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Destinos Cruzados - Os Mafiosos Montanaris

01- Os Irmãos Montanari

Olá leitores, estamos de volta para uma nova história!

Vocês andam me pedindo muito para escrever outra, e aqui estamos nós.

Para os avisos iniciais, gosto de deixar claro que serão utilizadas de palavras chulas e que o conteúdo desse livro é para maiores de dezoito.

Irá conter os hots que nós gostamos, mas também conterá descrição de cenas violentas.

A mocinha desse livro, será um pouco diferente das mocinhas dos meus outros livros e um pouco diferente das mocinhas que se encontra por aí. Vic é uma mulher adulta e já passou da fase de inseguranças, portanto, não teremos uma protagonista virgem e em perigo.

Mais um aviso: Estou testando postar os capítulos sem revisar, isto vai fazer com que eu consiga postar mais capítulos por dia, porém, terão menos qualidade comparado aos capítulos de meus outros livros.

Porém, a cada 15 capítulos, irei fazer uma pausa e revisar todos os últimos capítulos de uma vez, portanto, peço desculpas pelos erros que encontrarem, caso estejam lendo enquanto o livro está sendo escrito.

Eu espero que se divirtam e se segurem nas poltronas, pois iremos embarcar nessa história nesse momento! ;)

.........

Porto do Sul da Itália - 23:49 PM

Em uma noite fria e tenebrosa e em uma localização fétida na periferia, não se ouvia nada além do uivo dos ventos marítimos e o som das ondas do mar batendo na mureta de contenção.

De repente, ouve-se passos e das sombras de um dos becos escuros e sujos daquelas ruas, sai um homem usando um sobretudo preto, bem alinhado e um chapéu, ao qual produz sombras em seu rosto, escondendo suas feições.

 Se eu estivesse lá, avisaria ao amigo que, não deveria se demorar por ali, se o local se encontrava vazio e abandonado, é por alguma razão. O homem provavelmente era muito corajoso para andar por aquelas ruas à noite ou… provavelmente ele era o próprio perigo.

O homem encosta na mureta e acende um cigarro, olha para aquelas águas com lixo e fezes flutuando e vê uma mão boiando no meio da sujeira. 

– Cazzo! – ele solta uma palavra inapropriada e cospe o seu cigarro com nojo e continua andando até o local marcado.

De repente, avista um carro parado na rua com os faróis acesos. Ele se emputece, pois, todos da vizinhança sabem do toque de recolher e todos sabem as consequências de desobedecer as ordens da família que controla a região.

O sujeito coloca a mão por dentro do sobretudo, alcançando a sua arma e atravessa a rua para verificar se tem alguém no interior do veículo.

O vidro do carro está embaçado e ele tenta limpar, mas não consegue sucesso.

Ele começa a bater no vidro freneticamente.

– Abre questa merda, bastardo! – ele grita, mas não houve nenhuma resposta. 

O homem fica irritado e puxa a sua pistola, calibre trinta e oito, e aponta para o vidro, porém, antes de efetuar o disparo o seu corpo cai no chão com a jugular dilacerada.

O homem atrás do sujeito, pega um lenço de seu bolso e limpa a faca em sua mão. Ele a gira com habilidade e a guarda na bainha, localizada estrategicamente na lateral de seu cinto. Ele dá um chute no corpo, verificando se ainda estava com vida, se abaixa e verifica os bolsos do cadáver e acha um pedaço de papel contendo informações valiosas.

Esse homem se tratava de Fabrizio Montanari.

Fabrízio Montanari

Fabrizio Montanari era o cabeça da família e estava sempre acompanhado de seu irmão, Fillipo. Ele já estava com os seus vinte e oito anos e desde os vinte anos está a frente dos negócios. Tomou a frente depois que seus pais tiveram uma morte violenta, devido a inimizades com outra família.

Fillipo Montanari

Na verdade, a culpa foi dos Ferretis, que desde sempre estão em guerra com os Montanaris. Não se sabe quando começou, só se sabe que muito sangue vem sendo derramado por causa dessa inimizade.

A porta do carro se abre e Fillipo sai, ele olha para o corpo ensanguentado no chão e já se irrita.

– Porca miseria, Fabrizio! Tinha que fazer tanta sujeira? – diz Fillipo.

– Vaffanculo, Fillipo! Preferia ganhar um rombo bem no meio da cara? – responde irritado.

– Achou alguma coisa? – pergunta Fillipo.

Fabrizio sorri, lhe mostrando o pedaço de papel que achou no bolso do falecido.

– Está no contêiner oitenta e um!

Eles vão caminhando para o local onde o navio atracou, tranquilamente. Qualquer pessoa acharia que isso é loucura, já que os dois estão caminhando sozinhos, indo enfrentar dezenas de homens, capangas dos Ferretis, que estão fortemente armados.

Bem, não se enganem com esses belos rapazes. Fabrizio é um assassino sanguinário e silencioso. Ele gosta de facas e tem até uma coleção de vários tipos. Já Fillipo, gosta de armas pesadas e se quer ver sua felicidade, é só lhe presentear com uma metralhadora, ou até uma Ak47. 

Porém nessa noite, o jovem Fillipo de apenas vinte e três anos, foi impedido de metralhar quem viesse pela frente, pois ele está apenas como o motorista, devido a sua habilidade de pilotagem. Hoje, quem vai fazer a festa é Fabrizio. Já que com facas, se faz menos barulho.

– Ei! Quem são vocês?! – grita o homem armado até os dentes, que está vigiando a entrada do porto clandestino, ao avistar os irmãos se aproximando

– Está falando comigo? – diz Fabrizio com um sorriso de deboche – Eu sou o último homem que você vai ver na vida, bastardo!

Nesse momento, o corpo do homem cai no chão com uma faca encravada em seu olho, que foi lançada por Fabrizio. Seu companheiro olha para o corpo, horrorizado, e logo ele tem o seu fim, rápido e sangrento, assim como o seu companheiro.

Fabrizio e Fillipo foram deixando um rastro de sangue e corpos até encontrarem o tal contêiner oitenta e um. 

Eles tinham recebido a informação de que haveria uma carga preciosa para os Ferretis nesse contêiner, e portanto, eles foram roubar a carga e ganhar uma vantagem sobre os inimigos.

Fabrizio arrebentou as correntes que trancavam o contêiner e eles entraram. Lá dentro, encontraram dinheiro e armas, porém encontraram coisas estranhas, como... brinquedos?

De repente, ouviram algo que parecia um choro e eles se entreolharam confusos. Foi então que Fabrizio sentiu a barra da sua calça sendo puxada e quando ele olhou, viu uma mão bem pequena o puxando.

Na hora, ele levou um susto e acabou derrubando várias caixas, o que fez aumentar o som do choro.

Os irmãos se entreolharam novamente, surpresos, e disseram em uníssono:

– Um bambino?!

Fabrizio se agachou para olhar de perto e viu o bebê dentro de uma espécie de jaula para animais, porém estava bem cuidado e o local forrado e acolchoado. Eles perceberam que a criança estava sendo bem cuidada e portanto era algo importante para os Ferretis.

– Esse deve ser o filho deles, irmão. – disse Fillipo – Soube que a signora Ferreti não pode ter filhos.

– Sorte a nossa então! Teremos um trunfo muito maior contra eles. – disse Fabrizio olhando para criança que simpaticamente sorriu para ele.

– Está pensando em levar o bambino conosco? – perguntou Fillipo, perplexo.

– É claro! Acha que vou perder a oportunidade de chantagear aqueles figli di puttana? – disse Fabrizio retirando o bebê de dentro da Jaula. 

O bebê parecia que se afeiçoou imediatamente com Fabrizio, ele parecia hipnotizado olhando o seu rosto e falando coisas na linguagem de bebês. 

– É melhor deixarmos ele em algum orfanato. Não sabemos cuidar dessa coisa.

– E correr o risco dos Ferretis pegarem ele de volta? Nem pensar! Não deve ser difícil cuidar do bambino, uma coisa pequena assim não deve dar trabalho. – disse Fabrizio com confiança.

Nesse momento o bebê dá um tapa no rosto de Fabrizio e o mafioso olha para ele com uma expressão irritada.

– Parece que o bambino dos Ferretis conseguiu o que nenhum deles conseguiu fazer: Encostar a mão em você. – disse Fillipo em um tom divertido.

– Ele não é um Ferreti. Enquanto estiver comigo ele vai ser um Montanari.

– Você não vai devolvê-lo em troca de um acordo de paz entre as famílias?

– Isso é o que eles vão pensar, mas se depender de mim, nunca haverá paz até que eu tenha estripado com minhas próprias mãos o último dos Ferretis. – disse Fabrizio indo embora carregando o bebê de forma desajeitada, como se fosse uma pasta entre seu braço e o tronco.

Os irmãos foram para outro porto clandestino, que estava sob os domínios dos Montanaris, e de lá, entraram em uma lancha a caminho da ilha Montanari.

A Mansão dos Montanaris ficava em uma ilha que era fortemente guardada. Nenhum barco ou navio se atrevia a passar próximo a ilha, pois corriam o risco de serem alvejados. 

Fabrizio e Fillipo chegaram em casa com o bebê, deixando o mordomo Bruno perplexo.

– Signore Fabrizio, de quem é esse bambino? – perguntou.

– Até que as coisas se resolvam, ele é meu!

O mordomo nunca imaginou ver o seu senhor com uma criança. Fabrizio não era lá um homem de constituir família. Quase sempre lhe eram oferecidas várias lindas filhas de outras famílias e ele recusava todas. Sempre dizia que nunca iria se casar, pois considerava as mulheres como seres ardilosos e fracos.

 Isso não era devido a nenhuma decepção amorosa e sim a criação do seu falecido pai, que era extremamente machista e lhes ensinou a não cair nas armadilhas de uma mulher. Percebe-se isso, quando se observa a ilha Montanari, onde em nenhum canto se vê uma figura feminina.

É claro que às vezes eles requisitavam visitas femininas, mas eram apenas para satisfazer seus prazeres carnais, e depois eram dispensadas.

Fabrízio colocou o bebê no chão de seu quarto e começou a retirar suas roupas ensanguentadas e colocou-as em cima de uma cadeira.

Ele foi ao banheiro e tomou uma ducha e quando voltou, com apenas uma toalha amarrada na cintura, encontrou o bebê brincando com a sua pistola que estava entre as suas roupas. Ele gostava de facas, mas é sempre bom carregar uma arma de fogo para alguma emergência.

Qualquer pessoa normal, ficaria desesperada com isso, mas Fabrízio se agachou e achou isso uma graça. Pensou que o bebê tinha um futuro na máfia, por já querer manusear armas. Em nenhum momento ele pensou que um bebê brinca com qualquer coisa que vê pela frente…

Ele retirou o cartucho e deu a arma para o bebê continuar a brincar. Depois foi vestir uma roupa limpa. De repente, o bebê faz bico e começa a chorar. Fabrizio fica desesperado sem saber o que fazer. Ele chama alguns capangas que ficam tentando fazer o bebê sorrir, mas não conseguem sucesso. Logo o seu quarto já está cheio de homens desesperados para ver quem conseguia fazer a criança parar de chorar e agradar ao chefe.

Bruno, o mordomo, chega ao recinto e revira os olhos com a cena.

– Signore, o bambino pode estar faminto. – deduz.

– Está esperando o quê para preparar algo? – diz Fabrizio se irritando, já que aquele choro já estava lhe dando dor de cabeça.

– Signore, bambinos costumam tomar leite. Não temos mamadeira aqui. Aliás, não temos nada para bambinos, ele vai precisar de fraldas, roupas, brinquedos…

– Caspita! Vá logo mandar alguém comprar! Será que vou ter que trocar de mordomo novamente? – Bruno sentiu suas pernas tremerem, ele sabe muito bem o que aconteceu com o último mordomo.

– Sim Signore Fabrízio, já vou providenciar! – diz o mordomo saindo correndo do local.

– Saiam todos! – gritou Fabrízio já irritado.

Todos saíram do quarto e Fabrizio resolveu verificar as fraldas. Ele quase vomitou quando percebeu o estado que elas estavam.

– Cazzo! Você é nojento! – gritou segurando a criança com os braços esticados, afastando-o.

Acho que ele acabou de perceber que não é tão fácil assim cuidar de uma criança.

Tampando o nariz ele tirou as fraldas da criança e depois encheu a banheira para lhe dar um banho. Ele lhe deu banho fazendo ânsia de vômito o tempo todo enquanto o bebê soltava sorrisos se divertindo com aquilo. Após o banho, o bebê se acalmou e ele deduziu que o choro era realmente pelas fraldas sujas.

Mais tarde, chegam as coisas do bebê que o mordomo pediu para comprarem, e depois de tentar por inúmeras vezes Fabrizio consegue trocar suas fraldas. O bebê acaba adormecendo em seu colo e ele o coloca deitado no tapete e vai para sua cama, exausto. 

Ele fecha os olhos, pensando que finalmente conseguiria descansar, porém é acordado com o choro da criança. Ele bufa, se levanta e leva o bebê para sua cama, que acaba adormecendo novamente ao lado do seu suposto novo pai.

.........

O que acharam do primeiro capítulo?

Espero que tenham gostado!

Não se esqueçam de curtir o capítulo, por favor!

02- As Irmãs Albuquerque

Mansão Oliveira - Brasil, 6:15 A

Mais uma vez ela passa uma noite em claro, e mais uma vez remédios e calmantes não conseguem aplacar a dor e o sofrimento de uma mãe que lhe foi tirado o seu bem mais precioso: o seu filho.

Vic, Victoria Albuquerque Oliveira, caminha pelos corredores vazios da mansão Oliveira procurando algum sentido para viver.

Victoria Albuquerque/ Vic

Apesar de todo sofrimento, ela era uma mulher forte e estava lutando contra os sentimentos de depressão. Sabia que se não conseguisse se manter de pé, ela não conseguiria encontrar o seu bebê. Por esse motivo ela se levantou da cama naquela manhã, abriu as janelas e deixou a luz do sol invadir o seu quarto, vestiu uma roupa comum de ficar em casa e desceu as imensas escadas da mansão para tomar seu café da manhã.

Ela olha para o lado pensativa, pois mais uma vez está tomando café sozinha, pois seu marido, Arthur Oliveira, não dormiu em casa em mais uma noite.

Vic tenta entender sua atitude, mas é difícil, tudo bem que ele trabalha muito em sua empresa, mas antes sempre dispunha de um tempo para ela, porém ultimamente, desde que ela engravidou, ele tem passado noites fora.

Ele começou a fazer isso já no início da gravidez e ela não entende porque ele continuou a mesma rotina depois de ter o filho raptado. Ele deveria estar junto a ela, a consolando e prontificando os seus esforços para encontrar a criança, mas ele age como se nada tivesse mudado. Pensou que talvez seja o medo de enfrentar o sofrimento ou talvez ele não se importe mesmo.

Essa dúvida a estava consumindo por dentro. Ele não era mais o mesmo homem com quem ela se apaixonou, e agora ele não parece o pai que ela esperava que ele fosse. 

O sonho de Vic não era ter um filho, foi a família dele que pressionou o casal, pois queriam um herdeiro para toda fortuna dos Oliveiras, já que Arthur é filho único. 

Vic já tem trinta e um anos e quando decidiu ceder às pressões, teve que fazer vários tratamentos de fertilização para engravidar, por ter tomado anticoncepcionais por muito tempo.

Ela costuma dizer que sua gravidez não durou somente nove meses, durou mais de dois anos, pois a partir do momento que decidiu ter um filho, a criança começou a ser gerada em seu coração.

A cada teste de gravidez com o resultado negativo mais a vontade de sentir o seu filho em seu ventre e ver seu rostinho na hora do parto crescia e logo a ideia de ser mãe se apossou de seu coração.

Arthur nem sempre ficava ao seu lado e  quando os sintomas da gravidez começaram a aparecer e Vic começou a engordar, suas ausências passaram a ser mais constantes.

Ela passou a maior parte da gravidez sozinha e chegou a cobrar a presença do marido, mas ele ao invés de tentar acompanhá-la, contratava empregados para desempenhar um papel que deveria ser dele.

Arthur Jr, nasceu muito saudável e esperto. Quando o viu pela primeira vez, o coração da mãe se inundou de amor e esperança. Essa é a imagem que ela sempre relembra todos os dias para continuar de pé.

Arthur Jr / Vicenzo

Depois de ter dado a luz, com o passar dos meses Vic conseguiu voltar a sua forma habitual. Ela era faixa preta em Jiu-jitsu e gostava muito de praticar esportes, tendo assim um corpo de dar inveja.

Sua boa forma e o seu corpo curvilíneo sempre foi algo que chamava muito a atenção por onde ela andava, somente na gravidez que ela perdeu a forma.

Depois que Vic voltou a boa forma, e também a sua vivacidade, Arthur, seu marido, começou a se reaproximar e há um mês atrás ele resolveu lhe levar para uma viagem romântica por um fim de semana. Fazia tempo que o casal não tinha romance e nem intimidade, portanto Vic acabou aceitando, acreditando que seu casamento voltaria a ser o mesmo de antes.

Pobre Vic, pois foi nesse exato fim de semana em que durante um passeio ao qual a babá levou o bebê para tomar sol, ele foi raptado.

O seu mundo desabou no momento em que recebeu a notícia e teve que voltar às pressas para a mansão Oliveira. A polícia foi prontamente acionada e ela também pediu ajuda a antigos companheiros de farda, porém quanto mais o tempo passava, mais as investigações esfriavam, até que chegou um dia em que a polícia decidiu do nada arquivar o caso. Nem os seus antigos colegas da polícia Federal queriam colaborar mais.

Skadi Albuquerque

Porém, Vic tinha um trunfo, a sua irmã mais nova Skadi.

Skadi é uma nerd, doida por tecnologia, tem dezoito anos e já faz faculdade de programação, porém ela só quer o diploma mesmo, pois já aprendeu tudo sozinha sobre isso.

Ela era uma hacker habilidosa e não tem nenhum sistema de segurança que não tenha conseguido invadir.

Skadi, a pedido da irmã, invadiu os computadores da polícia e nessa manhã ligou para Vic lhe trazendo valiosas informações.

– Por favor, me diga que encontrou ele! – diz Vic ao atender.

– Ainda não irmã, mas encontrei coisas estranhas.

– Que tipo de coisas estranhas?

– Bem, espero que você esteja sentada para o que vou te contar. A polícia tem fotos do dia em que o Arthur Jr foi raptado e pelas fotos, dá para ver nitidamente o sequestrador. Eles tem até a ficha criminal do cara. Ele é um argentino que é procurado pela interpol. 

– E por que esses filhos da puta não pegaram ele?

– Bem, eu te disse que as coisas ficariam estranhas. Dentre as imagens de câmeras de segurança do dia do sequestro, antes do sequestrador pegar a criança, ele aparece conversando com uma mulher e essa mulher eu tenho certeza que é a Denise.

– Denise?! A única Denise que conheço é a secretária do meu marido.

– Ela mesma, irmã. – Vic ficou sem palavras e confusa ao mesmo tempo. – Olha, eu resolvi investigar esses policiais que estavam responsáveis pela busca ao bebê e descobri que eles receberam grandes quantias de dinheiro em suas contas bancárias recentemente.

– Eles foram subornados?

– Sim, e advinha a conta de origem do dinheiro? Foi a Denise que transferiu.

– Aquela vaca vai se ver comigo! A vai! Porque ela fez isso? Ela é alguma espécie de sequestradora de crianças?

– A ficha dela é totalmente limpa, Vic. Vai ser dolorido te contar isso, mas andei investigando essa mulher e encontrei imagens de circuito de segurança em que ela entra em motéis com o Arthur.

– O quê?!– as mãos de Vic tremiam no momento. Ela não sabia se era da decepção que estava sentindo ou da dor de ser traída. Agora, as ausências do seu marido faziam todo o sentido.

– Irmã, eu sei que deve estar desabando agora, mas tenho que te contar mais uma coisa. Eu achei estranho a Denise ter tanto dinheiro para subornar os policiais e rastreei a origem do dinheiro e ele foi transferido para ela pelo Arthur.

Nesse momento Vic ficou em silêncio e enxugou todas as suas lágrimas. Chamas de ódio e rancor emanava de seus olhos. Ela não era uma mulher comum e sua vingança seria cruel.

– Obrigada Skadi. – respirou fundo soltando o ar com ódio – Prepare documentos falsos para nós duas e passagens para Argentina. Essa noite mesmo, nós partiremos.

Como eu disse antes, Vic não era uma mulher comum, ela foi uma agente Federal muito bem treinada. Desistiu da carreira por amor ao marido, aliás ela se doou muito a esse casamento. Não merecia essas traições e também não merecia o que aconteceu com seu filho.

Talvez Arthur tenha se acostumado com a Vic pacata e se esqueceu do tipo de mulher a qual ele se casou. Acredito que hoje ela vai lhe lembrar disso.

A tarde, Vic foi ao seu quarto e preparou uma mochila apenas com coisas essenciais, vestiu uma calça, uma blusa preta e confortável e uma bota sem salto. Pegou suas coisas e foi em direção a empresa de seu marido. No caminho passou no posto de gasolina e pegou gasolina extra e foi dirigindo assobiando, indo em direção a empresa do seu marido. Entrou no estacionamento da empresa e ficou vigiando de longe o carro dele.

Ao anoitecer, como esperava, ele apareceu com sua secretária ao lado. Eles entraram no carro e ele deu a partida. Vic foi os seguindo e eles entraram em um motel com garagem. Ela também pediu um quarto, para que também pudesse entrar e foi atrás.

Os dois entraram em um dos quartos e antes que a porta da garagem se fechasse, Vic rolou para dentro e se escondeu embaixo do carro enquanto eles saiam.

Depois que percebeu que eles entraram na suíte ela saiu de lá, com o seu galão de gasolina nas mãos. Foi até o painel de controle e ainda assobiando, cortou os fios dos sensores de incêndio. Sem pressa, subiu as escadas para a suíte, chutou a porta e entrou no quarto. Os pombinhos já estavam nus na cama quando pularam de susto vendo a mulher raivosa que adentrou o recinto.

.........

Sei não hein? Boa coisa é o que não vai acontecer nesse encontro.

O que vocês fariam se descobrissem uma traição?

Não se esqueçam de curtir o capítulo! ;)

03- O Legado De Sangue

Ilha Montanari - Sul da Itália 8:00 AM

Pela manhã, as notícias da invasão ao navio pelos irmãos Montanari, já se espalharam.

Fabrizio já tinha recebido ligação de vários companheiros lhe alertando sobre a guerra iminente que se estouraria. Tudo bem que as famílias já estão em guerra há muito tempo, porém agora, ela poderia se tornar muito mais violenta.

Fabrizio não se importou com os avisos, ele realmente queria um confronto decisivo entre as famílias, ele queria acabar de vez com os Ferretis. Nesse momento ele saberia quem estava realmente ao seu lado e quem iria dar para trás.

Ser de uma família importante, atrai muitos puxa-sacos, porém, na hora que realmente precisa, eles desaparecem. E era isso que Fabrízio queria, ele queria reconhecer quem estava ao seu lado só para conseguir vantagens e quem realmente eram seus companheiros.

A noite, Fabrizio e Fillipo foram a "La Cicciolina", que era um bar que ficava em terreno neutro, por esse motivo todas as famílias da máfia se encontravam nesse lugar. Era proibido travar guerras ou brigas enquanto estivessem naquela região, então as famílias não iam só para se divertir, mas também para negociar.

Fabrizio não foi lá exatamente para negociar, ele foi encontrar Demétrio, que era o responsável pelo bar. Ele achou que precisava de uma babá para o bebê, já que não tinha o menor talento para cuidar de crianças e desde ontem tem passado horas vendo vídeos no celular para conseguir dar um cuidado básico a ele.

O mafioso está exausto e percebeu que precisava de ajuda. Nem sempre poderá estar em casa para cuidar da criança e o seu mordomo é um imprestável para essas coisas.

Demétrio era o homem que conseguia as prostitutas para visitar a ilha e Fabrizio pensou que não seria difícil para ele conseguir uma babá. Já que ele sempre conseguia garotas novas para o seu negócio.

Pela primeira vez em anos, a ilha teria uma funcionária feminina, mas Fabrízio pretendia mantê-la só até que a criança estivesse maior e necessitasse de menos cuidados.

– Fabrízio Montanari.– disse Demétrio casualmente – Qual menina quer hoje? Não sei se é do seu gosto, mas consegui uma ruiva de apenas dezoito. Ainda é una piccola vergine, então vai custar mais caro.

– Desde quando eu gosto de vergini?! Eu gosto das experientes que já sabem como agradar un uomo. Guarde a piccola vergine para algum brocha figlio di puttana!

Demétrio ri e serve uma dose de conhaque ao mafioso.

– A mesma de sempre, então? – pergunta.

– Não, hoje eu queria fazer um pedido diferente. Quero uma bambinaia.

– O quê? É algum fetiche diferente?

– Zitto! Quero una donna que sabe cuidar de bambinos.

Demétrio olhou para ele confuso, porém Fabrizio era um cliente importante que ele não queria perder. Apesar de ter construído uma imagem de respeito junto aos mafiosos, existiam muitos outros cafetões por aí querendo pegar o seu lugar.

– Fique tranquilo, Signore Fabrízio, vou conseguir uma.

Fabrizio virou a dose de conhaque e saiu do balcão do bar, indo em direção a uma das mesas, onde estava Fillipo e alguns companheiros conversando. Algumas putas estavam lá, dançando e divertindo os homens enquanto isso.

– Fabrizio, os Ferretis mandaram um recado. – disse Fillipo, lhe oferecendo um copo com vodka.

– Não estou curioso para ouvir, mas diga logo, pois quero rir um pouco.

– Eles estão nos oferecendo um milhão de dólares e o controle do bairro Rondine.

– Hummm… parece que pegamos algo muito importante mesmo. O bairro Rondine é uma região que estamos tentando pegar já faz tempo.

– Exato! Estava conversando aqui com nossos compagne e todos concordam que devíamos aceitar.

Fabrizio cruza os braços e começa a rir. Depois olha para uma mesa ao fundo, onde estavam alguns Ferretis olhando para eles de forma ameaçadora. Ele ri debochando e depois diz bem alto:

– Col cazzo, que eu vou aceitar a proposta deles! Quando eu acabar com os Ferretis, tudo vai ser meu mesmo!

– Fratello, soube que os Ferretis estão se preparando. Vai rolar muito sangue.

– É exatamente isso que eu espero, Fillipo! É exatamente isso. – disse olhando para os Ferretis, os desafiando com o olhar.

Fillipo entendia o ódio do irmão, ele sabia mais do que ninguém o que eles perderam com essa guerra. Porém, ele não estava afim de perder mais, apesar das provocações que falavam um para o outro, os dois eram muito unidos e Fillipo temia acabar sozinho um dia.

Por esse motivo, preferia negociar com os Ferreti a ter que encarar um confronto direto e sangrento.

Ao tardar, os irmãos voltaram para a ilha e Fabrizio encontrou o mordomo desesperado com o bebê no colo. A criança chorava inconsolável.

– Signore Fabrízio, eu não sei o que fazer! Ele está chorando desde que saíram e nada o faz parar.

Fabrízio revirou os olhos e pegou a criança do colo do mordomo, instantâneamente o bebê parou de chorar. O Mordomo ficou estupefato. Ele estava vendo isso mesmo? Essa criança está caindo de amores por aquele assassino sanguinário e sem coração? Aliás, será que ele tem um coração?

Antes ele tinha quase certeza que não batia um coração naquele peito, mas agora as suas certezas estão sendo colocadas em cheque.

Fabrízio foi para o quarto e verificou as fraldas da criança, acreditava que provavelmente estavam sujas e o mordomo não soube trocar. Pensou que talvez o bebê saiba que ele pode trocar suas fraldas, por já ter feito isso antes e provavelmente foi por isso que ele parou de chorar.

Porém, percebeu que suas fraldas estavam limpas e ficou olhando por um instante para o rosto da criança que sorria para ele. Se perguntando se essa coisa pequena tinha realmente se afeiçoado a ele.

Ele colocou o bebê no chão e lhe deu a sua arma para brincar. Percebeu que isso entretia a criança e depois foi tomar o seu banho.

Ao deitar para dormir, colocou o bebê em sua cama, pois leu em um site que ensinava a cuidar de crianças que eles poderiam ficar doentes se dormissem no chão frio. E ele não queria perder aquilo que representava a sua vantagem sobre os Ferretis.

Ele tentou fechar os olhos  e dormir, mas o bebê ainda queria brincar. De repente ele ouviu a criança balbuciando alguma coisa:

– Mamã, mamã…

Ele olhou para a criança por um tempo e depois disse:

– Você está com saudades da sua mamma, bambino? Eu te entendo, eu também senti muitas saudades da minha.

– Mamã, mamã, mamã… – continuou o bebê.

– Os Ferretis vão nos pagar, pode ter certeza! Eles também me tiraram a minha mamma!

Fabrizio acreditava que provavelmente a mãe do bebê estava morta, já que os Ferretis não deixariam para trás alguém que pudesse ir contra eles no futuro. Por isso, acredito eu, que seja o motivo para que ele esteja tentando ter mais paciência com o bebê. Ele vê naquela criança o seu passado, que foi um passado marcado pela guerra das famílias.

Nesse momento ele se lembrou de tudo que passou, quando tinha apenas dez anos e Fillipo cinco. Nessa época, sua mãe foi sequestrada pelos Ferretis e seu pai que a amava incondicionalmente, fez de tudo para recuperá-la. Ele chegou a enviar dinheiro e ceder territórios para outra família, porém, ao invés de receber sua amada sã e salva, só recebeu uma mala contendo partes daquela que fora por anos o alvo de sua devoção.

Desde o acontecido, seu pai proibiu a presença de mulheres na ilha, alegando que elas eram alvos fáceis para seus inimigos. Ele também ensinou aos seus filhos a não se apaixonarem por nenhuma mulher, pois a partir do momento que se apaixonassem, elas se tornariam o seu ponto fraco.

Fabrizio sabia o que o pai estava dizendo, pois viu o seu sofrimento depois do ocorrido com sua mãe. E viu como o pai começou a usar de todos os seus recursos para se vingar dos Ferretis.

Na verdade todos sofreram, talvez Fillipo tenha sido o que menos sofrera, por ser pequeno demais para entender essas coisas na época. Já Fabrízio, não consegue tirar da memória o sorriso de sua mãe e a forma tão carinhoso a qual ela tratava a todos.

A vingança de seu pai se tornou a sua sina e também o levou ao túmulo, pois dez anos depois, essa guerra também o levou de forma violenta.

Fabrizio teve que assumir a família com apenas vinte anos de idade e Fillipo começou a segui-lo com apenas quinze. Aqueles garotos aprenderam jovens demais o gosto pela violência. E eles continuam até hoje o legado do seu pai que é a busca por vingança contra os Ferretis.

.........

Acho que a criança já começou a derreter o coração do mafioso.

Não se esqueçam de deixar uma curtida no capítulo! ;)

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