Acordo com a luz do sol em meus olhos, no automático eu coloco uma mão em meus olhos.

Lúcia - Sério que eu deixei a cortina aberta de novo?!

Tenho feito isso algumas vezes ultimamente, tem sido cansativo trabalhar nesse último caso, a gangue Armani é realmente muito discreta, quase tanto quanto é perigosa. Eu me levanto e já desço para tomar café e em seguida vou me arrumar para ir ao trabalho. Chego dando bom dia aos colegas que encontro no caminho da minha sala. Sou uma policial detetive e mesmo sendo nova aqui na delegacia, já resolvi vários casos. Quando começo a analisar novamente as informações que tenho sobre a gangue Armani, o Dante entra na minha sala um pouco alterado.

Dante - AAA! Não acredito que aconteceu de novo! Você acredita?! Eles fizeram troca de mercadoria novamente debaixo dos nossos narizes. Eu não consigo entender como isso pôde acontecer.

Dante foi o primeiro a falar comigo quando comecei a trabalhar aqui, desde então nós ficamos muito próximos. Ele é um pouco temperamental, mas é um ótimo amigo e às vezes um bom conselheiro.

Lúcia - Calma Dante, nós vamos pegá-los, nenhum crime é perfeito, tenho certeza que mesmo com toda a descrição dos Armani, eles deixaram alguma coisa para trás, onde foi mesmo a última troca de mercadorias?

Dante - No galpão, próximo ao píer Moore.

Lúcia - Tá bom, e o que estamos esperando? Vamos lá investigar, com certeza eles deixaram alguma pista.

Ele olha pra mim como um olhar esperançoso, mas não diz nada, então vou andando e ele me segue. chegando lá, nós nos separamos para procurar por pistas, passamos alguns bons minutos procurando, mas nada, não encontramos absolutamente nada. Quando olho para o lado vejo que ele está se aproximando, mas aí o celular dele toca e ele se afasta para atender a ligação. Quando ele volta, diz que tem que sair e pergunta se eu quero que ele me leve até a delegacia. Eu decido ficar por mais um tempo e verificar novamente, só para ter certeza de que não deixei passar nada. Depois de mais um tempo eu me preparo para voltar à delegacia, é quando eu vejo um carro estacionando ali perto e decido verificar o que é que está acontecendo. Eu me aproximo devagar e vejo um homem suspeito se aproximando do veículo, então eu chego um pouco mais perto para tentar ouvir a conversa deles e também para ver se conheço alguém que está ali. Fico surpresa ao perceber que é o Roberto, líder da gangue Armani é quem está no carro, junto com o Marco, seu braço direito e o Samuel, seu irmão mais novo, mas aquele homem que se aproximou deles eu não conheço, ele parece ser um tipo de informante. Eu não consigo ouvir direito o que estão falando, só sei que algo sobre bloqueio de encomenda e mais alguma coisa sobre a gangue Gonzales, que é a rival dos Armani nos "negócios", tento chegar mais perto por não conseguir ouvir direito e na tentativa de dar passos curtos eu acabo chutando uma pedra, na mesma hora eu vejo que o informante olha em minha direção e eu me escondo rapidamente, não sabemos ao certo se ele me viu. Quando eu olho novamente vejo que ele está um pouco distante correndo na direção oposta e os mafiosos estão vindo em minha direção, eu tento ir mais para trás andando de costas rapidamente e acabo tropeçando em outra pedra que estava ali, eu acabo caindo e bato com a cabeça no chão, sinto que estou perdendo a consciência e a última coisa que vejo é expressão de surpreso do Roberto.

Quando acordo estou meio zonza e com muita dor na parte de trás da minha cabeça, eu abro os olhos lentamente e vejo que tem alguém sentado na minha frente, quando vejo que é o Samuel, eu fico um pouco nervosa e fecho rapidamente nos olhos.

" Será que estou na mansão dos Armani? Isso não seria nada bom, a essa altura eles já devem saber quem sou eu."

Me interrompendo dos meus pensamentos, Samuel fala:

Samuel - Eu percebi vi que você já acordou, pode abrir os olhos.

Eu abro os olhos lentamente e um pouco sem jeito por ele ter me percebido tão rápido.

Lúcia - O-Olá!

Samuel - Olá!!

Ele disse só com a cabeça inclinada e sorrindo, como se estivesse empolgado em me conhecer.

Samuel - Me chamo Samuel! Qual o seu nome?

"Ele não sabe quem eu sou? Será que eles não fizeram nenhuma pesquisa sobre mim?"

Lúcia - Sou a Lúcia! Onde nós estamos?

Digo isso olhando ao redor do lindo quarto.

Samuel - Estamos na minha casa, você se lembra que bateu a cabeça lá no píer Moore?

"Pensa rápido Lúcia, pensa rápido!"

Lúcia - Sim, eu estava andando por lá quando vi umas pessoas estranhas e tava tentando sair de perto quando tropecei numa pedra.

Samuel - Então você não estava investigando? Eu pensei que você tava espiando a gente.

Lúcia - O quê? Por que eu faria isso?

Samuel - Você não sabe mesmo quem eu sou?

Eu balanço minha cabeça em negação, agradecendo por não ter levado minha arma para o píer.

Samuel - Sua roupa está suja de sangue, então vai se trocar e depois desça, eu vou avisar os rapazes que você acordou e te esperar lá embaixo. Tem algumas roupas limpas naquele armário e escovas de dentes novas na primeira gaveta.

Ele aponta para o armário à minha direita.

Lúcia - Certo, obrigada.

Ele sai do quarto e eu vou procurar algo para vestir, opto por algo fofo, um vestido rosa bebê com umas maçãs como estampa, depois vou escovar os dentes e sigo para a sala. Quando finalmente encontro as escadas, me deparo com os três rapazes me olhando com uma expressão que não consigo decifrar. Eu começo a ficar um pouco nervosa, mas quando olho para o Samuel, ele sorri para mim, como se indicasse que está tudo bem. Isso me acalma um pouco, mas tenho que me manter alerta, nunca se sabe o que esperar dos Armani.

"Acho que é uma boa bancar a fofa e inocente por enquanto."

Lúcia - O-Olá!

O Samuel, como se percebesse meu nervosismo, se aproxima e me puxa um pouquinho para perto, ele coloca uma mão na minha cintura por trás e com a outra mão ele segura a minha e diz baixinho no meu ouvido.

Samuel - Não precisa ficar nervosa, ninguém aqui quer te fazer mal algum.

Eu afirmo com a cabeça.

Lúcia - Meu nome é Lúcia, como vocês se chamam?

Eles se entreolham e começam a se apresentar.

Roberto - Roberto!

Marco - Me chamo Marco!

Samuel - Vamos lá pessoal. Vocês estão assustando ela com essas caras emburradas.

Ele chega perto e fala no meu ouvido de novo:

Samuel - É que eles não conhecem pessoas novas com frequência.

Nós damos risada baixinho. Roberto pigarreia e paramos de imediato.

Lúcia - Bom.. Muito obrigado por me ajudarem, estou em dívida com vocês três, eu tenho que ir agora.

Marco - Temo que isso não seja possível!

Lúcia - O quê? Por quê?

Marco - Ontem de manhã me informaram que a gangue Gonzales está atrás de você, não podemos te deixar ir antes de saber o porquê.

Lúcia - Ontem de manhã eu nem estava aqui, eu lembro de ter batido minha cabeça no período da tarde.

Marco - Isso foi a dois dias.

Lúcia - Eu estou naquela cama a dois dias?

Ele afirma com a cabeça.

Lúcia - Então eu tenho mesmo que ir, eu tenho que dar explicações lá no trabalho.

Marco - Você não pode ir!

Lúcia - Mas...

Roberto - Sem mas, isso não é um pedido!

Lúcia - Eu posso pelo menos avisar que vou faltar no trabalho por alguns dias?

Ele pensa um pouco e depois afirma com a cabeça e sai, eu fico olhando por um tempo enquanto ele sai da sala, me perguntando como que vou entrar em contato com o Dante. Mas logo ele volta tendo em mãos o meu celular. Eu fico surpresa por ele está me devolvendo sem questionar qualquer coisa.

Lúcia - O-Obrigado!

Ele acena e sai novamente, mas dessa vez o Marco vai com ele, me deixando sozinha com o Samuel.

Samuel - Tá com fome? Vou preparar alguma coisa para a gente comer, enquanto você faz suas ligações.

Eu afirmo com a cabeça sorrindo para ele e ele sai. Eu espero um pouco e ligo para o Dante.

Ligação on 📲

Dante - Lu? O que aconteceu? Você sumiu naquele dia e não deu sinal de vida ontem o dia inteiro.

"Ele parece bem preocupado, não sei se é sábio falar tudo para ele."

Lúcia - Calma Dante, eu passei mal e fui direto para o hospital. O médico disse que eu tenho me esforçado demais no trabalho e tenho que ficar de repouso por alguns dias.

Dante - Tudo bem, espero que você melhore logo.

Lúcia - Obrigado Dan!

Ligação off 📱

"A voz do Dante estava estranha, parece que ele estava mesmo preocupado. Mas enfim, preciso tirar proveito da minha estadia aqui, afinal, não é todo dia que você vai parar dentro da mansão dos mafiosos mais temidos da cidade, e melhor ainda, eles não sabem quem eu sou."

Eu viro na direção em que o Samuel foi e para minha sorte daqui mesmo dá para ver um pouco de onde é a cozinha, porque eles mesmos não me falaram nada. Eu vou até lá e como ele está de costas, eu me apoio na ilha e fico olhando para ele, esperando que ele perceba que já estou ali.

Samuel - Ah, vc já está aí. Fico feliz que não tinha tido problema para achar a cozinha, eu tava um pouco preocupado com isso já que não te apresentamos a casa ainda, mas assim que sairmos daqui eu te mostro tudo.

Lúcia - Não foi tão difícil encontrar a cozinha já que fica do lado da sala e obrigada Samuel, eu realmente agradeceria se você me mostrasse pelo menos os lugares básicos da casa.

Samuel - Pode me chamar de Sam, mesmo que as circunstâncias não sejam as melhores, espero que você possa me ver como um amigo em breve.

Lúcia - (sorrindo) Também espero.

Não demora muito para que ele termine de cozinhar, depois que ele coloca tudo na mesa, ele senta para conversar comigo enquanto esperamos a comida esfriar um pouco. Nós falamos sobre coisas aleatórias, apesar de que às vezes falamos um pouco sobre os nossos gostos pessoais. Ele realmente é uma pessoa interessante e muito divertida, na real, ele é como uma criança por fora mas aparenta ser muito maduro por dentro. Depois de comermos, ele me mostra os lugares básicos da casa e também os locais que ele mais gosta de ficar.

Samuel - E por último... O meu lugar favorito em toda a casa. Mas agora eu vou pedir para você fechar os olhos e só abrir quando eu disser que pode, não vale espiar, hein...

Eu concordo, fecho os olhos e lentamente ele vai me guiando para dentro do cômodo, por mais que eu tente não consigo disfarçar meu nervosismo e minha curiosidade, até que...

Samuel - Agora sim, você já pode abrir os olhos.

Quando eu abro os olhos fico maravilhada como que vejo, estou no centro de um jardim incrivelmente lindo, e fico surpresa por ver até uma fonte em forma de golfinho que está bem do meu lado. E diferente do que eu pensei não é um cômodo comum é uma porta de saída para uma grande estufa de vidro.

Lúcia - Uauu!! Por essa eu realmente não esperava, esse lugar é encantador. E é a sua cara, não me surpreende que seja o seu lugar favorito.

Samuel - Que bom que você gostou, fico feliz que você já me conhece o suficiente para dizer que esse lugar tem tudo haver com minha personalidade. Eu mesmo que decorei!

Lúcia - Então o Sam gosta de flores, de golfinho, de um bom lugar para balançar porque eu já vi que tem um balanço aqui, espera, aquilo ali são ervas para chás?

Samuel - Haha são sim, eu amo muito a ideia de cultivar o meu próprio chá, então por que não juntar o útil ao agradável?

Lúcia - Prático...

Ele me levar para passear por todo o jardim me contando qual o tipo de cada flor e também quais os seus significados. É muito bom passar tempo com ele, eu realmente não achei que gostaria tanto de estar com alguém da máfia, mas cá estou eu, me divertindo com um dos homens mais perigosos da cidade. Depois de um bom tempo conversando, ele recebe uma ligação e diz que tem que sair. Antes, eu pergunto se aqui tem algum tipo de biblioteca e ele me dá instruções de como chegar lá. Eu vou seguindo as instruções que ele deu até ver uma porta dupla e presumo que ali seja a biblioteca. Eu abro a porta com cuidado para não fazer barulho, mas assim que eu entro me deparo com o Marco sentado em uma mesa diretamente em frente à porta. Ele olha para mim quase que imediatamente e eu congelo, mas ele faz sinal para que eu entre.