Nathan
11 anos atrás
Quando eu vi aquela menina parada com o olhar perdido, olhando nossa casa, eu logo me encantei com ela, diferente das outrasmeninas que eu costumava conhecer.Era um anjo de longos cabelos castanhos e olhos amêndoados que na luz do sol mudavam para cor de mel.Ela batia suavemente um dos pés no chão,para disfarçar seu nervosismo.
- Filho, essas são Georgina e Blair- meu pai já havia me falado sobre elas.Ele disse que havia conhecido a mulher de sua vida e que ela tinha uma filha.Ele estava trazendo elas para morarem com a gente.Que eu fui sortudo por ganhar uma mãe e uma irmã ao mesmo tempo-A partir de hoje elas vão morar aqui. Quero que deixe Blair e Georgina o mais confortável possível.
A menina de bochechas sorriu para mim.A mãe por sua vez me olhou um pouco ríspida e de cara eu já não tinha gostado dela.
-Nossa Oliver seu filho é muito bonito.Teve a quem puxar- Ela alisou os ombros de meu pai.
- Ele se parece muito com a mãe.Venha meu bem, vou mostrar o nosso quarto-Ela largou a mala no chão e meu pai a levou pela cintura até o segundo andar da casa.
A menina por sua vez ficou agarrada a sua pequena mala surrada.Eu a rodiei dando uma boa olhada por completo, ela me pareceu no inicio incomodada.
- Me diga Blair- eu cruzei os braços a encarando- Você é igual a sua mãe?
Ela me olhou surpresa.Puta que pariu, seu olhar era uma perdição.
- Desculpe?- ela.perguntou parecendo não entender a pergunta.
- Quero dizer, você é uma oportunista igual a sua mãe?- Ela se retraiu toda, visivelmente sem graça.
- Não e minha mãe também não é nenhuma oportunista- ela mordeu o lábio inferior, como se fizesse isso para não me chingar.
- Convenhamos que é díficil acreditar, quando em tão pouco tempo, uma mulher mais jovem aceita se casar com um homem um pouco mais velho, ainda mais se esse homem tem muito dinheiro.
- Fui pega de surpresa, tanto quanto você- ela respondeu e voltou a bater um dos pés no chão.
- Nathan, querido não deixe a pequena Blair desajeitada assim- Henrietta era a governanta da casa e alguém em quem eu confiava, já que ela cuidou de mim quando eu era apenas um recém- nascido. Ela fez o papel de mãe, quando a minha faleceu poucos dias depois de eu nascer.
- Me de sua mala mocinha- disse henrietta, estendendo a mão- Desculpe pelos modos do Nathan- ela estreitou seus olhos em mim- Ele esta muito surpreso, igual a você.Venha comigo, vou te mostrar o seu quarto.
Ela acompanhou Henrietta em passos curtos, não deixando de reparar nada a sua volta.Meus olhos não conseguiam não acompanha- la onde quer que ela fosse.Meu Deus ela só tinha 14 anos.
Pela primeira vez em muito tempo, eu estava jantando com o meu pai, ele era um homem bastante ocupado que fazia uma viagem atrás da outra,talvez essa mulher que se apossará do titulo de esposa dele, não fosse tão ruim quanto eu pensei.
Blair comia igual um passarinho, ou ela tinha problemas ou só era esquisita mesmo.
- E então Nathan, já mostrou a casa para Blair?- meu pai parecia um fantoche animado há mesa.
- Não tive tempo, tenho uma prova super importante e preciso estudar-Eu mexia o garfo na comida,para não ficar igual um lunático olhando para ela.
-Blair é muito inteligente. Talvez ela possa te ajudar- Georgina não perdia o tempo em querer mostrar- se prestativa aos olhos de meu pai- eu ensinei ela muito bem.
- Não duvido- retruquei- Mas acho pouco provável, ela.saber o que estou estudando no momento. Ela é só uma menina..
Ela me olhou por cima dos olhos, enquanto levava uma garfada atrás da outra na boca.Para onde ia isso tudo?
- Blair não se incomodará não é mesmo filha?
Ela não abria a boca para dizer se quer uma palavra, enquanto sua mãe falava por ela.
****
Eu tinha acabado de sair da piscina. Toda vez que eu tinha uma prova complicada, eu nadava para relaxar. Dessa vez, eu não estava sozinho.Ela da mureta que separava a piscina do jardim, olhava a paisagem enquanto deixava o sol encostar na sua pele.
- Você ao mesmo passou protetor?- perguntei enquanto entregava um frasco para ela- Pode ficar eu tenho um monte.
- Obrigada- agradeceu enquanto me olhava por cima dos olhos timidos. Acho que ela encarava meu peito nu, enquanto passava o protetor na sua pele branquinha.
- Vai me ajudar?- perguntei enquanto ela mantinha os olhos no meu corpo.- Gosta do que vê?- sorri,enquanto ela deixava o protetor cair no chão.
- Não, não estava olhando- ela gaguejava enquanto tentava se explicar.
- Eu estou brincando.Vem sua mãe disse que era muito inteligente.
Ela me acompanhou até uma das espreguiçadeiras que ficava na borda da piscina.
- Ela exagerou- disse engolindo seco- Só sei um pouco de tudo.E acho que estamos em niveis diferente.
Na verdade eu só queria era saber mais sobre ela, mesmo para pouca idade,aquela menina tinha algo que fazia com que você se interessa- se apenas por ela estar usando um sapato diferente.
Ela pegou um dos meus livros e começou a olha- los com determinação, prestando atenção em cada linha.
- Me diga Blair- eu a olhei- Você tem namorado?- suas bochechas coraram rapidamente.
-Não!- ela afirmou sem me olhar, mantendo os olhos nos livros.
- E você já beijou alguém?- Eu realmente estava pisando em um terreno perigoso, fazendo perguntas para uma menina de 14 anos, que estava mexendo comigo loucamente só por ser ela mesmo.
- Não- ela gaguejou- Nunca- fiquei realmente feliz por ouvir aquilo.
Me inclinei um pouco em sua direção, tirando o livro da mão dela, eu queria que ela me olhasse nos olhos.Tomei o perfeito queixo dela, para que os seus olhos encontra- se os meus.De perto aqueles olhos eram um perigo real.Ela começou a torcer os dedos e a bater aquele mesmo pé no chão.
- Então se mantenha assim. Não beije ninguém- eu disse.
- O que quer dizer?- Seus olhos pareciam confusos.
- Quando você tiver idade o suficiente, você vai entender-Eu pisquei para ela.Me levantei peguei meus livros e sai deixando ela ali.Eu tinha que me afastar.
*******
- Vamos a uma festa de gala, só com pessoas importantes e você está vestida como se fosse ao parque?Troque essas roupas imediatamente.Na verdade, venha eu mesmo vou fazer isso.Veja olhe para o Nathan, ele esta bem arrumado- Ela parecia extremamente chateada. Sua mãe puxou ela para cima novamente, enquanto em silêncio ela não dizia nada.
Qual o problema das roupas dela? Para mim ela estava maravilhosa, mais aquela mãe dela insistia sempre em pegar no seu pé.
Pouco tempo depois as duas desceram novamente.
- Olha ai- disse meu pai orgulhoso- Vocês estão maravilhosas- ele beijou aquela mulher com tanta malicía que me deu até nojo.
Blair tinha lindas pernas, mais não mudava o fato de sua mãe te- la deixado parecendo mais velha do que realmente era.Ela estava desconfortável isso era nitido. Tirei o meu paletó e coloquei sobre os ombros dela.
- Não se preocupe, vou cuidar de você essa noite- sussurrei baixinho.
Ela me agradeceu quase soluçando um choro, mais segurou firme.
Alguns amigos meu estavam lá, entre eles Wade Mitchell e Oscar Sinclair, era desses tipos de cara que eu queria proteger a Blair.
- Sua nova irmãzinha é uma gatinha.Não vai nos apresentar- Disse Oscar apontando o dedo para Blair que permanecia no canto.
- Ela é zona proibida para você Oscar- Alertei- Não ouse tocar nela.
- Hmmm.Então eu posso chegar nela?- Perguntou Wade, enquanto olhava Blair como um pedaço de carne.
- Você muito menos. Sua fama é pior do que a do Oscar,- Aqueles dois já estavam me irritando.
- Acho que alguém já marcou território Oscar. Isso quer dizer que se chegarmos perto dela, ele arranca nossos olhos- Disse Wade em tom deboche.
- Cala boca Wade. A garota só tem 14 anos, 14 anos entendeu? Não é pro seu bico.
- Mais naquele vestido- Oscar passou a lingua nos lábios- Ela aparenta ter muito mais.
- Vocês ja me encheram- Sai, deixando- os com suas mentes perversas. Aproximei de Blair que ainda usava meu paletó. Ela me olhou como se estivesse feliz em ver um rosto familiar- Vem, vamos dar uma volta- disse oferecendo minha mão para ela.
Um pouco arredia, ela pegou minha mão.Seu toque era gentil, a pele de sua mão tão macia como deveria ser o resto de seu corpo.
Saimos para o jardim, onde estava silêncio, sem todas aquelas pessoas chatas em cima como abutres.Acho que enfim ela respirou mais tranquila, relaxada.
- Aqui é muito bonito- ela disse olhando o jardim que estava iluminado com várias luzes, como aquelas de natal- Acho que ficarei aqui o resto da noite.
- Parece uma boa idéia- respondi, enquanto a olhava de canto- Posso te fazer companhia se quiser.
- Parece bom- ela agradeceu de forma sútil.
- Sei que tudo isso é novo para você.Sua mãe parece bem adaptada nesse ambiente.Mas você parece um gato jogado na jaula dos leões.Então mantenha- se sempre como você é, e nunca pelo o que eles querem.E como bônus de aconselhamento, Oscar e Wade não de papo para eles, aqueles dois são acostumados com outro tipo de garota.
- O cara de cabelos desgrenhados e o de cabelo puro gel?- ela riu- Eles ficaram um bom tempo me olhando.
- Eles são idiotas- afirmei- Vai por mim, fique o quanto puder na sua.Ok?
Ela afirmou com a cabeça.Houve um breve silêncio entre nós dois por um instante.
- E você Nathan?- ela me olhou, cortando qualquer silêncio naquele momento- Qual é o seu tipo de garota?- Merda, ela havia me pegado de surpresa naquele momento. O que eu responderia a ela? Naquele momento, desde que eu há conheci, meu tiponde garota era ela.Mais por sua pouca idade, eu tinha que me controlar o máximo que pudesse.
- Loiras- respondi de imediato- Altas e da minha idade se possível- Respondi tudo o que ela não representava.
- Hmmm- acho que ela também estava esperando outro tipo de resposta- Não temos muita diferença de idade.Você tem 17 e eu 14 , eu não sou loira, mas também não sou morena, meu cabelo esta entre esses dois.E garotas tendem a crescer até os 18 anos.
O que ela queria dizer com tudo aquilo?
- No meu mundo, você ainda é considerada uma criança- ela fechou a cara na hora.Os olhos estreitaram na minha direção, até brava ela conseguia ser bonita.
- E você é velho demais?Você não é mais virgem?- Puta que pariu, eu engoli em seco com a pergunta dela.
- Não, eu não sou mais virgem.Você é?- devolvi a pergunta sem medo.Ela abaixou a cabeça, encarando os pés, enquanto escorava os cotovelos na sacada de marmore.
-sou- falou baixinho.
- É claro que é, você nem beijou ainda.Espere por isso também- Ela voltou a me olhar, só que dessa vez parecia um pouco chocada- Não faça por achar que vai ser tudo diferente, porque não vai e você pode se arrepender depois.
- E eu vou esperar por quem?- Por mim sua boba, era o que eu queria dizer, mas não disse.Eu não disse nada.
- É melhor voltarmos- Caminhei na frente, deixando ela sem uma resposta.Eu estava nos limites do perigo e aquilo não era nada bom.Eu precisava manter distância.
*****
Eu estava prestes a completar 19 anos, Blair tinha acabado de completar seus 16.Tinham se passado dois anos que ela havia entrado na minha vida e foram dois malditos anos infernais, ve- la mudando pouco a pouco.Eu não levava ela para sair junto comigo, a primeira e última vez que fiz isso,obrigado pelo meu pai, eu tive que quebrar a cara de três babacas que tentaram se aproximar dela.Blair ainda era uma menina, mas as mudanças no seu corpo era visiveis, principalmente para homens com os hormônios descontrolados.Sua mãe começou a exigir mais dela, a levava em festas obrigadas e queria que ela começasse a frequentar o clube Preston, onde meninas iam para arrumar um futuro marido.Por sorte, eu nunca fui obrigado a ser submetido a um papel ridiculo desse. Então mantive distância o quanto podia dela,não a destratava mais evitava estar nos mesmos lugares que ela para a própria segurança dela.Cailin foi a primeira namorada oficial minha, que eu trouxe para casa e apresentei.Ela era a descrição de tudo o que eu havia dito para Blair aquela noite, tanto que quando ela colocou os olhos em Cailin, disfarçou mais no fundo seu descontentamento era visivel.Eu não amava Cailin, ela estava servindo mais para o propósito de esquecer aquela menina, então eu fazia coisas com ela que própriamente eu queria estar fazendo com a Blair.
Eu sabia que mais cedo ou mais tarde, Blair acabaria conhecendo alguém, beijando alguém e fazendo coisas com alguém que não seria eu e isso me deixava irritado toda vez que eu a olhava e imaginava ela estar nos braços de outro que não fosse eu
- Você perdeu o juízo Nathan?- meu pai batia a mão na mesa várias e várias vezes.Eu apenas o olhava, sentado, esperando o teatro dele acabar- Desde quando isso vem acontecendo? Você já encostou nela? Se você...
- Eu nunca encostei um dedo nela- levantei a voz- Que merda pensa que eu sou?Além do mais não vejo problemas, não é mesmo?- perguntei encarando o meu pai
- Eu proíbo isso Nathan. Nunca te neguei nada, mais isso não é possível.Ela só é uma menina e pior é sua irmã.
- Que Merda!- Levantei furioso- Você repete sempre a mesma coisa.Ela não é minha irmã de verdade e não estou dizendo que vou agora mesmo ficar com ela.Nunca escondi nada de você pai, como você fez quando disse que ia se casar de novo e colocou aquela mulher aqui dentro, estou te avisando sobre os meus reais interesses na Blair e se ela me aceitar, não há nada que você possa fazer- Abri a porta do escritório, não querendo mais ouvir sequer uma palavra dele.
- Feche a porta Nathan, eu não terminei- exigiu ele- Você é meu filho,mas herdou a genialidade de sua mãe, se eu disser não, você vai dizer sim- Meu pai voltou a se sentar na cadeira,com os olhos marejados.Toda vez que ele lembrava da minha mãe, ele ficava entristecido.Fechei a porta, esperando para ouvir o que ele tinha há dizer, mesmo já tendo tomado a minha descisão.
-Não há nada que você possa fazer pai.Eu quero estar com ela, se ela quiser estar comigo.
- Tem sim Nathan, tem algo que eu posso fazer- ele apoiou os dois cotovelos na mesa- Dessa vez, é não Nathan.Eu não vou permitir uma barbaridade dessa.Blair não é o tipo de esposa que eu pensei para você.Escute Nathan, você esta prestes a completar 19 anos e eu tenho planos para você.Um dia será meu sucessor e vai estar preparado para assumir isso tudo, ao lado da Cailin se você desejar casar com ela.
- Você esta se ouvindo?Com Cailin tudo é apenas fisico, e eu deixei isso bem claro para ela.Não pode decidir a minha vida por mim.
- Então decidirei por Blair.
- O que?- Eu apoiei as duas mãos na mesa, usando um pouco mais de força.
- Se não tirar essa idéia maluca da cabeça eu vou mandar a Blair para o internato- Quando els disse aquelas palavras, logo veio na minha mente os anos infernais que passei em um desses.Ele achou que era o melhor para mim, quando me mandou para lá.Vivi dos 6 aos 14 e raramente vinha aos finais de semana.Eu sentia saudades de casa, da Henrietta e do meu pai.
- O que?Porque merda faria isso? Qual o problema de me casar com ela um dia, se nem parente somos.
- Eu não quero Nathan, você me entendeu e isso já basta.Vou cortar esse mal pela raiz. Vai se transferir para oxford em Londres, vai estudar lá e trabalhar na sede da empresa.E não vai voltar até que essa estúpida idéia da sua cabeça deapareça.
- E se eu não fizer isso?
- Blair partirá amanhã mesmo pro internato das irmãs na suiça.E não pague para ver Nathan!
Apertei minha mão como se quisesse dar um soco em algo agora, a cara do meu pai, seria perfeito.Me controlei para que não cometesse uma loucura. Sai sem dizer nada, o odiando por isso.
Subi as escadas cego de ódio, com as palavras firmes do meu pai.Eu seguia minhas próprias regras, eu fazia o meu destino, mas não poderia submeter Blair a isso, ela não merecia pagar pelos meus malditos sentimentos.
- Nathan?- ela me chamou, quando eu estava prestes a entrar no meu quarto.-Você gostaria de ver um filme comigo? Eu não sei o que esta...
- NÃO!- Gritei.Os olhos ainda com ternura, me olharam mais assustados.
- Aconteceu alguma coisa?- ela tentou se aproximar.Ela queria me tocar e maldito seja, eu queria ali mesmo sentir ela de várias maneiras, era como se uma voz obscura falasse na minha cabeça, exigindo que eu a domina- se e leva- se ela a porra da minha cama.
- Não- Me afastei.Não iria fazer nada com ela, que eu fosse me arrepender depois- A partir de hoje Blair, mantenha- se longe de mim.Quando me ver e quiser me cumprimentar, faremos isso e só.
- Porque? Qual o problema?- ela buscava em meus olhos, respostas que ela nunca iria encontrar.
- Porque eu quero, droga! Percebi que você não é diferente de outras que querem apenas viver no bem bom.Vindo de quem é, deve ser tão mais oportunista que sua mãe.E eu não sou esse idiota Blair.Quer ganhar alguma coisa com isso?Vai ter que abrir bem as pernas.
- Nathan, você esta louco- ela começou a chorar- O que eu fiz para você? Do nada você age como se eu fosse um monstro?- Os soluços vieram depois que as lágrimas desceram pelo seu rosto.Eu queria poder fazer tudo diferente, eu queria poder abraça- la, dizer que era tudo mentira que eu era um babaca e que eu a amava.Mas privar Blair de ser livre, não cabia a mim, eu seria o pior dos merdas se fizesse isso com ela.Eu precisava que ela mantivesse a distância, e machucar ela seria a resposta.E depois disso eu esperaria que ela me perdoasse.
- O que você fez? Colocou os pés nessa casa, junto com a golpista da sua mãe.Vamos Blair, Wade e Oscar não se importariam de uma festinha a três.Eles também tem dinheiro se é o que você procura.- Entrei no quarto e fechei a porta, deixando ela ali, sem direito a resposta, sem direito a explicações.Apenas ali sozinha.Encostei na porta, me sentindo o pior de todos- Eu te amo. Me desculpe Blair- sussurrei, só para que eu tivesse alguma redenção no final.
Blair
No caminho para Austell liguei para a minha tia,Gina, eu não entrei em detalhes do porque estava retornando a cidade e ela também não perguntou, disse que me esperaria ansiosa. Tia Gina sempre foi muito calorosa comigo e quando deixamos a cidade, eu sofri muito em ter que me separar dela.Todo zelo que ela tinha comigo, eu só fui encontrar com Henrietta depois- saudades se Henrietta,lembrar dela me fazia lembrar de Nathan e a dor que eu estava me esforçando para esquecer, voltou como um soco no estomago- Suspirei e voltei a razão.Eu tinha que ser forte, eu sempre fui forte e agora não teria que ser diferente.
O ônibus estacionou na pequena parada que havia em Austell, peguei minha mala e uma sacola com comida que havia comprado no caminho, os lanches de Kyle não foram suficientes devido tamanho da fome que eu estava. Pisei em solo, depois de oito anos,pouca coisa havia mudado desde que sai de lá, a calmaria da cidade do interior nada se comparava a agitada Atlanta.Tinha a igreja que frequentavamos aos domingos do mesmo jeito, e a lanchonete da Truddy ainda funcionava a todo vapor, as pessoas andavam conversando uma com as outras e as crianças brincavam despreocupadamente na praça que ficava no meio do centro.Senti ao ar puro entrando, e a paz restaurando no meu coração.Eu não fazia idéia de como chegaria a casa da tia Gina, ela morava em uma pequena fazenda que herdará de seu falecido marido.Quando o ônibus partiu, do outro lado da rua avistei uma picape vermelha meio enferrujada estacionada em frente a loja de ferragens, um jovem rapaz de boné e camisa e calça jeans, estava encostado a picape com os braços cruzados a altura do peito.Ele me olhou e não tirou mais os olhos de mim por um curto tempo, seu rosto era familiar, mas nada que me fizesse lembrar de onde eu o tinha visto.Olhei um instante para ele e ele continuava me olhando, eu estava incomodada, quando pensei em sair de sua vista, ele descruzou os braços e atravessou a rua, fazendo sinal para que eu esperasse.Não haviam tarados em Austell, pelo menos era o que eu esperava.
- Blair?- ele levantou a cabeça, o boné cobria um pouco do seu rosto, mas foi o suficiente para ver os seus olhos escuros e as marcas vermelhas de sol em sua pele.Acho que ele devia ter minha idade, mas aparentava ser um pouco mais velho pelas linhas de expressão que contornavam o seu rosto.
- Desculpe, eu te conheço?- Perguntei pronta para correr.Acho que o Sr Filtch ainda era o delegado da cidade, ele me conhecia, daria um jeito rapidinho nesse cara, se fosse o caso.
- Caramba- ele me olhou de cima a baixo- Eu não tinha certeza se era você, por isso não me aproximei antes.
- E quem é você?
- Sou eu Dean- ele gargalhou tirando o boné da cabeça, e revelando a cabeleira castanha desgrenhado- Eu sei que mudei um pouco, mais acho que não tanto assim.
- Claro o afilhado da Gina- Respondi.E como um estalo me lembrei dele na hora, nós costumavamos brincar juntos pelos pastos, enquanto meu tio e o pai dele cuidavam da terra.Dean naquela época era mais franzino, menor que eu e quase sempre seu rosto vivia com terra.- Você esta mudado, eu nunca te reconheceria.
- Bom, ganhei um pouco de musculos com o tempo, não é facil carregar toneladas de feno- ele riu sem graça- Vem cá me da uma abraço garota.
Ele me puxou,larguei a mala no chão e o abracei, ele tinha cheiro de terra molhada, diferente de Nathan que tinha cheiro de hortelã.Nathan, suspirei.
- Você só mudou um pouquinho- ele me soltou- Mas continua a mesma magrela cabeluda que corria pelo campo.Vem a madrinha ta louca para te ver- Ele pegou minha mala e a sacola da minha mão- Tava alimentando o ônibus inteiro?
Eu ri, mas por dentro eu sabia que minha fome era por conta da gravidez.
Atravessamos a rua e ele abriu a porta da picape chevy para mim.
- Lembra dessa gracinha?Meu pai levava a gente para tomar banho de rio- ele colocou o boné de novo, ajeitando os fios dentro so boné- Ela ainda faz maravilhas, pode apostar.
- Eu lembro- disse- Lembro também que você queria que seu pai te deixasse dirigir para ir buscar , como era o nome dela?
- Brenda- ele revirou os olhos.
- Brenda, isso mesmo.Você queria ir buscar ela para a sua festa de 10 anos, só que você nem alcançava os pedais- eu gargalhei voltando a lembrar de como minha infância era boa.
- Vejo que esta voltando a lembrar- ele riu e entrou na picape.
No trajeto fomos relembrando de nosso passado e percebi que havia esquecido um monte de coisas.Mas o balançar da picape pela estrada de terra irregular, fez com que meu estomago embrulhasse por completo.Eu não devia ter comido tanto, agora me lembrava do sanduiche de peru, de atum e de pasta de amendoim dançando pelo meu estômago, querendo sair.Respirei fundo, tentei me entreter que não fosse meu patético enjoo, mas não deu certo.Bati minha mão no braço de Dean, para que ele parasse imediatamente a picape.Quando ele freiou no tranco, eu abri a porta e corri para o meio do campo, me livrando de toda aquela comida.
- Hey Blair. Você esta bem?- gritou Dean descendo na picape.
- Um segundo- levantei o dedo.Coloquei mais um pouco para fora e quando vi que meu estômago já estava menos carregado, eu voltei em passos lentos para a picape.
- Você ta branca como cera- ele estreitou os olhos em mim- Ta bem?
O que eu poderia responder? Não, eu não estou bem.Estou grávida do cara que acha que é meu irmão de sangue e me abandonou, não querendo mais nada comigo?Preferi inventar outra coisa, menos dramática.
- Estou sim- respirei mais um pouco- Acho que comi demais.Podemos ir agora.
- E me pergunto onde vai parar tanta comida assim?.
Com mais alguns minutos de estrada, chegamos a fazenda da minha tia.Ela havia mudado poucas coisas.Tinha uma cerca agora bem mais resistente, do que a outra.Ela havia aumentado a criação de galinhas e tinha mais tres vacas e uns cinco porquinhos,cada um respectivamente no seu cantinho.A casa ainda era a mesma, a única diferença era que agora estava pintado de branco.Olhei a varanda com a cadeira de balanço, logo depois que meu tio adoeceu, ele passava seus dias sentado ali e eu o fazia companhia.
A porta e a porta de tela se abriram juntas.E tia Gina apareceu toda sorridente para me receber.
- Eu não acredito que você esta aqui minha menina- Ela veio ao meu encontro.Me abraçou com tanta força, que eu pude soltar todo o peso do meu corpo.
- É bom te ver também tia- Finalmente.
Nathan
Nadar sempre me ajudou a relaxar, fosse por uma prova difícil na faculdade ou apenas para tentar parar de pensar na Blair, desde que ela colocou os pés pela primeira vez aqui.Isso me ajudava muito, agora eu só olhava a piscina,sentado na espreguiçadeira com uma cerveja do lado,sem perspectiva de nada.Dois dias tinham se passado desde meu ultimo encontro com ela, e toda vez que eu pensava na forma em que eu a deixei, eu me odiava por isso.Qualquer canto daquela casa me fazia lembrar dela, nem no meu quarto eu ficava mais, a lembrança dela nua na minha cama dilacerava meu peito.Desde que a verdade foi revelada e destruiu o que eu havia planejado, do pouco tempo que eu estivera com ela, eu não tenho falado com o meu pai, assim como eu me odiava, odiava ele e aquela maldita mulher por terem conseguido acabar comigo e com ela.Olhei a aliança que carregava comigo, desde que Blair a devolverá, ela não merecia isso, muito menos a dor que eu causei nela.Se eu pudesse, não eu não faria merda nenhuma diferente, ela era a minha irmã, mais caralho eu amava ela ainda, como eu poderia pedir para ela me esquecer, quando nem eu saberia se podia fazer isso.
- Caramba, quantos você já tomou?-A voz de Wade interrompeu meus pensamentos.Eu não queria ver ninguém, deixei bem claro isso, mas parece que ele não deu ouvidos.
- Não o suficiente.O que você está fazendo aqui Wade?- Eu guardei a aliança no bolso e voltei a tomar minha cerveja- Vai embora Wade.
- Henrietta está meio preocupada com você- ele sentou na espreguiçadeira ao lado.Pelo jeito ele não ia embora- E eu também estou.Nunca te vi desse jeito, por mulher nenhuma.
Dei lhe uma cerveja para ver se ao menos ele calava a boca.
- Vai atrás dela Nathan.Eu acho que se vocês falassem de novo...
-...Falar o quê?Já causei dor a ela, o melhor é que ela reconstrua a vida dela- Mesmo que isso me matasse, Blair tinha o direito de ser feliz, eu só não sabia se eu iria estar preparado para ve- la com outro.
- Jassie não acredita nessa história e parando para analisar os fatos, acho que nem eu- Ele só podia estar de sacanagem comigo.Ele queria que eu arrancasse sangue dele e particularmente, eu queria socar alguma coisa.
- Tem a merda de um papel que fala o contrário.- Eu o olhei ironicamente.
- E você vai aceitar isso? não era você mesmo que dizia que a mãe da Blair era uma aproveitadora? Quem dira que ela não fez isso? Jassie acha tudo isso muito estranho.
Jassie,era a amiga de Blair, falar na Jassie automáticamente me fazia lembrar dela.
- Você é Nathan Blake cara! Ou ao menos.o que sobrou dele.
- Você veio aqui para isso? Por que se for pode dar a meia volta e sumir- eu apontei para a porta.
- Não. Na verdade- ele pausou- Eu tenho algo para falar da Blair.
Já pensei o pior.O cretino chegou, sentou, bebeu e deixou para falar de Blair depois.Algo tinha acontecido?
- O que?- eu levantei chacoalhando seus ombros-Ela esta bem? Responde Wade.
- Calma ai cara- ele se levantou se afastando de mim.
- juro que se aconteceu alguma coisa com ela..
-..Ela foi embora Nathan!
As palavras de Wade fizeram meu coração dilacerar em vários pedaços.Blair tinha ido embora para onde? Com quem? Ela nunca me disse que tinha familia ou amigos.A unica pessoa perto dela, era aquela que devia protege- la, Georgina.
- Embora pra onde?- perguntei.
- Jassie e Kyle a levaram para a rodoviária, mas não quiseram me falar nada-Blair foi embora e de ônibus? Onde ela estava com a cabeça para fazer isso? Eu me senti em pânico, eu teria perdido ela para sempre? Blair me esquecerá como eu tinha pedido?Não haviam passado nem três dias, ela já poderia ter outro que a faria feliz, coisa que eu jamais conseguiria?
- Eles acham que eu ia vir correndo falar com você.
- E o que está fazendo agora Wade, se não fofoca?- Ele deu de ombros.Voltei a minha razão.Peguei minha cerveja, voltei a sentar.
- Blair não quer que ninguém saiba para onde ela foi Nathan.Acho que isso inclui você.
- Obrigado Wade!- agradeci.Querendo que ele não tivesse me contado nada.
- É só isso?- ele me encarou por um instante.Parecia confuso.
- Ela foi embora.Não tenho nada haver com isso- Mentira.Por dentro eu estava queimando-Acho que você deveria fazer o mesmo, eu realmente quero ficar sozinho.
- Não!- ele bateu o pé no chão.Voltou- se a sentar na espreguiçadeira- Sou seu amigo.Só vou embora quando estiver bem.Vamos ficar aqui em silêncio,olhando para o nada.
Eu amava Wade como um irmão.Quando eu voltei do internato, eu me sentia deslocado, não conhecia ninguém, não falava com ninguém.E então Wade apareceu, como se ele viesse para me salvar da minha sombriedade,ele foi o único que começou a conversar comigo na escola.Não perguntou nada, não me julgou.Ele apenas sentou- se comigo na hora do almoço.E agora ele estava aqui de novo, fazendo a mesma coisa.A unica diferença, era que dessa vez, ninguém podia me ajudar.
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