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DESTINO INTERLIGADO (Em Revisão)

Prólogo

...Miguel Koch Batchelor...

...Bahia, 2012...

Talvez o melhor que pudesse fazer para manter a minha honra e respeito perante a minha família, fosse cometer assassinato.

Olhei em direção à gaveta na mesa do escritório onde guardava uma Glock, automática, 9 mm, comprada para defesa pessoal e pensei muito em tirar a vida do meu próprio irmão.

Maurício adentrou o escritório como um cão abandonado, quem não sabia da história, sentiria até pena.

Prendi a respiração ofegante passando a mão sobre a arma, tentando pensar no que faria. Encarei o desgraçado que era meu irmão, com raiva nos olhos. Naquela manhã, toda a aliança familiar e profissional havia acabado.

Se a minha doce Cora soubesse sobre o que estava prestes a acontecer, jamais me perdoaria. Ela abominava qualquer violência, nem sabia sobre a arma, tratei de esconder muito bem.

— Eu ajudei-te em tudo! Absolutamente tudo! É isso que recebo em troca? — Esbravejei apontando a arma em direção ao peito dele.

Maurício tentou se justificar, mas meus olhos estavam tomados de ódio, escuros como uma noite fria. Não havia o que fazer, eu estava falido, a minha casa hipotecada e a pequena Isabel ficaria desamparada! Na mente só vinha a minha esposa e minha filha.

— Vou matar você! Ingrato! Maldito! — Disse destravando a arma.

— Tenho uma ideia que pode te ajudar, irmão. — Maurício falou em alto e bom-tom.

Baixei a arma, caminhei até atrás da mesa e me sentei na cadeira, ergui um copo de uísque cheio e tomei num só gole.

— Qual a sua ideia brilhante? — ri — roubar-me mais? Eu não tenho mais nada que possa tirar!

Tossir várias vezes, peguei a garrafa em baixo da mesa e enchi o copo novamente.

— Podemos desviar de outra empresa. — Disse esperançado que eu aceitaria.

— Maurício, se retire da minha sala. Estou com uma vontade absurda de estourar os seus miolos aqui mesmo! — Me levantei apoiando a arma — E saiba que vou até o inferno, mas vai ser preso, só lhe matar não seria o suficiente.

— Tenta provar. Fiz bem-feito. — Disse a rir alto — Tão bem-feito que o meu irmão COVARDE, não tem coragem de matar-me — concluiu e saiu da sala sem esperar uma resposta minha.

Permaneci em silêncio, ele tinha razão. Sou um covarde! Eu estava bêbado, muito bêbado. Acabei a dormir ali, na cadeira da sala mesmo.

— Miguel, acorde! — Alguém balançava-me freneticamente.

Abri os olhos encarando Adam, um amigo de longa data. Adam tinha dinheiro, seria uma solução para os problemas da minha família. Isso não seria um problema, se o meu amigo não me pedisse algo tão absurdo.

— Espera, você ajuda-me com a hipoteca da casa em troca da minha filha se casar com o seu filho? Está louco, só pode! Moro debaixo da ponte, mas não aceito!

— Veja bem amigo, ao se casar, a sua filha jamais ficará desamparada.

O encarei incrédulo, nunca na minha vida imaginava passar por tal situação. Na minha mente, pensava em aceitar a proposta mas lançando-lhe outra.

— Eu não posso fazer isso, Adam! Ela é só uma criança, nem completou os seus 12 anos ainda.

— Amigo, faremos contrato! Eu te ajudo, você me ajuda. O que acha?

— Somente a casa? Só pode ajudar-me com a casa? Acho uma troca injusta, não?

— Eu só posso lhe ajudar nessa questão, amigo. Quanto à sua empresa, teremos que incriminar o verdadeiro culpado para conseguirmos comprar novas ações.

— Fechado. Em troca, terá que me ajudar a incriminar o Maurício! De qualquer forma! — Disse enfim.

E assim foi feito.

Capítulo 1

^^^Bahia, 2017.^^^

^^^Isabel. M. Batchelor^^^

Embora seja três da tarde, o clima encontra-se extremamente agradável porque é primavera. Falta apenas seis meses para eu completar os meus 18 anos, finalmente! O meu pai havia dito que eu poderia trabalhar no gerenciamento da empresa com ele, assim que completasse a idade, por isso espero ansiosamente para essa data e peço que passe depressa, não vejo a hora de trabalhar no que um dia será meu por direito.

Faz exatamente uma semana que os meus pais viajaram alegando precisar de férias. Por conta dos estudos, decidiram me deixar hospedada na casa da minha melhor amiga, Gabriela.

Gabi, como eu a chamo carinhosamente, tem 22 anos, mas a idade nunca interferiu na nossa amizade. Quando a conheci, Gabi tinha 12 anos, enquanto eu tinha apenas 8, a sua mãe trabalhava aqui em casa, porém ela faleceu a alguns anos em decorrência de um câncer. Gabriela estudou e passou a trabalhar na cafeteria do meu pai, que continua perdendo dinheiro a cada dia que passa.

^^^"Esse é o problema da dor, ela precisa ser sentida."^^^

— Um problema mesmo! — mumurrei para mim mesma enquanto folheio o livro.

Estava sozinha no quarto, entretida nas minhas leituras diárias quando ouço o grito estridente de Gabriela. Nem fecho o livro ou tenho tempo de me levantar, quando olhei em direção à porta, a vi entrar bruscamente, com os olhos assustados e muito nervosa.

— Isabel! Precisamos conversar algo muito sério! — ela informou segurando o telefone.

— Gabi, está me assustando. O que houve?  — Perguntei assutada também, nunca a vi assim.

Era muito difícil ver Gabriela triste, ela sempre estava sorridente. Naquele dia, algo havia mudado, ela estava estranha e isso me deixou preocupada.

— Não tenho uma notícia muito boa para lhe dar. — Disse em meio aos soluços do seu choro.

Ao ver Gabriela chorar, o meu coração acelerou, as minhas mãos começaram a suar e eu nem sabia no que pensar! A última vez que a vi assim, foi quando a sua amada mãezinha partiu. Logo, a  minha mente projetava a imagem dos meus pais, não sei por qual motivo, mas eu senti medo, eles eram as únicas pessoas que eu tinha na minha vida.

— Você terá que ser forte o meu amor. — Ela me abraçou — os seus pais, eles sofreram um acidente grave.

Senti isso como uma facada no meu peito, um golpe fatal.

— Como um acidente grave?  Em que hospital eles estão? Preciso vê—los imediatamente — Disse num tom mais alto e nervoso.

A minha intuição não falhou, esse aperto no peito, esse pensamento nos meus pais, eu tinha certeza, algo de muito errado havia acontecido e eu temia o pior.

— Bom, essa é a pior parte — Pausou a fala — Eles não estão no hospital. Infelizmente eles faleceram. — Ela começou a chorar novamente.

 — Fa..faleceram?

Nenhuma outra palavra saiu da minha boca. Naquele momento eu não sabia o que dizer, não sabia o que pensar, não sabia o que sentir. O meu coração acelerou, o meu corpo tremeu, o meu rosto ardeu ao sentir as lágrimas que escorriam. De repente, escuridão tomou conta de mim, e eu apaguei.

...***...

Com muito esforço eu consegui abrir os olhos, mas estava num quarto branco, e o olhar de preocupação de Gabriela fez a minha ficha cair ali mesmo. Eu não sei como tudo ocorreu realmente, na verdade, eu não quis saber. Só sei o necessário, o avião em que eles estavam, caiu. Não houve nenhum sobrevivente. 

Eu desmaiei e a Gabriela em seu total desespero me trouxe pro hospital. O médico disse que esse desmaio ocorreu em consequência do estado de choque ao receber a notícia. Isso afetou todos os meus processos corporais, diminuindo as funções vitais.

— Doutor, eu perdi o velório, enterro, tudo — Disse começando a chorar. Eu custava a  acreditar que, além de perder os meus pais, eu ainda não tinha comparecido ao enterro! Que bela filha hein!

— Infelizmente não houve nada disso, com a explosão, não sobrou nada do avião, nem das pessoas — Disse ele —  Bom, agora tenho que ir, tá? Qualquer coisa, pede para me chamarem. — completou. 

Eu nunca fui de demonstrar fraqueza, nem meus sentimentos, era muito difícil dizer eu te amo para os meus pais, mas eu daria tudo para poder sentir novamente e poder dizer que eu amava muito eles.

— Tudo bem doutor. Quando posso sair daqui? — perguntei o homem de idade à minha frente que me olhava com pena nos olhos.

— Vou providenciar. Boa tarde! — ele deu um pequeno sorriso de canto, e virou—se para sair eu apenas respondi:

— Obrigada, Boa tarde!

No final da tarde, minha companheira fiel, Gabriela, foi no hospital me buscar e fomos para casa em silêncio. Ela sabia que quando acontecia algo que me deixava triste ou chateada, eu gostava de ficar em silêncio. Ela sempre respeitou isso, o meu espaço. Embora nova ainda, eu e Gabriela já passamos poucas e boas.

Novamente em casa, subi as escadas e entrei no quarto. Tomei um banho e me deitei, não senti fome e logo bateu o cansaço, o que me fez pegar no sono. Acordei na madrugada e o sono se foi, a partir dali, a noite passou bem devagar. Enquanto meus pensamentos me torturavam, eu pensava nos meus pais e em como seria a minha vida a partir daquele momento.

— O que será de mim? — Perguntei para mim mesma.

Continua...

Capítulo 2

^^^7 dias depois, ^^^

^^^Isabel.^^^

No dia da cerimônia, havia muitas pessoas no local, pois, os meus pais conheciam quase a cidade inteira. A minha família era pequena, havia apenas um tio por parte de pai e uma prima, eu não os conhecia. 

O Doutor Murilo, advogado dos meus pais e velho amigo da família, logo apareceu. Após cumprimentar algumas pessoas, o vi caminhando na minha direção. Ele me encarou e nada disse, então ficamos em silêncio por alguns momentos até que ele rompeu o mesmo.

— Sinto muito Isabel. — Disse tocando em minhas mãos — Preciso lhe perguntar algo importante. — Indagou. 

— Obrigada, Murilo! Pode perguntar, estou ouvindo — respondi sem nenhuma expressão facial, somente curiosidade.

— É.. O seu pai deixou testamento? 

— Não sei — Respondi rápido, realmente eu não fazia ideia de nada sobre esse assunto. 

O Dr. coçou a nuca e baixou a cabeça pensativo. Não demorou muito e ele olhou novamente para mim.

— Precisamos encontrá—lo. Posso lhe ajudar nisso? — Disse me encarando.

— Claro que sim, afinal, você é o advogado aqui, não? — Respondi.

— Sim, a morte dos seus pais não altera a nossa relação. Eu vou ao escritório do seu pai procurar este documento.

— Ok, faça o que tem que ser feito. 

Seguimos até o escritório e o Dr. Murilo adentrou a sala, em seguida, começou a revirar os papéis que estavam em cima da mesa.

— Encontrou? — Perguntei. 

— Sim, encontrei. — Suspirou — Faz alguma ideia do que está escrito aqui? Talvez sua vida mude drasticamente. 

— Mudar de que forma? — Questionei.

Murilo me encarou novamente, com uma expressão que eu não conseguia identificar.

— Sinto muito, eu não posso dizer nada — respondeu ele — Seria antiético lhe dizer algo antes de saber as últimas determinações do seu pai. 

— Então, porque diabos começou a dizer? Ora Murilo, por qual motivo não me tranquiliza? 

Parece que ele percebeu o meu nervoso e murmurou algo que eu não pudesse ouvir.

— Não posso lhe dizer absolutamente nada — Disse sério — amanhã saberá de tudo. 

Ele virou—se, e saiu em direção ao outro lado da sala, como se nada estivesse acontecendo.

— Que mudança será essa? Porque ele me deixou com tantas dúvidas? Será algo ruim? — Pensei comigo mesma, enquanto subia as escadas em direção ao meu quarto.

Eu nem sabia que dia seria leitura desse maldito testamento, eu daria tudo para saber quais eram as vontades do meu pai.

Gabriela havia saído a algum tempo, disse que estava desconfortável com essa despedida e precisava de um espaço. Eu a entendo. Desde que sua mãe faleceu, ela vive aqui conosco. Embora tenha seu apartamento e emprego, vivemos grudadas todos os dias, e querendo ou não, os meus pais a tratavam como filha. 

Ela também poderia estar preocupada com o emprego, afinal, quem seria seu chefe? Uma menina de 17 anos? Isso é complicado. Mas, sou feliz por ter ela, ter alguém que talvez pudesse me entender melhor.

Logo era novamente noite, e a bonita passou longa e desesperadora, eu mal consegui fechar os olhos e desligar as minhas memórias. Além de pensar nos meus pais, na minha vida que estava agora uma merda, ainda estava pensando na leitura desse testamento. Todos esses pensamentos se embaralham na minha mente como cartas de um jogo, em que eu parecia estar perdendo.

Assim que amanheceu, antes mesmo do despertador tocar, Gabriela entrou no meu quarto, sentou—se na ponta da minha cama e ficou me encarando, com uma cara que eu não entendi muito bem. Desviei o meu olhar e o direcionei ao teto, tentando organizar os meus pensamentos.

— Oi! — Disse baixo— como se sente? 

— Estou bem. Preciso aceitar que isso aconteceu, não é? — respondi olhando para ela. 

— Uma fatalidade. Eu estarei sempre aqui com você, tá? 

— Obrigada Gabi, sabe que é a única coisa que me restou.

— Estarei contigo, Bebel — Disse enquanto fazia carinho nas minhas mãos. — Olha, tem uma carta.  Primeiro gostaria de dizer que eu não sei o conteúdo, segundo, essa carta chegou aqui na portaria hoje.

— Uma carta? Logo hoje? — Perguntei  — que estranho.

Mas, eles já sabiam? Isso é muito esquisito. Penso que ou eles sabiam que iria acontecer algo, ou eles não queriam entregar pessoalmente por ser algo muito ruim.

— Leia primeiro, após isso, tire suas conclusões. Mas não se desespere, não queremos voltar ao hospital, não é?

Minhas mãos estavam trêmulas, peguei o pequeno pedaço de papel, eu não sabia o que estava escrito ali, só esperava que não fosse nada tão absurdo. 

^^^"Minha querida Isabel, me desculpe por tudo que aconteceu e por tudo que virá a acontecer. Sinto lhe informar que, quando você receber esta carta, eu e a sua mãe já não estaremos mais aqui. Fomos ameaçados e temendo que algo acontecesse, mandei lhe entregar essa carta assim que completasse 7 dias de nossa partida. Assim que você completar 18 anos, deverá se casar com um rapaz que eu escolhi, ele é filho do meu melhor amigo, Adam. Há um contrato de casamento a ser assinado, esse contrato garantirá a sua vida e seus bens. Me perdoe por isso, mas você não poderá ficar desamparada em um momento desses. No mais, tome bastante cuidado com seu tio Maurício, ele é mal, não deixe que se aproxime de você. Eu te amo, Miguel K. Batchelor."^^^

Terminei de ler e não consegui segurar as lágrimas que ousavam cair. Esfreguei as mãos nos olhos e encarei novamente aquela carta, talvez na expectativa de ser apenas um pesadelo.

Para piorar toda essa situação, ainda tem esse tal de contrato agora! Não conheço esse rapaz, nunca ouvi falar, só ouvia meu pai falar sobre o pai dele, eram amigos a muitos anos

— Não, não, não! — Gritei desesperada em meio às lágrimas. Saí do quarto e fui descendo as escadas em direção à sala.

— Calma Isabel, estou aqui com você. — Disse Gabriela me abraçando. — O que está acontecendo? 

— Gabi, os meus pais me meteram numa furada enorme. — Falei entregando o papel a ela — Leia, me diz que eu não estou ficando louca. 

Ela encarou a folha e, enquanto lia, fez uma cara de espanto.

— Melhor ligar para o Dr. Murilo — ela disse — assim ele poderá explicar melhor. — Me devolveu o papel.

— Tudo bem Gabi, acho melhor fazer isso mesmo. Espero que Murillo possa me tirar dessa. — Disse esperançosa, isso não pode acontecer comigo.

— Eu também, minha querida, mas saiba que..

Fomos interrompidas por alguém batendo na porta.

— Pode entrar — Falei alto.

A porta se abriu revelando Murilo. Ele era bem bonito e jovem, mas não jovem ao ponto de me interessar. Eu sempre achei que ele combinava com a Gabriela, mas ela diz que não. Somente por ele estar na casa dos 35 anos.

— Oi! Murilo, estava pensando em você agora mesmo! — Falei olhando muito sério para ele.

— Como vai, senhora Isabel? Vejo que já recebeu a carta com algumas informações, não é?

— Sim, Gabriela me entregou. Isso é uma brincadeira de mal gosto? 

— Jamais iríamos brincar com algo tão sério. Sei que não é o momento e nem o espaço adequado, mas vim lhe informar que a leitura do testamento será às 3 horas da tarde de hoje. 

— Acabei esquecendo. Espero não ter mais surpresas desagradáveis. Enquanto a esse contrato, não vou aceitar.

Um barulho muito alto se instalou na sala, mas era só o celular do Murilo tocando, um toque bem feio.

— Com licença, senhoras, eu preciso atender. — Disse e em seguida atendeu o celular — Dr. Adam, a que devo a honra de sua ligação?

Ao ouvir aquele nome, minha mente se projetou diretamente para a maldita carta. Adam é o estúpido pai do meu futuro "noivo". Mal recebi a notícia e o homem já está ligando, estou curiosa para saber o que ele queria, afinal..

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