...Era Você...
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...🌼Cirley Miranda 🌼...
Sumário ✍️
Capítulo 01 – A Missão
Capítulo 02 – Quando te conheci
Capítulo 03 – O tombo
Capítulo 04 – Um anjo
Capítulo 05 – Amizade rompida
Capítulo 06 – Nosso beijo
Capítulo 07 – Convite
Capítulo 08 – Minha boca grande
Capítulo 09 – Tentativa de assalto
Capítulo 10 – Decidida
Capitulo 11 – Esperteza
Capítulo 12 – Nosso amor
Capítulo 13 – O dossiê
Capítulo 14 – Ameaçador
Capítulo 15 – Sobre preconceito
Capítulo 16 – Ele novamente
Capítulo 17 – Minha vingança
Capítulo 18 – O primeiro beijo
Capítulo 19 – A rejeição
Capítulo 20 – Amor de pai
Capítulo 21 – Amiga que defende
Capítulo 22 – Ela voltou
Capítulo 23 – Minha mãe
Capítulo 24 – Sarna para se coçar
Capítulo 25 – Sem vida
Capítulo 26 – Indignação
Capítulo 27 – Menina esperta
Capítulo 28 – O teste
Capítulo 29 – Doação de mãe
Capítulo 30 – Triste notícia
Capítulo 31 – Um tempo
Capítulo 32 – Reencontrando você
Capítulo 33 – Meu namorado
Capítulo 34 – Grávida
Capítulo 35 – Uma ameaça
Capítulo 36 – Meu filho
Capítulo 37 – O sequestro
Capítulo 38 – Liberdade
Capítulo 39 – Primeira vez
Capítulo 40 – Pedidos de casamento
Capítulo 41 – A apresentação
Capítulo 42 – O contrato
Capítulo 43 – Era para ser Você
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CAPÍTULO 1 — A missão
Na manhã de sábado…
Desperto ainda sonolenta, percebo que estou amarrada na cama e levo um susto ao perceber como estou.
— O que estou fazendo aqui? Assim?
— Te pegamos princesa! — Assusto-me.
— Não, pode ser!
Em seguida, ouço risos e vejo tudo escurecer novamente.
***
CINCO MESES ANTES…
Meu nome é Ricardo, tenho 30 anos. Trabalho na polícia civil há seis anos. Tenho uma vasta experiência em investigações, disfarces. Com meu melhor amigo, já desvendamos vários casos.
Em mais um dia de trabalho, converso com meu pai, Carlos, delegado. Ele começa a me passar onde será meu novo trabalho.
— Meu filho, eu tenho uma missão para você e para o Vitor! É algo que vocês fazem com facilidade.
— Deixe-me ver se adivinho pai, disfarce novamente?
— Sim. Vocês são as melhores pessoas para essas missões, não se deixam abater e efetuam o trabalho corretamente até o fim.
— Tive meu exemplo durante a vida inteira.
— Obrigado, você é meu orgulho! Mas vamos ao caso. — Ele me mostra as fotos já tiradas de uma turma específica de uma universidade. — A princípio todos esses nesse grupo circulado estão usando drogas, vários tipos diferentes. Seu trabalho será investigar quem de fato é o traficante, para quem ele trabalha e se há alguém inocente nessa história. Sabemos que tem sempre um que anda misturado que não sabe da situação.
— Sim. Verdade. Sabemos, porque já aconteceu. Mas quanto ao restante, com certeza, só podem ser um bando de inconsequentes, todos drogados que não ligam para nada. Conte-me tudo. Quero saber de cada detalhe.
— Então, vamos começar. Eles estão no último período do curso de administração. Portanto, o trabalho de vocês terá duração de no máximo seis meses, estamos no início de julho e até o fim do ano, eu preciso desse caso resolvido.
— Com certeza iremos resolver antes e prendemos o miserável que está traficando lá dentro.
— Sei que vocês são bons nisso, mas temos um problema aí.
— Qual pai?
— O culpado ou a culpada está recrutando outros jovens.
— Desgraçados! Esse lixo acaba com a vida de tantas famílias. Sinceramente odeio qualquer tipo de droga.
— Sim, meu filho! Por essa indignação que sei ser a mesma do Vitor é que vocês são as pessoas perfeitas para esse caso. Confio plenamente em vocês.
— Faço o que posso. Ele é a pessoa mais indicada para estar nessa missão comigo.
— Vitor ainda nada?
— Deve estar chegando.
***
Meu nome é Vitor, tenho 32 anos. Trabalho na polícia civil com Ricardo. Aliás, somos unidos desde criança. Estudamos e nos formamos na mesma época. O Tenho como meu irmão. Apesar de ele ser mais novo dois anos, é muito mais sério e mais competente do que eu. Tenho admiração por ele e por seu pai. Senhor Carlos me criou junto a seu filho desde os meus 12 anos, quando nossas mães faleceram em um acidente. Sou muito grato a ele, pois me criou da mesma forma que criou o Ricardo. Por isso minha admiração por eles é tamanha. Tenho os dois como minha família, já que nunca soube de meu pai biológico. Chego abrindo a porta com meu sorriso mais maroto, sei que cheguei atrasado, mas finjo que nada aconteceu, essa que é a verdade.
— Cheguei, cheguei. Não venham me falar que eu atrasei.
Ricardo me dando tapinhas nas costas e sorrindo.
— Tá vendo? Não muda! Pensei que eu ia sozinho nessa.
— Jamais vou te deixar! — Falo em meu tom brincalhão.
Ricardo, rindo bastante, fala e começamos a rir.
— Ainda tenho que aguentar isso aí. Vamos ao assunto. Continue pai, por favor.
Pego uma cópia da foto que o tio Carlos mostra e começo a observar enquanto o escuto.
— Bom. Aqui, nessa turma, a idade varia entre dezoito e vinte e seis anos. Você, Ricardo, já tem trinta! Mas em curso universitário sabemos que idade é irrelevante, então essa parte será tranquila.
Sempre com uma resposta na ponta da língua, eu brinco:
— Eu e meus trinta e dois aninhos, me disfarçando de novo.
Tio Carlos brincando comigo fala:
— Aproveite que ainda passa despercebido com menos de trinta. Hahaha.
— Isso aí, tio, tenho cara de vinte e cinco.
Ricardo rindo de mim e de seu pai.
— Vocês dois quando se encontram, não sei quem é o mais louco.
Rimos e tio Carlos volta à explicação.
— Vamos nos concentrar. Continuando… Vocês vão usar seus próprios nomes. Vocês acabam de chegar de São Paulo, não se conhecem, após descobrir esse fato, tornem-se amigos.
Chegaram a pouco e precisam terminar esse curso nessa universidade porque é a melhor opção.
***
Concordando plenamente com o que meu pai fala, pergunto para terminar.
— Mais alguma informação, pai?
— A princípio essas são as primeiras. Qualquer mudança aviso aos dois.
— E quando começamos?
Ouço Vitor sendo debochando como sempre.
— Nossa! Como estou ansioso! Não vejo a hora de começarmos logo e principalmente, a hora de terminarmos também.
Meu pai sorri e nos responde:
— Hoje é sexta, o primeiro dia de aula é na segunda-feira à noite, nesse endereço que estou enviando para os telefones de vocês.
Recebo a mensagem e confirmo:
— Ok, estaremos lá!
Vitor concordando também.
— Se não tem outro jeito. Fazer o quê?
***
No sábado pela manhã, chego ao apartamento de Ricardo. Quando ele abre a porta, logo falo:
— Ricardo, você tem que me dá um excelente motivo para me fazer vir aqui o seu apartamento em pleno sábado pela manhã.
— Bom dia, amigão. A cama está nas costas ainda.
— Foi difícil convencer o tio para que eu ficasse os finais de semana em casa e agora quando posso você acaba com meu sono.
— Sono? E a Fabíola?
— Saiu com algumas amigas.
— Pensei que ia sair algum namoro sério dessa história.
— Só saímos ocasionalmente. — Digo abrindo a geladeira de Ricardo pegando uma garrafa de água. — Acredito que não vamos ficar por muito tempo juntos.
— Por quê?
— Não tenho vontade nenhuma de sair com ela.
— Ela é muito bonita.
— De boca fechada. Procuro por alguém que saiba conversar também.
— Procure um terapeuta. — Diz Ricardo brincando.
— Hahaha, muito engraçado você.
Retornamos para a sala, me deito no sofá de Ricardo a fim de tentar reparar o sono que perdi e o incentivo:
— Agora diga o que fez você me acordar tão cedo para vir aqui?
— Quero que você faça o teste com a Mônica.
— Oi? — Pergunto Vitor num sobressalto, levantando-me rapidamente e sentando no sofá.
— Exatamente isso o que você ouviu.
— Cara, você tem certeza que quer concretizar isso mesmo?
— Sim, Vitor! Você a seduz e veremos se ela cede ou não.
— Mas você sabe que ela pode ceder.
— Estou preparado para essa resposta.
— Meu amigo, pense bem. Você terá que ter sangue-frio para fazer isso.
— Terei. Fique tranquilo.
— Ainda fico na dúvida em fazer isso para você.
— Vitor você já fez essa encenação inúmeras vezes profissionalmente, o que custa fazer para o teu amigo? Se teu relacionamento com a Fabíola não está bem, não tem problema.
— Quanto a isso, fique tranquilo. Não temos nada sério.
— Ótimo saber disso. Você pode ir até ao fim com a Mônica então.
— Você tem certeza? Não precisamos exagerar.
— Óbvio! Pelo jeito que ela te olhou na festa já posso prever o resultado. Não é exagero. Quero ver se ela tem coragem. Se tiver, vá até o fim.
Vou até Ricardo, olho bem sério para ele, coloco a mão em seu ombro e digo:
— Meu amigo, eu sei que sou bonito. Mas você também dá para o gasto. Não me olhe assim que eu me apaixono. — Ricardo me olha ainda mais sério para e eu lhe respondo: — Acalme-se! Tudo bem, eu aceito! Não fique bravo.
— Quando você pode me fazer esse favor?
— O mesmo texto de sempre?
— Faça da forma que lhe for mais conveniente.
— Hoje mesmo marco com ela.
— Obrigado!
***
Na parte da tarde, ligo para Mônica em modo privado e ela me atende receosa:
— Alô?
Para fazer o que meu amigo pede, entro no personagem e faço uma voz bem sedutora.
— Oi, Mônica?
— Sim, quem deseja?
— Sou eu, o Vitor. O Ricardo nos apresentou na festa da última semana, se lembra?
— Oi, Vitor. Claro! Como poderia me esquecer de você, posso te ajudar?
— Vou ser sincero com você Mônica. Gosto de ir direto ao ponto. Peguei seu número escondido no telefone do Ricardo. Estou em um bar e gostaria de saber se aceita tomar uma bebida comigo?
— Claro, posso sim! Onde você está?
— Te passo o endereço por mensagem, pode ser?
— Sim, é só o tempo de eu me arrumar e vou ao seu encontro.
— Ok. Vou te aguardar então, tudo bem?
— Sim.
Para terminar, capricho e digo maliciosamente:
— Um beijo Mônica.
Ela percebe e no mesmo tom, responde:
— Outro Vitor.
***
Mônica, estando em sua casa, pensando alto.
— Ai, esse homem é tão lindo. Meu Ricardo também é. Mas fiquei louca com esse amigo dele. — Ela recebe a mensagem com o endereço e pensa.
“É o mesmo bar que Ricardo frequenta”
“Mônica, você vai mesmo?”
“E daí? Caso ele esteja, está tudo certo!”
“Ah! O que tem demais, também?”
“Ricardo só fica trabalhando. Raramente nós saímos. Aproveitarei a vida, como já faço.”
***
Mônica chega ao bar em que me encontro. Quando ela se aproxima, sou o mais amável possível e sendo educado, puxo uma cadeira para ela sentar. Ela me cumprimenta com um beijo no rosto e praticamente me beija na boca porque viro o rosto propositalmente a fazendo corar e pedir desculpas.
— Desculpe-me Vitor, não foi minha intenção.
— Não? Mas poderia ser. — Respondo com um sorriso sedutor que funciona sempre.
Ela fica sem graça e eu percebendo falo:
— Vou pedir duas bebidas, ok?
— Claro. Obrigada!
Depois de algum tempo conversando, ainda sentado próximo a ela, chego mais perto e falo em seu ouvido:
— Então, Mônica. — Nesse momento passo a mão em sua coxa por debaixo de sua saia e ela aceita. Sinto que esse ei caminho e continuo e fala bem próximo ao ouvido dela: — Vou ser bem direto. Eu te chamei aqui porque estou louco por você. Desde que o Ricardo nos apresentou, não paro de pensar em você e em como posso te fazer feliz ainda hoje. Estou te desejando cada dia mais. — Enquanto falo, fico alisando a coxa dela.
Sinto que pelo olhar ela me quer, mas sua voz tenta passar uma imagem de boa moça, coisa que ela não é. Já dá para saber pelo pouco que estamos aqui.
— Que isso, Vitor! O Ricardo pode chegar a qualquer momento, esse é o lugar que vocês mais frequentam. — Ela diz isso enquanto tira a minha mão de sua coxa, mas sendo ágil, coloco novamente na mesma posição e sou insistente:
— Ele não vem! Já me confirmou. Mas se você quiser podemos ir para um lugar mais aconchegante do que aqui, o que acha?
Chego mais perto, beijo-a em seu pescoço e ela aceita. Essa é a deixa que eu precisava.
— Ai Vitor. Não sei. Melhor não fazer assim.
— Você quer mais do que isso?
— Você está me deixando de uma forma.
— Faço qualquer coisa para você ir agora para algum hotel comigo. Vamos?
— E o Ricardo?
— Esquece o Ricardo. Ele está ocupado.
— Mas vocês são amigos.
— Na verdade, não vejo a hora de ser transferido. Essa história de sermos parceiros de trabalho me aborrece, ele pensa que por ser filho do delegado pode mandar em tudo. — Falo da boca para fora. Ricardo é como meu irmão. Mas sempre fingimos competição em nossas investigações. Sigo com o mesmo texto. Ele que nos ouve sabe disso. — Mas vamos parar de falar dele. Você me quer?
— Quero! Muito!
— Então vamos?
— Vamos!
Enquanto isso, Ricardo ouve tudo por um microfone.
Quando chegamos ao hotel, faço o que Ricardo pediu e começo beijando Mônica, tirando sua roupa e ela se esquiva.
— Não sei se isso está certo.
— Certo ou errado, nós estamos aqui. Você quer ir embora e ficar sem esse amor todo que quero te dar?
— Não, eu fico.
— Isso que eu precisava ouvir. Vem delícia, você não vai se arrepender.
Mônica aceita transar comigo sem pensar nas consequências.
À noite, quando saímos do hotel, aciono um fotógrafo já a postos para tirar fotos de cada passo. Porém, sendo bem gentil sempre, beijo-a para ela não perceber minha atuação.
— Te deixo em casa princesa.
— Tudo bem. Obrigada. — Diz ela sorrindo-me
***
Ouço toda a conversa dos dois, desde o bar até Vitor deixar Mônica em casa e digo em meu pensamento alto olhando para as fotos em meu celular.
— Ainda bem que o que eu sentia por você era só desejo, ouvindo tudo o que aconteceu e vendo essas fotos agora, tenho certeza disso.
Ouço o telefone tocar e é Vitor que fala receoso.
— Missão cumprida.
— O que houve, por que está falando assim?
— Não me sinto bem em fazer isso para você.
— Fique tranquilo. Estou bem.
— Mesmo assim. Por hoje chega! Até amanhã em nosso café.
— Até amanhã, irmão. Obrigado.
— Você sabe que faço qualquer coisa para te ajudar Ricardo, então me agradeça esquecendo esse assunto.
— Como queira.
Desligamos. Sinto que ele ficou um pouco abalado. Mas eu precisava disso para continuar ou terminar de vez com ela. Amanhã à noite resolvo essa parte da história.
***
No domingo, tomamos nosso café em nosso encontro semanal na casa de meu pai. O dia passa muito rápido e à noite, recebo Mônica em meu apartamento. Ela finge estar com saudades.
— Meu amor, já tem cinco dias que não nos encontramos.
— Tenho tido muito trabalho. — Respondo dando-lhe um breve selinho para que ela não perceba, mas sendo insistente e se aborrecendo, ela fala:
— Ricardo, você já não tem tempo para mim. Onde já se viu ficarmos cinco dias sem nos ver. Há muito tempo quero te falar isso e chegou a hora. Você tem que decidir se quer ficar comigo, terá que escolher: ou sua profissão, ou eu.
Rio com incredulidade olhando para ela. Nesse momento começo o teatro que estou planejando desde ontem. Aliás, desde a festa em que apresentei o Vitor e ela ficou eufórica fazendo perguntas sobre ele. Mesmo sendo amigos e irmãos de consideração, não nos metemos nós relacionamentos um do outro. Tanto que só a apresentei a ele porque estávamos numa mesma festa. Ele faz o mesmo. Para chegar a apresentar só se o relacionamento for bastante sério. Continuo olhando para Mônica e rindo com meus braços cruzados encarando-a.
— Não é possível que eu esteja ouvindo isso. Você não está em seu juízo perfeito.
— É sério. Pode escolher. Você fará a escolha certa, tenho certeza. — Diz Mônica acreditando ser a melhor escolha.
Faço o jogo dela e concordo com sua postura.
— Está bem! Você está certa! Escolherei a melhor opção.
Mônica estando bastante feliz e sorridente.
— Você vai ficar comigo então, não é?
Passo a mão em seus cabelos descobrindo seu rosto. Com o mesmo gesto, seguro sua nuca. Beijo-a gentilmente em sua boca, aperto ela em meu abraço um pouco e olhando-a fixamente respondo da forma mais amarga possível:
— Não, meu anjo, eu não te amo tanto assim.
Ela faz menção de me socar, mas é uma atitude vã, porque eu seguro suas duas mãos enquanto ela tenta se desvencilhar.
— Seu… Seu…
Olho para ela com toda a raiva, que estava entalada aqui.
— Seu o quê? Você pensa mesmo que sou um idiota, não é Mônica? Escute isso.
Ponho a gravação para ela escutar. Ela leva um susto e tenta justificar-se.
— Você está louco! Eu nunca te traí!
Jogo as fotos de seu encontro com Vitor na mesa de minha sala.
— Está aí a minha loucura!
Ela, ao ver que não tem por onde escapar diante de todas as provas.
— Perdoe-me, por favor, Ricardo. Eu não vou te trair nunca mais.
Olho para ela com raiva e respondo cinicamente com ódio fixando em seus olhos.
— Claro que não vai. Essa história se encerra aqui!
— O que você vai fazer comigo? — Pergunta ela afastando-se.
Estranho sua reação, sigo em direção à porta e abrindo a mesma, falo:
— Eu não vou fazer nada. Por que está com tanto medo assim?
— Eu só quero ir embora.
— Não seja por isso. — Indico o caminho com a porta aberta. — Some da minha vida.
Mônica vai embora e eu fico pensando sobre como ela agiu. Nunca a tratei mal para ter aquela reação. Muito estranho tudo isso. Mas, enfim. Solteiro novamente. Pelo menos estou livre dessa que só queria me enganar.
***
No dia seguinte… Uma segunda-feira.
Meu nome é Melissa Ribeiro. Tenho 20 anos. Moro com meu pai. Minha mãe me abandonou quando eu tinha 05 anos. Dizem que sou linda. Às vezes quando me olho no espelho me acho mesmo. Mas sabe aqueles dias que não estamos bem? Nesses, eu me acho maravilhosa. Porque se eu não me amar, meu bem, ninguém fará isso por mim. Meus cabelos são lisos e ondulados nas pontas. São de um tom loiro escuro, um pouco acima da cintura. Tenho olhos verdes, pele branca, eu sou magra e meço 1,70 m. Sempre estou de bem com a vida, porque já bastam os problemas que enfrentamos se estivermos de mau-humor, será ainda pior. Ah, e uma característica muito forte em mim, é: não mexam com quem amo, porque viro uma fera.
***
Nesse momento, estou trocando de roupa para ir para a faculdade. Olhando meu reflexo no espelho e converso com ele, só para não dizer que estou falando sozinha.
— Hoje é o primeiro dia de aula dos últimos seis meses de curso. Tomara que dê tudo certo, quero logo ocupar minha cadeira na empresa de meu pai. Ele disse que antes de eu terminar o curso não ia trabalhar. Apenas aprender algumas coisas. Quero trabalhar, muito. Mas ainda resta praticamente seis meses.
***
À noite, chego naquele corredor que estava acostumada a chegar antes das 8h da manhã. Indo para a sala em meu primeiro dia de retorno e naquele horário, perto das 19h, eu me sinto como se tivesse sendo observada. Mas não. Olho ao redor e não há ninguém. Meu cadarço desamarra. Me abaixo para amarrar novamente.
***
Chego à faculdade que meu pai indicou, fico escondido esperando os alunos chegarem, até que avisto uma menina linda. Um rosto juvenil, não tem mais que 21 anos. Olho para a foto que meu pai me deu e percebo que ela faz parte daquele grupo.
— Ela é dessa turma, como é linda! Será que é usuária, sendo tão linda assim? — Ricardo foco na missão. Penso.
Vejo que olha para todos os lados, mas não há ninguém por enquanto, apenas ela e eu, ela só não consegue me ver, pois, eu me escondo facilmente. Como obra do destino, o cadarço se seu tênis desamarra e decido que é que a hora de me aproximar. Vou até a ela que está abaixada amarrando seu cadarço e quando ela levanta, esbarro nela de propósito. Olhamos um para o outro por longos segundos, esquecendo-nos de tudo ao nosso redor. Acredito que ela também se sinta assim pela forma que me olha.
Depois, ela sentindo uma dor no ombro pelo esbarrão.
— Ei, você não está me vendo?
— Desculpe-me colega, não foi por mal.
— Você é grande cara, tem que olhar por onde anda. Ai, meu ombro.
Toco em seu ombro e sinto-me culpado por tê-la machucado.
— Perdoe-me, por favor.
Sinto algo inesperado e ela tira minha mão de perto dela no mesmo instante. Mas em seguida é gentil.
— Está tudo bem. Fique tranquilo! Nunca te vi por aqui. Você é aluno novo?
— Na universidade, sim! No curso é meu último período de ADM, acabei de chegar de São Paulo.
— Qual seu nome?
— Ricardo e o seu?
— Melissa. — Responde ela estendendo sua mão e eu faço o mesmo gesto cumprimentando-a.
***
Que homem lindo. Por aqui na faculdade não tem ninguém a essa altura. Apenas garotos sem graça achando que podem pegar todas as mulheres que querem. Penso enquanto aperto sua mão. Como sou bastante curiosa, aliás, curiosa não, sou uma pessoa que gosta de estar bem informada e de preferência antes de todos. Sendo assim, pergunto a ele:
— E qual é sua turma?
Ricardo tirando um pequeno papel do bolso de sua calça.
— Deixe-me ver, aqui está sala 346 — Bloco B — Turma 508.
Fico feliz no mesmo instante, dou-lhe um sorriso ao constatar tamanha coincidência.
— Que coincidência! É a minha turma! Seja muito bem-vindo! Venha comigo. — Digo enquanto o puxo pela mão para lhe apresentar tudo.
***
Acho graça no jeito espontâneo de Melissa, gosto de sua atitude e penso.
“Essa garota. Não é possível que ela seja usuária. Ricardo pode ser qualquer uma”.
Melissa fazendo menção de me puxar novamente.
— Rapaz vem. Não mordo. Vou te apresentar a todos.
Chegamos diante do grupinho em que mais ela conversa, porém, não é tão ligada assim. Assim, ela explica no caminho. Ela me apresenta a todos.
— Fala pessoal, prestem atenção em mim, por favor. Esse aqui é o nosso mais novo colega de classe, Ricardo. Primeiro dia dele aqui conosco, estudará esse último semestre.
Olho para todos e minha sorte não poderia estar melhor. Que maravilha! O grupinho circulado tudo junto. Melissa continua em sua apresentação.
— Ricardo, esses aqui são alguns da nossa turma.
Enquanto Melissa apresenta, vou cumprimentando um por um.
— Esse aqui é o Fernando.
Fernando me cumprimentando.
— Olá, tudo bem?
Melissa continua.
— Esse é o Henrique.
— Seja bem-vindo, cara!
— Essa aqui é a Carolina! — Diz Melissa.
Carolina também lhe respondendo:
— Pode me chamar de Carol.
— Olha a assanhada falando. — Fala o tal Henrique.
Carolina olhando para ele com raiva.
— Não se meta na minha vida, Henrique, eu sou solteira!
Melissa ri olhando para os dois e continua.
— Gente, deixe-me acabar a apresentação.
Virando-se para mim, ela continua e eu só consigo prestar atenção quando ela fala. Preste atenção em tudo Ricardo. Você está trabalhando.
— Essa aqui é a Elisa e essa outra menina, a Gaby. Não é diminutivo de Gabriela, é Gaby mesmo.
Elisa responde com um tom malicioso:
— Oi…
Gaby também responde da mesma forma:
— Oi, lindo!
Sorrio para as meninas para fazê-las pensar que prestei atenção nelas, mas a verdade é que… Espere aí, estou vendo uma expressão carrancuda em Melissa pelas meninas estarem sorrindo ou será impressão? Observo quando sua expressão muda e ela diz em tom de brincadeira:
— Parem de ser assanhadas. Eu hein. Ele vai se assustar.
Outro cara vem em nossa direção, abraça Melissa e se apresenta:
— E eu sou o Cássio, o namorado da Melissa. — Diz ele estendendo a mão com um sorriso fajuto.
Quando vejo aquele idiota chegar perto dela abraçando-a uma raiva que não sei explicar, aparece. Mas me contenho, pois, acabo de conhecê-la. Apenas fico incomodado por ela ter um namorado. Ricardo pare com isso agora. Trabalho! Somente trabalho. Demoro, mas retribuo o aperto de mão que esse imbecil me oferece e aperto mais do que o normal.
— Muito prazer.
Ele percebe algo diferente, solta sua mão da minha e nesse mesmo instante observo quando Melissa se afasta dele dizendo em alto e bom som:
— Posso te chamar no máximo de ex-ficante. Nós nunca namoramos. Você só pode estar louco!
Todos vaiam Cássio e eu fico feliz, pois posso agora me aproximar dela. Que boa notícia, essa!
Melissa continua falando a todos.
— Bom, está na hora! A aula vai começar! Vamos?
***
Chego depois que a aula começa propositalmente para que todos prestem atenção. Como se não soubesse a turma, bato a porta com um papel em mãos e finjo ser um aluno novo. Olho para Ricardo e o vejo querendo rir, mas ele se contém.
— Com licença. Essa é a turma 508, último período de administração?
A professora respondendo-me:
— Sim, pode entrar qual seu nome?
— Meu nome é Vitor, professora.
Esbarro em uma cadeira de propósito e todos riem. Peço desculpas.
— Desculpem, desculpem, não quero atrapalhar a aula.
***
Mais tarde, por telefone, Ricardo, rindo, me pergunta:
— Vitor, o que foi aquilo? Baixou o aluno desastrado?
— Baixou foi uma quinta série em mim. Efetuei um teste. — Digo rindo bastante.
Ricardo agora estando sério.
— Ok, amanhã você fica numa cadeira ao lado e vamos iniciar uma amizade.
Em minha personalidade mais debochada, respondo a ele:
— Nossa! Estou muito ansioso para te conhecer, meu amor.
— Tem horas que não dá para conversar com você, francamente!
— Relaxa, tem umas gatinhas lindas lá. Então, usarei meu disfarce com prazer.
— Ok, mas não desvie o foco da missão.
— Pode deixar!
Mudo completamente para um tom sério me lembrando do que temos que concretizar e pergunto:
— Agora é sério, Ricardo. Você chegou a desconfiar de alguém?
— Ainda é muito cedo. Mas só de me aproximar do alvo que é aquele grupo já é meio caminho andado.
— Isso é verdade! Vamos para mais uma então!
— Exatamente!
***
Chego de volta a minha casa, porque como foi o primeiro dia só tivemos a primeira aula. Encontro meu pai jantando. Vou até a ele, me agacho e falo quando o olho com aquela cara de preocupado.
— Já sei o que o senhor está pensando, pai. Mas não fique preocupado, eu sei me cuidar.
— Você só tem vinte anos, Melissa!
— Isso não me faz ser irresponsável senhor Elias.
— Eu não consigo cuidar de você como antes. Já faz quinze anos que estou assim.
Fala meu pai, que virou cadeirante. Eu com a intenção de acalmá-lo.
— Isso não limita seu amor por mim, limita?
— Não, minha filha! Claro que não.
— Então fique tranquilo, já disse! Sei me cuidar.
— Você pensa que sabe. Não gosto de você estudando a noite. Eu não posso te proteger.
— Pai, eu quero ficar na empresa durante o dia. Sei que o senhor me proibiu de trabalhar enquanto não terminar os estudos, mas estou no último semestre, eu mereço acompanhar os serviços para mais tarde assumir, não mereço?
— Merece. Mas a noite, a violência tende a aumentar, hoje em dia, esses traficantes, disfarçados de alunos.
— Só estou acompanhando a turma. As aulas foram direcionadas para o turno da noite, pois acabou o horário da manhã.
— Mude de universidade!
— Pai! Não é assim, por favor, entenda meu lado.
— Melissa, o que eu não faço para te agradar?
— O senhor confia em mim?
— Claro que confio!
— Então para que ter medo? Eu o amo muito.
— Também te amo filha!
Abraço meu pai porque ali é o lugar onde me sinto mais segura.
No outro dia, no café da manhã, chego à presença dele e vou beijá-lo em sua face. Todos os dias faço isso. O amo demais.
— Bom dia, papai!
— Bom dia, filha linda!
— Posso ir para empresa com o senhor?
— E as aulas de tiro e a defesa pessoal? Não são as terças?
Fico entristecida, porque de algum modo entrei nessas aulas para que ele sentisse orgulho de mim e não porque gostava exatamente. Aproveito o ensejo para finalizar esse assunto de vez.
— Quero muito falar sobre isso, pai.
— Fale, não esconda nada de seu pai. Estou aqui para te ouvir e te ajudar no que for preciso, Melissa. — Diz meu pai pegando em minhas mãos e fazendo-me um carinho.
Tomo coragem, me sento próximo a ele e olhando-o no fundo, de seus olhos, sou bem sincera.
— Não quero continuar, pai. Desculpe-me. — Abaixo minha cabeça envergonhada. Mas é isso, tenho que encarar a realidade.
Meu pai, que nunca havia imaginado algo do tipo por eu me dedicar tanto a tudo que faço.
— Por que minha filha? Você é uma exímia atiradora e também excelente na defesa pessoal. Não consigo entender.
— Foi só praticar pai, por isso me destaquei. Mas não são as minhas paixões. Fiz mais para agradar o senhor. Tente me entender.
— Você quer dizer que não gosta nem de um e nem de outro, é isso?
— Sim. Na verdade, tenho horror a armas. Sei utilizar muito bem, se preciso for o senhor sabe. Mas não gosto nem um pouco. Não quero isso para minha vida. Perdoe-me por decepcionar o senhor. — Digo a ele ainda sem encarar.
Meu pai, levantando o meu rosto, olhando-me com amor e apontando para sua cadeira de rodas, pergunta:
— Por causa disso, não é?
Olho ainda mais triste. Aquela cadeira já me trouxe tantos pesadelos que assumo a verdade.
— Sim, pai! Por isso.
Ele vira-se e voltando para sua posição inicial, tomando seu café, sem me encarar, diz:
— Ok, Melissa! Agora só falta você me dizer que no último semestre, o curso de administração também não serve.
Sou rápida em discordar dele. Porque isso não! Quero muito trabalhar.
— Não pai, pelo contrário! É meu sonho! Preciso me formar e assumir uma parte da empresa como o senhor me prometeu e sei que estarei apta para isso quando chegar o momento.
— Sim. Mas quero um segurança ao seu lado na faculdade.
Arregalo meus olhos. Segurança agora não. Não é possível. Sou bem incisiva quando discordo dele. Ainda bem que meu pai sempre respeitou minha opinião.
— Não mesmo! Ninguém na faculdade sabe que sou filha de um ex-policial e não quero que liguem um fato ao outro, pai. Nunca tive segurança, não posso ter agora.
Ele novamente olhando para mim, pergunta:
— Você tem vergonha de mim, Melissa?
Olho para ele com incredulidade. Como meu pai querido e amado pode pensar algo assim de mim?
— Óbvio que não! Nunca mais repita uma coisa dessas, ouviu? Amo você pai!
— Então, qual é o problema?
— Não quero segurança, porque vão começar a perguntar o porquê e eu terei que explicar todos os motivos, vão acabar descobrindo e aí, sim, o perigo aumentará para nós dois.
Vejo-o refletindo e acredito que ele concorda pelo jeito como me olha admirado.
— Você está certa filha! Minha menina já tem vinte anos e está virando uma linda mulher. Inteligente, responsável, às vezes teimosa demais. Mas ainda assim uma filha excelente!
Fico emocionada com tudo que ouço do meu pai lindo. Apesar de estar ali sentado sem poder se mover, ainda é um homem lindo em seus 45 anos. Tive a quem puxar. Após me emocionar, fico rindo com carinho.
— Ah, pai. O que é teimosia para alguns, para mim, é meu incrível jeito de ser.
Ele rindo bastante de mim nesse momento.
— É difícil aceitar.
Decido agir com mais seriedade para que meu pai me leve a sério também e para que ele se acalme.
— Sei me defender. Ter praticado esses anos me fez aprender muita coisa. Não vou me esquecer de uma hora para outra, só não quero prosseguir, entenda isso, por favor!
— Por hora você me convenceu. Como sempre princesa.
— Amo o senhor, vamos para a empresa?
— Vamos mocinha, você sempre vencendo a guerra.
— Eu sei.
Respondo estando sorridente e nós dois rimos bastante antes de irmos para a empresa. Chegando à empresa, meu pai me pede para ficar ao seu lado.
— Fique comigo e acompanhe-me durante o todo o dia. Começarei a te passar tudo o que eu faço.
Fico imensamente feliz por, primeiro, ter contado o que estava me angustiando e agora estar ali ao lado dele.
— Sim, como o senhor quiser pai.
***
À noite na faculdade, como combinado, sento-me próximo a Ricardo para iniciar uma amizade e observamos o restante da turma, que prestam atenção quando a professora começa a falar:
— Turma, silêncio, por favor. Realizarei a chamada.
— Aline.
— Presente.
— Ângela.
— Presente.
— Bárbara.
— Presente.
— Camila.
Um silêncio surge e a professora olha ao redor e novamente chama.
— Camila, tem alguma Camila aí?
De repente, uma menina surge correndo, do nada e ofegante, cai na frente de todos. Enquanto todos os outros riem, (menos Ricardo e outra menina) eu rapidamente me levanto para ajudar quando ouço aquela que caiu responder à professora:
— Presente. Sou a Camila professora, ai, meu joelho.
Chego até a ela e a ajudando, pergunto:
— Menina, você está bem?
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