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Arya E O CEO

A cláusula

— Você nós deve isso Arya Russell!!

Essa foi a última frase que minha mãe adotiva, Lina Russell, me disse antes de sair batendo bruscamente a porta atrás dela com tamanha fúria que meu corpo estremeceu.

O motivo pelo qual a Sra. Lina estava com os nervos à flor da pele, era porque tinha me negado a se casar com um desconhecido, mesmo que isso ajudasse nossa família.

Deixe-me explicar melhor…

A alguns anos atrás a família Russell fez um acordo com a família Clark, no qual dizia em suas pequenas cláusulas que se algo desse errado no acordo, a primogênita da família Russell teria que se casar com um dos mais cobiçados filhos da família Clark, a escolha deles. Como eu era a única filha menina da família, isso certamente me colocava em uma tremenda enrascada!

Além de mim, haviam meus irmãos Mateo e John Russell, porém, por sorte deles e meu azar, apenas eu fui a escolhida para pagar pelos erros de nossa família.

Injusto? Sim! E foi por isso que me neguei a me casar com alguém que nem sequer sabia seu nome no primeiro momento.

É claro que eu sabia das consequências, mas isso não estava certo, eles não poderiam me oferecer como uma oferta para consertar suas bagunças!

Por outro lado, eu sabia exatamente do que a Sra. Lina estava se referindo em sua última frase e infelizmente não pude me deixar entrar em desespero pois sabia que teria que ceder aos seus pedidos, mesmo contra a minha vontade.

Em meio às lágrimas, me sentei na cama e me encolhi. Não importava quantas vezes meu irmão e eu lutássemos para demonstrar que éramos dignos de estar na família Russell, a Sra. Lina sempre deixava bem claro qual era nossa posição. Ela sempre fazia nos lembrar da vida miserável que vivíamos antes de conhecer a família Russell. Mas o pior de tudo é que ela sempre usava disso para nos ameaçar, assim cederíamos obrigatoriamente aos seus desejos, sejam eles bons ou ruins.

Como estava viajando em pensamentos enquanto chorava desesperadamente em minha cama, mal pude notar quando meu meio irmão, John, entrou no quarto às pressas.

— Arya! - Ele me chama em um tom desesperado, mas com certa preocupação.

Instantaneamente me levantei secando as lágrimas dos cantos dos meus olhos. Não estava acostumada a ter visitas de John em meu quarto, muito menos em um momento delicado como agora.

John era alto, provavelmente tinha entre 1,77 e 1,80 de altura, seu corpo era musculoso por conta de seus exercícios na academia, sua pele bronzeada o dava um ar de um adolescente vaidoso do ensino médio na roupa que usava, apesar de sua idade não corresponder, já que John tinha 27 anos. Ele estava usando uma camiseta branca, com calça jeans desbotada e tênis preto. Seu cabelo loiro desgrenhado caía para o lado, seus olhos azuis como o mar eram os mais pelo que eu já tinha visto e seus lábios vermelhos eram chamativos, o que instantaneamente me fez desviar o olhar.

— Irmão - Respondi com a voz fraca.

Ele examinou o quarto parecendo procurar por algo ou… alguém.

— Não pense em aceitar a proposta da Sra. Lina - Ele diz em um tom amargo.

Aliás, John não costumava chamar a Sra. Lina de mãe, talvez pela criação que tivemos ele achou que seria o certo assim. É claro que isso desagradava a Sra. Lina, mas como John era seu filho preferido, é o único que ela tinha alguma consideração, ela nunca o questionou por chamá-la assim.

— Irmão eu agradeço seu gesto de preocupação, mas receio que não tenho escolha a não ser aceitar. A Sra. Lina nunca me perdoaria por tamanha falta de consideração por sua família em um momento como este… - As últimas palavras saíram baixas e doíam em meu coração.

John me olhou mordendo o canto de seu lábio inferior, seu olhar demonstrava preocupação, medo e até mesmo… angústia.

— Você não pode está falando sério em aceitar isso, Arya - Ele zomba dando uma risada sarcástica. - Quantas vezes vocês terão que provar a eles os seus valores? Quantas?

John parecia prestes a explodir, seu rosto ficou tão vermelho que era possível ver algumas veias pulsando no canto do seu maxilar.

— Irmão! - O chamei me levantando com o corpo tremendo, minha voz permanecia baixa e melancólica. ‐ Mateo e eu devemos muito a sua família, sem vocês não teríamos futuro, não há como pagarmos isso tão facilmente ‐ Meus lábios tremiam pelo desespero que estava sentindo ao pensar em cogitar a se casar com um desconhecido, mais eu não poderia me negar a isso, era mais um fardo que eu teria que carregar.

— Arya, não faça isso, você sabe que não terá um futuro certo se casando com alguém que nem conhece. Deixe-me ajudá-la, irei falar com a Sra. Lina para resolvermos isso de um outro modo que não envolva casamentos. Eu não posso… ‐ A voz de John vacilou enquanto ele olhava desesperadamente para o chão, como se tudo a seus pés fosse ceder.

Não pude compreender o final ou o porque John estava tão preocupado pelo meu casamento arranjado com um estranho. Não achava que era tão importante como uma irmã para ele pra chegar a tão ponto, mas eu e ele sabíamos que não havíamos como mudar isso. Tudo bem que causei uma grande confusão quando um representante da família Clark apareceu para informar sobre a cláusula, mas nada disso iria mudar o fato que era um acordo entre família e já havia sido assinado e caso fôssemos contra o acordo, a família Russell sofreria drasticamente.

Com isso em mente, não pude deixar de pensar em como meu irmão sofreria, principalmente agora que estava finalmente evoluindo com seus trabalhos no exterior.

Eu não poderia deixar nada de ruim acontecer novamente, não depois de tudo o que passamos juntos, principalmente quando papai e mamãe se foram.

John vendo minhas expressões pensativas ficou aguardando com esperança que eu me recusasse a se casar, porém quando ergui a cabeça e sorrir como sempre fazia, toda sua esperança se esvaiu. Ele olhou em meus olhos e pode ver que mesmo me doendo muito, eu estava determinada a enfrentar esse novo obstáculo.

— Eu agradeço novamente pelas preocupações irmão, mais receio que sabemos que nada vai mudar isso, então porque não nos poupamos de discussões desgastante e pulamos para a parte crucial onde eu digo sim? ‐ Falei abrindo um leve sorriso para confortar John, o que eu não esperava é que tão atitude pudesse o deixar zangado.

John saiu batendo os pés e dando socos nas portas enquanto expressava em voz alta o quanto eu era tola por está aceitando isso pela família dele.

Assim que ele saiu, meu corpo todo voltou a estremecer e novamente me joguei na cama.

A verdade é que eu estava com medo e realmente não queria fazer isso, mas não havia nada que pudesse mudar o que estava prestes a acontecer. Voltando às lágrimas, fiquei por ali o restante da noite sem me importar com o jantar. Ninguém havia me incomodado, talvez por ordens da Sra. Lina ou simplesmente porque ninguém ali se importava comigo, exceto John, mas ele havia saído aparentemente, pois não suportaria ver tão coisa.

Eu estou pronta!

Na manhã seguinte fui acordada pela Sra. Lina gritando a plenos pulmões.

— ARYA RUSSELL!!!

Aparentemente ela estava me olhando com desgosto ao lado da cômoda quando gritou. Devo confessar que apesar do susto repentino, levei algum tempo para entender o que estava acontecendo.

Pisquei meus olhos algumas vezes antes de notar que ela não estava sozinha, mas ao meu lado um garoto magro, de aparentemente uns 20 anos, estava parado me observando com seu terno cinza. Imediatamente me arrumei na cama, olhei para a Sra. Lina, que hoje vestia um lindo vestido azul que realçava sua beleza. Seu cabelo pérolado estava preso para trás em algum tipo de transa, seus olhos azuis tempestuosos eram de dar medo, principalmente quando ela estava de cara fechada (o que era quase sempre quando estava na presença de Arya), por conta de sua pele branca era visível algumas veias em certas partes do seu corpo, apesar disso a Sra. Lina parecia uma mulher de alta classe, elegante e requintada.

— Não me faça chamá-la novamente sua bastarda!

Eu sabia que a Sra. Lina nunca foi uma boa pessoa comigo, mas não havia motivos tão cedo para tamanho insulto ser solto por ela. Após esfregar minhas têmporas, lembrei-me da noite passada e a dor em meu coração voltou. Olhei para a Sra. Lina e pude compreender o porquê de seu azedume a essa hora.

Suspirei pesadamente e me recompus.

— Bom dia, Sra. Lina! - Mesmo sabendo que levaria mais insultos, cumprimentei com um bom dia. Sorri educadamente em sua direção e me levantei enquanto notava o garoto se afastando com as mãos para trás. ‐ Irei providenciar seu café imediatamente!

Falei e me virei para sair do quarto, mas fui impedida pelo garoto que ergueu a sobrancelha pra me encarar. Respirei fundo e voltei minha atenção para a Sra. Lina.

— Sua tola desprezível! - Ela me insulta sem cogitar. - Acha mesmo que aceitaria café de uma bastarda ingrata como você? - Ela me pergunta, mas sem me dar a oportunidade de responder ela continua. - Sem minha família você e seu irmão estariam mortos agora mesmo! E como você pretende retribuir? Se rebelando contra nós? Que tipo de bastarda desprezível você é?

Suas palavras eram amargas, mas eu estava acostumada a escutar coisas piores, então apenas sorri docemente e fui até ela me ajoelhar em seus pés.

— Desculpe, Sra. Lina Russell! Não era minha intenção se rebelar contra vossa família

Soltei imediatamente para que ela se acalmasse e parasse com seus insultos logo cedo.

A Sra. Lina me examinou por alguns segundos antes de afirmar com a cabeça e sorrir alegremente enquanto bate palmas.

— Perfeito! Não esperava mais de você Arya - Ela diz arrumando uma mecha de meus cabelos que havia se desprendido. - Pensou sobre meu gentil pedido na noite anterior minha jovem?

A palavra "gentil" desce amarga para mim, mas respirei fundo e me levantei acenando. Eu não podia fazer mais um vexames daqueles ou receio que a Sra. Lina não deixaria barato principalmente para meu irmão.

— Sim, Sra. Lina! Me… ‐ Eu tinha tomado a decisão de aceitar, mas falar isso em voz alta era difícil até porque sabia que não teria como voltar atrás quando fosse dito. Antes que eu voltasse a falar, a Sra. Lina me olhou impaciente, mas logo viu a silhueta de seu filho parado à porta nos observando em silêncio.

John estava aqui para confirmar se eu havia mudado de ideia e a Sra. Lina aparentemente não gostou muito de seus olhares com preocupação para mim, então me apressou.

— Receio que a Srta. Arya tenha perdido a capacidade de falar não é mesmo? - Seu tom era sarcástico enquanto ela sorria.

Voltei a olhar para ela e falei rapidamente sem olhar para meu meio irmão:

— Sra. Lina, eu estou pronta e irei aceitar o casamento!

Após escutar isso, John decepcionado e lamentando pela péssima decisão que eu havia tomado, decidiu sair. A Sra. Lina não se conteve de felicidades ao me ver concordar com seu pedido. Ela sorria e balançava seu vestido enquanto andava de um lado a outro do quarto, quando finalmente parou, ela olhou para o rapaz jovem parado no quarto e instantaneamente lhe deu ordens.

— Leve a notícia para a família Clark o mais rápido possível! Arya Russell será a nova esposa de seu amado filho! - Diz a Sra. Lina empolgada.

O rapaz olha pra mim com profundos pesares em seus olhos e sai para notificar a família Clark. Eu por outro lado, fico parada sem muita reação enquanto observava a reação feliz da minha mãe adotiva.

— Arya você é uma ótima garota! - Ela solta e eu não pude deixar de sorrir.

Meu sorriso não era amigável, era sarcástico e continha dor, mais como a Sra. Lina estava extremamente feliz, ela não se importou. Eu havia feito isso por lembrar que alguns minutos atrás ela estava me insultando da pior forma e logo que lhe disse sobre minha decisão sua personalidade mudou tanto quanto sua falsidade. Esse era um novo recorde!

Suspirei melancólica sabendo que a partir de agora seria descrita como a Noiva do Sr. Clark, seja lá qual dos irmãos eram. Essa ideia fez meus ombros se escolherem, porém, mesmo relutante, olhei para a Sra. Lina e lhe perguntei diretamente sem rodeios:

— Sra. Lina, quais dos filhos da família Clark será meu mais novo marido?

Ela estreitou seus olhos e deu uma boa gargalhada antes de me responder friamente:

— Aquele que você merece, minha querida!

Era claro que isso indicava que seria o pior dos irmãos e com isso me convenci de que teria dores de cabeça futuramente.

Eu queria perguntar mais sobre ele, mas a Sra. Lina saiu apressadamente quando ouviu o telefone tocar. Me joguei na cama novamente e respirei pesadamente.

Será que meu irmão, Mateo, pelo menos estaria aqui para a cerimônia de noivado?

Enquanto pensava, meu celular tocava desesperadamente. Olhei por cima do travesseiro que prendi contra meu peito e pude ver que era um número desconhecido.

Quem será tão cedo?

Mesmo relutante, respirei fundo e atendi.

— Alô?

```Arya Russell, você não presta sua vadia! Espero que seu casamento seja condenado logo cedo e você morra no altar!```

Uma voz feminina gritava loucamente do outro lado da linha, como só estava me insultando e me rogando a praga, achei melhor desligar. Pude ouvir choro e mais insultos como "Cobra nojenta" e "Destruidora de relacionamentos", antes de desligar a chamada. Joguei o celular de lado e franzi a sobrancelha confusa.

Não deu muito tempo até que Rosa entrou no quarto e me avisou que a cerimônia do casamento seria amanhã às 10:30 no cartório sem muitos convidados a pedido do noivo. Eu concordei e esperei ela sair. Rosa era a assistente pessoal da Sra. Lina e posso até dizer que você a deve considerar como sendo o braço direito. Rosa antes de sair deu uma risada fria em minha direção e fechou a porta.

Olhei para o teto e não pude deixar de pensar:

Tão rápido assim eles ficaram sabendo e já marcaram a data? Não poderia ser para alguns dias depois? Porque teria que ser tão agora?

Mas agora não podia voltar atrás em minha decisão, caso contrário meu irmão, Mateo, estaria em perigo. Assim que pensei nele pude ouvir meu celular tocando de novo. De primeira achei ser aquele número de novo então o ignorei, mas após duas outras chamadas, olhei por cima e vi que era Mateo me ligando. Rapidamente peguei o celular e atendi apressadamente.

— Mateo, irmão! - Minha voz saiu cheia de saudades, porém com dor e tristeza também. Provavelmente a essa altura Mateo já estava sabendo da novidade, já que a Sra. Lina fazia questão de ambos compartilharem do mesmo sofrimento sempre.

```Perdeu a cabeça Arya? O que pensa que está fazendo se amarrando assim a um desconhecido?```

Mateo parecia bastante irritado na outra linha, mas no fim da sua voz dava para detectar dor e sofrimento iguais aos meus. Isso só fez com que meu coração fosse amassado mais ainda.

— Irmão, era preciso! - Falei choramingando já sabendo que Mateo não engoliria nenhuma desculpa. Ele estava farto dos tratamentos de Sra.Lina, principalmente sobre mim.

```Diga que voltou atrás! Irei te buscar em breve!```

Uma chama de esperança apareceu em meu coração até que a Sra. Lina apareceu atrás de mim e riu friamente.

— Receio que o Sr. Mateo tenha que vir o mais rápido possível! O casamento acontecerá amanhã às 10:30! - A Sra. Lina soltou sem rodeios e despreocupada.

Pude ouvir Mateo bufar de raiva do outro lado.

```Sra. Lina, não acha que já fizemos o suficiente por sua família por todos esses anos?```

Mateo soltou e eu desesperadamente congelei. Porque ele estava fazendo tudo isso? Ele não tinha mais medo?

Mas ele continuou antes de a deixar responder.

```Eu já sabia que era mentira sobre a cerimônia ser semana que vem, por isso estou a caminho agora mesmo!```

Uma risada pode ser ouvida do outro lado do celular. Era Mateo desfrutando da vingança contra a mentira da Sra. Lina para o impedir de vim, já que ela sabia que ele poderia atrapalhar esse momento.

Meu corpo todo estava tremendo com tudo o que estava acontecendo. Olhei com os olhos extremamente arregalados para a Sra. Lina, que cerrava os dentes com força mais mantinha uma paz enquanto voltava a falar:

— Receio que seu irmão lhe tirou algumas horas a mais de sua solteirice, minha jovem - Ela solta com os olhos frios e cheio de nojo. - Rosa! Ligue para o cartório imediatamente e entre em contato com o noivo, o Sr. Clark! - Ela grita da porta alto e claro o suficiente para que até Mateo escutasse.

Mateo não esperava por essa, então ele logo tentou ceder e oferecer algo em troca para que ela desistisse da ideia, mas a Sra. Lina pegou o celular da minha mão com classe, me olhou com nojo e sorriu amargamente.

— A Srta. Arya Russell agradece a sua ligação, mais receio que esteja na hora de desligar a chamada, um casamento está para acontecer em breve e ela terá que está esplêndida para seu noivo! Até breve Sr. Mateo.

A Sra. Lina diz com calma enquanto saboreava a frustração e desespero do Mateo do outro lado da linha antes de desligar.

Ela me olha sem muita expressão e entregou o celular.

— Seu vestido chegará em breve, tome um ótimo banho e se prepare - Ela me ordena e sorrir alegremente ao ver meu estado congelado. - Não ouse fazer se quer uma gracinha, caso contrário será uma pena se algo acidentalmente causasse seu acidentalmente enquanto vem a socorro da irmã, não é mesmo? - Ela me ameaça e sai andando para fora do quarto tranquilamente.

A raiva tomou conta de meu coração e sem querer joguei meu celular no chão.

Como ela era tão cruel!

Chorei mais um pouco antes de ir tomar meu banho sem muita escolha e então comecei a me preparar para a nova vida que teria a seguir…

Eu vos declaro...

Quando o vestido chegou, coloquei sem muita cerimônia e desci às escadas me sentindo satisfeita com o resultado para um casamento arranjado. Por outro lado, a Sra. Lina ao me ver quase cai no chão de tanto desgosto.

— Arya achei que teríamos conversado sobre nenhuma gracinha, não é mesmo? ‐ Ela foi sutil e não mencionou o fato de ter me ameaçado momentos antes, pois sabia que poderia manchar sua reputação na frente dos demais, principalmente porque o motorista particular da família Clark estava aqui. Ela sorriu transparecendo calma e ternura, mas me olhou com aqueles olhos feroz. - Meu bem, vá se arrumar melhor, seu noivo a está esperando nesse momento. Rosa ajude por favor!

Eu queria recusar, mas sentia que se fizesse isso a Sra. Lina não seria tão gentil assim com Mateo, então suspirei e subi às escadas novamente. Rosa veio logo atrás e quando me viu parada de frente a cômoda, ela riu friamente.

— Não ouse fazer palhaçadas para causar uma má reputação a família Russell ou eu devo lembrar que a Sra. Lina é bem reconhecida na capital? Ela pode simplesmente fazer seu irmão bastardo sumir sem mais nem menos!

Ouvir aquilo me causou dor de cabeça e meus lábios tremerem enquanto arrumava o vestido em meu corpo. Eu não disse nada em nenhum momento, apenas concordei brevemente com a cabeça que iria me comportar. Rosa fez um novo penteado em meus cabelos castanhos, o que não deu muito trabalho e arrumou minha maquiagem antes de nos juntarmos aos outros.

Não sabia se estava bom, apenas torcia para que estivesse do agrado da Sra. Lina.

— Qualquer graça em? Se lembre

Rosa soprou no meu ouvido quando ia me deixando ao lado do motorista que me esperava. Ele usava um terno preto elegante que ajudava em sua beleza. Ele era bronzeado e não media muito mais que 1,70. Seu cabelo estava perfeitamente arrumado para o lado direito e seus olhos eram castanhos claros. Quando ele me viu, sorriu e me ajudou a ir até o carro.

— Olá, me chamo Romero Boyn e vou acompanhá-la por agora está bem? - Antes de me deixar responder ele prosseguiu. - Srta. Russell, o Sr. Clark a espera no cartório. Se estiver pronta, vamos?

Olhei para trás e pude ver que nem mesmo a Sra. Lina estava pronta para sair. Mordi meus lábios e relutantemente perguntei:

— Sra. Lina não irar comparecer juntamente com sua família?

Ela me olhou com desprezo e nojo, sorriu amargamente e disse:

— Já fiz minha parte, agora vá, seja uma ótima esposa ou…

Ela deixou aquele "ou" no ar, pois sabia que eu iria captar sua mensagem. Respirei pesadamente ao ver como não se importavam nem um pouco comigo, nem mesmo o suficiente para comparecer à cerimônia. Não que eu gostasse daquela família é claro, mas saber que nenhum iria me deixou desconfortável e desolada.

Mateo já não chegaria aqui a tempo por armação da Sra. Lina. John provavelmente nem gostaria de me ver a partir de hoje, então não havia ninguém.

O motorista notando meu olhar melancólico não pode deixar de perguntar se estava tudo bem.

— A senhorita tem certeza disso? - Ele perguntou sem rodeios.

Olhei para trás e vi a Sra. Lina entrando na mansão seguida de Rosa e os outros empregados, mostrando que eu não era nada para eles mais.

Suspirei e por fim afirmei com a cabeça.

— Podemos ir.

Ele olhou pelo retrovisor e concordou ligando o carro.

Quando chegamos ao cartório já eram 10:35, meu atraso já estava causando certos rumores de abandono no altar sobre alguns parentes do Sr. Clark. Minhas mãos estavam brancas e meu rosto pálido. O segurança me olhando de canto ficou meio nervoso pelo meu comportamento.

— Está tudo bem? Deseja mais tempo?

Neguei rapidamente com a cabeça e abri a porta. Todos instantaneamente olharam diretamente para mim com um largo sorriso no rosto. Alguns fotógrafos estavam por ali tirando fotos, quando me viram, se viraram e dispararam seus flash na minha direção. Romero me ajudou a passar por eles até chegarmos na porta do cartório.

Não havia muitas pessoas, mas os presentes estavam todos bem vestidos e aguardando ansiosos. Os que estavam ao lado de foram logo entraram e se acomodaram em seus lugares. Em minha frente estava uma senhora não muito velha, com seu vestido comprido na cor mostarda que valorizava sua pele morena. Seu cabelo estava preso de lado, lhe dando um ar de elegância. Ao olhar com aqueles olhos castanhos escuros, pude sentir sua antipatia de imediato.

— Não há relógios em sua antiga residência, a Srta. Russell? - Ela pergunta com um tom áspero.

Tentei sorrir para demonstrar que estava tudo bem, embora senti meu corpo todo estremecer.

— Desculpe-me pelo atraso - Falei me aproximando.

Um senhor não muito velho, estava do outro lado conversando com o juiz e um outro homem. O senhor era baixinho e careca, seu corpo era um pouco acima do peso e ele usava um terno cinza, camisa branca por baixo e uma gravata listrada. Ele dava gargalhadas de algo que o juiz lhe dizia.

O juiz por outro lado, era um senhor de idade, seus cabelos grisalhos estavam bagunçados. Ele por sua vez usava um terno preto, camiseta preta e uma gravata lisa cinza. Perto do outro homem, o juiz era menor.

O homem alto ao lado deles estava sério em seu terno azul marinho, camiseta branca e gravata preta. Sua postura era ereta, porém confiante e elegante, o que o deixava atraente, principalmente com aqueles olhos verdes. Seu cabelo louro estava em desordem, mas isso não o deixava menos charmoso. Pelos seus traços, podia julgar ter entre 27 a 28 anos. Apesar disso tudo, ele parecia ser bastante reservado e misterioso.

Quando me viu, apenas me olhou com desdém e murmurou algo para o juiz que logo arrumou sua postura seguida do senhor ao lado. Todos me olhavam fascinados, exceto esse homem.

— Bom dia, Srta. Russell! - O senhor me cumprimenta com um sorriso largo. - Venha, vamos começar!

Sem muita alternativa me aproximo deles um pouco sem jeito e abaixo a cabeça ao chegar pelo do homem elegante.

O juiz já estava prestes a começar o discurso quando o homem o interrompe.

— Apenas peça para que assine os papéis - Ele diz impaciente.

O juiz ficou sem graça, mas assentiu e pegou duas canetas na gaveta.

— Aqui senhor e senhorita - Ele me entrega uma caneta e outra deixa sobre a mesa. - É só assinar aqui e aqui… - Ele aponta para algumas partes do papel e eu assino com um pouco de dificuldades, já que minha mão não parava de tremer. — Eu vos declaro, marido e mulher. - o Juiz determina sem ao menos esperar pelo meu parceiro.

O senhor que havia me chamado antes se aproxima e por um breve momento entro em pânico achando ser ele quem seria meu marido, mas ele apenas se aproxima para me dar as boas vindas e quem assina é para a minha surpresa o homem elegante ao meu lado.

— Seja bem vinda a família Clark minha jovem! - Ele comenta muito feliz.

— Obrigado senhor. - Agradeço com um sorriso fraco.

— Sou Herbert Clark, pai de Brian - O senhor se apresenta olhando de canto para o homem elegante. - Brian meu filho, leve a senhorita aqui para jantar na mansão ao anoitecer, está bem?

O homem elegante que aparentemente se chamava Brian, não estava com uma feição muito boa, sua expressão era escura e sombria, principalmente depois de ter assinado os papéis. Ele olha para seu pai e concorda balançando a cabeça, em seguida saiu andando para fora do cartório.

Todos os convidados sai em seguida, alguns sussurrando o quanto Brian Clark era sortudo, outros o contrário. Por fim, a senhora que havia falado comigo minutos antes, se aproxima com seu olhar frio.

— Não me cause problemas, senhorita Russell - Ela diz friamente. - Meu bem, receio que esteja na hora de irmos - A senhora comenta se dirigindo ao Sr. Herbert - Gael deve chegar em breve na mansão e lhe prometi um almoço.

O Sr. Herbert franzi a sobrancelha por um momento.

— Lúcia, você vai estragar o Gael se continuar assim! - Ele resmungou olhando para a senhora.

— Meu bem é só um almoço, Gael merece depois do que fez não merece? - Ela diz sorrindo de canto, parecendo um pouco nervosa.

Depois de soltar um suspiro pesado, o Sr. Herbert concorda.

— Está bem, vamos...

Ambos saem do cartório me deixando sozinha apenas com o juiz. Confesso ter ficado perdida com tudo isso e não sabia o que tinha que fazer.

Olhei para o juiz algumas vezes, mas ele parecia ocupado.

E agora? Para onde eu vou?

Assim que me sinto perdida, o motorista, Romero Boyn, aparece ao meu lado.

— Srta. Clark, gostaria de me acompanhar até o carro? - Ele diz se curvando um pouco para a porta.

Arrumei meu vestido que estava um pouco amassado do lado e suspirei em alívio. Pelo menos não estava perdida agora.

— Tudo bem.

O acompanhei até o carro em silêncio. Nenhum dos convidados estavam por ali, aparentemente todos haviam ido embora, até mesmo os fotógrafos ( o que eu particularmente achei ótimo ). Nem mesmo meu mais novo marido se encontrava por ali.

Percebendo meus olhares em nossa volta, Romero diz:

— O Sr. Clark está a caminho de uma reunião, ele me deu ordens para acompanhá-la até a mansão.

— Certo. - Respondi me sentindo aliviada por não precisar estar com aquele homem por agora ou não saberia como reagir.

Vendo a porta do carro aberta, entrei instantaneamente e me ajeitei entre o banco enquanto Romero dá a volta para entrar pelo lado do motorista. Quando o carro é ligado, abaixei a cabeça sentindo meu peito doer.

Minha vida havia mudado drasticamente e o que mais me assustava era não saber nada sobre essa família. Eu havia me casado com um desconhecido, tudo bem que ele era até bonito, mas eu não o amava, não o conhecia, como isso poderia dar certo?

Mas agora já era tarde, não tinha como voltar atrás nem mesmo se eu quisesse. Seja lá o que o futuro me reserva, eu teria que ser forte e suportar pelo bem de meu irmão Mateo.

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