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A Menina Rica E O Domador De Cavalos: A História De Antônio Mendes De Sá

Apresentação da História

Nesta vida é tão fácil julgar os outros por seus erros. O que não sabemos é que muita coisa é uma questão de ótica.

Quantos de nós já fugiu de um confronto e por isso tomamos decisões precipitadas que nos prejudicaram ou causaram sofrimento? Será que se Helena tivesse confrontado o pai desde o início muito de seu sofrimento poderia ser evitado? Seria Antônio tão manipulador como Helena via? Quais as dores e sofrimentos pelos quais ele passou que poderiam transforma-lo em alguém como o primeiro livro mostrou?

A intensao deste livro é mostrar a história de Antônio Mendes de Sá, e através dele desconstruir a imagem de vilão que o pai de Helena teve no primeiro livro.

Amores e dores são capazes de transformar um homem bom e corajoso em alguém frio, duro e obstinado pelo trabalho. Muitas pessoas encontram no trabalho a melhor armadura para não sofrerem por amor novamente sob a alegação de não terem tempo à perder com essas coisas. Mas podemos fugir de nosso destino para sempre?

Seres humanos cometem erros e somente o amor poderá mudar tudo e amolecer o coração de alguém que já sofreu muito.

Antônio Mendes de Sá, no inicio da livro a Menina Rica e o domador de cavalos foi considerado uma dos grandes vilões do livro, tendo um pouco desta tirania redimida apenas no final do livro.

Nesta obra procuraremos contar um pouco da história do pai de Helena, tudo o que ele passou desde a sua infância e apresentar uma outra visão sobre suas atitudes.

Seus amores, suas decepções e frustrações, tudo o que Antônio passou até se tornar no homem mais rico e influente do país.

Por quê ele quis obrigar a filha a se casar com alguém que não amava? Ele buscava apenas prestígio e mais fortuna? Não haveria por trás dessa decisão algo que Helena não sabia?

Claro, nada justifica um pai querer decidir o futuro da filha, muito menos impor um casamento sem amor. Mas isso é algo que estava enraizado na família dele, e mesmo sendo ele o primeiro a se rebelar contra essa tradição, pode ter tido motivos nobres baseados em suas experiências para pensar que Helena poderia achar o amor no casamento arranjado, e principalmente de querer afastar ela do peão que amava.

Personagens na primeira fase:

Antônio Na infância: Uma rapaz alegre, cheio de vida e que gostava de desafios. Vivia sob o controle rígido do pai, mas não deixava que isso o impedisse de viver momentos bons ao lado da melhor amiga Luciana.

Luciana: Uma menina simples, pura, alegre, cheia de sonhos e que tinha em Antônio mais que um melhor amiga, seu protetor. Foi ele quem fez com que a garota acreditasse em si.

Francisco: Pai de Antônio, um homem frio, inescrupuloso, poderoso e capaz de maldades horríveis para conseguir o que quer.

Anna: Mãe de Antônio: Uma mulher presa a um casamento sem amor, mas uma mãe amorosa que sempre foi o principal motivo de Antônio ser bom. Nunca deixou que o pai do menino tirasse dele o sentimento da bondade e da integridade.

A família Mendes de Sá

A ascensão da família Sá, começou ainda no século XII, quando um membro foi nomeado embaixador junto ao papa Gregório. Desde então quando se ouve falar dos Sá, sabe-se que trata-se de uma das famílias mais influentes do país.

São descendentes de portugueses, e vieram para o Brasil, na época de colonização. Se tornaram donos de grandes propriedades latifundiárias, principalmente em Minas Gerais, e com o tempo expandiram os negócios da família para diversas regiões do nordeste, sudeste e centro oeste, ganhando grande visibilidade em todo o país. Sempre foi uma família patriarcal e tinham como principal característica a criação rígida de seus filhos, e o bom tino para os negócios. Os pais sempre tomavam todas as decisões sobre o futuro de seus filhos, desde a educação até o campo afetivo, inclusive sobre o casamento.

Antônio era filho único de Francisco, desde pequeno foi criado para assumir todas as responsabilidades imposta pelo pai. Nunca lhe foi permitido escolher, sempre teve que cumprir as ordens do pai. Mas também era moldado para ser um homem forte e rígido, pois como todos os homens dessa família iria chegar o dia em que ele seria o patriarca, e caberia a ele tomar as decisões sobre o que era melhor e mais vantajoso para a família.

Sua mãe, apesar de ser uma mulher sábia, boa e amável, sempre obedeceu ao marido Francisco, era assim que as mulheres daquela época eram criadas, para servirem sem contestarem. Mas Anna, ao contrário da maioria das mulheres, conseguia sutilmente moldar os valores do filho para que este não se tornasse a imagem do pai. Não queria que Antônio se tornasse um homem frio, inescrupuloso e sem coração, como o marido, tinha esperança de que seu filho seria o primeiro a tentar mudar os costumes dos Mendes de Sá, pois Antônio quando jovem tinha uma alma livre e rebelde.

Anna não aceitava a ideia de seu filho, se tornar um homem que se preocupava apenas com os negócios, e esquecia da família, tal qual era Francisco.

Não que ela tivesse do que reclamar, vivia uma vida extremamente confortável, as mais caras joias e os vestidos de alta costura do mundo todo. Mas achava que isso não era sinônimo de felicidade. Francisco não se preocupava com as necessidades afetivas de Anna e tratava Antônio como se fosse um adulto, tentando privar o menino de uma infância boa e saudável.

Naquela época os casamentos não só na família Mendes de Sá, como em quase todas as outras, eram arranjados, sempre levando em consideração o que a união dos filhos poderia trazer de benefícios para os pais, para a fortuna e principalmente para influencia da família. Foi assim com os pais de Francisco, foi assim com ele, seria assim com Antônio e deveria ser assim com os filhos de Antônio, mesmo os tempos mudando, e as tradições antigas aos poucos sendo deixadas para trás, dificilmente se consegue mudar tradições que estão enraizadas por muito tempo no seio familiar.

Desde a infância os homens Mendes de Sá foram criados para não acreditarem no amor, ou no mínimo para crerem que o amor viria com o tempo, com a convivência entre o casal. Segundo os antigos o amor enfraquecia as pessoas, as deixavam burras, e incapazes de tomar decisões inteligentes para os negócios, o tino para os negócios dos Mendes de Sá, se dava a isso, por não acreditarem em amor verdadeiro.

Não era tão ruim assim ter um casamento arranjado, não ao menos na época de Francisco e Anna, pois além do sentimento vir com o tempo, os casamentos não levavam só em conta os interesses da família, buscavam também pessoas bonitas, educadas e principalmente de famílias ricas, capazes de garantir uma boa vida para os nubentes, desde que as mulheres fossem passivas, sem iniciativas e obedientes aos maridos, a felicidade iria reinar. Ao menos era o que sempre acontecia.

Antônio era um menino inteligente, educado, corajoso e rebelde. Tudo indicava que seria ele quem iria acabar com aquela tradição tão ultrapassada dos Mendes de Sá. Anna poderia apostar que aquele menino era capaz de lutar por seus ideais e por sua felicidade. Mas não poderia esquecer que também era moldado por Francisco, para mais tarde assumir todos os negócio da família, o peso do nome Mendes de Sá sempre era um fardo pesado e que estava destinado ao pequeno Antônio.

Vez ou outra o menino fugia e não havia quem o encontrava. Tinha dentro da fazenda seu próprio refúgio. Em meio a mata, num lugar longe dos cafezais, longe dos olhares rígidos do pai, Antônio encontrou um rio, cheio de grandes pedras, que corria tranquilamente e cortava aquelas terras, e mais à frente, uma linda cachoeira. Desde o dia que encontrou aquele tesouro em meio a propriedade, fez daquele lugar seu refúgio. Naquela época o caminho até lá era difícil, a mata era fechada, mas era o local favorito do menino. Sempre que conseguia fugir ia pra lá. e ficava tomando banho de cascata, sentava numa pedra e observava a natureza. Era um menino bom, se preocupava com os outros e mesmo proibido por seu pai, brincava com as crianças da comunidade.

Quando Antônio tinha dez anos, conheceu uma menina pouco mais nova Luciana, ela era uma menina especial que enchia a vida de Antônio de alegria, tinha os cabelos lisos e negros como a noite, e seus olhos verdes, combinavam perfeitamente com a paisagem que os rodeava. A menina preferia brincar com os meninos do que com as meninas, achava as brincadeiras das meninas muito chatas. Achava que não nasceu para cuidar de uma casa, ou ter filhos, queria conhecer o mundo, falava que quando crescesse, iria para a cidade grande.

Antônio e Luciana não se desgrudavam, quando o pai não estava de olho ele corria para a comunidade para chamar a amiga para irem até a cachoeira, e lá o menino, que tinha uma boa educação, pois estudava no melhor colégio de Belo Horizonte, deitava na grama e lia para a pequena Luciana, falava histórias da cidade grande, das casas e carros que tinha por lá, dos shopping e lojas, e de como era o ensino na escola que ele estudava. A menina ficava com os olhos vidrados nele, encantada com cada história, fez ele prometer levá-la naqueles lugares um dia.

Com suas histórias Antônio fazia Luciana viajar além das porteiras da fazenda, e ela fazia que não morresse dentro dele o jovem rebelde, alegre e corajoso, uma troca mais que justa para ambos.

Geralmente meninos não gostam de brincar com meninas, ainda mais quando eles não tem a mesma idade, mas com Antônio e Luciana era diferente. Ele gostava dela, a protegia dos outros meninos e meninas, e ensinava coisas para ela sobre a sociedade, falava sobre a cidade grande, sobre sua casa na capital mineira. Queria poder levar Luciana para conhecer seu mundo. Queria mas não podia, o menino sabia o quanto seus mundos eram diferentes.

O primeiro amor

- Luciana, Luciana! Antônio Chamava pela menina na frente da casa dos Silva.

De dentro da casa veio correndo aquela menina de sete anos, com a roupa suja e o cabelo arrepiado, com o sorriso mais puro e largo por ver o amigo.

- Antônio, que bom que você veio! Fazia tempo que não vinha me ver, eu tava com saudades!

- Não esqueci de você Luci! Venha, vamos dar uma volta lá na cachoeira, tem tantas coisas que quero contar. Não pude vir antes, porque meu pai está tomando meu tempo cada vez mais. Aula de latim, de matemática, equitação.... nossa um monte de chatice, falou o menino com olhar triste.

- Mas hoje eu consegui fugir, queria te ver e queria ir lá pra cachoeira. Hoje vou te ensinar a nadar, como eu tinha prometido.

- Oba Antônio, eu quero muito aprender a nadar..... pensei que você tinha esquecido da tua promessa.

Assim saíram os dois para a mata, como sempre faziam. Chegando na cachoeira, Antônio começou a tentar ensinar a menina a nadar, mas era muito difícil para ela perder o medo.

- Calma Luci, assim ó! Tem que bater os braços e as pernas! Falava para a menina enquanto nadava. – Você precisa confiar em si mesma Luci, vamos tente.

Mas a menina não saia do lugar, ficava com a água batendo no joelho, olhando com os olhos brilhantes para Antônio que nadava demonstrando o que a pequena deveria fazer.

- Venha Luci! Falou o menino estendendo as mãos para ela. Fique tranquila, confie em mim! Não vou deixar nada te acontecer! Falou confiante, se achando um homenzinho se comparado a pequena! Então levou a menina um pouco mais para o fundo. Pediu para a menina deitar na água, fechar os olhos e relaxar. Colocou seus pequenos braços em baixo da barriga dela, e disse!

- Confie em mim Luci, nunca vou deixar nada acontecer com você!

Como toda a criança, de inicio a menina não conseguia se soltar. Então Antônio começou a falar para ela imaginar que era um peixinho, igual aos que eles ficavam vendo nadar no rio, para ela ir mexendo os braços e as pernas levemente e confiar! Vez ou outra ele tentava soltar ela, mas a menina afundava, e ele voltava a falar:

- Calma, Calma Luci! Uns goles de água não vão te fazer mal, você só precisa perder esse medo! Sem perder o seu medo da água, você nunca vai aprender.

- Antônio, eu tenho medo de afundar, e se eu me afogar? Minha mãe vai ficar muito triste! E você também né?

- Deixa de ser boba Luci, aqui não dá pra se afogar, e eu estou aqui do teu lado, eu sei nadar e já te disse que não vou deixar nada te acontecer! Vamos aprenda a nadar, daí você pode ir comigo lá naquela pedra que sempre vou. Você vai ver como é bom.

Antônio tanto insistiu, que conseguiu tranquilizar a amiga, logo ela dava suas primeiras braçadas. Luciana era uma menina insistente, ela queria aprender a nadar naquele dia, e iria aproveitar as aulas do amigo, só iria embora quando estivesse dominando a arte.

Os dois ficaram muito felizes quando a pequena aprendeu a nadar, assim os momentos que passavam juntos ficaram ainda mais agraveis. Ficavam lá sentados na pedra, com a água da cachoeira caindo sobre suas costas, dando risada da cócega que sentiam.

- Antônio, você é o menino que eu mais gosto daqui. Vou confiar em você para sempre! Promete que nunca vai me esquecer?

- Prometo Luci, mesmo quando eu estiver velhinho, vou lembrar de você! Dos seus cabelos pretos, lisos e embaraçados! Vou lembrar da nossa amizade pra sempre.

- Quando você crescer, você vai casar comigo?

O menino não respondeu, ele bem que queria dizer que sim, que queria ter a pequena Luciana para sempre em sua vida! Mas mesmo tão pequeno, Antônio sabia que seu destino seria definido pelo pai. Porém naquele momento queria ficar ali com Luciana e sonhar que quando eles crescessem, tornaria aquela menina sua esposa, não sabia ao certo o que isso significava, só que marido e mulher viviam juntos, e era o que ele queria, viver sempre com Luciana por perto.

O primeiro amor é assim, tão puro, tão sem intenções, um apenas desfrutando do outro, sem nenhum interesse além do estar junto e cuidar. Era isso que Antônio sentia por Luciana, eram crianças, mas tinham um pelo outro um amor sem maldade. Antônio tinha vontade de levar a menina para conhecer sua casa na fazenda, de ensinar ela a andar à cavalo, de ensiná-la a ler, e fazer suas próprias viagens no universo da leitura. Mas o menino sabia que não poderia, tinha que manter essa amizade em segredo. Francisco, jamais aceitaria que ele andasse com alguém como Luciana, ela a menina pobre, andava com vestidos surrados e de segunda mão, e ele o menino rico, único herdeiro de uma das maiores fortunas do Brasil, o império dos Mendes de Sá.

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