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Voltar Depois De Partir

Mentirinha

_Eu passei uma noite espetacular com ela. Não é uma simples mulher é um monumento, espetacular, tão quente na cama! Falou Fernando vangloriando-se. Carol o observava de longe. Desconfiava do que ele contava.

"Ah se eles soubessem da verdade". Pensava Fernando.

Fernando sempre inventava histórias sobre sua vida sexual. Não queria ser o único entre os amigos a admitir que ainda era virgem. A maioria deles havia perdido a virgindade entre os quatorze e dezessete anos e Fernando com vinte e um escondia a verdade deles. A principio não foi uma opção. Chegou a tentar algumas vezes com namoradas da adolescência, mas sempre aconteciam imprevistos e a tão sonhada primeira vez não acontecia. Por fim resolveu esperar, pensava que talvez não havia encontrado a pessoa certa e suas mentiras eram ditas para não ser motivo de chacota entre os amigos.

_ E a Carol, vocês sabem que ela é virgem. Uma colega me contou. Falou um dos amigos de Fernando.

_ O que você acha disso Fernando? Perguntou Diego que também conversava com ele.

_ Isso somente diz respeito a ela, é algo tão pessoal... se ela acha que não chegou a hora está mais que certa em esperar.

_Ela é uma pessoa bacana e de personalidade, é até bonitinha. Complementa Diego.

Carol é linda. Vocês não notaram não é. Fernando olha para ela. muito linda.

_ E você esta gostando dela? Brinca um.

_Não posso dar minha opinião e vocês já veem coisas que não existem.

Todos estudavam juntos e estavam no horário do intervalo. Fernando e Carol estavam no 7º período do curso de Comunicação Social. Eles se conheceram no inicio do curso, mas não tinham muito contato.

Fernando foi à cantina e viu Carol passar conversando com algumas garotas. Ouvia a conversa.

_Você pretende casar virgem Carol?

_Não é por isso que estou virgem. Ainda não apareceu o cara certo. Neste momento ela olhou para ele rapidamente. Fernando sentiu algo estranho, não soube entender o que era.

Após as aulas, fez uma entrevista de estágio e somente voltou para casa a noite. Estava exausto e a noite estava muito quente é abafada. Fernando não conseguia dormir. Resolveu ir para a varanda do apartamento. Sentou-se esperando que soprasse um vento para refresca-lo.

Olhou para a varanda do apartamento ao lado. Viu chegar uma mulher. Fernando sentiu algo diferente ao vê-la. Estava com roupa de dormir e ele sentiu-se atraído por ela, por seu corpo como nunca havia sentido por outra mulher. Ela parecia linha. Ele escondeu-se atrás das cortinas para observa-la. Pareceu conhecer o cabelo e o contorne daquele corpo. Não conseguiu ver o rosto dela.

"_Por que me sinto assim, este desejo por alguém que não conheço, mas eu conheço este corpo, o cabelo". Pensava ele.

A mulher entrou, mas Fernando ainda se sentia agitado. Deitou-se. Ainda pensava naquela mulher.

No outro dia na faculdade o professor passou um trabalho em duplas. Fernando percebeu que Carol ainda não tinha par e resolver se aproximar. Não sabia exatamente o porquê, mas queria se aproximar dela.

_Olá Carol, tudo bem? Quer fazer o trabalho comigo se você ainda não tiver combinado com alguém.

_Tudo bem, podemos fazer juntos sim. Trás uma cadeira e vamos começar a trabalhar então.

Começaram a fazer o trabalho e ela comenta:

_Ouvi ontem o que vocês estavam falando de mim. Ele ficou sem graça.

_O Guilherme e o Diego adoram falar de assuntos que não os dizem respeito. Perdão se foi algo ofensivo.

_Gostei do de você disse sobre mim.

_As pessoas fazem suas escolhas e se estão felizes, significa que fizeram as escolhas certas.

_Eles falaram que sou uma pessoa feia, Diego disse que sou bonitinha quer dizer feia arrumada. Diz ela em tom de brincadeira. Ele sorri.

_Nada disso, você é bonita e te olhando de perto vejo que é mais bonita do que eu imaginava.

_Oh! Obrigada pela mentira.

_Estou falando sério.

_Vou fingir que acredito. Continuaram o trabalho ate o final da aula.

_Não conseguimos fazer quase nada do trabalho.

_Você tem a noite livre? Perguntou Carol.

_Tenho.

_ Por que a gente não faz o seguinte nos encontramos a noite e adiantamos o trabalho, o que você acha?

_Por mim pode ser. E onde nos encontraremos.

_Pode ser na mina casa ou na sua você decide.

_Pode ser na minha? Pergunta ele.

_Claro, mas você não vai tentar me seduzir não, não é? Brincou ela. Ele corou.

_ Engraçadinha você. Vou te dar o endereço.

_Não precisa, sei onde você mora. Posso chegar às sete?

_Pode. Mas como é que você sabe onde eu moro?

_Ah é segredo. Ela sorri. _Então ate às sete. Tchau. Diz ela indo embora.

Ele olhou Carol e se lembrou da mulher da varando do apartamento vizinho. Sentiu o coração pulsar acelerado.

Mentirinhas e descobertas

Chegou a noite e no apartamento de Fernando a campainha tocou.

_Boa noite Carol. Nossa como você é pontual.

_Ah, sabe que eu moro perto, só deixei minhas coisas em casa e vim.

_E você já jantou?

_Ainda não, não tive tempo.

_Preparei algo para a gente comer.

_Oh, você é um homem prendado, ou esta tentando me seduzir. Diz sorrindo outra vez em tom de brincadeira. Ele retribui o sorriso.

_Então vamos jantar, não dá para pensar com a barriga vazia.

Jantaram conversando. O entendimento entre os dois era grande como se sempre estivessem em convivência.

_Já esta fazendo estágio?

_Ainda não Carol. Mas estou procurando quero muito encontrar um.

_Na empresa onde estou estagiando estavam fazendo seleção se soubesse que estava procurando tinha indicado você. É um ótimo aluno, muito criativo e centrado.

_Obrigado, não sabia que tenho essa fama de bom aluno.

_Presto atenção às coisas, as apresentações de trabalho e comentário dos professores. Sempre falam bem de você e por esse motivo deve conseguir um estágio rapidamente.

_Fiz uma entrevista ontem, acho que fui bem. Quem sabe a vaga não será minha.

_Tomara. O jantar estava ótimo. Agora chega de papo e vamos estudar senão fica tarde.

Ficaram durante horas fazendo o trabalho e acabaram cochilando sobre os livros. Já era madrugada quando Carol despertou. Olhou as horas e resolveu ir para casa. Olhou Fernando dormindo.

_Dorme tão bonito. Suspirou e resolveu acorda-lo para avisar que já ia para casa.

_Fernando... Acorde.

_Oi... o que foi?

_Acabamos dormindo. Agora eu tenho que ir para casa. Amanhã terminamos esse trabalho, falta pouco.

_Esta bem, eu te levo em casa. Disse ele se levantando. _Andar de madrugada é meio perigoso.

_Não precisa. Você não sabe onde moro?

_Não sei , mas eu te levo. Insistiu ele.

_Você não sabe onde eu moro, não acredito. Moro tão perto. Ela riu. Ao sai no corredor Carol insistiu. _Não é preciso me levar.

_Eu faço questão.

_Mas eu moro aqui. Diz apontando para o apartamento vizinho.

_Como você mora aqui? Diz Fernando surpreso. _Mora? Eu não sabia. A quanto tempo?

_Tem alguns meses que me mudei. Achava que sabia disso.

_Então era você... Você... Ele sorriu com a descoberta.

_Eu o que?

_Você divide o apartamento com alguém?

_Não, mas me explica quando disse anteriormente que era eu, não entendi o que quis dizer.

_ Não é nada.

_Sei, vou fingir que acredito. Boa noite.

_Boa noite Carol.

Fernando entrou pensando no que acabava de descobrir.

_Era ela ontem a noite. Ela... Ele estava feliz por ter descoberto que a mulher que lhe causou desejo era Carol por quem já sentia algo especial.

No dia seguinte chegou a faculdade e procurava por Carol, queria vê-la. A primeira pessoa que encontrou foi com Guilherme.

_E aí como vão as coisas. Liguei ontem a noite, mas seu celular esta só na caixa postal. O que andou aprontando?

_Rapaz, passei a noite espetacular. Não dá para explicar como foi. Carol chegava e começou a ouvia a conversa dos dois. _Passei a noite com uma loira maravilhosa, um vendaval na cama. Carol sorri.

"_Eu." Pensou. _Já imaginava que ele mentia, será verdade? Ficou com está duvida.

Durante as aulas não tiveram tempo de conversar.

A noite Carol foi para a casa de Fernando para terminarem o trabalho.

_Oi Caro já estava te esperando.

_Olá. Obrigada por me descrever com uma loira arrasadora, mas eu sou so uma morena baixinha. Diz surpreendendo Fernando.

_Você ouviu a conversa?

_Ouvi.

_Percebeu que eu mentia não é?

_Por que? Ele estava envergonhado. _Você sempre mente a respeito disso? Ele permaneceu calado e de olhar baixo diante do questionamento de Carol.

Confissões

Após o questionamento de Carol, Fernando refletia sobre o que dizer. Sentia vergonha e decidiu então contar toda verdade a ela.

_Sente-se. Vou te contar tudo. Todas as minhas noites maravilhosas, todas as mulheres que eu disse sair é mentira, tudo mentira. Diz sem olhar para ela.

_ Por que tudo isso? Mentir é feio, não é legal. É desonesto...

_Eu não queria ser o único entre meus amigos a ser... Diz encarando-a.

_ A ser o que?

_Virgem... Essa confissão a surpreendeu.

_Virgem? Você?

_Pode rir, não parece, mas sou.

_Desconfiava que inventasse algumas coisas. Sempre via que você estava em casa, nunca via mulher alguma. Mas que você ainda é virgem eu não pensava, não imaginava. Carol estava muito surpresa. Ele continuava a olhar para ela.

_Pois é, sou e não quis que meus amigos soubessem. Nossa iam zoar muito comigo, um cara de 21 anos virgem. Na sociedade, uma mulher ser virgem é normal, aceitável, admirável, mas para um cara acho que não.

_Provavelmente ia ser muito questionado sobre o assunto. O cara virgem. Ela tentou ser sutil\, mas percebeu que ele estava nervoso e envergonhado._ E por que contou tudo para mim? Por que não inventou alguma mentira.

_Sei lá, você me pegou de surpresa, fiquei sem reação e eu confio em você.

_E por que você ainda é virgem? Ele suspirou. _Não precisa falar senão quiser.

_Não é que não tentei perder a virgindade, nunca deu certo. Sempre acabaram acontecendo situações estranhas e embaraçosas. Talvez não tenha encontrado a garota certa e então não quis tentar transar com outra garota sem realmente sentir algo por ela, sem atração. Tenho medo de novamente dar errado e acredito se eu estiver gostando vai ser diferente não vou ter esse medo. E antes que você pergunte, eu não sou gay. Ela sorri.

_bem vindo ao clube dos virgens. Diz ela sorrindo  _Você nunca sentiu atração arrebatadora por uma mulher?

_Uma vez, por uma vizinha... Ele cortou a fala com receio de deixar escapar que foi por ela que se sentiu atraído em uma noite que a viu na varanda.

_Quando encontrar essa garota vai contar a verdade? Dizer que é virgem.

_Não sei tudo depende de muita coisa. Você ainda é virgem ...

_ Eu sou , e acho que todo mundo sabe disso na faculdade. A gente conta as coisas para alguém em quem confiamos e de repente todo mundo sabe.

_E por que ainda é? Pode me contar.

_Acho que sexo tem que ser feito com uma pessoa especial e querida. Feito sim para o prazer, mas com uma pessoa que gostamos e que gosta da gente. Já quase aconteceu, mas desisti no momento, não estava segura, meu namorado na época estava indo muito depressa e não estava sendo confortável a situação. Eles se olharam nos olhos por alguns segundo. Sentiram algo dominar suas almas. Abaixaram o olhar após essa sensação.

_Peço que não conte a ninguém o que te contei. Pediu Fernando.

_Pode confiar em mim, seu segredo esta seguro. Mas te aconselho a parar de mentir.

_Esta bem. Vamos terminar de fazer nosso trabalho? Ela concordou e migraram das confissões para o trabalho acadêmico.

Antes das nove da noite já haviam terminado o trabalho.

_Enfim conseguimos terminar este trabalho.

_Que bom, dá para descansar um pouco dos trabalhos nos próximos dias. Então já vou para casa.

_Fique um pouco mais Carol. Comprei um filme e ainda não vi, como ainda esta cedo poderia me fazer companhia, claro se gostar de filmes e da minha companhia.

_Gosto das duas coisas. Que tipo de filme?

_Terror. Diz brincando. _Comédia, para distrair um pouco.

_Então pode ser.

_Sente-se que a sessão já vai começar. Diz ligando a TV e se sentando ao lado dela.

O cansaço do dia os fez com que caíssem no sono pouco antes do filme acabar. Somente acordaram na manhã seguinte. Carol acordou primeiro e se viu abraça a ele. O coração pulsou aceleradamente.

_Acabamos adormecendo. Ela se permitiu ficar ali mais um pouco sentindo o cheiro bom que ele tinha. _Será Fernando que vou acabar gostando de você? Ela percebeu que ele acordava e fingiu dormir.

_Nossa! Acabamos pegando no sono. Constata Fernando. Ela dorme tão bonita. Disse se levantando. Carol continuou a fingir. Queria saber o que ele estava fazendo, mas não podia olhar.

Vinte minutos depois ele se aproximou e a chamou.

_Já é dia? disfarçou.

_É sim dorminhoca. Daqui a pouco é hora de ir para a faculdade.

_Acho que não vai dar tempo de tomar café.

_Vai sim, já preparei. Ele havia preparado café da manhã para os dois.

_Estou te devendo duas, primeiro o jantar e hoje café da manhã delicioso.

_Não deve nada.

_Olha, vou fazer um almoço e te convidar, não cozinho tão bem quanto você e não aceito recusa.

_É só falar o dia, não faltarei.

_O café está realmente maravilhoso, mas agora tenho que ir senão ficarei atrasada e você também.

_Verdade, até daqui a pouco.

_Até.

Antes de sair para a faculdade, Fernando foi fechar a janela e viu Carol saindo. Saiu apressado para alcança-la, mas não conseguiu.

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