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Vou Te Encontrar(Pausada)

No escuro

...Capítulo 01...

— Ai, ai — Sinto a cabeça latejando muito forte e minha vista está embaçada.

  Reúno todas as minhas forças para tentar me levantar. Está escuro. Apenas a luz de frente a porta, pisca. Minhas pernas estão fracas, então procuro me apoiar em algo ao redor para enfim, ficar de pé. Dou alguns passos em direção a luz, mas eu escorrego e minha mão bate em algo. 

  Parece um corpo, eu posso estar enganada. 

  Eu quero estar enganada. 

  O chão está molhado com alguma substância pegajosa e um cheiro forte de sangue paira no ar. Fico ofegante e tento segurar um grito de pânico. 

  Me levanto e corro para a porta, mas eu paro de supetão. Olho para as minhas mãos e o meu corpo. Tudo está coberto de sangue e não é o meu. 

  A luz pisca alternando entre luz e escuridão, o que deixa o ar mais sombrio e macabro.

— Mais que merda aconteceu aqui?! — Involuntariamente, cubro a minha boca com as mãos.

  Sinto meu rosto pegajoso e desesperadamente tento limpar o sangue que agora suja-o, esfregando com os antebraços. Tentativa inútil, o estrago já foi feito. Depois, esfrego as mãos na minha roupa, mas elas continuam sujas. 

  Seguro a maçaneta da porta e hesito. Volto alguns passos para ver a cena do possível crime. Com minha mão trêmula na parede, procuro o interruptor. Pisco os meus olhos com força, por causa da claridade que invade o cômodo.

  Me viro lentamente e vejo um corpo estirado no chão. 

— Ai meu… — Não consigo terminar a frase e deixo a boca aberta.

  Eu não estava enganada.

  Tem sangue espalhado pelo chão, inclusive na parede ao qual eu coloquei a mão para acender a luz. Tem vários objetos quebrados, vasos, porta retrato, cadeira, mesa, tudo está revirado de cabeça para baixo. Parece que um furacão invadiu e levou tudo, inclusive a vida da garota.

  Vou até ela e me ajoelho ao lado do seu corpo.

— Ela ainda está viva. — Digo, com a voz frágil. 

  Conseguia ver lentamente o movimento do peito dela subir e descer. A pulsação está fraca. Ela tem o cabelo preto, curto e parecemos ter a mesma idade. A faca está perfurando seu estômago.

— O que aconteceu? Polícia, eu tenho que ligar… Quem fez isso? — Eu olho ao redor e coloco as mãos nos bolsos procurando o celular, mas não encontro. — Que cruel, ela foi perfurada mais de uma vez. Quem fez isso deve ter algum ressentimento pela vítima ou por simples ruindade. 

  É muito sangue, me sinto enjoada. Olhar para um corpo que foi esfaqueado com tanta frieza é nauseante. 

  Quero vomitar. 

— Preciso de um pano para estancar esse sangramento. — Eu procuro pela casa um pano limpo. Assim que acho, corro até ela e o pressiono em sua barriga, tomando cuidado para não mexer na faca.  

  Escuto barulho de sirenes e a polícia invade a residência com violência.

— Polícia, polícia. Parada e coloca as mãos na cabeça. — Diz, apontando a arma para mim.

— Tudo bem, calma. — Digo, aflita. Rapidamente levanto as mãos para o alto e as coloco na cabeça.

  O policial pega uma de minhas mãos, coloca a algema e põe meu braço para trás. Em seguida, ele me joga e me pressiona bruscamente no chão com o seu outro braço e termina de colocar a algema. 

— Ai! Por que está me algemando?  

  Ele só olha para mim. 

— Vem! — Diz, um policial alto e magro.

  Ele me puxa, mas eu continuo de joelhos.

— Ela ainda está viva, vocês precisam salvar ela! — Digo, aflita, para ele que me ignora. 

— Você tem o direito de ficar calada. Tudo o que disser pode e será usado contra você no tribunal! — Diz, um policial barrigudo e arrogante ao lado do outro policial.

— Aí, devagar. — Me levanta e me guia em direção a saída. — Você tá me machucando. 

  Ele me ignora, joga um pano para cobrir meu rosto e me leva para fora da casa. Fora os três carros da polícia, tem uma ambulância, uma equipe de TV e vários olhares curiosos que me encaram, julgando sem nem ao menos saber o que pode ter acontecido. 

  Esse é um dos únicos momentos que os seres humanos param de mexer no celular, para fofocar sobre a desgraça dos outros. Como se isso os fizesse se sentir melhor, ver alguém em uma situação mais deplorável. Se ao menos essa curiosidade fosse convertida em algo melhor, ou em empatia, a sociedade não seria um pouco melhor?

Várias perguntas aparecem na minha mente, mas uma das que eu mais queria saber é: o que droga eu estava fazendo lá?

  Protejo meu rosto para não ser vista. Vejo por baixo do pano vários flashs. Eu quase caio, graças ao policial grosseiro. Dentro da viatura, senta um policial de cada lado, me apertando como se eu fosse um recheio de sanduíche, me levando a um destino.

  Delegacia.

5 anos atrás

...Capítulo 02...

~ 5 anos atrás ~

— Irmão, eu queria conversar com você. Você teria como me emprestar o seu precioso tempo? — Diz, Anelise em uma ligação telefônica. 

  Eu aperto os lábios para conter um riso.

— Mais é claro, preciosa irmãzinha. 

— Pode ser agora?

— Humm… Pode. Te vejo em breve!

— Beijos!

  Ela desliga o telefone e eu vou para o carro. Mas antes de chegar ao meu destino, faço uma parada na mercearia do Arthur, fica a um quarteirão de casa, para comprar um refrigerante e uma barra de chocolate. Ela é viciada. Se eu não levar, tenho pena dos meus ouvidos pelos próximos meses.

  Ela iria falar coisas do tipo: "irmão, por que veio de mãos vazias?", "Você sempre trazia besteira antes.", "Não me ama mais?" e ia fingir chorar, depois de cantar uma música melancólica, ela é boa nisso. Anelise é atriz de musical, tem uma voz soprano linda, sei que um dia irá brilhar. 

  Lá está ela, parada na porta de casa.

— Irmão! 

  Ela pula nos meus braços e eu quase derrubo as compras.

— Estava com saudade das suas perturbações. Eu fico preocupada quando você vai para uma operação perigosa. — Diz, cabisbaixa. 

— Sei que você é muito sensível. — Riu e eu bagunço seus cabelos lisos.

— Mark! Você sabe que eu odeio que bagunce meu cabelo. — Bufa. — Vem, senta aqui no sofá. 

  Puxa meu braço.

— Você comprou meu mimo, que fofo. Obrigada! — Beija minha bochecha e vai deixar as coisas no balcão.

  Como sempre, ela precisa de um pouco mais de organização, apesar de não chegar ao nível, caos. Eu sempre tenho que pegar no pé dela com a limpeza da casa, porque depois sobra pra mim. 

— A Ana não pôde vir hoje? Acho que ela deveria vir todos os dias.

  Ana é uma diarista que trabalha a anos para a família.

— Ah Mark, nem está tão bagunçada assim. — Bate as mãos nas pernas.

— É, tem dias piores! — Dou uma gargalhada.

— Aproveita que você está aqui, faz o serviço. — Diz, em um tom zombeteiro.

  Ela costuma bagunçar e me fazer limpar para ela quando estou em casa. 

— Tô fora! Chama a Ana. — Aponto para o telefone fixo.

  Começamos a rir.

— Enfim, o que você queria conversar comigo?

— Você sabe que meu sonho número um é ser mãe, né? — Senta no sofá.

— Claro! Você sempre fala disso.

— Então… — Ela esfrega as mãos nas pernas.

— Desembucha, Anelise. — Olho sério para ela. — O que você está… — Semicerro os olhos. — Você está grávida?

  Ouço um choro de bebê vindo do segundo andar da casa.

— Anelise. — Digo, lentamente seu nome, em um tom firme.

— Calma, irmão! Deixa eu explicar. — Ela coloca a mão no meu ombro.

— Explicar? Explicar o que? Um choro de bebê vindo do andar de cima é o que? Ou será que foi impressão minha? O pai e a mãe estão sabendo disso?

— Caramba, que interrogatório. Tantas perguntas e você não me deixa responder nenhuma, Mark. — Diz, com a voz estridente.

— Anelise, olha o tom de voz. Eu não estou gritando com você. — Aviso, encarando-a.

— Como não altero, irmão? Você parece uma metralhadora, só que em vez da arma está usando a voz para me calar. — Ela se levanta.

— Tá bom, desculpa. — Digo, com a voz mansa.

  Seguro seu braço e a faço se sentar de novo. 

— Eu não quero te calar, eu quero respostas.

— E eu vou te dar se você estiver disposto a ouvir. — Me olha sério. — Sim, tem um bebê lá em cima. Eles já sabem. Alguém largou ela, recém-nascida, em um beco há uma semana.

— Uma semana?! E ninguém em casa resolveu nada ou me avisou? — Interrogo, perplexo. 

— Você não entende, Mark. Ela foi abandonada. Estava com frio e quase não chorava de tanta fome. Por sorte eu a encontrei quando voltava da faculdade. — Diz, enquanto gesticula as mãos. 

— Por que escondeu isso de mim e só está me contando agora? 

— Esqueceu que você estava ocupado? Eu sempre conto tudo para você, mas nem sempre você está disponível para ouvir.

— Ai meu Deus. — Suspiro. — Tem razão. — Me curvo com os cotovelos nos joelhos e descanso minha cabeça nas mãos. — Já procurou algum orfanato? — Pergunto.

— Não! — Respondi, Anelise. 

— Não? — Indago.

— Eu já adotei ela. Ela é minha. Não vou entregá-la num lugar tão frio e solitário outra vez.

  Dou uma gargalhada, incrédulo.

— Você não fez isso. — Me levanto. — Cadê essa menina? Ela vai embora hoje.

— Para, Mark!

  Vou para as escadas e Anelise tenta me impedir de continuar subindo. O choro vai se intensificando. 

  Entro no quarto. Ela é pequena e frágil. Ao me aproximar mais, eu a pego nos braços.

— Mark…

  A bebê segura meu dedo e para de chorar. Eu observo todo o contorno de sua pequena face e aquele sorrisinho banguela, arranca um sorriso do meu rosto.

— Ela é linda. Como alguém pôde fazer tamanha atrocidade de abandoná-la? — Cheiro sua cabeça.

— Ayla. 

— O que? 

— O nome dela, Ayla. Como a encontrei à noite, banhada pela luz da lua, resolvi escolher esse nome. — Ela faz carinho na cabeça de Ayla.

— Lindo nome.  

  Ela dorme rápido em meus braços.

— Vamos conversar melhor na sala, Anelise. — A coloco de volta no berço. 

  Descemos a escada e me sento no sofá. Anelise trás dois copos de refrigerante, um para ela e um para mim. Ficamos uns minutos em silêncio. Estava querendo processar toda aquela informação, o futuro que ela estaria desperdiçando para cuidar de uma criança que não é dela. 

— Irmã. Você sabe que eu te amo e só quero o melhor para você.

— Sei, por isso acredito que irá respeitar minha decisão. — Ela olha para mim, com um olhar triste.

  Eu sei que ela está desapontada comigo. A bebê é linda, mas essa decisão é algo que não se pode fazer sem pensar.

— Olha, — Eu deixo meu refrigerante na mesa da frente, pego o dela e faço a mesma coisa. Seguro suas mãos e olho fixamente em seus olhos verdes como esmeralda, iguais ao meu. — Eu te entendo. Mas, e seu futuro? Você não quer ser uma atriz famosa? Como vai fazer isso com uma criança? Você estuda, só tem 19 anos…

— Mark, eu pensei em tudo. Não vou dizer que foi uma decisão fácil, porque não foi planejado para ser agora. Eu tenho minhas preocupações. — Ela aperta minhas mãos. — Mas quando a vi naquele estado, abandonada à sorte… — Ela cobriu a boca para segurar o choro. — Senti que ela era minha. Minha filha, meu futuro e meu destino. 

  Seus olhos cheios d'água, me fazem querer chorar. Eu consigo entender como ela se sente. A ligação de irmãos gêmeos é algo forte em nós. Eu a abraço apertado e ficamos assim até ela se acalmar.

— Você não avisou que adotou Ayla para o pai e a mãe, não é?! — Pergunto já sabendo que seria um não.

— Não.  — Afirma.

— Tudo bem, desculpa ter sido tão duro. — Eu aliso seu rosto e enxugo suas lágrimas. — Eu odeio te ver chorando. Quero você sorrindo, anda.

  Ela começa lentamente a sorrir e para mim é suficiente. Ela podia não ser responsável para conseguir manter a limpeza da casa, mas sei que seria uma ótima mãe. 

— Apesar que a mãe pode infartar…

— Me ajuda, maninho! — Implora, e me abraça. 

— Sempre ajudo, nessas suas loucuras. E essa foi a pior.

— Filhos! Sobre o que vocês estão conversando? — Questiona, meu pai. 

  Foi uma longa conversa que se estendeu por alguns dias. Minha mãe quase desmaia. Felizmente no final deu certo e foi uma dura batalha, de fato. O pai e a mãe não estavam prontos para descobrir que sua filha seria mãe tão cedo, mas eles a entenderam. Eles assumiram e disseram que haviam se encantado com Ayla e que eles queriam adotá-la, por isso estavam zangados. Prometeram ajudar na criação e na educação para que Anelise não fique com muita carga para si e claro que quando eu puder também ajudarei. 

  Serei o pai que ela não tem. 

Ligação dolorosa

...Capítulo 03...

O continente Swiuria, é dividido em 5 países, sendo os maiores do leste, Eston, país mais conhecido pela agropecuária e no oeste Ekrand, cujo país destaca-se no setor comercial e industrial. No norte há Qrison, conhecida pelo extrativismo na sua capital em Qrólis. No sul, Idulphia, sua capital Sharard é uma cidade portuária.     

  Ashar e Pliona eram cidades-estados independentes que se unificaram e se tornaram um pequeno país, Vuskos. Hoje é o país mais rico do continente, apesar de ser pequeno em território. Devido a grande circulação de turistas, lá possui grande diversidade cultural. Vuskos é popular pelo comércio e sua capital agora, fica em Ashar. 

~ Tempo atual ~

— Saúde, comandante! — Ergue o copo de cerveja para cima, sorridente.

  Ele não para de sorrir e repetir a mesma frase. Já é a quinta vez, eu acho, parei de contar na terceira vez. Ele pega o copo, diz a frase e o vira goela abaixo, nem uma gotinha fica. O fígado dele o considera seu pior inimigo, não tenho dúvidas disso. 

  Ele tem razão em comemorar. 

— Saúde, comandante. — Diz, com a voz estridente, o novo integrante do batalhão.

  Finalmente voltamos para Qrólis, minha cidade natal. Depois de com sucesso e sem baixas, concluímos uma operação em Sharard que levou dois meses. 

  Para o novato, foi a primeira missão. 

— Saúde Ravi, aqui…bebi isso. — Digo, e o entrego um copo.

— Argh, isso é água 2º comandante. — Diz, fazendo careta.

— Exatamente, dá um descanso para o fígado. E já disse que você pode me chamar de Mark. — Digo, cruzo os braços para parecer durão e arqueio as sobrancelhas.

— Sim! — Faz continência, o que me faz rir.

  A comemoração levou mais tempo do que imaginei, ainda tenho outros planos. Fiquei de ir na casa da Anelise, ajudá-la na decoração do aniversário de Ayla. Vamos fazer uma festa surpresa, reservada para os membros da família. Por isso, nossos pais vão ficar com ela, até amanhã. Estou ansioso para ver seu sorriso quando abrir o presente.

  Por mais que a missão em Sharard fosse uma operação difícil, eu conseguia manter o contato de vez em quando com a minha família. Por isso, estava por dentro de alguns assuntos familiares nos dois meses que estive fora. Tento ser o menos ausente possível, principalmente por causa de Ayla que é um grude comigo. Mas, muitas vezes, o trabalho precisa de mim ou como dizem, o dever me chama.

  Anelise é uma excelente mãe e profissional. Ela atuou em musicais famosos e ganhou o coração de muitas pessoas. Três anos atrás, conheceu Gale. Eles namoraram por dois anos, depois se casaram e passaram a morar juntos.

  Gale está em uma viagem de negócios. Então, não poderá ajudar na preparação. Mas ele prometeu que estará aqui no horário do aniversário. Ele devia ter se organizado melhor para poder ajudar na preparação. Anelise deve estar chateada. Ela gosta de fazer as coisas em família e Gale tem se mostrado muito ausente. 

  O trabalho pode ser imprevisível, não o julgo, pois também sou muito dedicado ao meu. 

  Quem sou eu para dizer algo?

  Meu telefone começa a tocar. Deve ser a Anelise.

  Olho para o número e vejo que na verdade é um número desconhecido. 

— Alô, quem fala? 

— Aqui é o policial Rubens, da delegacia de polícia de Qrólis. Quem fala é o senhor Mark Lewis? 

— Ele mesmo.

  Sinto meu coração pesado. Parece que engoli mil agulhas.

— O senhor é irmão de Anelise Lewis que mora na Rua Y, número 21?

— Sim, o que está acontecendo? — Pergunto, com a voz alterada.

  Tiro o celular do ouvido e procuro em todo canto o cartão do estacionamento, desesperado. Assim que seguro, escorrega e cai no chão. Meus companheiros olham para mim preocupados e param de sorrir.

— Aconteceu alguma coisa, Mark? — Pergunta o comandante do nosso batalhão, Zion.

  Coloco o celular no peito para abafar o som.

— Não sei. — Digo, com a voz trêmula. — Preciso ver minha irmã. 

— Mark, acalme-se. Você está pálido.

— O que aconteceu?! — Pergunto, agora com o celular de volta no ouvido, para o policial Rubens.

— Senhor, venha o mais rápido possível para o hospital H. É muito delicado para ser dito ao telefone.

  A chamada encerra e fico estático por uns minutos com o celular ainda no ouvido.

— Mark! Você não pode dirigir assim. — Avisa, Zion. Ele coloca a mão em meu ombro. 

— Eu consigo… — Digo, mas sou interrompido.

— Jack…aqui está o dinheiro para pagar por tudo. — Ele entrega em suas mãos.

— Certo, senhor! — Responde, Jack.

— Vou te acompanhar até o táxi. — Avisa, Zion.

...🔍...

  Quando entro na sala, vejo seu corpo e fico em choque. Minha visão está embaçada, não consigo ouvir mais as vozes e eu despenco de joelhos com os olhos cheios de lágrimas ao lado de seu corpo. Ela está deitada na cama hospitalar, coberta por um lençol, exceto o seu rosto.

  Cheguei tarde demais. 

— Não… — Murmuro. — Não, não, não… — Digo, com a voz embargada. — Não! — A abraço com força e aliso seu cabelo freneticamente.

— Fiz o possível, mas ela perdeu muito sangue… — Informa, o médico. — Vou deixá-lo a sós.

— Abra os olhos, por favor. — Meu rosto encosta no seu e eu não tiro meus olhos dela. — Não é hora de brincar Anelise, hum. — Exigo. — Acorda! Ayla está esperando por você. — Digo, enquanto choro. — Eu estou esperando por você, maninha. — Concluo. 

  Sem respostas, fico por horas abraçando-a e gritando de dor. Um pedaço da minha alma foi levado neste dia. Não ver aqueles olhos esmeraldas e alegres outra vez, é o mesmo que me tornar uma casca vazia. 

— Senhor, precisamos leva… 

 Eu interrompo o enfermeiro.

— Vocês não vão tirá-la de mim! Não vão! 

  Não quero deixá-la naquele lugar frio e solitário. Você salvou Ayla e por que eu não consegui fazer isso por você?

— Não, eu não vou sair. — Murmuro, com a voz rouca de tanto gritar. 

  Meus pais entram e tentam me levar em meio ao choro.

— Vamos filho, por favor! — Pedi, meu pai. Ele repousa sua mão em minhas costas.

  Corro de volta em direção a cama e ele me agarra por trás.

— Anelise, abra os olhos! Eu compro suas coisas favoritas!

— Mark! — Implora, minha mãe chorando. — Por favor... — Diz, com a voz frágil e alisa meu braço.

— Mas ela não morreu…

  Eles me abraçam, para me confortar. A dor é tanta que fui egoísta a ponto de esquecer que eles estão sofrendo também. 

  Saí depois de olhá-la pela última vez, através do vidro da porta do quarto. 

  Faço uma promessa para mim mesmo.

— Quem tiver feito isso vai pagar caro, serei o seu ceifador.

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