pais vão mandar um carreto vir buscar as nossas coisas e eu tenho que ficar lá fora esperando _ ela levanta da cama _ boa sorte mais uma vez, Jai.
_ obrigada, Marie _ pego minha mala em cima da cama _ a tarde eu ligo para você e conto com foi o meu primeiro dia no emprego novo.
07h34 da manhã.
As ruas de nova York estão bem tranquilas, e a casa onde vou trabalhar não fica muito longe do apartamento.
Foi uma corrida bem rápida, e sem contar que o taxista foi todo o caminho falado sobre a sua família. Isso fez eu me distrair um pouco.
Assim que cheguei eu fui recebida pela Maria, ela é a cozinheira e já me deixou informada sobre muitas coisas, inclusive que durante quatro dias da semana uma moça vêm limpar a casa e deixe tudo em ordem.
_ você deve ser a Jaiane, certo? _ levanto do sofá ao ver um homem descer as escadas acompanhado por uma garotinha que provavelmente deve ser a Chloe.
E para a minha surpresa, ele é o mesmo cara do bar.
_ sim, sou eu mesma _ estendo minha mão para o mesma que sorrir gentilmente e retribui ou gesto.
_ acho que a minha mãe já deve ter te informado sobre tudo _ ele olha para a garotinha ao seu lado _ amor, lembra o que eu te falei ontem?
_ que eu iria ganhar uma nova amiga?_ ela olha para me de relance.
_ essa é a sua nova amiga _ele aponta para mim _ ela vai brincar muito com você.
_ muito mesmo?
_ acho que para começar, você poderia me apresentar o seu lugar favorito na casa, o que acha? _ me aproximo da mesma que me olha duvidosa.
Chloe tem os olhos castanhos, seu cabelo é cacheado e vai até os ombros, sua pele é em um tom moreno e seu rosto é bem delicado.
...
...
_ o meu lugar favorito é a casinha da Cléo _ vejo ela deixar a timidez de lado.
_ Cléo?
_ ela é minha cadela de estimação.
_ é um animal muito dócil e se adapta muito rápido com as pessoas _ Tyler pigarreia _ eu vou estar no meu escritório se precisar de alguma coisa, e eu também mandei separar um quarto para você lá em cima.
_ os quartos dos empregados ficam lá?
_ não, você vai ficar em um dos quartos de hóspedes, ele fica ao lado do quarto da Chloe, como você é a babá dela, acho que será melhor ficarem uma ao lado da outra.
_ tá, eu vou levar a minha mala lá em cima e já desço para brincar com ela.
_ não precisa, deixa que eu mesmo levo _ ele faz menção de se aproximar mas eu nego com a cabeça.
_ não precisa se incomodar, eu mesma posso fazer isso, e a Chloe vai me ajudar a arrumar as minhas coisas, não é mesmo?
_ sim! E depois vamos brincar com a Cléo.
_ exatamente! Vamos brincar muito com a Cléo _ ela se aproxima de mim e segura minha mão. Acho que isso é um bom sinal.
_ aqui está o seu primeiro salário, espero que seja o suficiente para você _ pego o cheque de suas mãos e arregalo os olhos.
_ tudo isso para ser apenas a babá da Chloe?
_babá? _ ela me olha sem entender.
_ você vai ficar com ela durante as vinte e quatro horas do dia da semana inteira, e eu acho justo te pagar um salário adequado para isso.
_ é muito dinheiro, senhor Miller _ ele vai me pagar três mil e quinhentos dólares por mês, isso é mais do que o suficiente para mim e o bebê. Tenho certeza que posso até mesmo comprar uma casa com mais quatro meses de trabalho.
_ além do salário vamos pagar um convênio hospitalar para você, ficará tudo por minha conta, não precisa se preocupar com nada, apenas cuide bem da minha filha.
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