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A Filha Do Meu Chefe

CAPÍTULO 27

O agente Leo dizia pra que servia cada sala pela qual eles passavam, ele estava mesmo empolgado em ser útil de alguma forma para ela.

Emilly não estava muito interessada em saber a utilidade das salas, mas ela achava fofo a forma como ele estava sendo prestativo.

— E aqui é um dos laboratórios, é usado pelos alunos do quarto ano de bioquímica. — Leo disse e Emilly ficou subitamente interessada ao olhar pela vidraça e ver um pouco do que os alunos estavam fazendo lá dentro.

Leo continuou andando, mas logo notou que Emilly não o acompanhava, ela estava parada frente a vidraça olhando pro interior da sala. Leo então voltou e parou ao lado dela.

— Achou isso interessante? — Leo indagou e Emilly sorriu.

— Parece legal. — ela respondeu e foi rumo à porta do laboratório.

— Espera! Essa sala é só pra alunos! — Leo disse e foi atrás dela.

Emilly ignorou a advertência dele e entrou na sala. Todos os alunos estavam ocupados então ninguém notou de primeira que ela havia entrado. Emilly aproveitou o fato de que ninguém havia notado sua chegada, ela pegou um dos jalecos que estavam pendurados perto da porta.

— Emilly, o que está fazendo? Essa sala é só pra alunos. — Leo sussurrou para Emilly parando ao lado dela, enquanto observava ao redor, tentando não chamar atenção dos estudantes.

— Relaxa, vamos só olhar. — Emilly respondeu, em tom de voz baixo também, pegando um outro jaleco e entregando para Leo. Leo não questionou mais, pegou o jaleco, os dois se vestiram e Emilly caminhou até um dos balcões, Leo seguiu a mesma e fez o possível para evitar encarar ou ser encarado por algum dos alunos.

Eles foram bem sucedidos nisso, conseguiram passar despercebidos e ficaram atrás de uma bancada vaga, sobre ela tinham algumas substâncias e recipientes tipicamente de laboratório, além de um microscópio.

— Isso é tão empolgante! — Emilly sussurrou para Leo e antes que o mesmo pudesse responder um professor entrou na sala, chamando a atenção de todos os alunos.

Todos olhavam atentamente para o professor, Emilly logo deduziu que aqueles alunos eram realmente aplicados.

— Certo pessoal, onde estávamos? — o professor disse e uma aluna levantou a mão. O professor apontou pra ela e a mesma respondeu.

— Na parte de reações moleculares, senhor.

— Exatamente. — o professor disse esboçando um sorriso satisfeito, em seguida foi até a lousa, tirou um pincel do bolso e começou a fazer anotações.

— Então alunos, o próximo passo a respeito da nossa fórmula de hoje é… — o professor começou a dar aula e Emilly parou de prestar atenção nele.

Ela começou a explorar as coisas que haviam sobre sua bancada.

Emilly avistou um frasco com um líquido azul e despejou um pouco dentro de outro frasco, no qual continha uma substância esverdeada.

Leo, que até então estava prestando atenção ao que o professor dizia, levou a atenção para Emilly e viu o que ela estava fazendo.

— Não devia mexer nessas coisas, não sabe pra que serve isso. — Leo advertiu e Emilly deu de ombros.

— O que de pior poderia acontecer? — Emilly respondeu olhando pra ele com um sorriso descontraído.

Em seguida pegou outro frasco, esse com um pó vermelho e misturou com as outras substâncias.

Leo olhava pra aquilo apreensivo, ele não era da área de ciências, mas sabia que aquilo acabaria mal se ela continuasse misturando tudo que encontrava pela frente sem fazer a mínima ideia do que se tratava.

— É sério, melhor não brincar com isso. — ele disse tentando tirar da mão dela um outro frasco que ela já segurava e estava prestes a jogar na mistura.

— Relaxa carinha, eu sei o que eu tô fazendo. — Emilly disse pegando outro frasco.

— Eu acho que você não sabe. —  Leo retrucou tentando tomar dela o outro frasco.

— Quer parar? Deixa de ser chato! — Emilly disse dando um leve empurrão nele, impedindo que o mesmo lhe tirasse o frasco.

De repente o frasco com a mistura começou a borbulhar e fazer espuma.

Leo olhou pra aquilo assustado enquanto Emilly olhou fascinada.

— Ai caramba, olha só isso, é melhor parar antes que piore. — ele disse tirando o frasco da mão de Emilly.

— Não! Para, esse é meu experimento… — Emilly disse tentando pegar o frasco de volta e então os dois começaram a discutir enquanto lutavam pelo frasco com uma substância arroxeada.

Enquanto os dois brigavam, a substância começou a transbordar, se espalhando pela bancada.

— Solta! — Emilly disse.

— Não! Você vai acabar matando a gente… — Leo respondeu.

— Você tá atrapalhando! — Emilly disse tentando puxar o frasco com mais força, mas Leo não soltava.

CAPÍTULO 28

A essa altura a discussão dos dois já estava sendo ouvida por toda a sala e era observada pelos alunos que se entreolhavam e cochichavam entre si, sem entender o que estava acontecendo ou quem eram aqueles dois.

O professor notou os murmurinhos na sala e então se virou para ver o que se passava, ele primeiro olhou para seus alunos e então seguiu o olhar deles e percebeu que todos olhavam pra uma mesma direção, o professor largou o pincel no quadro e andou até o meio da sala de onde conseguiu avistar a bancada no fundo da sala onde estavam Emilly e Leo.

O professor olhou para a cena perplexo, inicialmente por causa da briga deles, mas logo abaixou um pouco o olhar e viu o frasco que estava prestes a explodir sobre a mesa. O professor arregalou os olhos por um instante impressionado com aquilo, em seguida correu até lá.

— Mas o que vocês estão fazendo!? — ele exclamou enquanto procurava desesperadamente pela mesa alguma coisa que pudesse usar para parar aquela reação do frasco, que até aquele momento já havia transbordado tanto que começava a escorrer pelo chão ao redor da bancada.

Emilly e Leo tiveram sua atenção tomada pelo professor e pararam de brigar, olhando os dois perplexos para o que estava acontecendo.

— Ai meu Deus… — Leo murmurou e olhou para Emilly.

Pela expressão no rosto dela estava claro que ela já tinha entendido o que sua brincadeirinha havia causado.

— Olha só o que você fez — Leo começou a dizer e Emilly retrucou imediatamente.

— Cala a boca. — ela disse e soltou o frasco sobre a mesa e tentou correr para sair dali, Leo percebeu que ela iria fugir, e como não queria se encrencar sozinho, foi atrás dela. Mas Emilly acabou escorregando no líquido espalhado pelo chão e levou Leo junto, os dois foram parar no chão.

— Alguém me ajuda aqui! — o professor disse tentando dar um jeito de parar a crescente espuma que saia do frasco, usando seu jaleco para tentar amenizar aquilo. Alguns alunos correram para ajudar e mesmo usando mais jalecos para cobrir o frasco, a espuma não parou de crescer e o frasco começou a esquentar demais.

Leo e Emilly tentavam se levantar, enquanto os outros alunos começavam um grande falatório.

Leo se levantou e foi ajudar Emilly a se levantar. O chão estava escorregadio e as roupas de Emilly estavam encharcadas da substância, já que ela havia caído bem sobre a poça do líquido.

— Vamos sair logo daqui! — Leo disse, ajudando Emilly a se levantar.

Enquanto isso, o professor percebeu que não conseguiria parar a reação química, então afastou seus alunos da bancada e começou a ordenar que todos saíssem.

— Vamos pessoal, saiam, saiam! Temos que esvaziar a sala o mais rápido possível!

Todos os alunos se dirigiam à saída o mais rápido que conseguiam, o que começou a causar certa confusão mas logo todos conseguiram sair, exceto Emilly e Leo que acabavam de perceber que a substância estava corroendo suas roupas.

— Ai meu Deus! — Emilly gritou assim que sentiu suas roupas esquentarem.

— Caramba, caramba, caramba! — Leo disse usando o jaleco para tentar limpar as calças, que foram as únicas que molharam com a substância.

Já Emilly estava com quase toda a roupa encharcada.

— Aah! Tira! Tira! Tira!— ela começou a gritar enquanto tentava desesperadamente desgrudar o vestido do próprio corpo, pois como estava molhado ficava colado à pele.

Depois de tirar todos os alunos da sala, o professor percebeu que os dois "problemáticos" não estavam lá fora e voltou imediatamente para dentro da sala.

Emilly gritava enquanto corria pela sala tentando se livrar do vestido, enquanto sentia o mesmo ficar cada vez mais quente.

Leo viu que não havia outra saída, então desistiu de enxugar a calça e começou a desabotoar a mesma.

Assim que voltou, o professor olhou para Leo e Emilly e parou um segundo para tentar entender o que estava acontecendo, ele olhou para a potencial bomba sobre a bancada e percebeu que estavam sem tempo, então correu até Emilly e segurou a mesma pelos ombros a fazendo ficar parada.

— Tira, tira, tira! — Emilly exclamou desesperada e o professor olhou para o vestido dela e logo deduziu o que estava acontecendo.

— Calma! Vai ficar tudo bem. — ele disse e virou a jovem para abrir o vestido dela e ajudá-la a se livrar daquilo.

— Tá queimando! — Leo disse terminando de tirar as calças.

— É uma reação química, pega um jaleco com alguém lá fora, rápido! — o professor respondeu e Leo obedeceu sem questionar correndo para fora da sala.

— Tá quente, quente, quente! — Emilly reclamou e o professor terminou de abrir o vestido e ajudou-a a tirar a roupa, em seguida ele jogou a peça de roupa longe.

— Eu preciso de um jaleco agora! — Leo disse assim que chegou na frente dos alunos, todos olhavam pra ele fixamente e então Leo percebeu que estavam surpresos pelo fato de ele estar sem calças, mas ele não tinha tempo para se explicar então ignorou os alunos e tirou o jaleco de um deles sem pedir permissão e em seguida correu de volta para a sala.

— Você tá bem? — o professor perguntou olhando para Emilly.

— Acho que sim. — Emilly disse depois de consentir com a cabeça.

Leo chegou com o jaleco e entregou para o professor.

— Ótimo, vamos sair daqui. — o professor disse vestindo Emilly com o jaleco.

— Essa coisa vai explodir? — Leo perguntou se referindo ao frasco sobre a bancada.

— É, acho que vai, vamos! — o professor respondeu conduzindo os dois rumo à saída.

Os três correram pra fora e assim que o professor fechou a porta o frasco explodiu, sujando a sala inteira. Os alunos do lado de fora olhavam impressionados para a vidraça que estava completamente manchada com o líquido e espuma da experiência. Conforme o líquido escorria pelo vidro, era possível ver mais claramente o estrago que havia ficado dentro da sala.

Emilly também olhava para a cena perplexa, e preocupada imaginando a bronca que levaria por causa daquilo.

— Acho que mesmo se eu tentar fugir agora, vai ser difícil me livrar dessa… — Emilly comentou e Leo que estava ao lado dela apenas concordou balançando a cabeça.

— É, a gente tá bem ferrado...— ele respondeu.

CAPÍTULO 29

— Emilly? — foi a única indagação que Erick conseguiu fazer depois de encarar a filha em silêncio por mais de um minuto.

Emilly e Leo estavam sentados, um ao lado do outro, em uma sala de reuniões, Erick estava de frente pra eles e Arthur recostado em uma das paredes com os braços cruzados e olhando para os próprios sapatos, ambos tentando decidir qual atitude tomar diante daquela situação.

Emilly mal conseguia sustentar o olhar, ela estava envergonhada e nem sequer conseguia pensar em algum argumento que pudesse usar pra se defender naquele momento, afinal ela era responsável por toda aquela bagunça e por mais que odiasse admitir isso, ela tinha plena consciência de que era culpada.

Leo estava apreensivo, a ficha acabava de cair, Emilly era na verdade a filha do Erick Newman e enquanto pensava nisso, em paralelo ele nunca tinha se metido em encrenca desde que entrou na agência, não fazia ideia do que fazer naquela situação e afinal, ele devia se desculpar, acobertar Emilly, dizer que foi tudo culpa dela ou simplesmente aceitar qualquer versão que ela própria inventasse? Ele estava confuso, então apenas continuava calado, tentando não pensar também no fato de que tinha aparecido sem calças na frente de todo aquele pessoal, incluindo seu chefe, e ao fazer isso também surgia em sua cabeça o pensamento a respeito de ter visto Emilly seminua no laboratório e de ela estar sentada ao seu lado ainda usando apenas aquele jaleco. 

Leo conseguiu calças novas com um colega que fez a gentileza de trazer pra ele antes de ser levado até a sala de reuniões mais próxima para ser "julgado" por Erick e Arthur.

Erick fechou os olhos por um momento e respirou fundo antes de voltar a encarar os dois jovens à sua frente.

— Você se superou dessa vez, e logo no seu primeiro dia. — Erick disse se referindo a filha.

— Parabéns pra mim? — Emilly disse esboçando um sorriso, numa tentativa ingênua de ser engraçada, com o único objetivo de tornar as coisas menos ruins.

— Não Emilly! Nada de gracinhas agora! — Erick retrucou parecendo zangado. Emilly encolheu os ombros e parou de sorrir.

— Será que você não percebe o tamanho do problema que causou?! — Erick disse olhando para ela claramente irritado. Emilly mordeu levemente o próprio lábio, coisa que normalmente fazia quando estava em uma situação complicada, sem muita coragem de olhar para o próprio pai.

— Você podia ter matado alguém Emilly! — Erick disse ainda olhando diretamente para a filha.

Leo esperava que erick ou Arthur começassem a gritar com ele a qualquer momento, enquanto isso Leo observava Emilly e continuava calado, sem coragem de se meter, ele também se achava culpado, e assumiria isso sem problemas, mas não ousava interromper o chefe, ainda mais agora que ele parecia tão irritado.

— Também não precisa exagerar… —Emilly murmurou.

— Olha pra mim! — Erick exclamou e Emilly, que estava com o olhar direcionado para baixo, levantou a cabeça e olhou para ele.

— Sim! Você poderia literalmente ter matado eles! E tudo por que? Porque você não consegue ter o mínimo de responsabilidade, Emilly por acaso você perdeu o juízo? O que você estava pensando?! — Erick disse e Emilly suspirou estressada.

Ela odiava sermões e odiava, mais ainda, discussões que não podia ganhar.

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