Ingrid, uma linda bebê, que viera ao mundo por acidente. Linda, como toda criança de sua idade, parecia um anjo, de cabelos claros e olhos pretinhos feito jabuticabas, não dava trabalho ao seu pai.
Porém hoje, chorava sem parar e André
um homem meio amargurado pela vida.
Um homem não tão alto, 1,80 para ser exato, moreno de olhos verdes. Era forte em sua juventude, mas por hora estava magro, por tantos problemas, e responsabilidade em seus ombros, não sentia muita fome.
Seu queixo estava mais rígido de que costume, estava desesperado, já que não sabia mais o que fazer. Já que havia dado leite a filha e remédio para dor de barriga, mas nada parava os choros da sua filha, e ainda pior parecia que chorava mais, seus gritos estavam extensos, e agoniantes, pareciam de dor. Isso partia o coração dele.
Abraçou forte em seu colo, contudo, não foi suficiente, chorou e chorou. Ele não podia culpá-la por não se sentir bem com ele, em seu colo, já que o mesmo não demonstrava tranquilidade. Com uma vida traumatizada desde os dez anos, ele já não era mais o mesmo menino doce, gentil e estudioso, o orgulho dos pais. Ficou rebelde, frio e depois de anos, se sentiu obrigado a morar com Suellen por conta de sua gravidez, pois ela vivia o ameaçando a querer abortar, e pior a querer tirar a própria vida,( não que seja horrível a tentativa de aborto, né leitores). Eles se tornariam pais, e como responsável, ele descidiu tomar conta das duas, sua vida não é fácil, mas ela sabia que a criança não tinha culpa, e com toda sua força iria cuidar dela.
E quando ela nasceu, seu coração amargurado foi dividido por um pouco de alegria, ele é pai , e ele iria proteja-la de todas formas como ele sentia que não tinha sido, quando criança.
A felicidade não durou muito,pois a mãe da menina fazia que a vida dos dois se transformasse em uma droga.
- Vou ter que te deixar aqui para buscar sua mãe. Por favor, fique quieta. - Ele implorou para a criança como se ela entendesse.
Ele sabia que é errado, onde já se viu abandonar uma criança que nem um ano tinha.
Mas ele não conseguia enxergar outra alternativa, se sentia perdido aprisionado em uma situação, que precisava de ajuda, não que ajuda que iria pedir fosse certa, porém tinha que tentar.
Colocou Ingrid no berço e foi buscar a mulher que já não era sua há meses. Ela vivia no bar, bêbada e nem sempre voltava para casa.
André torcia para que ela estivesse lá, precisava terminar com esse relacionamento que havia se tornado um pesadelo para os dois.
Mas agora não era de pensar no futuro, mas um jeito de buscar ajuda para sua filha, quem melhor que a mãe, assim o seu desespero, pensava.
Logo depois, iria realizar sua decisão.
Decidiu dar a guarda de Ingrid para sua mãe, sua querida mãe, lógico ele estaria presente o tempo todo, de olho para a proteger, mas a única que poderia sua filha crescer em um bom lar seria a casa da mãe, que apesar dos problemas de André, nunca o abandonará, mesmo depois de ele puni-la, culpando-a do que aconteceu a ele no passado. Ele balançou a cabeça afastando o pensamento dolorido.
- Ah, você está aí! - A pegou pelo braço. - Vamos! Você devia, pelo menos, beber em casa! Sua filha não para de chorar e nem ao menos sei o motivo! - Suellen só ria e pelo jeito, não entendia nada do que André falava, de tão bêbada que estava.
Ele já se via arrependido, ela não era uma mãe. E deste jeito nunca ajudaria a filha.
Ele a puxou quando um homem o empurrou e os dois caíram.
- Ela não vai a lugar nenhum com você, antes de me pagar o que deve! Ela vem comigo!
Um homem que tinha ouvido promessas de uma noite quente, depois de pagar bebidas a mulher já que alegava não ter dinheiro.
Ele não perderia essa, gastou muito.
Enquanto, no bar, André tentava levar Suellen para casa, tentando negociar com o homem, os vizinhos escutaram o choro da bebê, que gritava e tentaram abrir a porta. Como não conseguiram, ligaram para a polícia, que ao chegarem, verificou a casa e constatou que não havia movimento.
Nada bom para André que ainda negociava com o homem os gastos que teve.
Depois desta André definitivamente abandonaria a esposa em uma clínica e daria a filha aos cuidados da avó, até conseguir um bom serviço e até mesmo uma vida digna.
Uma criança não deveria passar por isso.
Então os policiais arrombaram a casa. Perguntaram aos vizinhos se sabiam quem eram os pais e os mesmos os entregou, dizendo que eles estavam no bar. A polícia resgatou a criança e entregou aos paramédicos para examiná-la. Um dos guardas foi para o bar acompanhado de outro.
No bar, André batia boca com o homem enquanto Suellen estava sentada no chão, rindo e chorando ao mesmo tempo.
- Parados! Polícia! - Todos levantaram as mãos, até a bêbada que ria, menos André.
Pois nunca imaginou que ...
- André? - chamou o guarda para ver de quem se tratava.
- Sou...
- Calado! Você está preso! - Antes mesmo de André reivindicar o motivo, eles já o deitaram no chão e o algemaram. Suellen, nem mesmo pôde ser algemada direito, de tão bêbada que estava.
André fechou os olhos, pensando em sua filha. Tentou perguntar porém o guarda não permitiu, ele somente desejou que sua filha estivesse bem.
Na delegacia, André e Suellen ficaram sabendo que seus vizinhos os denunciaram. Ele tentou se explicar mas os policiais nem deram ouvidos, e os acusaram sem dar a chance de qualquer explicação, por abandono de menor incapacitado. Julgaram ser por horas, já que o estado de embriaguez de Suellen, era avançado. Isso o daria cadeia e sem fiança. Teria um processo para tirar deles a guarda da filha. O mundo de André já era ruim, mas depois dessa noite, com certeza ele se sentiu e estava... Acorrentado.
Nycie, uma grande CEO de sua própria empresa com grandes sócios, de advogacia, e também trabalhava para o governo, a fim de ajudar os necessitados que não conseguiam pagar por bons serviços.
Ela está em seu escritório da promotoria, se levanta da cadeira e pega sua bolsa para almoçar. O telefone de sua mesa toca, fazendo-a largar a bolsa novamente para atender.
– Nycie, falando. –responde ela encostando da mesa cruzando as pernas.
Nycie, é uma mulher que onde passava, deixava olhares entusiasmados, graças a sua beleza.
Seu corpo não era considerado o padrão para ser modelo, um corpo cheinho, com algumas gordurinhas , que capas de revistas consideram fora dos padrões de belezas, mas para os homens essa era a melhor forma de uma mulher ser considerada ser gostosa.
Com altura aproxidamente, 1,62, curvas que toda mulher tem, em forma de violão apesar das gordurinhas.
Pele clara, mas não tão branca, cabelos nem lisos, nem crespos, as vezes alguns fios um poucos rebeldes, onde com um bom laquê não resolvesse.
E seus olhos seu maior poder encantador, castanhos claros que lembravam um pote de mel, que muitos tinham vontade de se lambuzarem. Atravéz deles ela demonstrava sua alegria, e simpática. Seus olhos viviam com um brilho incrível.
Como doce chamando abelhas, para experimentar seu nectar.
– Oi Nycie, quanto tempo! –o homem do outro lado da linda.
– Juiz Cold. A que devo a honra de sua ligação, Vossa Excelência?– Nycie se sente frustada por descobrir de quem se tratava.
Um homem dos seus 40 anos, muito charmoso, um tanto até lindo, moreno de cabelos poucos grisalhos.
– Um amigo não pode ligar para saber como anda a advogada mais linda da cidade?! – Ele ri do outro lado da linha.
– Tenho certeza que o motivo não é este. – Nycie mexe na alça de sua bolsa aguardando a resposta do juiz. Faz uma careta pois não suporta as cantadas descaradas do juiz, que como juiz, é muito justo e firme em suas audiências, mas como homem, é um charlatão de primeira. Nunca cairá em sua lábia.
– Bem, é verdade, não foi por este motivo. Mas quero deixar claro que por culpa sua, que não caiu nas minhas artimanhas! – Ele gargalha alto. Nycie coloca a mão na testa a esfregando em sinal de total falta de paciência. – Mas vamos ao que interessa! – Ele continua. – A senhorita foi escolhida pelo júri para defender um réu que não quis defesa, mas que a promotoria acabou o convencendo a aceitar. O caso já está catalogado no registro civil, em seu acesso. Estude-o e encontre o réu hoje às duas horas na cadeia, antes do horário de visita. Isso é tudo, doutora. Tenha uma boa tarde!
– Boa tarde! – Nycie desliga, antes que o juiz Cold venha com mais alguma gracinha.
Antes de ir almoçar, ela volta a sentar-se em sua cadeira e verifica o caso a fim de descobrir as informações de seu novo cliente.
...(・ω・)つ⊂(・ω・)...
Na cadeia, ao leste, bem distante da cidade, os presos estão em uma loucura total, fazendo rebelião por conta de uma sopa estragada.
André não se motivou a se juntar aos seus colegas de cela. Uma semana na cadeia, sozinho, sem dar nenhuma palavra a ninguém, nem mesmo depois de levar uma surra por julgarem-no um homem muito metido, ele não pronunciou nada. Por este motivo, ganhou o apelido de Dunga.
Na confusão do refeitório André leva um soco de um dos presos que fica louco quando vê os policiais dando choque nos presidiários. O homem corre e grita: “Choque não! Choque não!”, empurrando e dando socos em todos à sua frente, até que chega no armário da cozinha pensando ser uma porta. Quando a abre, encontra um morto que cai em cima dele, o desmaiando. Os guardas que o seguiam param e logo ligam para o departamento responsável pela investigação de homicídio.
Logo após o controle dos presos, os que estão mais feridos são encaminhados para a enfermaria ordenadamente. Assim que chega a vez de André, ele é impedido de ir para a ala, pois é informado de que há uma visita à sua espera. Ele estranha o fato, já que ele mesmo havia proibido a mãe de visitá-lo para não vê-la sofrer mais do que já havia sofrido. O algemam como o pior dos piores marginais de toda face da terra, dando-lhe pontapés e o empurrando a chutes até o corredor próximo à sala de visitas. O guarda disfarça e simplesmente o conduz à abertura do portão de grades.
– Vinte minutos! – grita o guarda.
André fica parado olhando para os lados com as mãos nas costas, procurando a visita. – “Não é possível que seja aquela garota ali. Mas só tem ela… Acho que deve ser um engano! O que uma mulher linda como ela quer comigo?” – Imagina ele.
André repara naqueles olhos que o encaram profundamente. Fixos.
Um olhar, de tranquilidade e leveza.
– Olha, acho que você se enganou – diz ele.
– André Luís Piotto, certo?
André fica surpreso que realmente seja ela sua visita. Ele levanta uma de suas sobrancelhas, imaginando o porquê, mas balança a cabeça afirmando.
– Bem, sou Nycie Freire Melo. – Ela estende a mão para um cumprimento mas percebe que ele está algemado.
– Policial! – grita. – Poderia tirar as algemas de meu cliente? O crime que ele cometeu não é para tanto!
O policial atende e tira as algemas de André, que passa a mão em seu pulso para aliviar a dor.
– Cliente? – pergunta ele.
Nycie se mantém seria, porém dentro, sorri, e André fica sem graça com sua beleza. Logo imagina que ela possa ser a advogada que a promotoria enviou. Ele não queria ninguém o defendendo, não queria expor sua história, não queria a pena de ninguém. Mas depois de tanta insistência, achou que o certo seria aceitar a defesa para que tivesse a chance de uma penalidade mais leve.
– Sim, sou sua advogada. – Ela estende novamente sua mão para cumprimentá-lo e André retribui.
Ao se tocarem, os dois sentem uma energia percorrer por seus corpos, partindo das mãos até os pés. Não uma energia ruim… mas sim, muito boa.
– Bem, seu caso é de abandono de menor incapacitado. O motivo, para ir beber no bar, correto?
– Se tá na minha ficha, é isso! – diz ele simplesmente.
Nycie, pela primeira vez, repara em um cliente, fica admirando a coragem do homem, e seus olhos verdes, como a capturou, o modo como ele respira e até a pequena transpiração que escorre por seu pescoço, descendo entre sua camisa aberta do uniforme, sentindo uma sensação boa. Ela tenta tirar os olhos dele, olhando para o fundo da sala.
Afinal isso não era nada profissional, se ela ficasse o admirando.
Isso a deixa nervosa. Nem mesmo depois de sua resposta grosseira ela foi capaz de se acalmar. Ela tinha que manter o foco, pois é advogada. Precisa manter o papel de durona e responsável, afinal, está ali para ajudar seu cliente.
– Sim, mas quero saber o que o fez esquecer sua filha. O senhor não parece ser um pai contente, se não, não esqueceria sua filha. Ou então é dependente alcoólico, teve que ir ao bar. Se bem que… acho que não é o caso já que não encontraram teor alcoólico em seu organismo. Me diz o que é?
– Agora importa? No dia em que tudo aconteceu, tentei falar com os policiais, gritei para me ouvirem mas ao invés disso, levei um soco na barriga – lamenta.
Nycie fica horrorizada com a declaração de André. Ouvia boatos de que os policiais eram duros com os presos, e que por isso, estava tendo até uma investigação sobre os maus tratos. Parece até que estavam recebendo propina para não baterem nos presos, e que tinha até um x9 que se faziam de detento para espionar. Teve até um detento, que ia depor contra um desses guardas corruptos, que acabou sendo morto e fora encontrado hoje. Estão investigando se o assassinato aconteceu na hora do protesto dos presos ou se antes disso. O corpo está no IML (instituto médico legal) para perícia. Ela passaria lá mais tarde já que também era da promotoria, para tentar descobrir se há um suspeito.
Depois que Nycie confirma com a cabeça para que continue, André conta tudo, desde a saída da ex-mulher, até sua ida em busca dela no bar.
– Seu erro foi deixar sua filha sozinha. Você poderia ter deixado com uma vizinha. Por que não o fez?
– Estava tão desesperado que nunca imaginei que aqueles imbecis iriam me denunciar. – André fecha as duas mãos em punho sobre a mesa, com raiva daquela vizinhança enxerida.
Certo dia, quando pediu ajuda para achar sua mulher que havia sumido pela primeira vez, caçoavam dele em vez de ajudar. Por isso, prefere morrer do que ter que pedir ajuda àqueles corvos novamente.
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No IML de Pitaraa, Thomas averigue o corpo da vítima, Math. Descobre que ele havia morrido duas horas antes de começar a revolta dos presos. Sarah, companheira de trabalho de Thomas, entra na sala com outros exames que foram retirados do local.
– E aí, o que tem de novidade Thomas?
– Bem, a vítima morreu duas horas antes da bagunça, e o que causou sua morte não foi a facada na barriga, já que a mesma não acertou nenhum órgão de risco. Ele foi enforcado, está vendo estas marcas aqui em seu pescoço? – Thomas aponta a marca com o dedo coberto por uma luva látex e Sarah assente com a cabeça. – Precisamos saber o que causou essa marca. Vou fazer uns testes. E você, o que descobriu sobre o sangue que foi encontrado no chão e no pano de prato que foi encontrado embaixo do armário? É da vítima ou tem outro sangue?
– O sangue é só da vítima. Não tem nada ainda que nos leve a algum suspeito. Vamos ter que vasculhar toda sua vida para encontrar algo. Mas antes, vou pedir que Wilham vá à antiga cela de Math para ver se encontra algo suspeito. A marca foi antes ou depois do ocorrido?
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Momento da morte de Math…
“Math caminha tranquilo em direção à cozinha a fim de encontrar a pessoa que o chamou ali. Num relance, sente uma facada na altura de sua cintura, pelas costas.
– Isso é para você sentir um pouco do medo que eu senti! – Uma voz ecoa próximo ao ouvido de Math.
Sem saber de quem se trata, Math cai na cozinha puxando consigo um pano de prato que estava ali, colocando-o sobre a ferida. Quando achou que o homem havia ido embora, foi pego de surpresa novamente pelo pescoço por um cordão e enforcado até sua morte. O homem que o matou, desesperado, coloca Math no armário e joga o pano sujo de sangue de baixo do mesmo.”
O assassino, ao se lembrar da morte de Matt, tenta dormir em sua cama, rolando de um lado para outro. Sabe que o que fez é o certo, mas, mesmo assim, sua consciência não o deixa em paz.
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No IML, o detetive Adrian averígua as provas e separa em cima de uma mesa a ordem dos fatos.
Erick tinha todos os motivos para matar Math, que ia depor contra ele por receber propina dos detentos. Estava sendo investigado e quando Adrian foi interrogá-lo, não conseguiu muita coisa. Já Erick, se mostrou surpreso ao descobrir que estava sendo investigado há algum tempo.
“Então, ele ainda não sabia que Math iria depor contra ele” – pensa Adrian.
Olhando detalhadamente as provas e a história de Math, Adrian descobre que Math já havia sido preso por diversas vezes e tinha várias acusações nas costas como molestador de menor e grandes golpes. Constatou também que, devido ao seu trabalho para a polícia, onde entregava os presos, seus dias na cadeia, com certeza, estavam contados.
Wilham, colega de trabalho de Adrian, tinha ido à antiga cela da vítima, Math, a pedido de Sarah. O que encontrou lá o levou a outro suspeito, Arnold, um presidiário que graças a um depoimento de Math, pegou prisão perpétua.
– Olá, senhor Adrian. – Ele se vira imediatamente e se depara com a linda advogada, Nycie, que sorri simpática. Ah, se ele não fosse casado e não amasse sua esposa, ela seria um partido e tanto.
– Oi. – Adrian a cumprimenta vagamente e volta para as pistas em sua mesa.
– Quais as novidades? – pergunta ela.
– Estou tentando encontrar uma evidência de onde aconteceu o crime para poder tirar um depoimento do próximo suspeito, Arnold – responde ele, ainda concentrado nos papéis.
– Hum… E as pistas não incriminam mais ninguém?
No mesmo instante em que Adrian abre a boca para responder Nycie, Sarah entra na sala.
– Ve… ja. Uh, tem visita – Sarah diz, ainda na porta. – Oi, é… – cumprimenta ela, ainda sem jeito. – Posso falar? É importante! – pergunta urgentemente. Adrian assente com a cabeça.
– Foi encontrada uma faca no quarto de Arnold. Wilham foi até lá para tirar o depoimento – diz, enfim.
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Na cadeia…
– O que o senhor deseja comigo?
– Você não sabe mesmo? – pergunta Wilhan, irônico. – Então vou ser breve. Foi você quem matou Math? – continua. Arnold fica branco como papel mas resolve ser verdadeiro com o policial.
– Não. E eu tenho um motivo para o querer vivo, vou te provar. – Ele retira um papel do bolso com a assinatura de Math, confirmado que tiraria o depoimento porque no depoimento anterior ele fora coagido a mentir sob chantagem, mas não dizia de quem.
– Como o senhor sabe, eu pedi para rever o caso, que foi aceito, então, eu precisava dele vivo.
– Mas me explique… como Math foi parar na cozinha se ele trabalhava na lavanderia? Havia um papel com ele dizendo para ir até lá. Não foi você? Quem mais o enviaria?
Wilham teria que descobrir de quem era a carta, e como não havia DNA, teria que ser pela letra. Pediu então a Arnold que escrevesse algo. Enfim, constatou não se tratar da letra dele.
...ᕦ[ ◑ □ ◑ ]ᕤ...
No IML.
– A faca que acharam no quarto não foi a que atingiu a vítima, mas sim uma das facas que o cozinheiro entregou. Ela tem o DNA de um dos detentos. Pesquisei e advinha de quem é? – Adrian e Nycie balançam a cabeça em negativa.
– Andre Luis Piotto! – revela Sarah.
Nycie fica em choque, pois se trata de seu cliente. Já Adrian, se mantém frio já que não se lembra do nome.
– Se trata do homem que fizemos exames para constatar se havia droga ou álcool em seu organismo. O que foi preso por abandonar a filha de quase um ano em casa, sozinha – explica Sarah.
– Você tem certeza Sarah? – pergunta Nycie incrédula. Ela confirma com a cabeça mostrando o resultado.
A notícia agora dificultaria o caso, tudo que tinha planejado com seu cliente sobre cumprir pena domiciliar já que é réu primário. Depois dessa revelação seu caso vai ficar mais difícil, mesmo que ele seja inocente. Agora, tudo indica que foi ele quem o matou, e se por acaso não encontrem o culpado… – "Se é que não foi ele mesmo." – Pensou Nycie, que decide voltar à cadeia hoje mesmo, não pode deixar para amanhã.
André está deitado no banco do pátio, tomando sol, quando o guarda vai chamá-lo. Mesmo que sua testa esteja desinchada ele passa a mão.
– Visita! Tá com sorte, heim! Hoje são dois! – grita o policial, rindo e debochando porque já imaginava o que seria.
André se levanta antes que o guarda o chute, pois ele não paga propina para não apanhar. É assim que os que não pagam, são tratados lá dentro. André guarda todo o dinheiro que ganha ali, pois vai dar à sua mãe, caso ela consiga a custódia de sua filha.
Seu peito se aperta de tanta saudade da pequena. Antes, ele sonhava em fugir, entregar a filha para a avó e depois sumir. Mas após uma semana e um dia na cadeia, essa ideia lhe pareceu horrível, pois ama a pequena Ingrid.
Dentro da cela de visitas, além da advogada, há um homem com ela. “Será que é seu marido, que ficou com medo de nos deixar sozinhos e veio como companhia?” – André pensou com pesar. Ele não sabe ao certo o que é, mas algo o incomoda.
– Hoje a senhora não veio sozinha – diz André.
Nycie ia estendendo a mão quando as mãos de André vão para baixo da mesa, sobre suas coxas, esfregando o tecido de sua calça sobre sua pele. Ele fica nervoso. E o motivo é ela.
– Sou o detetive Adrian e vim lhe avisar que você terá mais uma acusação em suas costas. O assassinato de Math – diz com firmeza, tomando para si a atenção de André.
André, por sua vez, não demonstra nenhuma reação. Ele sabia que logo aconteceria, pois deu a facada sem dó nem piedade, sem se importar com a sentença. Ele não se arrependeria.
– E daí?! – inquire André.
– Como assim “e daí”? André, foi você mesmo? Por que não me contou?! Sou sua advogada e estou aqui para te ajudar, mas parece que você não quer ser ajudado! – Nycie diz com muita raiva.
E neste momento André percebeu que o brilho no olhar dela, parecia decepção.
“Como pode, um homem de 26 anos tão bonito com uma filha linda, que nunca havia cometido um crime antes, agora com dois em suas costas?! O que leva um homem a mudar assim? Ele não quer ser ajudado, isso tá na cara! O que fez ele desistir de lutar?” – Nycie pensa consigo mesma.
– Eu dei a facada mas não o matei! Isso serve? – André debocha e levanta as sobrancelhas. Adrian ri, perplexo.
– Você já está avisado. Vou indo, depois venho pegar seu depoimento formalmente. Vou deixá-lo com sua advogada – diz Adrian.
André acompanha com o olhar o homem se levantando, vê que ele tem uma aliança em seu dedo. Depois, se vira para a dama à sua frente, observa sua mão com unhas bem feitas, e constata apenas um anel no dedo do meio que não se parece com um anel de compromisso e muito menos aliança de casamento. Isso o alivia um pouco.
– Então, qual foi o motivo que o fez dar a facada na vítima? – pergunta Nycie assim que ficam sozinhos. André faz careta, não quer contar sua história, não quer a pena dela.
– Olha, sou sua advogada e posso ser sua amiga, mas para te ajudar você precisa me contar. Se você não quiser que chegue ao jure, não vou expor, mas preciso saber para que eu possa montar uma tática para lhe ajudar. O que você acha?
Nycie não sabe ao certo o porquê ofereceu sua amizade, ela nunca havia oferecido isso a cliente algum, sabe que não é correto, mas por algum motivo, poderia ser , porque ele precisava de um amigo, ou talvez um carinho que já nutria por ele ou apenas por seu rostinho bonito… ele realmente é lindo e para confessar, o corte só deu mais um charme. De repente, ele sorri de lado e coloca as mãos unidas sobre a mesa. Nycie começa a sentir um calor, pega a gola de sua camisa, puxa e assopra sutilmente. Pego de surpresa, André vê mais um pouco da pele dela, exposta, logo abaixo do pescoço da morena e seu sorriso se alarga ainda mais.
– Vou te contar, mas cabe à senhorita, me dizer se vale a pena esconder do júri. Apesar de que prefiro assim. – Ele debruça um pouco na mesa, fazendo com que Nycie sinta seu hálito gostoso.
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