Me chamo Mirella Adams e tenho 24 anos.
Atualmente moro em Nova York ou como dizem a cidade que nunca dorme. Antes eu morava em São Francisco, porém isso é uma longa e triste história que vocês ficarão sabendo daqui a pouco.
Hoje tenho uma vida normal dentro do possível, faço curso de fotografia que tanto amo e adoro, além da faculdade de publicidade que aprendi a gostar graças ao meu amigo e irmão Eduardo.
Na minha vida existe também uma pessoa especial, Ryan,
o meu garotinho que amo mais que tudo. Meu filho tem 6 anos e tento ser para ele a melhor mãe que precisa embora sinta que falho na maioria das vezes.
Minha vida é conturbada e sombria, nasci e vivi no Brasil, um país muito lindo e encantador.
Conhecido pelo;
● Espetáculo do carnaval que envolve cultura, arte, música e entretenimento.
● As praias maravilhosas.
● As músicas que é digna de ser notada no âmbito cultural, samba sertanejo, axé, forró, capoeira e outros ritmos.
● A comida que tem sua autenticidade e personalidade em destaque o churrasco.
Bem, o Brasil é para mim um país que fascina por sua cultura, a minha vontade é explorar cada canto dele e fazer uma exposição, porém isso nunca vai acontecer, porque esse é o último país que pretendo pisar os meus pés um dia.
A minha vida no Brasil não foi fácil, por isso carrego comigo lembranças que ferem a minha alma e sangra o meu coração, além das marcas de dor e sofrimento que existem no meu corpo.
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Me chamo Richard Ferret, tenho 28 anos.
Atualmente estou solteiro e pretendo manter esse status por muito tempo, pois não quero me envolver com ninguém tão cedo.
Faz 4 anos que abri minha empresa de Publicidade junto com meu amigo e sócio Eduardo, conheci ele há alguns anos na faculdade ao contrário de mim ele era tranquilo, enquanto eu não dispensava uma bela garota e diversão.
O motivo da sua mudança para Nova York foi seu divórcio, foi uma surpresa para mim, descobrir que o mesmo estava casado imagina como fiquei ao saber que estava divorciado, mas cada um com os seus problemas. O importante é que a empresa está cada dia melhor.
Sobre mim não há muito o que falar, tenho várias técnicas de defesa pessoal, desde criança os meus pais cuidaram para que eu soubesse me defender caso precisasse, amo malhar e fazer caminhadas, aprecio um bom livro, um bom filme, uma boa companhia, acredite sou um homem romântico apenas não encontrei a minha mulher especial, aquela que fará o meu coração bater mais forte. Sou uma pessoa centrada e gosto do homem que me tornei.
Como todo o homem da minha idade adoro curtir uma noitada, existe uma regra que criei e não quebro jamais.
Nunca repetir uma transa, porque hoje sempre haverá uma mulher mais linda e gostosa que ontem, também não dou brecha para pensar que ela é especial.
Sei que sou cafajeste, mas não engano ninguém.
Meus pais são Betina
e Renato Ferret,
eles não gostam que ninguém saibam, então guardo esse segredo a sete chaves, mas pra vocês vou contar só não comentem com ninguém.
Eles são do FBI.
Sempre quis contar para os meus amiguinhos da escola entretanto tive que me manter calado por segurança.
Na minha vida tem apenas um garota especial que amo demais.
Bianca Ferret
a minha única irmã, ela tem 24 anos e somos muito unidos. A minha pequena é tudo para mim, com o trabalho dos nossos pais aprendemos a ser tudo um do outro, não que eles fossem ausentes, pelo contrário eles sempre estiveram ao nosso lado em todos os momentos.
No entanto, com a profissão que exercem e com as responsabilidades que tem, precisavam deixar-nos sozinhos muitas das vezes, não reclamo, pois, sei que através dos seus esforços podemos andar seguros pelas ruas de Nova York.
Bianca cursa publicidade e no final do mês acontecerá a sua formatura a qual não posso faltar. Após se formar ocupará um cargo na empresa como publicitária soube que a irmã do Eduardo também trabalhará conosco na verdade, nem sabia que tem uma, tudo bem aqui na empresa somos uma família, ela será publicitária e fotógrafa.
A minha vida é do jeito que quero e amo quem sou, enquanto não encontro uma mulher que roube o meu coração e os meus pensamentos vou curtindo com as que aparecem no caminho.
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Me chamo Eduardo Rodrigues e tenho 28 anos.
...Atualmente moro em Nova York e a minha vida é normal dentro do possível, tenho uma boa condição financeira, moro numa casa linda em um dos melhores condomínios da cidade, a minha empresa é próspera e lucrativa, amo a minha coleção de carros esportivos, vivo ao lado de quem verdadeiramente me faz feliz e o mais importante mantenho um relacionamento instável com Henry Carter
...
um lindo e amável psicólogo. Infelizmente para alguns, meu amor é uma abominação.
Vivi por muito tempo em meio ao preconceito e mesmo ignorando na maioria do tempo é difícil não se abalar muitas das vezes. Desde criança percebi que era diferente dos outros garotos, não gostava e nem queria me envolver com o que eles gostavam, por isso eles se mantinham distantes.
Por não me envolver com coisas que todos os garotos da minha idade faziam, eles perceberam que havia algo errado comigo e foi onde a perseguição começou. Na adolescência minha vida virou um caos, xingamentos e chacotas eram frequentes.
Eu não gostava de meninas, mas o pior era conviver com o bullying, foram dias horríveis onde eu era perseguido e agredido sem ter ninguém com quem desabafar. Então, dediquei-me aos estudos aguentando as ofensas e humilhação por não se enquadrar dentro do que aqueles garotos queriam de mim, assim me formei e assumi a empresa da família.
Os meus pais são Edgar e Antonela Rodrigues empresários bem sucedidos e conhecidos em todo o país. Sendo eles pessoas de negócios precisavam manter a vida perfeita nos padrões da sociedade, por isso me afastei deles.
Conheci Mirella há alguns anos e nos tornamos amigos, sua história de dor e sofrimento me atingiu, por isso nos ajudamos. Não consigo entender o ser humano, embora existam para serem bons elas se tornam tão cruéis que os animais se tornam anjos perto deles.
Mirella é doce e também uma mulher machucada, ferida tão profundamente que a sua dor é possível sentir em nós. Durante anos, tento ajudá-la e mostrar que mesmo no mais profundo da dor é possível se curar.
Infelizmente existe sofrimento que somente um amor paciente e verdadeiro é essencial para curar um coração machucado pela vida, acredito que existe alguém especial feito exclusivo para ela que a achará e a resgatará da escuridão em que vive. Mirella vai encontrar esse homem e será feliz ao seu lado, ela precisa apenas se livrar dos traumas para ser feliz.
Mirella Adams
Nem sempre as coisas acontecem como deveriam, era apenas uma garotinha inocente que precisava de proteção, porém não encontrei.
Eu morava no Brasil e quando estava com cinco anos o meu pai faleceu e deixou eu, minha mãe e meu irmão Christian de apenas dois anos sozinhos. Sem o meu pai, a minha mãe trabalhou para nos manter.
Os anos foram passando e tudo estava dando certo, a minha mãe trabalhava enquanto eu e o meu irmão íamos para a escola e depois para casa da minha tia até o momento que ela nos levava para casa. Quando completei 9 anos a minha mãe arrumou um namorado que no começo me tratava bem, sempre com surpresas, passeios e momentos de diversão comigo, meu irmão e minha mãe.
Um dia ele deixou de ser namorado e passou a ser marido e foi nesse momento que tudo mudou.
Estava com 12 anos, a minha mãe trabalhando, o meu irmão na escola e eu em casa, foi quando Marcos meu padrasto apareceu e venho na minha direção na cozinha. Ele aproximou-se de mim e começou a cheirar os meus cabelos, naquele momento senti um mal-estar e o meu corpo estremeceu.
Tentei sair de perto, mas ele colocou as suas mãos no meu ombro e depois passou ela em meu corpo, acariciou a minha intimidade e falou que eu estava preparada. Fiquei imóvel e não consegui me mexer, simplesmente paralisei enquanto as suas mãos tocavam o meu corpo.
Não sei explicar o que estava sentindo naquele momento e a sensação que aquele homem me transmitia, sei dizer que foi horrível. Naquele dia fui destruída e o meu pesadelo começou.
Aquele homem me destruiu por seis longos anos até que eu fugi dele, passei minha adolescência rodeada pelo medo, ameaças e sendo objeto de prazer daquele homem.
Quando completei 17 anos, conheci pela internet Eduardo. Ele sofria pressão dos seus pais, pois queriam ver o seu único filho casado e com uma família, entretanto existia algo que impedia, ele era gay.
Eduardo e eu começamos uma amizade e passamos a conversar diariamente durante meses até que um dia desabafei com ele, contei tudo sobre a minha vida, ele ficou indignado e queria que eu denunciasse aquele monstro. Seria o certo a fazer, mas quem acreditaria em mim se nem mesmo a minha própria mãe acreditou nas minhas palavras, seria a palavra de uma garota contra a de um homem que aos olhos de outras pessoas era bom e também um policial, por esse motivo o silêncio foi minha única alternativa.
Depois da minha conversa com Eduardo, ele fez-me uma proposta, casaria com ele e deixaria a minha vida no Brasil para trás longe daquele homem e mudaria para São Francisco, ficaríamos casados por dois anos depois cada um viveria a sua vida, assim a sua família pararia com as pressões e eu iria recomeçar.
Aquela proposta era uma loucura, mas do jeito que a minha vida estava, seria uma loucura não aceitar. Confiar em um desconhecido é estar fora da razão, então contrariando a razão confiei nele mesmo sem o conhecer.
Eduardo cuidou de toda a documentação e passagem o único problema era eu ser menor de idade, como precisava preparar todos os documentos e não tinha idéia de como fazer, seguindo conselhos de Eduardo contei tudo o que acontecia comigo para minha tia. No início ela não acreditou precisei contar cada detalhe do que aquele homem fazia comigo para ela me abraçar chorando e acreditar nas minhas palavras.
Contei também sobre Eduardo e a sua proposta, ela dizia ser uma loucura o que eu queria fazer, então tive uma conversa franca com ela e perguntei qual a hipótese daquele homem me deixar em paz já que dizia que eu era seu brinquedinho, sem alternativa ela decidiu me ajudar.
Eduardo enviou uma pessoa de confiança até a casa da minha tia e os dois arrumaram todos os documentos necessários e quando chegou o meu aniversário de 18 anos, me despedi da minha tia e sem olhar para trás deixei o Brasil.
Ao desembarcar em São Francisco, Eduardo me aguardava no aeroporto, quando o vi pela primeira vez, tive certeza que havia feito a escolha certa. Ele Era exatamente como nas fotos que me enviava e logo apagava, o seu olhar fascinante e limpo como se pudesse enxerga-ló através dos seus olhos transmitiu-me segurança.
Conversamos muito sobre o que faríamos a seguir e concordei, após um mês naquela cidade conheci os seus pais e casamos. Foi uma cerimônia simples para poucas pessoas, os seus pais estavam radiantes, Eduardo livre das opressões e eu havia finalmente escapado da minha vida de horror onde recomeçaria, então uma notícia me fez desejar morrer.
Uma semana depois do casamento desmaiei e acordei num quarto de hospital, o médico fez alguns exames e o resultado dizia que eu estava grávida. Aquela notícia era como uma sentença cruel de algum crime hediondo que cometi.
Para mim aquela gravidez era uma maldição, um pedaço daquele monstro que crescia dentro de mim que serviria para lembrar dos seus toques nojentos no meu corpo e o quanto eu era imunda e suja. Com aquela criança nunca conseguiria seguir em frente, não poderia recomeçar porque aquele bebê seria aquele homem para sempre ao meu lado.
Foi difícil aceitar que seria a mãe de um filho daquele homem, Eduardo tentou me consolar, mas suas palavras para mim, eram jogadas ao vento, então decidi tirar aquela maldição de mim, porém não fui capaz.
Marquei o procedimento para tirar o bebê de dentro de mim, cheguei na clínica, preenchi a ficha e não demorou para eu ser atendida. Primeiro passei por um psicólogo que explicou sobre o bebê, disse ser uma vida inocente que cresce e se desenvolve dentro de mim, expliquei os meus motivo sem expor tanto a minha vida para aquele homem e após me ouvir, falou que o meu bebê era uma vítima assim como eu, sai do seu consultório onde fui encaminhada para outro médico que pediu que deitasse na cama e examinou a mim e o bebê, no final deu iniciar ao procedimento.
Deitada naquela cama acaricie a minha barriga pela primeira vez e lembrei das palavras do psicólogo que dizia que aquela criança era apenas um inocente assim como eu e também seria uma vítima se eu continuasse com aquilo. Sem falar e ouvir ninguém coloquei as minhas roupas e sai o mais rápido daquele lugar, ao chegar em casa falei para Eduardo que não consegui, ele me abraçou e disse que iria ficar tudo bem.
Depois daquele dia fui orientada por Eduardo a procurar ajuda, iniciei um tratamento com o psicólogo e com a sua ajuda aceitei a minha gravidez e principalmente que teria um filho. Com a incerteza de como seria ter um filho de Marcos, ansiedade, medo e pesadelos faziam parte de mim, por esse motivo recusava fazer o pré-natal e acompanhar a gravidez, foi um momento angustiante que graças ao psicólogo e Eduardo consegui enfrentar.
Alguns meses depois, meu filho venho ao mundo, um bebê frágil e saudável, ao vê-lo pela primeira vez senti um sentimento estranho desconhecido para mim eu queria apenas amar, cuidar e proteger aquele ser indefeso que estava nos meus braços. Recebi alta e voltei para casa com o meu filho, um bebê puro e limpo que entendi que era apenas meu.
Ryan Adams, nome que dei ao meu filho e que desejo que seja muito amado e cresça seguro e protegido.
Eduardo queria assumir sua paternidade, mas não aceitei seria muito para mim, colocar essa responsabilidade em cima dele mesmo insatisfeito, ele concordou.
Fiquei casada com Eduardo por dois anos e depois nos separamos, os seus pais não entendiam e aceitavam nosso divórcio, porém não dava para continuar com aquela farsa. Com o divórcio fiquei perdida Eduardo é importante para mim e aos olhos dos outros éramos um casal perfeito entretanto a situação estava fora de controle, pois, Eduardo assumiu o seu namoro com o meu psicólogo Henry.
Um dia após apresentá-los não se desgrudaram mais, conversando com Eduardo ele entendeu que já estava na hora de contar para seus pais quem ele era realmente. Infelizmente os seus pais não o aceitaram e diante da rejeição Eduardo decidiu largar a empresa em São Francisco e recomeçar em outro lugar, por isso mudamos para Nova York.
Em Nova York Eduardo construiu a sua empresa de Publicidade com o seu amigo e agora sócio, não o conheço, mas Eduardo tem um carinho especial por ele.
Hoje fazem 4 anos que mudamos para essa cidade, durante esse tempo comecei a faculdade de publicidade e o curso de fotografia que terminam em menos de um mês. Trabalho em meio período não aceitei a oferta de trabalho do Eduardo quando não tinha formação porém agora tudo mudou, por isso aceitei o emprego de publicitária e fotógrafa na sua empresa, porém ocuparei esse cargo depois da formatura.
Enquanto isso trabalho meio período em uma loja masculina, foi um desafio que aceitei para tentar superar o meu trauma, faço faculdade e dedico o resto do meu tempo para o meu filho o qual eu amo cada dia mais.
... Mirella
...
Desde que mudei para Nova York, trabalho como gerente em uma loja de roupa masculina, no começo foi difícil trabalhar justamente em um local com vários homens circulando, mas acostumei e no fim foi fácil. Hoje será meu último dia nesse lugar, não tenho do que reclamar, aqui sou respeitada e consigo comprar o que meu filho precisa, claro que Eduardo mantém a casa, paga minha faculdade e também a escola do Ryan, porque com meu salário seria impossível proporcionar esse conforto ao meu filho e a mim, com meu pagamento mantenho a natação do Ryan e nossos gastos pessoais,
Eduardo é um anjo em minha vida cuida de mim e meu filho com muito carinho e dedicação.
Hoje é o dia da minha formatura, após me arrumar, preparar o café, arrumo o Ryan e descemos juntos para tomamos café com Eduardo e Henry. Depois levei o meu filho para escola e fui para loja trabalhar.
Hoje a loja está uma loucura tanto que fui atender alguns clientes e entre vários que circulavam pela loja um chamou minha atenção. Ele era alto, forte e com olhar penetrante que me deixou estranha, quando ele entrou na loja todas as meninas estava ocupadas, então fui atendê-lo, porém seu olhar me incomodou e dizia querer mais que uma ajuda para encontrar uma roupa, ele me desejava como objeto de prazer.
Entendi seu olhar e foi inevitável não voltar ao passado e lembrar daquele homem que tanto me fez mal. De repente lembrei de Marcos, do toque de suas mãos no meu corpo e senti nojo de mim naquele momento, então deixei aquele homem na loja fui ao banheiro e tentei me acalmar, alguns minutos depois voltei para recepção.
Aquele homem ainda estava lá e seu olhar me perseguia, confesso que me incomodou e mesmo não havendo palavras entre nós, seu olhar em mim dizia me querer. Foram mais de uma hora com aquele homem na loja e depois de comprar alguns ternos, várias camisas sociais e gravatas, ele foi embora me deixando aliviada.
Faz 7 anos que deixei o Brasil e junto dele ficou aquele homem que me fez mal e hoje carrego em meu corpo cicatrizes de cada momento de humilhação e dor. Ao lembrar do olhar do homem na loja, fez minhas feridas doer mesmo sendo pessoas diferentes a maneira que me olhava era a mesma.
Depois do acontecido o restante do meu expediente foi de aflição como se aquele acontecimento fosse o início de algo que ainda vai acontecer e que é desconhecido para mim.
Após o trabalho fui para casa, preparei um lanche, tomei banho e fui para o salão fazer cabelo e maquiagem, algumas horas naquele lugar e fiquei diferente, ao me olhar no espelho o resultado que vejo é de uma mulher linda coisa que recusei por anos aceitar, depois que aquele homem abusou de mim eu sentia nojo e repulsa, por isso não conseguia me olhar no espelho passei a fugir do meu reflexo e odiar meu corpo, achava que tudo que aconteceu era porque ele chamava atenção.
Nesses anos longe daquele homem, consegui através de várias sessões de terapia entender que o desenvolvimento do meu corpo não tem nada haver com o abuso que sofri e aos poucos aceitei como sou.
Saio dos meus pensamentos, agradeço, pago pelo ótimo trabalho feito e sigo para casa. Chego em casa e me surpreendo com Eduardo, Henry e o meu filho
no meio dos dois segurando uma caixa nas mãos.
Ryan entrega a caixa, abro e vejo um lindo vestido dentro dele.
Ryan_ Mamãe é para você ficar mais linda que já é.
Agradeço meu filho com um abraço apertado e um beijo carinhoso em sua bochecha, tiro o vestido da caixa e disfarço para ele minha cara de insatisfação. O vestido é lindo, mas não estou preparada para colocar algo que deixe meu corpo exposto, tenho medo de ter uma crise de pânico.
Lendo meus pensamentos Eduardo fala.
Eduardo_ Não tenha medo, nunca mais vão te fazer mal.
Mirella_ Eu sei, mas não estou preparada.
Eduardo_ Hoje é um dia especial, por isso é o dia perfeito para dar esse grande passo e não esqueça que estarei na primeira fila te olhando. Então qualquer coisa é só olhar para mim que estarei acompanhado de Henry e Ryan.
__ Precisou de muitas outras palavras de segurança para eu concordar, mas Eduardo me convenceu a vestir aquele vestido. Subi para o meu quarto e coloquei aquela roupa que parecia ter sido feita exclusivamente para mim,
vestir ele foi fácil o difícil foi sair do quarto com aquele vestido no corpo e não sentir nojo de mim.
Foi uma luta interna eu não queria usar aquilo só que não queria desapontar Eduardo.
Estava em guerra que logo perdi ao ver Eduardo invadir meu quarto e dizer que fiquei fabulosa.
Saímos de casa mesmo desconfortável com aquele vestido sentindo todos os olhares em mim, seguimos para o local da cerimônia. Deixei Eduardo, Henry e Ryan na primeira fileira de cadeiras e fui até o lugar reservado para os formandos onde coloquei a beca ouvindo os últimos preparativos para cerimônia.
Com a beca respiro aliviada e o desconforto passa, a cerimônia foi linda e perfeita, finalmente mais uma etapa da minha vida concluída, tivemos um momento para tirar foto com toda a turma, a única pessoa desconhecida que tirei fotos foi Bianca uma garota simpática que de vez em quando fazia trabalhos da faculdade comigo. Ela quis fazer amizade, mas é difícil para mim, tentei ser amiga dela só que ela é jovem e dinâmica, está sempre alegre e queria que eu curtisse aquilo que gostava mesmo querendo nunca consegui, porque mesmo tendo quase a mesma idade somos completamente diferentes e também minhas feridas impediram essa aproximação.
Após a cerimônia os formandos e seus familiares foram encaminhados até a recepção onde acontecerá um jantar, enquanto Henry, Eduardo e Ryan vão para nossa mesa saio para tirar a beca.
Depois de devolver a beca a minha luta interna contra aquele vestido voltou e sem ter o que vestir resolvo ir para recepção rapidamente e evitar olhares, mas sou impedida por alguém que pensei não ver nunca mais.
Desconhecido_ Nossa quase não te reconheci com esse vestido, você está perfeita.
Não consigo raciocinar naquele momento, sinto medo e angústia, ele percebe a minha aflição e pergunta se estou bem, não respondo apenas saio rapidamente de perto dele. Caminho sem direção e esbarro em Bianca que pergunta se estou bem.
Bianca_ O que aconteceu Mirella?
Mirella_ Por favor, fica comigo?
Bianca_ Claro, só diga o que aconteceu, você está tremendo.
Mirella_ Estou me sentindo mal.
Ela ficou comigo em um lugar pequeno tipo um jardim de inverno, Bianca foi paciente e respeitou meu silêncio.
Mirella_ Obrigado Bianca já estou me sentindo melhor.
Bianca_ Você quer contar o que aconteceu?
Mirella_ É uma longa história e você precisa voltar para recepção.
Bianca_ Se você não quer contar tudo bem, mas você também precisa voltar.
Mirella_ Você tem razão, vamos voltar.
Retornamos a recepção e de longe avistei os meus garotos em uma mesa afastada das demais, me despeço e agradeço Bianca que sorria e segue o seu caminho, vou até a minha mesa, me junto aos garotos, os únicos para quem consigo ser normal.
Eduardo_ Estava quase indo atrás de você, porque a demora Mirella?
Mirella_ Entreguei a beca e depois fui ao banheiro não queria demorar, desculpe.
Eduardo_ O importante é que você já está aqui e estamos orgulhoso de você.
Jantamos e fomos para casa, me despedir dos garotos, levei Ryan para o quarto, troquei a sua roupa e o coloquei para dormir. Enquanto ele dormia fiz carinho na sua cabecinha.
Às vezes sinto dúvida se realmente sou uma boa mãe, confesso que é difícil aceitar que o meu filho tem o sangue daquele homem e que uma criança inocente é fruto de algo que para mim, foi horrível e doloroso. Por isso as dúvidas surgem e me pergunto, como posso amar algo que venho daquele homem?
De repente ouço sua vozinha doce falar.
Ryan_ Eu te amo mamãe.
Nesse momento choro ao ouvir aquela frase .
Mirella_ Também te amo meu amor, você é uma luz em minha vida.
Fico alisando sua cabecinha e digo para mim mesma, é impossível não amar uma criança pura e doce como o meu filho. Observo Ryan por mais um tempo enquanto dorme e vou para o meu, deitada na cama após trocar de roupa lembro do homem da loja e penso.
Será que ele está me seguindo?
Sinto medo do seu olhar, mas ao mesmo tempo sei que são pessoas diferentes, o homem que me destruiu não se parece com o moço da loja mesmo tendo o mesmo olhar.
Com esses pensamentos adormecidos.
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