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Uma Parte De Mim

Capítulo 1

...MAITÊ DIAS...

Desde de muito pequena, tinha o sonho de me tornar médica. Não tive uma infância como uma criança normal, éramos somente eu e minha mãe, segundo ela, o homem que me colocou nesse mundo, fugiu com outra mulher quando descobriu que mamãe estava grávida de mim, então faz exatamente dezoito anos que somos somente nós duas. Não temos muita condições, mamãe da duro no seu trabalho de doméstica na casa de pessoas finíssimas, eu queria de alguma forma ajuda-lá, mas tudo que ela me pede é para focar nos estudos e um dia ser alguém nessa vida, então assim eu fiz.

Sentei em frente ao meu notebook, entrei no e-mail e recebi o resultado da minha bolsa. Quando eu vi, não acreditei, meus olhos se encherem de lágrimas, meu coração soltava fogos de artifícios, eu consegui entrar para universidade Federal do Rio de Janeiro.

Maitê; MÃÃE!!!!!

Corri para sala, ela me olhou com os olhos arregalados, dei um sorriso de orelha a orelha.

Maitê; EU CONSEGUI!!!!

Ela rapidamente se levantou e veio até a mim, me dando um abraço de urso;

Lurdes; Meu Deus minha menina! Eu sabia, sabia que você iria conseguir. Que orgulho!

Mamãe é o meu orgulho! Ela sempre deu a vida por mim, mesmo o homem que me colocou no mundo ter nos abandonado, ela não desistiu, ficou comigo e me criou, sei que teve momentos difíceis mas lutou, sua força é algo que me deixa admirada, ela nunca deixou se abalar com nenhum problema.

Maitê; Eu não estou acreditando mãe!

Lurdes: Eu já sabia que você conseguiria, sempre se esforçou para isso.

Se afastamos e a olhei, vi seus olhos vermelhos, seu rosto molhado, trouxe minha mão e enxuguei o mesmo;

Maitê; Porque está chorando?

Lurdes; Porque estou orgulhosa de você! Você é o meu motivo de nunca ter desistido, é por sua causa que me tornei uma pessoa forte.

Maitê: Mãe, eu te admiro muito e sou agradecida por tudo que fez, eu vou mudar isso, você não vai mais precisar trabalhar dessa maneira, eu vou conseguir ser uma médica e dar uma vida melhor pra você.

Ela sorriu, senti sua mão em meu rosto, fechei os olhos alguns segundos;

Lurdes; Eu gosto do que eu faço e a dona Isabel e o Senhor Fernando são pessoas incríveis e boas.

Maitê; Eu sei, eles sempre ajudaram muito você, sou grata a eles também, mas olha o risco que você corre todos os dias, pegando três ônibus até chegar na mansão deles, eu só fico tranquila quando vejo a senhora entrando por aquela porta.

Nós moramos num bairro da zona norte do Rio, era longe de onde mamãe trabalha e também da universidade, a nossa vizinhança era boa, porém tinha o perigo como todo bairro do rio mas com o tempo você aprende lidar com eles.

Lurdes: Você imagina como eu irei ficar agora sabendo que você terá que enfrentar isso até a universidade?

Maitê: Eu aposto muito que Douglas não me deixará sozinha pegando esses ônibus.

Lurdes: Ah não mesmo, ele irá te pegar na porta de casa e te deixará novamente na porta.

Nós duas rimos, Douglas é o meu melhor amigo desde que me conheço por gente, estudamos sempre juntos, a família dele era de uma classe média, só iremos traçar caminhos diferentes do curso mas tentamos entrar pra mesma universidade, estou torcendo para que ele consiga também, não estou afim de ficar sozinha com os olhares julgadores pra cima de mim por causa da minha classe, ele sempre me protegia com isso.

Não demorou, a campainha começou a tocar;

Maitê: A senhora está esperando alguém?

Lurdes: Não filha.

Franzi a sobrancelha, fui até a porta e quando abri, ali estava ele, com um sorriso de orelha a orelha;

Maitê: Olha só, é só falar no seu nome que tchanãn.

Douglas soltou uma risada, em seguida me abraça e entra;

Douglas: Quer dizer que estavam falando de mim? Então era por isso que senti minha orelha queimando. Oi dona Lurdes.

Ele cumprimentou minha mãe.

Maitê: O que devemos a honra da sua ilustre visita?

Douglas: Você recebeu o e-mail?

Maitê: Sim!!!!

Disse empolgada demais.

Douglas: Com essa empolgação já vi que você conseguiu.

Meu sorriso logo se sumiu com a desanimação dele;

Maitê: Você não conseguiu?

Ele negou com a cabeça e colocou as mãos no bolso, senti a insegurança me batendo, como eu ficaria sem ele naquele lugar? Eu sei que faríamos cursos diferentes, não estaríamos na mesmas sala mas pelo menos ele estaria lá, nas horas do intervalo. Douglas logo soltou uma risada;

Douglas: Achou que se livraria de mim?

Maitê: Ai meu Deus!

Corri e pulei em seus braços, Douglas me segurou e me rodou, em seguida voltei para o chão e o empurrei.

Maitê: Não faça mais isso! Eu já estava pensando em como ficaria sem você naquele lugar.

Douglas deu um estalo de beiços, um sorriso convencido e passou o braço pelos meus ombros, me puxando e beijando a lateral da minha cabeça;

Douglas: Eu sei que você não vive sem mim!

Ri alto, mas não podia negar, ele tinha razão.

Lurdes: Acho que isso merece uma comemoração, que tal uma lasanha?

Douglas: Meu Deus dona Lurdes, você leu meus pensamentos, não existe uma lasanha nesse mundo, que supera a da senhora.

Lurdes: Para menino! Que isso, só vou precisar de auxílio.

Douglas: Opa! Conta comigo.

Ele tirou o braço e seguiu minha mãe até a cozinha. Douglas era um cara legal, eu o tinha como um irmão, sempre cuidava de mim e me protegia de tudo e todos, há pessoas que nos olham e acham que somos namorados, mas nunca passou na minha cabeça de ficar com ele, eu tinha medo de estragar a amizade, irmandade que temos, então não, isso em hipótese alguma pensei na possibilidade. Segundo mamãe, ela sempre acha que um dia iremos namorar, na verdade é porque ela gosta dele demais, sempre foi respeitoso, educado e carinhoso com nós duas mas isso está fora de cogitação.

Douglas: Ei! Vai ficar aí só olhando bonita? Pode vir colocar a mão na massa também.

Comecei a rir da cara dele e o tom de repreensão, me ajuntei aos dois, essas eram as únicas pessoas que eu tinha na minha vida e sem dúvidas, a minha família! Era raro de ter nós três juntos, o emprego de mamãe tomava muito tempo dela, na verdade dona Isabel adorava seus serviços, por mais que sejam pessoas boas, se aproveitam um pouco também. Cansei de ter que dormir na casa de Douglas ou ele aqui  porque mamãe tinha que ficar para preparar o jantar e ficaria tarde da noite pra ela pegar ônibus.

Douglas: Hum! Meu Deus, que delícia! Não é atoa que aquelas pessoas finíssimas adoram sua comida! Lurdes você tem uma mão de anjo, de anjo!

Lurdes: Pare com isso!

Maitê: Ele tem razão mamãe, está deliciosa.

Ela deu um sorriso em agradecimento, jantamos e comemoramos entre brincadeiras e risadas, era difícil não rir na presença de Douglas, ele tinha o dom de arrancar sorrisos fáceis das pessoas, levava a vida de um jeito tão leve que as vezes até eu tinha inveja.

Douglas: Então, estava pensando comigo, deveríamos aproveitar essas férias antes de irmos pra universidade.

Maitê: Dodô eu não...

Douglas: E quem disse que você irá precisar gastar? Aceita como meu presente de amigo.

Maitê: Eu não gosto disso, isso não é certo.

Douglas: Não é certo você recusar um presente. Nossa! Maitê, você é muito má, recusou um presente do seu melhor amigo?

Douglas levou a mão até o peito e fez uma cara de magoado, não me aguentei e soltei uma gargalhada, eu detestava que ele fazia isso por mim, não me importava de passar as férias em casa mas ele sempre dava um jeito de que eu pudesse ir com ele.

Douglas: Vamos! Sabe que uma férias sem você, não é nada legal e não estou afim de ter que aturar os meus primos.

Maitê: Ah espera aí, você está querendo me arrastar pros seus problemas de família?

Olhei pra ele chocada, Douglas riu e me puxou para seus braços;

Douglas: Você adora aquele lugar que eu sei!

Revirei os olhos e fiquei o encarando por uns minutos, enquanto ele fazia aquela cara de cachorro abandonado. Eu fui com ele pra casa dos seus primos umas três vezes, em uma cidadezinha do interior de Minas e me encantei, lá é tudo muito verde, a natureza reina, acordar de manhã e ouvir os pássaros cantando era a coisa mais gostosa desse mundo, sem contar a paz, os lugares que tinham, as cachoeiras que Douglas sempre me levava, era totalmente diferente da agitação daqui do Rio.

Maitê: Ok! Você me convenceu, mas não é por causa de você, é por causa que eu adoro aquele lugar.

Ele abriu a boca pra me retrucar e logo fechou, a cara que ele fez, foi tão hilária, ri alto.

Maitê: Pode contar comigo Dodô , sei que não vive sem mim.

Douglas: Ah você é muito convencida Maitê!

Ri ainda mais, o abracei e senti um beijo no topo da minha cabeça.

Douglas: Boa noite! E mais uma vez, agradeça sua mãe, estava divino!

Maitê: Ela já sabe disso, você deixa claro a cada segundo seu puxa saco!

Começamos a rir, se despedimos e assim que Douglas sai, sigo direto pro meu quarto. É inevitável não pensar em como será na universidade, um friozinho na barriga e um nervosismo bate, sorte minha de não ter que ir sozinha. Irei me dedicar e dar tudo de mim, quero dar uma vida melhor para minha mãe, ela já fez tanto por mim e agora é a minha vez!

...\~\~...

...GUILHERME APPOLINARIO ...

Finalmente último ano da universidade, estou prestes a me formar em medicina! Faço estágio  no melhor hospital de Rio de Janeiro, me apaixonei pela área infantil e quero me especializar e ser um grande pediatra, aquelas criancinhas ganharam o meu coração, quem diria! Escolhi essa profissão por desde pequeno, ter criado uma paixão, meu pai é médico cirurgião, sempre me espelhei nele, tudo que temos hoje é com certeza a sua grande fama profissional.

Há pessoas que tentam se aproximar só por conta do nosso nome e do nosso dinheiro, eu odeio isso, as pessoas são egoísta demais, dinheiro pode trazer felicidade, sim, mas nem sempre. Conto nos dedos quem são meus amigos de verdade. É claro que usufruo e gosto de ter o que eu bem quero, ter todo esses luxos, mas caminho com as minhas próprias pernas pra ter isso, quero criar o meu próprio império, não me aproveitar do esforço do meu pai.

Secretária: Guilherme, tem uma moça esperando por você na recepção.

Guilherme: Se for minha noiva, pode falar a ela, que vou até sua casa, estou trabalhando agora.

A moça não disse mais nada, apenas assentiu e saiu. Sempre fui apaixonado por Bianca, ou pelo menos, pensei que fosse. Nós crescemos juntos, sua família são grandes amigos da minha, nossos pais são como irmãos, ela sempre foi a minha primeira em tudo, mas Bianca era mais rápida, ela é dois anos mais velha que eu. Quando declarei o meu amor por ela, eu tinha dezessete anos, ela estava começando sua carreira de modelo, inclusive hoje ela é a mais requisitada, viaja pelo mundo a fora com contratos milionários.

Na época eu achava isso o máximo, tinha uma namorada modelo, Bianca era vaidosa, tinha todo o cuidado com seu corpo, como tem até hoje, mas como esse mundo da fama as notícias espalham rápidas, meu mundo desabou quando saiu uma matéria dela se divertindo em uma boate em Las Vegas, aos beijos com um outro modelo. Eu quis terminar tudo, mas ela se humilhou, se ajoelhou em minha frente pedindo o perdão, dizendo que havia bebido demais aquela noite e deixou ser levada pelo álcool.

Foi pressão dos dois lados, dos seus pais e dos meus, e pra parar com essa encheção de saco, acabei a "perdoando", mas não sou idiota, sei que ela ainda continua fazendo isso e também não estou para trás, eu saio com meus amigos pra se divertir e acabo na cama de uma garota qualquer, não me orgulho disso, não mesmo, mas não vou ficar sendo corno, já que terminar, não é uma solução para os meus pais.

Secretária: Senhorita ele disse que está ocupado!

Bianca: Eu não quero saber, você sabe com quem está falando?

Ouvi as vozes pelo corredor, revirei meus olhos, logo a porta se abriu com força e a fera apareceu;

Bianca: Está ocupado né Guilherme?

A garota ao seu lado me olhava sem jeito, fiz sinal com a cabeça pra ela sair, Bianca cruzou seus braços e ficou ali, me encarando com cara de poucos amigos.

Guilherme: Por Deus Bianca, o que você quer? Eu já estava terminado o meu turno. Custa esperar vinte minutos?

Ela bufou, descruzou os braços e caminhou de um jeito sensual até a mim.

Bianca: Bebê eu queria te ver, quero passar a noite com você antes de ter que ir viajar. Dessa vez eu ficarei cinco meses fora, não sei se vou aguentar!

Sua voz era melosa, ela se aproximou e colou o corpo ao meu, suas mãos ajeitaram a gola do meu jaleco.

Guilherme: Até parece que você pense em mim nessas suas viagens Bianca!

Ela fez uma cara de ofendida.

Bianca: Você ainda está falando de Las Vegas?

Guilherme: Não só de Las Vegas, aquela não foi a primeira e nem a última vez!

Bianca: Nossa! Assim você me magoa bebê.

Reviro os olhos, sinto a mão dela deslizar pelo meu corpo e parar sobre meu membro por cima da calça, fechei meus olhos com força sentindo ela apertar e ele querendo dar sinal.

Guilherme: Bianca...

Bianca: Eu vou sentir tanto sua falta! Mas esse trabalho é importante para minha carreira.

Que se foda a carreira dela, eu não ligava a mínima, não sou um cara egoísta, nem um escroto, porém essa mulher despertava o pior de mim, coisas que eu detestava. Tranquei meus lábios pra não deixar escapar um gemido da minha boca, eu estava ficando duro com sua carícia. Segurei seu pulso e afastei.

Guilherme: Eu estou terminando meu trabalho, preciso entregar o relatório pro meu super visor, te darei o que deseja, da pra você esperar?

Ela abre um sorriso vitorioso, em seguida se inclina e deposita um beijo em meus lábios.

Bianca: Está bem, termine logo o que tem pra fazer.

Bianca se afastou e se sentou em uma das cadeiras em frente a mesa, deixei um suspiro frustado escapar, uma coisa eu não podia negar, as nossas transas eram as melhores, mesmo que eu vá para cama com outras mulheres, nenhuma tem a habilidade que ela tinha; o que me deixava puto, detestava ser assim tão vulnerável, sou homem, tenho desejos e não tenho como negar isso, também não me orgulho.

Não demorou vinte minutos, consegui entregar o relatório e seguimos então para o meu apartamento. Bianca foi me provocando do hospital até em casa, ela não tinha limites e eu adorava isso. Me fez gozar na sua boca, enquanto dirigia, foi difícil manter a atenção na estrada, essa mulher era louca!

Eu já estava explodindo de desejo, quando colocamos os pés no apartamento, a prensei contra a parede e a beijei ferozmente. Bianca gemeu, fazendo meu membro pulsar ainda mais, a peguei pela bunda, ela entrelaçou as pernas em minha cintura e caminhei até o quarto. Não tive muita paciência, eu queria entrar dentro dela e fazê-la ficar sem sentir suas pernas. Então arranquei o mais depressa possível suas roupas, me despi, coloquei a camisinha e abri suas pernas, quando a penetrei; Bianca gritou pra quem quisesse ouvir, não tive dó, remetia com força, enquanto ela se contorcia e gritava pedindo por mais, acho que era por isso que eu gostava, por ela sempre me deixar fazer o que eu bem entender, ninguém entendia essas minhas necessidades sexual além dela.

Quando chegou em seu clímax, cheguei logo atrás, porra! Bianca poderia ter todos os defeitos possível mas na cama, até agora, não havia encontrado uma que satisfaça minhas fantasias.

Capítulo 2

...MAITÊ ...

As férias passaram voando, foi incrível passar mais uma vez com a família do Douglas, não tinha tempo ruim ao seu lado, a forma que ele tenta me fazer sorrir, sua preocupação comigo, é fofa demais, eu amo meu melhor amigo, meu irmão. A vida pode ter me tirado o meu pai, não me importo, a própria tratou de me dar alguém ainda melhor, que tenho certeza, que cuidará de mim pra sempre.

Hoje era o primeiro dia na universidade, tive uma noite agitada, estava ansiosa. Me levantei cedinho, tomei um banho e me arrumei, logo Douglas passará pra me buscar.

Mamãe nem havia dormido em casa essa noite, teve que ficar pra fazer um jantar especial na casa da família onde trabalhava. Fiz meu café e fiquei ali, viajando em meus pensamento, apenas com a xícara de café, meu estômago estava embrulhado por conta do nervosismo, não conseguirá comer nada.

Não demorou pra surgir a buzina do carro de Douglas, me levantei em um pulo, peguei minha bolsa e sai. Ao entrar dentro do carro, ele me deu um sorriso, me cumprimentou com um beijo na bochecha;

Douglas: Bom dia princesa! Nossa, você vai parar a universidade linda desse jeito. Já vai chegar, chegando!

Gargalhei enquanto colocava o cinto, Douglas sorriu e logo deu partida.

Maitê: Esta exagerado?

Douglas: Não princesa! Você está linda, pronta pra fisgar o coração por onde passa.

O encarei, enquanto ele mantinha a atenção na estrada.

Maitê: O garanhão aqui é você, não eu.

Ele riu e me deu uma olhada, dando de ombros.

Douglas: Você que não sabe se divertir gata! Acha que pra beijar precisa ter sentimentos.

Abri minha boca em um perfeito *O*, ele voltou sua atenção para a estrada, o trânsito já estava a todo vapor.

Maitê: Não é bem assim, eu não acredito no amor, não é que tive uma experiência boa e nem vendo meus pais apaixonados e bobos por ter sua filhinha em seus braços.

Douglas: Ai! Desculpa eu não quis te fazer ficar triste.

Maitê: Eu não estou, só me privo de me apaixonar e um dia se machucar.

Douglas: Aquele otario, não sabe o que perdeu, e seu pai com certeza deve ser doente, se soubesse a filha incrível que tem.

Acabei rindo, balancei com a cabeça.

Maitê: Chega disso, vida nova e pessoas novas!

Douglas: É isso aí garota! - Vibrou Douglas me fazendo rir.

Eu tivera uma única paixão na escola, ele era amigo do Dodô, me tratava bem, me fazia se sentir bem, ficamos sério por quase um ano escolar inteiro, mas foi só conseguir me levar para a cama, que ele nunca mais olhou para minha cara.  Os dois tiveram uma briga feia entre si, me senti mal, cai feito uma boba na sua lábia, me senti usada, mas como eu poderia imaginar que era somente isso que ele queria? Até meu melhor amigo acreditava que ele estava apaixonado por mim e tudo não passou de uma aposta da roda de amigos deles.

  Então pra mim amor não existe, primeiro por causa da minha mãe e depois por eu ter sido usada dessa forma, o meu foco é me formar, ser uma profissional na medicina e dar uma vida melhor para minha mãe, apenas isso.

Douglas: Bem-vinda vida nova!

Douglas parou o carro no estacionamento da universidade, meus olhos brilharam e senti meu coração acelerando. Olhei pra ele, que me encarava com um sorriso enorme no rosto, respirei fundo.

Douglas: Está pronta?

Maitê: Acho que sim.

Douglas: Vamos! Precisamos achar nossas salas, na verdade, primeiro a sua.

Maitê: Dodô não precisa.

Douglas: É claro que precisa, não vou deixar você sozinha! Vamos!

Sorri, peguei minha bolsa e descemos do carro. As vezes meu amigo me tratava com uma criança pequena.

Maitê: Você me trata como se eu tivesse cinco anos de idade.

Ele ri, se aproxima de mim e passa o braço em volta dos meus ombros.

Douglas: É que você pra mim, é a minha irmãzinha, nossas salas são a caminho, acredito que a área de medicina não ficará muito longe de odontologia.

Não disse mais nada, entraria em uma discussão por bobagem com ele, sei que seria impossível contraria-lo. Caminhamos até a universidade, observei alguns alunos, haviam pessoas de todos os tipos, alguns grupinhos de amigos se abraçando, fazendo a festa de se rever depois de umas férias, e outros tão perdidos quantos nós.

Douglas: Tem muita gente bonita, esse ano promete princesa.

Olhei pra Douglas e sorri, aquele lugar era enorme, ainda bem que chegamos cedo para procurar a nossa sala. Caminhamos por aqueles corredores, se não fosse pelo meu amigo, eu com toda certeza me perderia aqui. Me despedi dele e entrei na sala, havia alguns alunos já por ali, uma moça de cabelos loiros, olhos azuis, me deu um sorriso simpático, retribui, observei o lugar ao seu lado vazio e então me aproximei;

Maitê: Oi, eu posso me sentar aqui?

Aline: Oi, por favor!

Ela tirou sua bolsa, agradeci e me acomodei na cadeira, o seu sotaque não era daqui, curioso. Estiquei meu braço a ela;

Maitê: Prazer Maitê.

Aline: Aline!

Ela pegou na minha mão, estava sendo gentil comigo, não sei se nos tornaríamos amigas, pelas roupas que ela estava usando, deveria ter muito dinheiro e eu bom, sou apenas uma garota qualquer.

Maitê: Você não é daqui do Rio.

Ela sorriu ainda mais;

Aline: Não! Sou do sul, vim das cidades gaúchas, mais específico Porto Alegre.

Maitê: Caramba! E porque escolheu estudar aqui?

Ela deu de ombros e desviou o olhar, talvez eu esteja sendo intrometida demais com uma pessoa que acabei de conhecer.

Aline: Uma longa história, chata na verdade, cheio de problemas.

Maitê: Ah!

Aline: Você é daqui?

Maitê: Sim, desde que me conheço por gente.

Ela sorriu, não prolongamos mais a conversa, a sala já estava cheia, uma outra menina sentou perto de nós duas e nos ofereceu um sorriso tímido. Eu estava me sentindo um peixe fora d'água, um homem alto, com mais ou menos uns cinquenta anos entrou na sala, se apresentou como professor Willians, que nos daria aula de Anatomia. Ele começou a falar e explicar a importância da sua aula, aprestei atenção, em cada palavrinha, estava sentindo um friozinho na barriga, ainda pra mim é um sonho em estar aqui.

Quando fomos liberados para o intervalo, Aline pediu pra mim esperar, sorri, ou talvez eu estivesse enganada, poderia nos tornarmos grandes amigas. Assim que ela pegou sua bolsa, seguimos juntos aos outros, um rapaz se aproximou de nós duas, com um sorriso enorme no rosto, olhei pra Aline e ela sorria também, franzi as sobrancelhas mas logo atendi;

Bruno: Oi minha gata, já fez amizades?

Aline: Sim amor, essa é Maitê. Maitê meu namorado, Bruno.

Ele abriu um sorriso perfeito, com dentes brancos e retinhos, meu Deus! Eles formavam um casal e tanto; mas Bruno não tinha sotaque gaúcho;

Bruno: É prazer conhecê-la Maitê.

Bruno estendeu sua mão, fiz o mesmo pegando e apertando.

Maitê: O prazer é meu.

Sorri, em seguida Aline foi para seus braços, os dois selaram os lábios e olharam para mim;

Aline: Se ajunta com nós, aposto que também é nova e não vai querer ficar sozinha.

Maitê: Ah na verdade...

Douglas: Ai está você! Meu Deus, não faça mais isso princesa!

Douglas chegou falando num tom preocupado, olhei pra ele e segurei a minha risada, ele deveria ter passado na minha sala e quando não me viu, me procurou feito um louco. Olhei para os dois que sorriam, esperando ser apresentados.

Maitê: É Dodô, essa é Aline, estamos na mesma sala e esse seu namorado Bruno e esse, é Douglas, meu melhor amigo.

Douglas: Irmão!

Os dois arquearam a sobrancelha e o cumprimentaram.

Aline: São irmãos ou amigos?

Douglas: Bom, a gente cresceu juntos, se conhecemos desde que somos gentes então; irmãos! De onde você vem? Que sotaque é esse?

Disse Douglas passando um braço pelo meu ombro.

Aline: Sou gaúcha.

Douglas: uow!

Bruno: Ok, acho que nós deveríamos comer alguma coisa antes que nosso intervalo termine.

Douglas: Esse é dos meus, por favor! E que esse dia acabe, começou agora mas todos os dias são chatos assim? Porque eles tem que ficar explicando a importância do curso que escolhemos? Nós sabemos disso não sabemos? Se não porque escolheríamos?

Todos nós começamos a rir da reclamação do Douglas, enquanto caminhávamos para o refeitório. Conhecemos um pouco mais de Aline e Bruno, eles se conheceram em uma palestra que o mesmo foi participar em Porto Alegre, trocaram mensagens e decidiram namorar a distância por um ano. Os pais dela, não aceitaram muito bem e ela está aqui hoje, contra a vontade deles. Bruno também estuda medicina porém está no último ano, parecem ser pessoas incríveis e já vejo uma amizade legal se transformando aqui.

Bruno: Ei, um amigo meu fará uma festa para dar bem-vindos aos calouros, vocês deveriam ir, são calouros não são?

Maitê: Hum! Sei não..

Douglas: Ah qual é princesa, vamos!

Olhei para Douglas e em seguida para os dois.

Maitê: Essas festas não tem trotes com os calouros não?

Bruno ri, Aline olha para ele seria;

Aline: Porque você está rindo? Você iria deixar eles trolarem com a sua namorada?

Ele a abraçou e beijou seu ombro.

Bruno: Claro que não gata, deixamos o trote acontecer, depois aparecemos, relaxa! Não vou deixar acontecer nada com você e não será nada demais, eles só irão jogar tintas.

Aline: Ah nada demais, só iríamos ficar com a roupa pesada e o cabelo cheio de tinta. - Disse ela revirando os olhos.

Bruno: Relaxa que irei salvar vocês disso.

Maitê: Se for assim, eu aceito!

Bruno: É isso aí, a vida é uma só, temos que aproveitar!

Passamos o resto do intervalo rindo, rindo muito, Bruno era outro palhaço, aí já viram; ajuntou o útil com o agradável, Douglas achou um amigo certo para fazer suas idiotices juntos.

...\~\~...

...GUILHERME ...

Eu aproveitei minhas férias, viajei para Cancún, eu amava aquele lugar, ainda mais que estava apenas com um primo meu sem Bianca para infernizar minha vida.

Guilherme: Fala rapaziada!

Bruno: Caramba Guilherme , lembrou que tem amigos agora?

Gargalhei e cumprimentei meus dois únicos amigo, Bruno e João.

João: Curtiu suas férias em grande estilo irmão!

Guilherme : Você não tem ideia João! E Aline, você realmente veio.

Aline: Bom, contra a vontade dos meus pais mas estou nem aí.

Ela me abraçou, dei um sorriso abobalhado pro meu amigo.

Guilherme: É cara, isso é amor mesmo!

Bruno: Seu idiota!

Gargalhamos, ficamos um tempo matando a saudade e já avisei para não contarem comigo pro intervalo, que tinha umas coisas a resolver. João apenas me recordou da festa que fará em sua casa com os trotes dos calouros, disse que não perderia por nada, ainda mais que esse era nosso último ano, finalmente chegando na reta final, sei que ainda terei dois anos fazendo residência, mas enfim, essa tortura está acabando.

O dia foi corrido, exaustivo demais, cheguei no meu apartamento e fui direto relaxar debaixo do chuveiro. Quando sai, meu celular estava tocando, atendi sem ver quem era, mas quando ouvi sua voz, revirei os olhos;

Bianca: Você demorou atender Guilherme, quem está aí?

Eu estava sem paciências com seu jeito de querer controlar tudo o que eu faço.

Guilherme: Bianca vai direto no assunto, o que você quer? Estou sem tempo para seus dramas hoje.

Bianca: Nossa bebê, não está com saudades de mim?

Guilherme: Sinceramente? Não!

Ouvi ela xingando do outro lado do telefone, dei de ombros, não me importava, realmente não ligava.

Bianca: Eu só liguei pra saber como foi suas voltas as aulas.

Guilherme: Foram ótimas, se foi só isso, agora eu preciso ir.

Bianca: GUILHERME ESPERA!

Guilherme: Anda logo, o que você quer?

Bianca: Eu estou com saudades, será que não teria como você vir até aqui um final de semana?

Soltei uma risada sem acreditar naquilo.

Guilherme: Não Bianca, não vou gastar meu tempo e nem dinheiro indo até aí.

Bianca: Nossa você uma vez não era assim.

Guilherme: Eu era um idiota, apaixonado, até descobrir uma traição, uma que eu fiquei sabendo né, fora as outras.

Bianca: Você está me ofendendo de novo, na cama você não pensa nisso.

Guilherme: Ótimo! Agora eu preciso ir.

Desliguei sem esperar por outra resposta, ela insistiu em ligar novamente, larguei meu celular e fui me arrumar, eu era um babaca! Um idiota. Amo meus pais, os respeito muito mas isso não dá, não aguento mais essa mulher, eu terei que dar um jeito de acabar com esse noivado, por bem ou por mal.

Quando terminei de me arrumar, sai em direção a casa de João, já haviam carros ocupando a vizinhança inteira, o som alto dava pra ouvir a quarteirões. Entrei e alguns olhares famintos se digeriram a mim, apenas dei uma piscadela vendo as mesmas se desmancharem, comecei a rir, essas garotas. Fui pro acesso de trás da casa, onde já tinha gente pulando na piscina, encontrei com meus amigos, havia mais duas pessoas junto, uma garota linda por sinal, cabelos pretos.

João: Só faltava você irmão! Demorou!

Guilherme : Tive um pequeno probleminha.

João: Vamos começar, acho que já chegou uma galera, tem muito novatos por aqui.

Guilherme: Eu percebi.

Voltei a olhar para os dois ali, que estavam conversando com Aline animadamente, a garota me olhou, ofereceu um sorriso tímido, senti meu coração acelerar.

João: Vamos, vou avisar o pessoal!

Quando vi Aline e os dois nos acompanhando, arqueei a sobrancelha pra Bruno.

Bruno: Cara não vem! Ninguém precisa saber.

Apenas assenti, eu estava nem ai, não fazia parte desses trotes, achava uma besteira. Os novatos foram chamados para a parte de trás, aquilo daria um trabalho para limpar, mas João se importava? É claro que não, seu pai era o juiz mais conhecido do mundo inteiro, ele cagava pro dinheiro. Ficamos na sacada na parte de cima, logo foi dada a largada e baldes de tintas caíram sobre os calouros, o pessoal começou a zoar, uns se jogaram na piscina e daí, só pra pior.

João voltou entregando uma cerveja de cada, mas me chamou a atenção quando ouvi sua voz doce pela primeira vez;

Maitê: Ah eu nunca bebi!

João: O que?

Bruno: Espera ai, como assim?

O rapaz se aproximou dela, deu um sorrisinho.

Douglas: Princesa vida nova, lembra? Beber não é ruim, apenas tem que conhecer seus limites.

Arqueei a sobrancelha, princesa? Era o namorado? Ok desencana Gabriel. Virei as costas e sai, não sei porque estava incomodado com aquela garota, ela parecia certa demais. Cumprimentei uns colegas do curso, algumas garotas passavam e se esfregavam de alguma forma, se esbarrando em mim, aquilo me incomodava porque sabia que era apenas interesse, é a consequência de ter poder.

Meus amigos desceram e logo se enturmaram, vi Aline de longe com a garota dançando, seu corpo se movimentava de um lado para o outro, com tanta leveza, foi impossível não admira-la. Alguns caras tentavam se aproximar mas Bruno foi como um prendedor e agarrou a sua namorada. Acabei dando um sorrisinho, eles tinham mantido um relacionamento a distância por um ano e agora a garota está aqui, é loucura, mas ele parece completamente apaixonado e feliz.

Quando vi a garota saindo, eu a segui, não sei por qual razão, mas a segui, ela parecia perdida e o tal cara que a chamou de princesa, não estava por perto, qual o idiota deixaria uma mulher dessas sozinha? A solta num lugar cheio de caras tarados e sem noção? Quando subiu as escadas, achei que deveria parar mas não consegui, vi um rapaz que a observou dos pés a cabeça, então continuei, quando a mesma entrou em uma das portas, o cara olhou ao redor e entrou também.

Maitê: ME SOLTA!

Corri e abri a porta na mesma hora que ouvi seu grito, o cara se afastou imediatamente, os olhos dela estavam arregalados. Fui pra cima do garoto, segurei em sua gola;

Guilherme; Se manda embora daqui agora se não quiser morrer!

O joguei e o rapaz caiu no chão, com seus olhos arregalados, tive vontade de rir quando tentou se levantar e sair correndo, atropelando seus próprios pés, babaca! Olhei para a garota, ela continuava com um olhar assustado, me aproximei e toquei em seus braços, sentindo uma sensação estranha percorrer pelo meu corpo, a mesma se esquivou e olho pro lugar onde toquei, parecendo ter sentido a mesma coisa que eu.

Guilherme: Você está bem? Ele tocou em você?

Seu peito subia e descia descontrolado, os seus olhos estavam fixos em mim, estalei os dedos em sua frente, quando a mesma piscou e desviou o olhar;

Maitê: É estou bem.

Guilherme; Ele tocou em você?

Maitê: Não, ele tentou me puxar pra beijar eu acho, mas gritei assim que senti sua mão em meu braço e você... apareceu!

Guilherme: Cadê seu namorado?

Ela voltou a me encarar, franzindo a testa.

Maitê: Eu não tenho namorado. Você é o amigo do Bruno não é?

Passei as mãos pelo meu cabelo, então não tinha namorado, dei um sorrisinho de canto.

Guilherme; Desculpa! Que grosseria a minha, sou Guilherme.

Ofereci minha mão, ela olhou de relance e em seguida esticou a sua.

Maitê: Maitê.

Aquela mesma sensação apareceu, tive a certeza que ela também sentiu quando ia puxar sua mão de volta, mas segurei com firmeza e trouxe pros meus lábios, depositando um beijo nos nós dos seus dedos, fixando meu olhar ao dela.

Guilherme: Maitê! Um nome bonito e você faz jus dele.

Capítulo 3

...MAITÊ ...

Ainda fiquei na dúvida se deveria ir ou não para aquela festa, mas Dodô conseguiu me convencer de todas as maneiras, principalmente usando a minha mãe para isso;

Lurdes: Vai filha, fazer amizades novas, a vida não é só estudar, é preciso se divertir também.

Douglas: Ah eu já disse que eu amo você dona Lurdes?

Disse Douglas a abraçando, comecei a rir e revirar os olhos, eles eram uma dupla e tanto.

Maitê: Ok, vocês conseguiram!

Douglas: Passo pra te buscar às sete e meia!

Ele veio até a mim, beijou meu rosto e se foi.

Lurdes: Agora me conta, como foi o primeiro dia?

Me ajuntei a mamãe na sala, contando a ela sobre os professores, Aline e Bruno, como tudo isso parecia um sonho, o tamanho daquela universidade, eu estava realmente encantada. Aproveitei a tarde com ela, já que havia ganhado uma folga por ter trabalhado até tarde ontem. Quando estava perto do horário fui pro meu quarto, tomar banho e me arrumar.

Não demorou, Douglas chegou para me buscar, quando entrei dentro do seu carro, era impossível não sentir o seu perfume;

Maitê: Você tomou um banho de perfume Dodô?

Ele soltou uma risada, em seguida analisou minha roupa;

Douglas: Acho que não é só eu que está querendo arranjar alguém hoje.

Maitê: Nada disso. Estou indo porque vocês insistiram.

Douglas: Você disse para Aline e Bruno que ia, o que eles pensariam dando cano neles logo na primeira vez?

Fiz careta e assim seguimos para a localização que Bruno nos deu. Eu me senti um pouco sem graça estar no meio daquelas pessoas, aquilo não era uma casa, era uma mansão, estou chocada e Douglas parecia estar tanto quanto eu, com a boca aberta em um perfeito *o*.

Maitê: Estamos no lugar certo?

Douglas: Sim princesa! Esse é o endereço, eu só não sabia que o amigo de Bruno tinha tanto dinheiro assim.

Maitê; Eu não sei se encaixo nesse lugar.

Ele me olha e franze a testa;

Douglas: Não começa com isso, você ter dinheiro ou não, não te faz ser uma pessoa diferente. Você é muito mais humana que muita gente, vamos logo.

Descemos do carro, fomos até a entrada, esperamos por alguém atender e por sorte, um rosto conhecido;

Bruno: Vocês vieram mesmo! Aline vai ficar feliz em te ver Maitê, ela jurou que você não iria vir, não colocou muita fé.

Douglas: Ela não queria mesmo vir, mas, joguei meu charme.

Maitê: Ei!

Dei um empurrão no ombro dele, fazendo Bruno soltar uma risada. Em seguida ele deu espaço para entrarmos, meu Deus, aquele lugar era luxo puro, quem quer que seja que more nessa mansão, gosta muito de usufruir do seu poder.

Bruno: João, mais dois calouros para serem trolados!

Aline: Ai você veio!

Ela rapidamente veio me abraçar, retribui, dei um sorriso sem graça pro rapaz loiro que nos encarava;

Douglas: Espera ai, trolados?

Bruno gargalhou junto com o rapaz loiro:

Bruno: Estou zoando cara! Relaxa! Maitê e Douglas esse é João, o dono dessa casa e o responsável pela festa.

João: Prazer em conhecê-los.

Sorri sem jeito quando ele pegou minha mão e depositou um beijo, em seguida ele cumprimentou Douglas com um toque de mãos.

Aline: Menina, me diz uma coisa, como faz pra ser linda dessa maneira?

Olhei pra Aline e soltei uma risada, ela estava maravilhosa, com um vestido preto brilhoso, colado em seu corpo, marcando perfeitamente suas curvas e deixando seus seios bem fartos, fora sua sandália de salto quinze que tenho certeza que deverá custar uma fortuna.

Maitê: Boba! Perto de você, eu sou só uma feia, arrumadinha!

Ela gargalhou.

Aline: Besteira! Você está uma gata, pode acreditar.

Ficamos conversando por um tempo e vi um cara alto, moreno, musculoso, cheio de estilo, se aproximar e cumprimentar os rapazes. Quando seu olhar parou em nossa direção, desviei, senti meu coração acelerado sem entender o motivo, será que ele percebeu? Voltei a olhar e seus olhos estavam fixos em mim, sorri sem graça, meu Deus Maitê ele deve ter percebido.

Fomos pra dentro e seguimos pra uma sacada, enquanto a trolagem rolava na parte de baixo, pelo menos Bruno cumpriu sua promessa de que deixaríamos fora disso. Tinha pessoas muito bem vestidas e bonitas naquele lugar, mas apenas um chamou totalmente minha atenção, eu sentia seu olhar pra cima de mim o tempo todo, mas quando João veio com uma cerveja e eu disse que não bebia, Douglas se aproximou me chamando de princesa, e eu o vi saindo.

João: Vamos lá gata, você vai gostar, não é tão ruim assim.

Arqueei a sobrancelha pra João, todos ali me encaravam como se fosse uma coisa ruim não beber.

Maitê: Tá, da aqui.

Peguei aquela garrafa e dei o primeiro gole, fazendo careta, o gosto era amargo, não era ruim mas como também as pessoas poderiam dizer que isso era bom?

Bruno: Isso ai, vamos descer e nos enturmar.

Assim fizemos, Aline me puxou para dançar, ela era animada demais, nem parecia a garota com problemas como havia mencionado hoje na universidade. Aos poucos fui me soltando, talvez pelo efeito do álcool? Alguém pode ficar "alegre" com apenas uma garrafa de cerveja? Enfim, eu não sei, minhas bochechas estavam quentes.

Sentia uma mão ou outra tentando me agarrar, mas desviava de todas elas, olhei ao redor e não encontrei mais com Dodô, com certeza deve ter achado alguma garota por aí. Logo vi Bruno chegando e lascando um beijo em Aline, tomando o que é dele, me senti sem graça e precisava usar o banheiro.

Fui em direção a casa, subi as escadas a procura de um banheiro, entrei em uma porta qualquer quando percebi um rapaz me seguindo mas assim que entrei, ele entrou junto e puxou meu braço.

Rapaz: Vem cá gata!

Maitê: ME SOLTA!

A porta se abriu e vi apenas o vulto de alguém grudando em sua camisa. Arregalei os olhos e logo percebi quem era, aí meu Deus. Ele mandou o cara se mandar dali e sem dizer nada, o mesmo saiu desesperado.

Guilherme: Você está bem? Ele tocou em você?

Meu peito subia e descia loucamente assustada com aquilo, ele foi se aproximando de mim e fui ficando ainda mais nervosa. Pude sentir seu cheiro, me assustei ao sentir seu toque e uma corrente elétrica tomar conta do meu corpo. Quando consegui responder e ele perguntou do meu namorado, entendi que falava do Douglas, todos tinham essa primeira impressão.

Maitê: Eu não tenho namorado. Você é o amigo do Bruno não é?

Vi um sorriso se formando em seus lábios, caramba e que sorriso! Ele logo se apresentou como Guilherme, estendeu sua mão, fiquei meia receosa de pegar, com medo dele perceber que estava nervosa na presença dele, nem eu estou entendo o porque, quando toquei em sua mão senti novamente a corrente elétrica e tentei puxar, mas ele segurou, levou até seus lábios e beijou docemente;

Guilherme: Maitê! Um nome bonito e você faz jus dele.

"Ousado".

Maitê: Ah! Obrigada!

Disse sem graça, ele soltou minha mão e sorriu, seus olhos me intimidaram, me observando, minha bochechas com certeza deveriam estar me entregando que eu estava totalmente sem graça.

Maitê: É desculpa! Você sabe me dizer onde fica o banheiro?

Guilherme : Claro, final do corredor, a porta esquerda.

Maitê: Obrigada!

Caminhei pra fora do quarto, Guilherme logo veio atrás, olhei pra ele e o mesmo ergueu a mão em redenção;

Guilherme : Eu vou acompanhar você, caso algum engraçadinho tenta te agarrar outra vez.

Maitê: Eu posso me cuidar sozinha.

Ele arqueou a sobrancelha, revirei os olhos e segui pro banheiro, Guilherme parecia determinado fazer isso, ótimo. Assim que entrei, fechei a porta, fiz o que deveria fazer, lavei minhas mãos e me encarei por um segundo no espelho, ele ainda estaria ali esperando por mim? Porque eu estou tão nervosa? Não é do meu costume estar dessa maneira perto de alguém.

Guilherme: Está tudo bem aí?

Dei um pequeno pulo, meu Deus, ele está ali esperando. Respirei fundo e sai do banheiro.

Maitê: Está tudo bem, agora você pode ir curtir a festa.

Guilherme: Nós vamos!

Ele pegou na minha mão e me puxou, arqueei a sobrancelha, aquela corrente elétrica presente, não questionei, mas confesso que estou desesperada sem saber o que ele estava fazendo. Descemos as escadas, passando pelo meio das pessoas, via alguns olhares das garotas em nossa direção, não sei se era pra mim ou pra ele, acho que pra ele, porque algumas até se arrumavam na postura.

Douglas: Ah ai está você! Está tudo bem?

Guilherme soltou minha mão, Douglas arqueou a sobrancelha;

Maite: Tudo bem, só precisei usar o banheiro e Guilherme me ajudou.

Douglas: Ok certo! Você quer ir pra casa ou podemos ainda aproveitar mais um pouco?

Olhei ao seu lado, uma garota agarrada em seu braço;

Maitê: Ah tudo bem, estou bem não se preocupe Dodô.

Guilherme: Se você quiser posso levá-la pra casa.

Maitê: Não!

Disse no impulso, os dois olharam pra mim, neguei a cabeça disfarçadamente pra Douglas, mas ele me conhecia muito bem e deu um sorrisinho sacana;

Douglas: Te devo essa Guilherme!

Guilherme: Me deve nada, aproveite sua noite!

Ele piscou e eu fechei meus punhos, querendo matar meu amigo.

Douglas: Você vai me agradecer depois. - sussurrou em meu ouvido, enquanto me abraçava e beijava minha bochecha. – Vamos gata?

A garota concordou e ele saiu, eu vou matá-lo na primeira oportunidade. Olhei pra Guilherme que sorriu;

Guilherme: Você quer ir pra casa agora?

Dei de ombros.

Maitê: Tanto faz.

Ele olhou ao redor, em seguida deu um sorriso e voltou a me encarar;

Guilherme: Bom! Acho que ainda não iremos embora, Aline acenou para mim e nos chamou até eles.

Assenti, ele me deu espaço para passar e assim fiz, senti sua mão tocar na minhas costas e me arrepiei, quase atropelei meus próprios pés.

Aline: Menina você sumiu! Que susto. Douglas estava atrás de você.

Maitê: Ah é, eu o encontrei.

Guilherme : Fica tranquila Line, Maitê está inteirinha.

Ela olhou pra ele e estreitou os olhos, mas João os interrompeu;

João: Que isso meus amigos? Não quero ver ninguém parado, vamos! Bora remexer esses quadril!

Começou a tocar moda sertaneja, senti ele me puxando pra dançar, Bruno já agarrou Aline, eu nem tinha jeito e nem sabia dançar esses tipos de músicas.

João: Relaxa gatinha! Oh só me acompanha.

Ele me conduziu, tentei acompanhá-lo mas na verdade eu estava morta de vergonha. Quando terminou a dança, ele me rodopiou e em seguida beijou minha mão;

João: Você foi bem! Agora, se remexendo, quero ver ninguém parado nessa festa.

Acabei rindo, o astral dele era alto demais, aliás todos eles ali eram.

Guilherme: Eu não acredito que você não sabe dançar sertanejo.

Guilherme se aproximou, olhei pra ele e arqueei a sobrancelha;

Maitê: Eu não sei, não sou muito acostumada a frequentar esses lugares.

Guilherme; Sério?

Assenti, o mesmo bebeu toda sua cerveja, caminhou até uma lata de lixo e a jogou dentro. Guilherme voltou e estendeu a mão;

Guilherme: Então, João é meio desajeitado pra ensinar uma garota a dançar, mas eu tenho toda paciência do mundo.

Observei sua mão esticada, olhei pra ele que abriu um sorriso, eu deveria? Eu não sei, esse homem tá mexendo comigo, não sei se será uma boa estar próximo demais a ele.

Guilherme: Vai, uma dança Maitê.

Ele fez uma carinha, que meus lábios se contraíram em um sorriso.

Maitê: Uma dança e depois dessa, eu preciso ir pra casa.

Guilherme: Como você deseja!

Peguei na mão dele, estremeci, seus olhos intensos grudados a mim, Guilherme me puxou para mais perto, uma de suas mãos apoiaram na minha cintura e outra onda eletrizante, aí meu Deus, minhas pernas quase vacilaram, o que é isso? Olhei pra ele sem graça, sua boca bem desenhada, barba bem feita, olhos escuros, seus músculos firmes, esse cara era um Deus grego, mas saberia que o encanto acabaria assim que soubesse aonde moro.

Guilherme: Só me acompanha! Olha pros meus pés.

Assenti, conforme ele dava os passos eu fazia, mas meu coração estava descontrolado que estava impossível de me concentrar, pergunto se ele poderia ouvir as batidas, porque eu posso. Sem querer acabei pisando em seu pé, me afastei rapidamente e arregalei os olhos.

Maitê: Ai me desculpa!

Ele fez uma expressão de dor, mas negou com a cabeça;

Guilherme: Está tudo bem, não foi nada, isso acontece.

"Ótimo Maitê, você está sendo patética, pagando maior mico." Abracei meus próprios braços e alisei, eu estava sem graça, não sabia dançar e não levava nenhum jeito pra aquilo e também ele não me ajudava, me deixava nervosa de uma maneira estranha.

Guilherme: Você quer ir pra casa?

"Casa", eu não precisaria que ele descobrisse isso, mesmo que nunca mais se falemos, não precisava passar por isso.

Maitê: É, não precisa se incomodar, eu moro um pouco distante daqui, posso pedir um Uber.

Ele riu.

Guilherme: Um Uber Maitê? Quase uma hora da manhã? No Rio? Você tem noção do perigo?

Pior que eu tinha, eu sou daqui, não terei outra alternativa, meu melhor amigo me colocou em uma enroscada.

Maitê: Você tem razão.

Guilherme: Vamos se despedir do pessoal.

Se aproximamos deles, tinha umas pessoas diferentes junto que eu não saberia quem era. Aline ficou me observando estranha quando Guilherme disse que me levaria pra casa, dei um sorriso fraco, estava desconfortável, me despedi e então seguimos pra fora. Paralisei quando vi o seu carro, uma ranger rover preta. Ele abriu a porta pra mim e arqueou sobrancelha;

Guilherme: Está tudo bem?

Maitê: Tu..tudo.

Caminhei e entrei na mesma, nossa, essa deveria ser o último lançamento, meu Deus, agora que meu constrangimento era maior. Assim que Guilherme entrou, deu seu celular pra eu colocar a localização, com as mãos tremendo coloquei, entreguei a ele que olhou, arqueou a sobrancelha e em seguida deu de ombros, colocando o celular pendurado no painel do carro, tá isso foi estranho.

...\~\~...

...GUILHERME ...

O que essa garota tem? Porque toda vez que a toco sinto essa sensação estranha percorrer em minhas veias? Eu nunca senti isso em toda a minha vida, ainda pra ajudar me ofereci pra levá-la pra casa e seu amigo parecia levar pra um lado malicioso. Ela não levava jeito nenhum em dançar um sertanejo coladinho, mas o que importa? O seu cheiro era doce, o cheiro mais delicioso que eu já senti, me questionei se seu beijo seria tão doce quanto o cheiro.

  Quando ela colocou a localização no meu celular, arqueei a sobrancelha, ela morava num bairro simples mas não me importava, isso era de menos, mas tive uma curiosidade;

Guilherme: Quer dizer que é caloura?

Ela me olhou rapidamente, dei um sorriso de canto, sem tirar os olhos da estrada, mas conseguiria vê-la.

Maitê: É eu sou..

Guilherme: Você já conhecia Aline ou Bruno?

Maitê: Ah.. não.. Eu a conheci hoje mesmo na universidade, sou do Rio.

Arqueei a sobrancelha curioso e a olhei, ela desviou o olhar, evitando o contato visual, voltei aprestar atenção na estrada:

Guilherme: Então vai cursar medicina?

Maitê: Uhum.. É, eu.. fiz uma prova e consegui uma bolsa.

Olhei pra ela outra vez, mas dessa vez seus olhos cruzaram com o meu, ela parecia sem jeito, até constrangida eu diria, mas caramba, isso não tem nada pra se constranger, sua inteligência deveria ser altíssima! Dei um sorriso e desviei;

Guilherme: Isso mostra o quanto você é inteligente, porque pra conseguir uma bolsa, deve ter estudado muito.

Maitê: É.. bom, passei minha vida toda pra realizar esse sonho.

Guilherme: Eu também faço medicina, estou no último ano.

Maitê: Ah, sério?

Assenti com a cabeça em resposta, percebi com o canto de olho, um pequeno sorriso em seu rosto.

Guilherme: Quantos anos você tem?

Maitê: Dezoito e você?

Dei um sorriso de canto.

Guilherme : Novinha!

Maitê: Ah sério! Quantos anos você tem?

Guilherme: Vinte e quatro anos.

Maitê: Nossa! Muito velho você.

Nossa risada se misturou, olhei pra ela de relance:

Guilherme: Você já tem ideia em qual área gostaria de atuar?

Maitê: Na verdade ainda não sei. Pensei em cardiologista, mas talvez, seja uma mera médica de clínica geral.

Guilherme: Hum! Tenho certeza que o coração dos seus pacientes serão muito bem cuidados.

Balancei a cabeça no que acabei de falar, ouvi ela soltando uma risada, soltei um suspiro, pelo menos a fiz rir.

Maitê: E você?

Guilherme: Eu?

Maitê: É, ja está no último ano, qual a profissão?

Guilherme: Pediatra!

Olhei pra ela e percebi um sorriso de canto surgindo em seus lábios;

Guilherme: O que foi?

Maitê: Nada, eu tive dúvidas também em querer cuidar de criancinhas.

Guilherme: Elas são as coisinhas mais puras desse mundo, são mais fáceis de lidar do que pessoas adultas.

Ela concordou e sorriu, desviei outra vez a atenção pra estrada, fomos conversando o caminho todo, sobre coisas aleatórias, a conversa fluía de uma forma tão natural, que parece que o caminho foi tão curto.

Guilherme: Bom! Chegamos.

Ela olhou pro lado, observando sua casa, em seguida me olhou sem jeito.

Maitê: Bom é aqui.

Sorri, olhei por cima do seu ombro e estralei meus beiços, apontei pra casa:

Gabriel: É uma casa bonita!

Ela riu cruelmente;

Maitê: Não precisa ser gentil Guilherme. Queria ter evitado isso.

Arqueei a sobrancelha, ela falou tão baixo a última parte que eu quase não pude ouvir, mas deixou claro que estava com vergonha.

Guilherme: Eu não estou vendo problema nenhum aqui, não significa que você seja uma pessoa simples que não seja tão humana quanto eu, na verdade; é mais humana que muitas outras pessoas egoístas, com dinheiro.

Seus ombros relaxaram, ela encarava as próprias mãos em seu colo, falei com sinceridade, porque não importa a classe, cor, religião ou raça, quem faz ser uma pessoa boa e de caráter é você, não essas coisas.

Maitê: Bom! É obrigada pela carona e desculpa incomodar.

Maitê colocou a mão pra abrir a porta, segurei rapidamente seu braço, ela encarou minha mão e depois me olhou:

Guilherme: Não foi incômodo nenhum, foi um prazer ter te trazido até aqui. Te vejo amanhã na universidade?

Ela franze a testa.

Maitê: É, acho que sim!

Guilherme: Boa noite!

Me inclinei e beijei sua bochecha, percebi na mesma hora as mesmas ficaram ruborizadas, ela parecia surpresa, ou talvez, por ter sentindo o choque quando toquei minha boca em sua pele, até eu estou:

Maitê: É boa noite, Guilherme!

Acenei com a cabeça, ela abriu a porta e desceu, dei um sorriso antes de fecha-la e a mesma me retribui. Espero ela entrar dentro de casa pra dar a partida, meu coração estava desgovernado, o cheiro dela parece ter ficado impregnado dentro desse carro, encostei minha cabeça no banco:

Guilherme: Você tá fodido Guilherme, que mulher é essa?

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