Começava anoitecer em Detroit, a paisagem urbana refletia no horizonte um pôr do sol magnífico, mostrando para os habitantes da cidade sua beleza natural. Lety Fill era o nome que deram a Ruana Escobar quando ela foi morar sozinha numa cidade desconhecida para ela, por nome Detroit. Para protegê-la Chuan Chagai, mudou seu nome, sua idade e a verdadeira história de sua vida. Lety Fill saiu do escritório feliz, ela não sorria, mas andava pela rua contente, no meio da multidão do outro lado da rua ela observou ao longe uma figura masculina conhecida, mas duvidou dos seus sentidos. Valter, seria o nome dele, um jovem cigano que conheceu quando era criança, mas diante da dúvida ela imaginou ser outra pessoa. Seguiu para seu apartamento ainda pensativa, fazia tanto tempo que não via Alejandro e Valter que nem lembrava mais como eles eram. Mas, assim que entrou no apartamento seus pensamentos mudaram.
- O que faz aqui Willian?
- Sente-se, as notícias não são boas.
- Fala logo.
- Ontem Chagai me pediu que a tirasse daqui, estamos comprometidos, precisamos ir agora.
- Você foi comprometido, eu não. Ele gritou com ela.
- Chagai acabou de ser assassinado! Ela sentiu seu corpo todo tremer, mas manteve o controle.
- Mentira.
- Porque eu mentiria para você? Ele era meu sansei. Ela bateu contra a parede por várias vezes até machucar suas mãos, mas ele a deteve, tentando acalmá-la.
- Calma, da última vez que falei com ele, recebi instruções de como deveria proceder caso isso acontecesse, temos amigos espalhados por todo o país já providenciei nossa viajem até a Alemanha, mas precisamos ir agora pois a viajem é longa. Ela sentou-se no chão desolada, sentia uma raiva crescendo dentro dela, Chagai era sua única família, o único que se preocupou com ela, que se importou de verdade, que a ensinou ser o que ela era hoje. Willian não se aproximou, sabia que Ruama não gostava de abraços e toques, então só olhou para ela. - Vamos lá garota, não podemos ficar aqui. Ela se levantou imediatamente e pegou a mochila que ele segurava seguindo para o quarto, pegou algumas peças de roupas e jogou dentro da mochila, depois tirou o tapete que estava sobre seus pés, apertou o assoalho e uma peça saiu do lugar, de dentro ela tirou dinheiro e passaportes, em seguida pegou uma maleta pequena no closet, pressionou sua digital e ela se abriu, ela colocou os documentos e dinheiro dentro e saiu do quarto fechando a mochila.
- Vamos. Eles não demoraram muito e logo estavam na estrada, era um percurso um pouco longe até a Marina, mas naquela noite o trânsito estava tranquilo, assim que ele estacionou um homem baixo de traços orientais se aproximou e levemente baixou a cabeça em forma de cumprimento.
- Oyasuminasai! (Boa noite)
- Kuruma o dõ suru ka sedeni shitte imasu ka? (Já sabe o que fazer com o carro?) O homem balançou a cabeça em confirmação, e eles entraram no navio. Caminharam até a cabine e um homem se aproximou deles.
- Obrigado Greg, podemos ir.
- Será uma viajem longa, venham, tem um lugar para vocês ficarem caso os guardas nos parem. Ruama se dirigiu a uma parte do navio, onde tinha muitos caixotes vazios e de tamanhos diferentes, ela aproximou-se da borda e ficou olhando o movimento das águas enquanto o navio dava partida, seria uma viajem realmente longa, três noites e dois dias dentro daquele navio de carga, naquele momento seus pensamentos voltaram ao passado, sentiu uma lágrima escorrer pelo seu rosto, mas ela pressionou os dentes um no outro segurando o choro. No entanto Willian a tirou do seu devaneio.
- Ruama, está com fome?
- Não, só preciso trocar de roupa.
- Eu trouxe algo que você vai gostar, venha comigo. Ela o acompanhou em silêncio e eles seguiram por um caminho comprido, desceram alguns degraus e entraram em umas das portas, ele pegou um embrulho e deu para ela, Ruama sentou-se calmamente sobre a cama e abriu o embrulho, assim que pegou na roupa um pequeno sorriso surgiu no canto da boca. Era um shinobi shozôku, uniforme preto de ninja.
- Como sabia?
- Chagai mandou entregar para você.
- Obrigada. Ela tocou no ombro dele, depois caminhou de volta para onde estava, caminhou novamente até a borda do barco, quando nuvens escuras tomaram conta do céu uns pingos de chuva começaram a cair, ela encostou pensativa em um caixote e seus pensamentos voltaram ao passado, ao passado do qual ela só ouviu histórias, seus pensamentos voltaram aonde tudo começou...
Quando Moacir finalmente chegou àquela aldeia trouxe consigo uma mulher jovem e
bonita, pele muito branca, olhos cristalinos que carregava uma profunda tristeza, estava grávida e andava devagar. Depois de passar alguns dias no lombo de um animal de carga seus ossos estavam destruídos e mal conseguia conter as dores. Pousaram naquela noite no casebre de João e Mariana, era um lugar aconchegante se comparado ao local das últimas noites que se passaram. Cássia Escobar pertencia a uma família rica e tradicional, com características holandesas e uma educação impecável, era muito jovem, uma adolescente rebelde que em vão buscava unicamente a atenção dos seus pais. Aquela garota deitou-se na cama depois de ter sido bem alimentada, olhava a noite pelas fendas que tinham na parede de madeira, estava profundamente desgostosa, mas era impossível de corrigir seu erro, pensando nas horríveis palavras que tinha dito aos seus pais horas antes de morrerem caiu de joelhos com os olhos em lágrimas, rezou pedindo inúmeras vezes que Deus a perdoasse. Moacir estava no balcão com um copo de pinga na mão e ria alto na conversa com João.
- Uma garota fina e bonita não se encontra em qualquer lugar, o que fez com essa menina?
- Eu não fiz nada, ela insistiu para vir atrás de mim, mas vou te confessar, foi minha melhor caçada.
- E porque uma menina como ela, iria querer viver uma vida de cão ao seu lado?
- Ah, você faz perguntas demais, ela parecia um cachorro atrás de comida. Eu nunca jurei amor a ninguém, jamais acreditei nisso. Do andar de cima Cássia ouvia a conversa de Moacir e chorava de tristeza por ter aquele destino tão cruel. Durante os dias seguintes Mariana cuidava para que quando o bebê chegasse tivesse um lugar para ficar, pois o barraco que Moacir vivia não era lugar para uma criança, mas encontrava dificuldades para que ele entendesse, então ela mesma pediu para que João acrescentasse um vão à mais na sua casa e assim o fez. Não era nada sofisticado, nem aconchegante, mas Cássia sorriu quando o viu pronto. João olhou para ela e disse sorrindo:
- Não é nada comparado ao lugar que você vivia, mas dá para dormir. Cássia não pôde evitar que uma lágrima rolasse do seu rosto.
- Eu não sei como agradecer, vocês nem me conhecem direito e tem sido tão bom para mim.
- Oh menina, não precisa agradecer, vamos cuidar de você agora.
Com o passar dos meses Cássia já não conseguia fazer nada, sua barriga estava enorme e pesava demais para ela ficar andando de um lado para outro servindo comida ou arrumando os quartos. Mariana contratou Lara Valadi para lhe ajudar na cozinha, uma jovem que estava de passagem com os pais e os irmãos por ali, mas a garota só podia passar o dia e a noite Mariana tinha que se dividir em duas. E assim ela fazia, já que Cássia passava a maior parte do tempo na cama, mas ela fez com que esses dias fossem aproveitados de alguma forma, passou a ensinar para Mariana tudo que sabia, ela aperfeiçoou sua leitura e sua escrita, além de aprender a fazer novos cálculos.
Numa noite chuvosa um viajante apareceu na pousada, era um homem não muito magro, mas alto, com longos bigodes, chamava-se Alfred Albuquerque e tinha uma pele escura, um pouco queimada pelo sol, carregava uma grande pasta de couro velho e uma maleta. Mariana o acomodou num quarto no andar de cima e perguntou:
- Posso ajudar em mais alguma coisa, senhor?
- Não, eu só preciso dormir um pouco.
- Tenha uma boa noite.
- Espere um pouco senhora, como se chama mesmo?
- Mariana.
- Pelo que vi, não tem muitas casas nessa região, mas talvez você possa me ajudar, eu estou procurando um senhor, um índio por nome Moacir. Mariana permaneceu em pé na porta em silêncio, depois perguntou:
- O que o senhor realmente quer?
- Dona Mariana você conhece ou não o Moacir, eu tenho um serviço muito valioso para ele.
- Sim senhor, se quiser vê-lo realmente, ele estará à sua espera amanhã as seis da manhã. E assim aconteceu, as seis em ponto o homem de longos bigodes estava a conversar com Moacir a um quilômetro da pousada e não foi uma conversa longa, ele entregou-lhe um pacote e partiu. Mas todo aquele movimento pareceu estranho demais para Mariana, depois que Cássia disse que conheceu a voz do Alfred, um dos homens que trabalhava para seu pai, ela ficou atenta e não perdeu a chance de perguntar quando Moacir voltou:
- O que aquele homem queria?
- Não é da sua conta, você e o João agora deram para dizer o que devo fazer, eu só poupo vocês por causa de Cássia, estão cuidando muito bem dela, e que meu filho possa nascer saudável senão vocês vão se ver comigo.
- Estamos fazendo o que você deveria ter feito. Moacir balançou a cabeça com ironia e seguiu para seu barraco, logo em seguida saiu, montou no cavalo e partiu. Mariana voltou para a pousada e se dirigiu ao quarto de Cássia, ela gemia e segurava na cintura com uma das mãos.
- O que houve?
- São só algumas dores, logo passa, esse bebê não para quieto.
- Deite-se um pouco, vou lhe fazer uma massagem. Enquanto elas conversavam, João bateu na porta.
- Mariana, posso entrar?
- Sim, aconteceu alguma coisa?
- Não... e sim, olhem só isso. Hoje muito cedo eu fui ao quarto do Alfred e ele mim fez umas perguntas estranhas depois me deu isso e pediu que eu entregasse para Cássia.
- Eu sabia que o conhecia, eu sabia, meu pai está vivo?
- Não, pelo que disse somente um de seus irmãos, o mais novo eu acho, mas o que aconteceu realmente, você nunca nos disse nada Cássia?
- É doloroso, não sei se consigo falar sobre isso, mas porque Alfred não mim procurou?
- Ele tinha pressa, precisava falar com Moacir e partir imediatamente.
- Eu não entendo. João sentou-se aos pés da cama e olhou para Cássia com doçura depois disse:
- Sabemos que Moacir é pago para matar pessoas, não tenha medo de nos contar, ele matou a sua família?
- Vocês têm cuidado de mim tão bem, não posso esconder isso. Ela parou de falar por alguns segundos, depois levantando a cabeça continuou. - Moacir me enganou para conseguir entrar em minha casa, ele matou meus pais na minha frente, minha mãe ainda implorou de joelhos e ele não teve misericórdia. Ela transbordou em lágrimas e tentava em vão secá-las com as costas das mãos. Mariana sentou ao seu lado e acariciou seus cabelos.
- Já passou, fique calma.
- Não, eu preciso contar tudo para vocês. Ela soluçava, mas sentou-se, respirou profundamente e voltou a falar. - Tudo aconteceu em uma semana, ele esteve em minha casa como entregador e eu discutia com meu pai antes de sair, foi a primeira vez que o vi. Mariana e João olhavam atentamente para as palavras de Cássia. - Cinco dias depois ele mim surpreendeu no meu quarto, não sei como ele entrou em casa, como ele passou pelos seguranças, eu só sei que nem deu tempo de ninguém pedir socorro, quando eu cheguei à sala com ele, um outro homem mascarado já havia trancado todos os empregados na dispensa e meus pais estavam amarrados ali na minha frente, ele colocou um adesivo nos meus braços e na minha boca. Ela voltou a chorar, agora em silêncio, as lágrimas desciam copiosamente pelo seu rosto, mas não parou de falar. - Eu estava paralisada com tudo que estava acontecendo ali, mas ele foi muito cruel, atirou na cabeça do meu pai, eu o vi cair e o sangue escorrer rapidamente, formando uma poça ao redor de sua cabeça, minha mãe tremia incessantemente e chorava, seu olhar desesperador penetrava nos meus e não pude fazer nada, quando ele mim viu naquele desespero atirou também em minha mãe e a última coisa que lembro daquela noite, foi ela caindo lentamente no chão com os olhos abertos implorando por piedade.
Tudo começou num daqueles dias quentes em que as pessoas aproveitavam qualquer vento entabular nas janelas. Ruama estava muito feliz para se preocupar com alguma coisa, depois que conheceu a verdadeira história da sua mãe, ela saiu pela floresta correndo, carregava consigo o que a chamava de “tesouro”, uma pequena caixa de papelão com tudo que pertenceu a sua mãe, saiu cantando em voz alta e dançava ao ritmo que seu corpo era levado, as árvores, as flores e os galhos secos eram seu mundo onde se transformava em fantasia e para ela aquilo que chamava de realidade. Ainda cantando e repetindo por varias vezes “lá, lá, laiá...” ela preparou o altar no tronco aberto de uma árvore, cobrindo de flores minúsculas, abriu a caixa e colocou a foto da mãe sobre ela, pendurando em cima da foto o colar com pingente de coração, depois preparou um assento com galhos e folhas secas e novamente começou a dançar, girava por diversas vezes, segurando a ponta do vestido, batendo os pés no chão algumas vezes. Enquanto ela se deliciava nas suas fantasias, imaginando sua mãe e fazendo de tudo em pensamento para ser igual a ela, sentiu algo passar rapidamente próximo ao seu ouvido, parou imediatamente o que estava fazendo e olhou pausadamente ao seu redor, depois correu dando uma longa volta numa árvore distante e parou diante de um garoto que estava escondido nos matos, ela violentamente pisou em um de seus pés, fazendo o garoto gritar de dor.
- O que pensa que está fazendo? Gritou ela com o intruso.
- Isso dói! Berrou o menino.
- Quem é você?
- Não lhe interessa.
- Só vou lhe perguntar mais uma vez, quem é você? O garoto se levantou e olhou fixo nos olhos de Ruama enfrentando-a, ele era um pouco mais alto que ela, cabelos ondulados e claros, olhos cristalinos como o rio e uma confiança em sua voz.
- Me peça desculpas. Ela também olhava fixamente para ele sem medo algum, Ruama era uma garotinha magrela, com pele avermelhada e cabelos compridos, um olhar negro e profundo com um ar de superioridade.
- Não. Ele empurrou a garota no chão e lhe deu as costas seguindo seu caminho, mas ela levantou furiosa e segurou ele pela camisa fazendo-o parar.
- Eu não vou bater numa garota, pode me soltar? Gritou o menino, mas ela rebateu no mesmo instante.
- Mas eu posso bater num garoto. E deu-lhe um soco no nariz, fazendo o menino ficar zonzo por alguns segundos, mas naquele momento alguém apareceu e gritou com ela, pegando Ruama pelo braço.
- Ei menina, o que pensa que está fazendo? Era um garoto bem maior que os dois.
- Deixe ela Valter, confesso que eu a aborreci, não devia provocá-la.
- Peça desculpas para meu senhor. Ruama estava furiosa e respirava fundo, não sentiu medo e olhava para as duas pessoas ali na sua frente com raiva, só não entendia porque aquele garoto a defendeu, foi ela quem bateu nele.
- Já disse para soltá-la.
- Mas, senhor?...
- Valter, não questione minhas ordens, solte-a, e vamos embora!
O jovem abaixou a cabeça e soltou a menina, naquele momento Ruama saiu correndo ao lugar que antes estivera, pegou sua caixa, colocou tudo dentro e voltou para casa correndo. Enquanto caminhava pensava no olhar daquele menino, era a primeira vez que via uma criança como ela, seu mundo adulto lhe transformou em uma pessoa que não era. Assim que entrou no casebre Mariana olhou para ela com as mãos na cintura e disse:
- Onde esteve, mocinha? Já lhe disse para não ir tão longe. E não quero você no lado sul da floresta, chegou um grupo de ciganos e eles se espalharam pela região, trata-se de um clã muito perigoso. Ruama olhou seriamente para aquela mulher e disse despreocupada:
- Não se preocupe, eu sei mim proteger. Mariana sorriu e voltou para a cozinha.
Ruama tinha apenas seis anos, era uma garotinha solitária, mas com uma imaginação extraordinária, viajava num mundo de fantasias do qual ela vivia quando estava muito triste ou alegre demais. Seu pai era Moacir um homem bruto que a tratava como um lixo, ela não se importava muito com isso, pois tinha o amor de João e Mariana. Durante os dias seguintes ela pensava em voltar ao seu lugar preferido na floresta e naquela manhã foi o que ela fez, depois do seu café, saiu correndo para o lugar que mais gostava e correndo entre as árvores começou a dançar, isso era o que ela fazia com frequência, dançava entre as árvores e olhava o imenso céu azul, quando enfim ela parou para descansar, ouviu ao longe uma cantoria animada, aquele barulho novo e harmonioso chamou sua atenção, ela caminhou devagar acompanhando a música e depois de percorrer um caminho um pouco longo, viu o acampamento dos ciganos do qual Mariana tinha lhe falado, mas o que lhe chamou atenção foi um grupo de adolescente que dançavam em forma de roda e batia os pés no chão, usavam vestidos longos, de cores forte, cheio de babados e rendas nas bordas, tinham cabelos longos e ondulados com pendões de ouro em volta da testa, ela ficou tão fascinada com a beleza que sentou no chão e ficou a observar por longos minutos, as jovens dançavam e cantavam uma música em outra língua, Ruama sorria e se via ali no meio também dançando e cantando, quando de repente sentiu alguém puxar-lhe violentamente os cabelos, ela gritou alto, enquanto alguém lhe arrastava pelos cabelos até o grupo de adolescentes.
- Olha o que achei, bisbilhotando a gente. Uma das garotas olhou para ela com desdém.
- Quem é você? Uma outra jovem, que parecia ser a mais velha de todas, segurou Ruama pelo braço, colocando-a de pé e perguntou:
- Porque estava nos espionando?
- Vamos dar uma lição para ela nunca mais voltar aqui, peguem um cipó. Naquele momento Ruama, olhou ao redor, procurando uma escapatória, enquanto uma das jovens segurava seus dois braços presos nas costas, mas ela não disse uma única palavra e continuou de cabeça erguida, olhando firme para as jovens. Uma das meninas voltou com um cipó fino na mão e disse sorrindo de forma maldosa:
- Eu sou a primeira. E estirando o cipó, bateu duas vezes nas pernas de Ruama fazendo ela estremecer, enquanto as outras davam gargalhadas, uma voz soou para elas.
- O que pensam que estão fazendo? As jovens imediatamente soltaram Ruama e baixaram seus rostos para o chão. Porque estão maltratando a minha convidada? Uma das jovens falou num tom baixo.
- Perdoe-nos senhor, ela estava nos espionando.
- Mas isso não lhes davam o direito de maltratá-la.
- Por favor senhor, nos perdoe.
- Dessa vez passará, mas não quero que isso se repita, entenderam? Elas balançaram a cabeça em confirmação e o jovem pegou na mão de Ruama levando-a até uma tenda pequena, onde tinha uma mulher velha sentada num banco pequeno. - Divina. Ele sussurrou para a senhora. Pode cuidar dela para mim, as meninas usaram um cipó de sageretia elegans.
- Sim, meu filho. E voltando-se para Ruama continuou. Não foi nada, vou passar algo e logo ficará bem. O menino olhou para Ruama com um olhar diferente da primeira vez.
- Eu sinto pelo que aconteceu, não se repetirá, eu prometo. Ele estirou a mão para ela. Eu sou Alejandro Shandor, pertencemos ao Clã Kalon. Ela ainda estava tremendo, mas sorriu para ele.
- Ruama.
- Amigos? Ela balançou a cabeça sorrindo.
- Amigos.
Assim que a cigana terminou, Alejandro acompanhou Ruama pelo caminho de volta, eles seguiram em silêncio e por mais que ela quisesse tagarelar, mas preferiu não dizer nada. No entanto, assim que chegaram próximo a estrada ele sorriu para ela.
- Tenha mais cuidado da próxima vez.
- Obrigada. E assim ela correu para casa. Aquilo era o começo de uma longa e fiel amizade.
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