Caro leitor (a).
É com muito orgulho que venho apresentar a você, meu primeiro livro - "Gravidez Ilegítima", estando classificado no gênero de Romance e, considerado inadequado para crianças e pré-adolescentes entre 0 e 16 anos, por se tratar de uma narrativa envolvendo conteúdos considerados sensíveis e possíveis gatilhos como: uso de drogas lícitas e ilícitas, agressões e gravidez precoce. Livro inteiramente fictício, sem nenhuma relação com eventos específicos, nomes e lugares foram meramente inventadas para contribuir com a narrativa.
"Gravidez Ilegítima" é como um embrião. São um conjunto de ideias, cenários e acontecimentos que vai dando origem a personagens que você vai amar de corpo e alma, personagens estes que você vai tentar proteger com todas as forças mesmo que esteja separado por um pequeno detalhe, a ficção.
Assim como também vai dar origem aos personagens que você vai amar odiar, e que vai contar os minutos para que estes cometam alguns deslizes para que possam escrever dizendo o quão patéticos e amargurados são
por quererem acabar com a felicidade de seus favoritos.
Com o desenvolvimento dos personagens em andamento, temos também a magnifica ambientação, a famosa sensação de estar sofrendo, sorrindo ou até mesmo aconselhando determinado personagem, podendo até mesmo terminar a leitura sentindo um ódio inimaginável por um alguém que só, tecnicamente, existe em um livro digital criado por uma pessoa com dois neurônios e cinco parafusos soltos.
Esta obra ainda é um embrião pelo simples fato de que, ao contrário dos inúmeros autores maravilhosos e extremamente bem preparados que encontro por aqui, "Gravidez Ilegítima" não passa de um projeto em andamento, nada se tem dele até o dado momento, nenhuma sinopse adequada, nenhum capitulo piloto por onde começar a me basear, nenhum rascunho sequer.
Nos próximos dias, o livro vai entrar em um estado maior de desenvolvimento, até que por fim, ele esteja completamente formado.
Helena ainda não tem um sobrenome, não tem um pai, uma mãe ou um irmão, não se sabe se vai morar em LA, NY ou em uma cidade fictícia qualquer que carrega consigo o nome de Wood ou Ville. Não é possível saber se Helena é uma boa cozinheira ou não, se ama ler ou prefere ver um filme.
A única certeza que temos, é que Helena está grávida, mas também não sabemos se de uma menina ou de um menino, não sabemos quem é o pai e, me arrisco a dizer que talvez nem a própria saiba, mas, por favor, não se apeguem única e exclusivamente a este fato, as coisas podem mudar, tudo é incerto até então, é como caminhar na completa escuridão.
Prazer, para você que não me conhece, eu sou a Gigi Vanilla.
Uma garota que ama escrever textos sombrios e com pensamentos um tanto quanto mórbidos, e que está buscando sair da caixinha e arriscando em um gênero bastante disputado e com obras similares.
Desde já, me perdoe se tudo virar uma grande bagunça, se o final te decepcionar ou, se acabar virando mais um clichê que você vai encontrar por aqui, juro que tentei.
Obrigada às três únicas pessoas que sabem que tenho o dom e o talento de transformar loucuras simples, em textos capazes de chamar bastante atenção. Obrigada por sempre me apoiarem, por suas criticas mais que sinceras. Amo todos vocês incondicionalmente.
Sem mais delongas, sejam bem-vindos ao universo de Helena em "Gravidez Ilegítima".
E não se esqueçam de pegar os lenços de papéis.
Atualização do dia 20/04/2022.
Eu não sabia o que este livro se tornaria na minha vida. Não sabia que acabaria amando tanto escrevê-lo, não sabia se conseguiria ou não, levá-lo adiante ou se seria apenas mais um projeto inacabado.
Mas sim, esta tudo dando certo.
Está tudo indo bem.
"Gravidez Ilegítima" está sendo a melhor coisa que já escrevi na vida, está sendo minha maior e melhor obra, sem
dúvidas. Não sei como um livro de "Romance", pode ter me despertado tanta criatividade assim. Logo eu, uma pessoa que sequer leu mais de 4 livros deste gênero, nos últimos 20 anos de vida.
O livro está na 15° posição no ranking de presente. Gente, pelo amor de Deus, só tenho duas semanas mais ou menos postando aqui na plataforma. A maior parte desta conquista, claro, se deve a ajuda das minhas amigas, as quais imploro quase que diariamente para lerem meus novos capítulos, para que elas votem e acabem dando presente.
Então, se você está chegando agora, e veio graças à visibilidade que o ranking vem me possibilitando. Sejam muito bem-vindos. E, me desculpem se houver algum erro de ortografia, se houver algum erro em algumas passagens de tempo ou, até mesmo, se um detalhe ou outro tiver sido trocado por alguma desatenção da minha parte. Espero que entendam que tudo que escrevo entre um capítulo e outro, são baseados nas coisas que um dia já vivenciei e que já senti na pele. São características de lugares que já passei, de pessoas que já tive o prazer e o desprazer de conhecer. E tudo que escrevo aqui, é com o coração.
As ideias fluem de forma muito natural, e eu apenas digito tudo, antes que a mente me obrigue a esquecer de tudo ou, quase tudo. Sei que é a minha obrigação revisar, mas, deixemos isto para o final, deixemos para quando a obra estiver completa, quando apenas precisarmos alterar alguns pequenos detalhes.
Vale lembrar que erros gramaticais realmente atrapalham durante a leitura, mas, infelizmente eu não estou fazendo faculdade de letras, estou fazendo faculdade em um curso na área da saúde. Eu, assim como qualquer outro estudante que leia minimamente, sei escrever e falar o Português básico, muito informal. Não sei usar corretamente os quatro porquês que existem. Não sei quando usar o "tem" ou o "têm". Mas, estarei dando o melhor de mim para que, poucos erros estejam presentes até o final da obra.
Espero que entendam e não desistam de mim.
Beijos, Gigi Vanilla.
Eric Moore
Whitewood
15 de novembro de 2000
Sandra era uma mulher incrível. A mulher por quem sempre meu coração fez questão de bater mais forte.
1999 havia sido um ano incrível. Ano em que seus olhos cor de esmeralda, cruzaram com a escuridão dos meus. Ano em que seus carnudos lábios, tocaram os meus com desejo e amor. Ano em que sua pele cor de ébano, chocou-se contra meu corpo caucasiano. Ano em que todos nos olhavam com desdém e curiosidade, onde todos achavam que tinham o direito de julgar o nosso amor por conta de um detalhe tão simples, como nossa raça.
Sandra Taylor Moore, filha de um dos executivos mais bem sucedidos do mundo, a princesinha do papai e da mamãe que nunca precisou economizar para comprar nada, que nunca entrou em um dilema interno de "devo comprar os livros da faculdade ou, pagar o aluguel atrasado?".
A mulher que, apesar de ter tido o mundo aos seus pés, era diferente de todas as outras que já tinha conhecido e que, não tinham metade do rei na barriga que você tinha. Eu era apenas um homem comum, que morava em um bairro tomado pela criminalidade, onde as drogas e armas mandavam, onde gangues matavam e morriam por quererem sempre mais e mais poder. Filho de uma mãe solteira que trabalhava de domingo a domingo como doméstica, e de um pai que teve a vida roubada por uma escolha errada, a escolha de entrar no mundo
sombrio da criminalidade. Apesar de ver armas e confronto quase que rotineiramente, isso nunca me induziu a seguir os passos dos que andavam para cima e para baixo como donos do mundo por apenas, usarem cordões de ouro e portar pistolas em suas cinturas. Eu não queria morrer estripado, como um porco, não queria morrer como meu pai morreu.
Apesar de muitas vezes ter ficado sem comer para pagar a mensalidade da faculdade, trabalhado em tantas horas extras que quase não tinha forças de assistir as aulas, foi você que eles resolveram atacar, foi você que eles chamaram de interesseira. Logo você Sandra, que sempre teve tudo, inclusive um coração bondoso e caridoso, logo você, estava sendo tratada como uma mulher qualquer.
1999 também havia sido um ano difícil. Um ano em que te vi chorar quase que diariamente de desespero, por novamente, seu nome ter sido manchete no jornal, por novamente, estarem te chamando de aproveitadora e oportunista. Eu poderia ter te defendido, poderia ter escrito uma carta aberta contando toda nossa história, de como nos conhecemos, de como nos apaixonamos, de como você me ajudou a chegar onde atualmente estou, onde você e sua família, que foram tão queridos comigo, me fizeram tirar minha velha mãe daquele lugar nebuloso e, daquele trabalho que lhe causaram tantos problemas de saúde.
Mas não. Apenas resolvi me calar, me contentar que um dia eles iriam parar e tudo ficaria como antes, que como por milagre, eles passariam apenas a olhar para suas doações aos orfanatos locais, mas nada mudou, e sinto muito por isso.
1999 foi capaz de nos dar um grande e abençoado presente, nossa preciosa filha, Ester. Que preencheu o vazio que restava em nossa casa e, em nossos corações. Nosso tesouro.
Ester tinha herdado sua linda cor de ébano e meus grandes olhos escuros, era tão linda, que logo não ganhou apenas os nossos corações como também, os de seus pais. Nunca havia visto Francis chorar como no dia em que segurou Ester pela primeira vez em seus braços, os olhos dele brilharam num misto de amor e felicidade. Mas então tudo acabou. Nosso tesouro morreu após o seu carro ser perseguido por jornalistas.
Eles juravam que Ester não era minha filha e que você tinha um amante, um verdadeiro absurdo, uma perseguição desumana, que tirou a vida da nossa filha.
Você ficou fisicamente machucada, mas, mentalmente você estava quase morrendo. Nosso lar ficou sem vida. E foi então que 1999 acabou. Dando início ao ano 2000.
Um ano em que tudo parecia estar entrando nos trilhos novamente. Aparentemente todos haviam te deixado em paz, e então, a felicidade aos poucos foi entrando em nosso lar novamente.
Na metade do ano 2000, nosso segundo tesouro veio ao mundo, Helena. Diferente de Ester, Helena tinha o tom de pele igual ao meu e os seus olhos Sandra.
Poderia dizer que tudo acabou bem, que tivemos nosso "felizes para sempre", mas, seria uma grande mentira. Porque logo voltaram a difamar tua imagem, alegavam para quem quisesse ler que você teve um caso com meu irmão mais novo, Antônio, que na época tinha apenas 14 anos.
Foi então que você tomou uma decisão. E desde o ano 2000, restou apenas eu para criar a pequena Helena.
Sandra, perdoe-me por não ter te protegido quando tive a oportunidade, perdoe-me por não ter evitado a morte da pequena Ester e a sua, meu amor. Confesso que era um fraco, temeroso em perder tudo que estava começando a conquistar, tratando tudo com neutralidade para ganhar a simpatia das pessoas que tanto te fizeram sofrer, apenas para não perder a mordomia que tinha e, para não voltar para o buraco de que saí.
Seu amor sempre será insubstituível. Sinto muito a sua falta e, a pequena Helena também.
Whitewood
10 de abril de 2014
Eric guardou seu diário com capa de couro preto em uma gaveta com tranca e, se levantou de sua cadeira de couro, indo em direção ao quarto de Helena, que dormia docemente. O quarto de Helena estava sendo iluminado por um pequeno abajur rosa que ficava em seu criado mudo. Helena sempre teve um jeito durão, marrenta como a mãe, sempre dizendo que não tinha medo de nada. Mas, ela morria de medo do escuro, achando que um monstro sairia de seu guarda-roupa para atacá-la. Morria de medo de dormir com seus pés descobertos, porque achava que alguma força sobrenatural iria puxá-los.
Eric sorriu ao lembrar-se de como Helena parecia com Sandra. Então ele se aproximou e lhe deu um beijo na testa.
- Bons sonhos minha princesa! – sussurrou Eric antes de se afastar e sair do quarto. Eric estava sem sono aquela noite\, nem o trabalho foi capaz de cansá-lo. Então ele resolveu caminhar em direção a seu grande e confortável escritório. Encarou a última prateleira de sua estante de livros e\, subindo numa escada\, pegou o que aparentemente era um livro com capa de couro rosa. Nesta capa de couro rosa estava escrito com letra de forma: Sandra Taylor Moore – O Verdadeiro.
Eric sorriu ao se sentar e ler um pequeno trecho da primeira página do diário de sua falecida esposa.
"Eu sei que o Eric anda me traindo. Sei que a qualquer instante ele pode me deixar, lhe dar presentes caros já não é mais útil, não é mais o suficiente. Agora é hora de lhe dar um filho, realizar o seu verdadeiro sonho [...]”.
- Sandra\, Sandra... - Eric encostou a coluna no encosto de couro marrom de sua cadeira. - Um pouco de dinheiro nunca é demais querida. – riu enquanto continuava a ler.
“Eu odeio a forma como você olha para aquela mulher vulgar e pobre, odeio a forma como você faz com que me sinta inferior a ela, eu odeio amar você, mas, é inevitável, Suzana nunca vai tirar você de mim, não se eu der a você um pequeno herdeiro, ela nunca terá o que é meu, isto eu juro por minha vida.”
- Só de pensar que algum dia falei que você era uma mulher incrível\, uma mulher extremamente caridosa\, me sinto completamente enojado. – Eric apoia sua cabeça na palma de sua mão direita. – No final\, fui eu quem conseguiu tudo que queria\, eu que fiquei com todo o seu dinheiro\, enquanto você está morta minha querida Sandra! – disse enquanto fechava o diário.
Sandra Taylor
Whitewood
05 de agosto de 2000
Já estava esgotada. Mês após mês era sempre a mesma coisa. O mesmo discurso de que as coisas poderiam ficar piores no final, de que nada era 100% garantido. Estava cansada de estar tendo sempre minhas esperanças e expectativas diminuídas com frases como: “talvez você acabe sofrendo um aborto no final da gravidez Sandra, seu corpo está muito fragilizado e talvez seu bebê não consiga sobreviver”.
E mesmo depois de tanta descrença, de tantas energias e vibrações negativas que tentaram colocar em minha mente, depois de tanto sofrer com dores terríveis que me consumiram ao longo de seu crescimento, depois dos milhares de fios capilares perdidos, choros e agonias noturnas, nós conseguimos vencer. Helena Taylor Moore de Albuquerque nasceu no dia 05 de agosto de 2000, as 16:54 PM, com 3 quilogramas e 500 gramas, 40 centímetros e uma saúde que fez com que todos ficassem perplexos, sem entender como havia sido possível. Chamaram minha pequena Helena de milagre, de guerreira.
E então, veio o drama da escolha do nome.
Minha sogra, Sônia, queria que seu nome fosse Maria Vitória, por ter encarado a morte desde o momento em que foi gerada pelo útero e corpo fraco de uma mulher mentalmente desequilibrada e, em meio à escassez e as baixas probabilidades de vida, conseguiu vir a este mundo viva, pela graça do bondoso Deus. Ela disse que este nome era o símbolo de uma mulher poderosa, vencedora, e que tinha grandes chances de ter sorte na vida, em seus planos pessoais e na carreira. Mas, seu rosto não combinava com este nome, seus olhos de cor ainda indefinida, não brilharam quando sussurrei em seu ouvido "Maria Vitória".
Eric, por outro lado, queria que você se chamasse Filomena, de primeiro momento até achei que ele estivesse ficando louco ou brincando, lembro que gargalhei com a escolha de um nome tão estranho e feio, mas então, seus olhos marejaram. Eric queria que nossa filha se sentisse amada, queria abençoa-la com um nome que lembrasse a ela todos os dias não só a sua força, muito menos o fato de que driblou a morte, mas também que se sentisse sempre amada por todos, e mesmo que toda a história fosse muito bonita, definitivamente, este não seria seu nome. Helena, minha filha tão amada, de maneira alguma gostaria que você fosse lembrada apenas como a criança que foi contra a ciência e, apesar dos pesares veio ao mundo com uma saúde de ferro, não queria você pudesse se sentir amada apenas porque seu nome diz isso. Para mim, você sempre vai ser o meu tesouro, meu talismã e minha estrela guia. Independente de qualquer coisa, sempre vou te amar incondicionalmente.
Com ou sem Maria Vitória e Filomena, você vai sempre ser uma guerreira, uma menina forte, não apenas por sua
gestação complicada, por seu parto tão trabalhoso, você ainda vai ter muitas batalhas e guerras para vencer ao longo de seu crescimento, vai ter muitos orgulhos e decepções também, em nossa vida nada é fácil, nada vem de mãos beijadas apenas porque um significado de nome, diz que sim. O sucesso vai depender da sua força de vontade, determinação e originalidade.
Quando nossos olhos se encontram, querida filha, sinto que meu coração vai aos poucos aquecendo. Sua calma enquanto dorme me dá uma sensação de paz de espirito, consigo ver nestes olhinhos (que peço tanto a Deus para serem iguais aos meus, já que você é branquinha como seu pai), que você tenha um brilho diferente dentro si, um brilho que possa te destacar no meio da multidão, brilho capaz de te tornar unicamente original, e por isto, seu nome é Helena, por causa deste brilho que com o passar dos dias vem aumentando mais e mais.
Desculpa-me se em um futuro próximo você não gostar da escolha, desculpa-me se um dia achar que fui hipócrita em usar de um argumento para não ceder aos caprichos de sua avó ou de seu pai, apenas para satisfazer os meus. Desculpa-me se ter o segundo nome igual ao da sua mamãe é brega para você. Eu também achei brega quando minha mãe me deu seu segundo nome para que eu sempre carregasse um pedaço dela comigo, sendo que não precisava, pois, eu tenho os olhos dela, assim como sinto que em breve você terá os meus.
Espero que um dia todos possam entender que não foi minha fragilidade que matou Ester, não foi minha tristeza ou vontade de ficar deitada apenas existindo que matou minha primogênita, Ester não morreu de causas naturais, muito menos foi um acidente. Ester precisou morrer, e eu sinto muito por isso.
Whitewood
08 de agosto de 2000
- Acho que isso é o suficiente. - diz Sandra analisando o que havia acabado de escrever. - Espero que ele não desconfie mais de nada, espero que um diário falso seja suficiente. – Sandra colocou seu diário falso em cima de seu criado-mudo.
Sandra deitou vagarosamente em sua cama macia depois de colocar seu plano em prática, ela realmente tinha medo de que Eric descobrisse a verdade sobre a morte de Ester, ela sabia o quão agressivo seu namorado poderia ser, sabia que com uma atitude tão deplorável quanta esta, ele iria matá-la por tal absurdo.
- Sandra? – uma mulher alta e branca feito a neve falou enquanto entrava no quarto. – Trouxe uma sopa bem gostosa para você tomar, deve estar querendo comer algo saboroso depois de ter comido aquela comida sem gosto do hospital! – ela sorriu enquanto entregava a tigela para Sandra.
- Patrícia! Você não precisa fazer isso, temos empregadas, você não precisa se dar ao trabalho! – falou pegando a tigela quente. – Onde está Helena? – completou depois de engolir a primeira colherada da sopa.
- Eu gosto de ajudar, não se preocupe, isso não me incomoda nenhum pouco. – sorriu docemente. – Isso é um diário? – perguntou chegando perto do criado-mudo.
- Onde está Helena? Quero ver minha filha! – resmungou Sandra, visivelmente incomodada.
- Ela está no berço, dormindo feito o anjinho que é. – afastou-se lentamente do criado-mudo. – Ela é uma grande dorminhoca, não acha? – riu ao lembrar da neta dormindo.
- Sou uma mãe de sorte! – riu também.
- Eric era um bebê muito agitado, chorava a noite inteira e também durante o dia, nem parece que depois de adulto seria este homem tão sério! – sorriu timidamente. – Ah, por falar nele, Eric pediu para te avisar que ele acabaria se atrasando hoje, coisas do trabalho, sabe? – sorriu sem graça.
- Tudo bem! – sorriu forçadamente. – Estou um pouco cansada, vou dormir um pouco agora. – Sandra abrindo a gaveta e propositalmente guardando seu diário falso nela.
- Claro, claro querida! Irei te deixar dormir, vou fazer um delicioso bolo de milho para vocês! – pegou a tigela ainda cheia de sopa das mãos de Sandra. – Espero te ver comendo mais, você precisa estar forte! – falou enquanto saia e fechava a porta do quarto, deixando Sandra completamente sozinha.
Naquela mesma noite, enquanto Sandra estava tomando banho, Eric, que ficou sabendo do diário de sua namorada através da velha e fofoqueira Patrícia, sua mãe, abriu silenciosamente a gaveta e leu algumas poucas linhas do que estava escrito na primeira página, antes de ser flagrado por Sandra.
Sandra Taylor
Whitewood
09 de agosto de 2000
Meu coração está um pouco mais tranquilo agora. Sei que ontem o Eric leu meu diário escondido, enquanto eu estava no banho. Ele até tentou disfarçar quando saí do banheiro e o vi com "meu diário" nas mãos. Eu vi o seu nervosismo. Eu senti o seu medo. Eu senti que, pela primeira vez desde que nos conhecemos, ele estava vulnerável e eu, estava por cima. Fingi que estava chateada por ele estar invadindo minha privacidade, por não confiar em mim. E então, ele me pediu perdão. Em uma vez a cada milhão em que Eric erra, essa foi uma das únicas vezes que ele pediu o meu perdão. Ele se ajoelhou perante mim, como um submisso e, me olhou com aquele olhar patético e chorou me pedindo perdão.
Como eu queria ter gargalhado diante aquela cena patética. Como eu queria chorar de rir. Como eu queria cuspir naquele rosto bonito e prepotente. Mas eu sabia que, se abandonasse o personagem naquele momento e
mostrasse tudo que estava guardado dentro do meu peito. Ele me empurraria contra a parede do quarto. Ele daria um tapa forte em meu rosto. Ele apertaria meu pescoço tão forte que teria que suplicar por minha vida em meio às lágrimas e a falta de ar. Depois, ele me trancaria no quarto, não me daria comida ou bebida e, dispensaria as criadas.
Então, eu apenas aceitei seu pedido de desculpas e, pedi para que nunca mais duvidasse de minha fidelidade ou de minhas palavras, pedi para que não invadisse mais a minha privacidade. E ele jurou que nunca mais faria nada disso. Mesmo sendo uma mentira.
Whitewood
12 de agosto de 2000
- Amor? - diz Eric abrindo a porta do quarto. - Você está atrasada para ir ao médico. – ele para por alguns segundos enquanto olha o semblante surpreso de Sandra, que terminava de escrever em seu diário.
- Tudo bem. – levanta da cadeira nervosa. - Poderia buscar Helena no quarto dela, por favor? - Eric fez que sim com a cabeça. - Não esquece de passar um pouco de perfume nela. – tenta sorrir docemente.
Assim que Eric saiu, Sandra correu para esconder o seu diário verdadeiro, embaixo de uma madeira solta no chão de seu quarto.
- Pronta? - balançou a cabeça positivamente, ainda nervosa. - Já sabe o que vai dizer hoje? – Eric olhou-a atentamente.
- Que me machuquei enquanto andava de cavalo. - disse enquanto lembrava-se das mesmas palavras que Eric usou na noite anterior.
- Perfeito. – beijou a testa de Sandra.
Sandra estava com os olhos, à barriga e braços machucados, estava roxa e inchada. Ele havia batido nela na noite passada. Ele havia perdido a paciência porque ela disse que estava com muita dor e que não poderia amamentar Helena. Eric não se importou com a presença de sua mãe na casa, não se importou se sua namorada estava ou não de resguardo, ele apenas bateu nela.
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