Em toda sua vida Maitê sempre buscou a retenção eterna, dia e noite rezava na igreja. Todos os projetos angelicais ela estava junto! Sua família era tradicional e seu sonho era se tornar freira. Nada em sua vida havia sentido se não fosse adorar ao Divino Deus! Eram horas e horas de jejum e estudos bíblicos, mostrando sua dedicação eterna ao mosteiro e a igreja junto às freiras e noviças que a apoiavam e ensinavam como era feito cada coisa dentro do Santo lar! Sua mãe se orgulhava junto de seu pai.
Ela era um orgulho, sua vida era dedicada exclusivamente a salvar almas e adorar a Deus, mantendo a tradição familiar de moça que era direita e intocada! Cada saída de linha era um castigo diferente, então ela entendia que o pecado faria mal independente de coisas que fazia, seu pai batia nela e em sua mãe, caso ocorresse algo de errado, e isso era normal, pois para ela se alguém saísse da linha deveria apanhar para aprender! Por isso, se dedicava dia após dia a igreja, e mostrar que jamais entraria em pecado independente das circunstâncias que se encontrava.
Era por volta das 18:15 horas em um dia qualquer Maitê voltava para casa depois dos estudos bíblicos, mas dessa vez não estava com as irmãs da igreja, elas haviam parado para comer, ela não podia parar, seu horário para chegar em casa era 18:30 horas e não havia desculpas para chegar atrasada, com a Bíblia na mão ela ia pelas ruas, até algo diferente acontecer naquele dia.
_ Olha só uma mocinha passeando sozinha nas ruas, e é tão bonitinha! (Três homens que estavam em um beco perto dos postes mal iluminados, falou com seus colegas que riam).
Ela por ventura não deu a mínima pelo comentário, para ela eles só não sabiam o que era salvação.
_ Eu vou orar pelas suas almas! E que Deus tenha misericórdia de vocês no último dia! (Ela falava calmamente do jeito que foi ensinada e continuou andando).
_ Pera aí, faça uma oração para gente agora, já que é tão santa! (Um dos caras a pegou pelo braço, e seu cheiro era forte de álcool).
_ Por favor, me solte! (Ela começou a ficar desesperada já que ele tava puxando ela a força).
_ Que foi gracinha? A gente não vai fazer nada que você não queira! (Um outro homem falava enquanto a olhava com malícia).
_ Eu não quero fazer nada! (Ela pisou no pé do outro rapaz que a segurava e ele a largou).
No momento que ele a soltou ela começou a correr desesperada sem rumo.
_ Pega aquela desgraçada! Vou mostrar quem manda aqui! (O homem falava com raiva enquanto os seus colegas corriam atrás dela).
Em poucos metros a pegaram e desesperada ela gritava por misericórdia, enquanto a levaram para um beco escuro e a estruparam falando coisas obscenas e rindo da garota enquanto chorava de desespero e dor.
Quando aquilo acabou a vida de Maitê já não era a mesma! Ela não tinha rumo em mais nada, ela não entendia porquê aquilo aconteceu e se levantou com as roupas rasgadas sem saber o que dizer, seus olhos enchiam de água e desesperada e envergonhada ia pra casa, com a bíblia na mão suja pois caiu na água enquanto abusavam dela.
_ Deus, por quê? Por que, se me dedico tanto a você? (Ela olhava pro céu e só pensava que sua vida estava destruída).
Quando chegou em casa já era mais de 19:00 horas, e como não estava com as freiras o seu pai a esperava com a vara para castigá-la, ainda mais com as roupas rasgadas, não havia motivos para chegar assim em casa!
Ela tentava explicar o que havia acontecido, que foi abordada por três homens, contou que estava com as freiras, mas não veio junto pois elas haviam parado para comer, ela falava tremendo de medo e horrorizada com tudo aquilo que havia acontecido com ela, e jogada aos pés de seu pai pedia perdão, a garota se humilhava e sofria.
Então o pai a pegou pelo pescoço, enquanto sua mãe falava para ele a largar, mas o homem transtornado não há ouvia, depois que deixou a garota em sua altura deu um soco em seu rosto e bateu nela a ponto de urinar na roupa, e gritou para todo mundo ouvir.
_ VOCÊ É UMA PUTA! Eles fizeram isso porquê você não sabe se portar feito uma mulher! Não há comportamento, suas vestes são de P-U-T-A! Eu não tenho filha PUTA! (O homem depois de surrá-la, subiu as escadas trantornado).
A garota chorava com rosto machucado, ela se sentia uma vagabunda. O que seu pai disse para ela era verdade, eles não haviam feito isso se ela se portasse mais! E achava que era por isso que Deus não há ouvia, ela era uma puta, para Deus e sua família.
Enquanto ela se levantava escutou um estrondo, sua mãe correu para fora de casa para ver o que havia acontecido, seu pai havia pegado todas as suas coisas e jogado na rua, desesperada sua mãe viu o marido descendo furioso as escadas.
_ Garrett! Para Garrett! (Ela tentava parar o marido).
_ Cala a boca! (Ele deu um tapa na cara de sua mãe).
_ Ela é assim por sua culpa! Sua única função era criá-la, mas nem isso você sabe fazer, por isso ela é uma vagabunda! (Ele falava enquanto batia em sua mulher, que sofria calada).
_ Para papai! A culpa não é da mamãe... (A garota tentava fazer ele parar, mas furiosamente ele olhou pra ela).
_ Não me chama de pai! Você não é minha filha! (Ele pegou ela pelo braço, e a jogou na rua na frente de todos que estavam por perto).
_ Me perdoa! Eu não queria fazer isso! (A garota desesperada pedia para ele aceitá-la de volta).
_ Deus fez isso, porquê você mereceu! Vadia suma daqui e nem tente passar perto de mim! Você não é nada para a nossa família! (Amargurado o pai falava isso seriamente e fechou a porta).
Sem saber o que fazer, Maitê batia na porta pedindo pra voltar, ela não tinha para onde ir, não tinha ninguém a não ser as freiras, mas elas jamais a perdoariam pelo seu pecado.
Ela tentou várias vezes, mas seu pai não abria, estava muito tarde, com medo ela pegou suas coisas no chão e foi pro mosteiro conversar com as irmãs. Ela não havia emprego, seu pai não tinha deixado ela estudar, era uma mulher e só deveria servir ao marido e a casa,.
Ele deixou ela aprender a ler, para conhecer as escrituras sagradas, era a única coisas que ela sabia, e mesmo assim só sabia juntar sílabas que não havia significado algum para ela.
No mosteiro as freiras a receberam horrorizada com suas vestes rasgadas, uma noviça a deixou entrar e tomar um banho para se trocar. Mais tarde perguntaram o que havia acontecido com ela, e a menina contou, as irmãs olharam entre si pasmadas com aquilo e deixaram a garota ficar, mas não haviam contado para a Madre que ela era desfrutada.
Ela passou um tempo no convento sem ser percebida pelos outros, as irmãs falavam para ela não falar com ninguém até se redimir e colocaram ela para limpar as coisas. A garota trabalhava muito, e pedia perdão ainda mais que antes, só que um dia a Madre chegou e viu aquilo, perguntou as irmãs porquê ela estava ali, e quando contaram a Madre não teve misericórdia, expulsou a garota do convento.
Sem lugar para ir ela ficou na rua por uns dias, pra piorar já estava dois meses atrasada, era evidente que ela carregava um filho no ventre! Mas era um filho de um monstro! Ela não sabia o que fazer, ela pedia emprego, mas ninguém a queria, era uma mulher, como iriam empregar uma mulher!
Até que um dia uma madame que estava em uma dessas lojas a viu pedindo emprego, falando o que sabia limpar, passar e tudo mais! Ela se interessou na garota, para a madame a menina parecia sofrida, ingênua, mas de bom coração e a chamou em um canto e perguntou se ela queria se empregada em sua casa, já que era jovem, e seria bom pois ela tinha um neto pequeno e um que estava para nascer, eles se dariam bem quando fossem brincar.
A garota aceitou, com um tempo ela não conseguia esconder mais sua barriga que estava enorme, mas a madame não a demitiu, ela havia contado sua história para ela, e a senhora meio receiosa, viu que ela era uma moça boa, e deixou ela ficar assim mesmo. Ela só não sabia que a madame havia passado por isso também e sabia o quão difícil é ser aceita pela sociedade, ainda mais quando você é vítima de estupro, todos ficam contra você e é difícil provar sua inocência.
O parto foi complicado, durou horas as contrações e as dores eram intensas, a mulher perdeu muito sangue, mas a criança nasceu, era uma garota linda.
_ É uma garota! (A patroa falava com um tom empolgado).
_ Garota? Posso ver? (Maitê estava acabada, com raiva da menina, com raiva de tudo, mas queria ver a garota assim mesmo).
_ Qual nome você vai dar a ela? (A patroa entregou a menina em suas mãos).
_ ... (Maitê olhava para menina, o seu ódio que só aumentava foi oscilando, por causa de um estupro, aquele filho de demônio nasceu e acabou com a sua vida).
_ Eu não sei! ( Depois pegaram a bebê para limpá-la e deixarem ela confortável longe da garota).
Maitê não queria colocar um nome na criança, ela considerava a criança como um castigo, mas aos poucos foi se acostumando com aquilo, e começou a escrever a história dela como se fosse a sua, para não se tornar como seu genitor, ela temia que a garota fosse igual a ele e arruínasse a vida de alguém.
Depois de um tempo ela decidiu o nome da criança, seria Hosanna, como a música que ela treinava na igreja no coral, era um nome perfeito para a criança.
Os anos se passaram e Hosanna já estava moça, ela estava estudando para ser noviça e sua mãe a enchia de esperança, a garota era um doce, as vezes sumia, e quando encontravam ela estava brincando com os netos da patroa, que estava agora com quase 63 anos, e amava a menina, adorava lhe dar adornos e vestidos, mas a sua mãe sempre verificava primeiro, ela deveria se portar feito uma futura freira!
_ O que você está olhando Hosanna? (A menina amava os adornos que sua patroa a dava).
_ Olha que lindos mãe, tão delicados! (A mulher olhava para filha apaixonada pelos adornos).
_ Você não precisa de adornos! Você deve rezar e não usar coisas para agradar aos homens! Você deve agradar a Deus! Agora joga isso fora! (A mulher odiava aquilo, quando foi estuprada usava uma pulseira, para ela adornos era insinuação de sexualidade).
_ Mas mãe, não são vulgares, são lindos! (Ela tentava convencer a mãe a usá-los).
_ Eu já disse que não! Agora vai rezar! Daqui a pouco você vai se encontrar com as irmãs, e convencê-las que será uma ótima irmã diante de Deus! (Ela tentava convencer a menina esquecer a vaidade do mundo).
_ Tá bom mãe! (Chateada a menina entregava os adornos para sua mãe que mostrava o terço para ser rezado, antes do encontro com as irmãs).
Ela fazia isso todo dia, a menina rezava e jejuava como sua mãe quando era jovem, ela se prestava isso e um pouco mais, a sua mãe todos os dias desde pequena falava com ela que ela seria uma grande Madre, e se deixasse seria titulada como Santa, era o sonho que sua mãe queria.
A garota colocou na cabeça que iria ser uma Madre, salvaria várias almas! Rezava e tudo mais, ela queria que sua mãe a aprovasse! Sem questionar, por mais que ela se esforçasse sua mãe nunca achava que era o suficiente, então ela buscava sempre andar na linha, e quando os limites batiam na porta, ela se prostava ao chão para rezar, e as vezes era no milho que ficava quando a desobediência era muito grande.
_ Hossana? (Earc a chamava, já que ela está a concentrada em seu terço).
A garota olhou pra ele e se perdeu nele, ficando ainda mais frustrada, já que ela estava lacrimejando enquanto rezava.
_ Perdão, eu não te vi! (Ela enxugava as lágrimas, enquanto olhava pra ele).
_ Você brigou com sua mãe de novo? (Earc era o neto mais velho da Senhora Ailis, a madame que contratou Maitê, na qual foi babá quando ele era criança,).
Hosanna, Díomán e ele brincavam juntos quando crianças, Díomán é o irmão mais novo de Earc.
_ Não... eu tou pedindo perdão a Deus, por querer usar adornos! Isso é vaidade e pra ser freira não posso ter vaidade! Isso não agrada a Deus e nem minha mãe! (Ela olhava séria pra ele).
_ Eu não acho que seja isso! (Ele olhava pra ela, ela só usava uma correntinha no pescoço, a única que sua mãe deixava a usar, era delicada demais).
_ E-eu tenho que ir pro mosteiro, tenho uma reunião agora, hoje vão decidir se irão me deixar entrar lá! (Ela olhava o chão tentando desviar o assunto).
_ Quer que eu te leve? (Ele olhava pra ela e deu riso).
_ Não! Um homem e uma moça não podem ficar juntos sozinhos! Ainda mais dentro de um carro! As irmãs vão achar o quê de mim? O que minha mãe vai achar de mim? (Ela olhava desesperada, pois só agora havia percebido que estavam juntos e sozinhos no quarto).
_ Mas crescemos juntos, somos como irmãos! E é muito ruim ir sozinha, é perigoso andar sozinha nas ruas! (Ele tentava a convencer de ir acompanhada).
_ Eu sei, mas minha mãe não gosta que andamos juntos! Ela já falou isso com a gente uma vez! Você lembra disso! E o olha que o Díomán tava junto! (Ela falava indignada com aquilo, os meninos eram como irmãos para ela, mas sua mãe os via como monstros).
_ Qualquer coisa eu falo pra sua mãe! Então vai eu, você, o Díomán e ela, no carro! Já que eu vou comprar coisas lá perto mesmo, e a dona Maitê deveria ser menos carrasca com você! Ela é muito brava! (Ele riu pra ela enquanto saía do quarto).
_ N-não... (Nesse momento ele já tinha ido embora).
_ Ah que moleque filho da mãe, eu falo pra ele não fazer isso e ele faz! (Ela falava enfurecida com aquilo).
Mais tarde saindo de casa pedindo perdão pelo palavreado encontrou Díomán olhando para fora do portão pensativo, com o cigarro que queimava ao poucos, lhe restando só as cinzas no chão.
_ O-oi... (Ela olhou pra ele com curiosidade).
_ É isso que você quer mesmo? Ir embora para obedecer sua mamãezinha que tanto te manda e você cegamente obedece? (Ele olhava pra ela com raiva).
_ D-Díomán, eu estou indo porquê gosto disso! Gosto de fazer o bem para as pessoas... (Ela tentava contorcer a situação, já que seria a última vez que ia o ver, se fosse aprovada a ser noviça).
_ Fala sério M.A, você dizia pra mim que queria ser professora, pois você gosta de contato humano e essa nojeira toda, agora você vai pra lá com uma desculpa dessa! (Ele pegou um vaso e lançou no portão).
_ Olha, você não pode decidir as coisas por mim! Isso é minha escolha, ser professora ou não dá na mesma! Eu vou ficar perto de pessoas que precisam de mim! (Ela olhava reprovando sua atitude).
_ Então vai! Não sei nem porquê parou pra falar comigo! (Ele tirou um cigarro do bolso, olhou bem nos olhos dela e começou a ir embora, já que outro havia virado cinzas).
_ Eu vim porquê vou sentir sua falta! A falta de Earc também! Eu precisava ver vocês pelo menos uma última vez e ter a segurança que escolhi o caminho certo, mas você me tratando assim, tou vendo que perdi meu tempo... (Chateada ela falava com ele, enquanto ele tava de costas pra ela).
_ Você sabe muito bem o que penso... (Ele virou e olhou pra ela, com um olhar pedindo pra ela pensar novamente no que tava fazendo).
_ Eu sei! Por isso que vim te ver novamente, só queria... (Ela olhava pra ele intensamente, meio perdida enquanto ele se aproximava).
_ Pensa bem Hosanna, você sabe que lá não é seu lugar! (Ele colocou a testa dele na dela, e a encarou profundamente).
Nesse momento ele ouviu sua suspiração ofegante, e seu olhar de desejo incontrolável, então ela o empurrou rapidamente pra longe dela.
_ Não faça isso! (Ela envergonhada colocou a mão no rosto e olhou pro chão, essa atitude era pecaminosa).
_ O que eu fiz? (Ele riu pra ela com cara de malandro).
_ Você sabe muito bem o que fez! Sabe que pra mim você é um irmão, então para com isso! Não me faça levar lembranças negativas de você! (Agora ela olhava melancolicamente para ele).
Ela sempre o chamava de irmão, e toda vez que planejavam alguma coisa, eram os dois irmãos e ela, que era a irmã caçula deles, foram criados juntos por Maitê, com diferença de idade do mais velho de 3 anos.
Earc é alto moreno, sempre vestia roupas mais formais, raramente o via despenteado ou com roupas desajeitada, ele se arrumava de maneira perfeccionista, ele era bem meigo, sempre a escutava nos momentos de rejeição de sua mãe, sempre buscava solucionar as coisas de maneiras práticas e fáceis.
Díomán tem um jeito malandro, suas roupas são esbanjadas, assim como irmão ele é alto e moreno, e usa uma touca no cabelo, o que fazia sua vó se irritar com tamanha rebeldia, as respostas dele sempre foram objetivas, não gosta de injustiças e sempre deixou claro para Hosanna o que sentia sobre a relação dela com sua mãe, que aquilo era um abuso, que a vida dela era uma mentira, pois ela sempre buscava agradar a mãe dela, mostrando a vida que a sua mãe queria ter e nunca pode ter, é um garoto problemático, pois não aceita que mandem nele, principalmente quando é algo que não o agrada.
Hosanna é morena tem cabelos cacheados, tem um apelido carinhoso de M.A. que foi dado pelo Díomán quando eram pequenos, Hosanna usa vestidos sempre bem aparentados, não usa maquiagem, tem brincos delicados de brilhantes falsos e um colar bem delicado foleado a ouro, que ganhou de sua mãe aos 15 anos, é uma garota que passou a vida toda seguindo ordens de sua mãe para ser uma excelente freira, e futuramente uma Madre, sua mãe sempre alimentou a garota com as ideias que os homens são mals , que não era para se apaixonar nunca pois era pecaminoso, e mandou sempre servir a Deus a um ponto de que só sentirá orgulho dela quando se tornar Santa.
Hosanna sempre buscava agradar a sua mãe, a ponto de nunca expressar o que sente com medo de ser rejeitada, e nunca demonstra o seu gosto, seu sonho era ser professora, pois ama as crianças, pra piorar sua mãe a proibia de sair, principalmente com seus irmãos, ela sempre falava pra não confiar em homem algum.
Maitê é baixinha tem cabelos cacheados, morena, depois do que aconteceu com ela, teve uma depressão pós parto, odiou sua filha por um bom tempo, a ponto de querer matar a menina, nunca se perdoou pelo que houve, ela não consegue ficar perto de homens pois ela sempre lembra do passado, ensinou a garota desde pequena a se portar como uma santa, ensinou ela a amar somente a Deus e odiar tudo que vem da carne, amedrontado assim a garota, e toda vez que ela tentava pedir algo ou mostrar o que gostava era cortada, Maitê odiava qualquer coisa que não era feita por Deus, roupas que com um pequeno detalhe ela já considerava vulgar!
Adornos era um problema, profissão nem pensar, seu pai a ensinou que mulher deve servir ao Senhor, ou cuidar de casa, estudar para quê se tudo que ela deve saber está nas escrituras sagradas? Mas mesmo assim a dona Ailis colocou a garota na escola junto com os meninos, a garota é inteligente e estudada, só não sabe se expressar por medo de não ser suficiente para sua mãe.
_ Está atrasada Hosanna, como quer ser uma noviça se nem compromisso você tem com o horário! (Maitê a olhava de cima em baixo, olhando suas vestes e a renegando novamente com o olhar).
_ Desculpe mãe, eu estava me despedindo! (Ela olhou pro chão e entrou no carro).
_ Se despindo do quê? Você não irá morrer, irá se redimir e finalmente ser perfeita! Ao contrário dessa roupa amassada, eu mandei você se verificar antes de ir! (Ela olhava pra menina com raiva).
_ Desculpa, mãe! Irei me analisar da próxima vez prometo! (Sem graça a menina deu um riso para ela).
E ela só a encarava friamente, para ela a menina era fruto do diabo, e deveria sempre está verificando, para que ela não tornasse o mesmo ser que a fez gerar.
_ Podemos ir agora dona Maitê? (Sem graça o Earc a olhava, ele via a moça e achava ela linda).
_ Claro meu filho! (Com um riso ela o respondia).
_ Eu achei a Hosanna bonita nessa roupa! Combina com seu jeito meigo de ser, as irmãs vão te adorar! (Ele falava inocentemente enquanto dirigia, olhando as pernas da moça).
Poucos segundos depois ele ouviu um gemido de dor, dona Maitê havia batido nela por causa do elogio do rapaz, rapidamente ele olhou pra frente.
_ Eu não já te falei para parar de ser assanhada! (Ela sussurrava no ouvido de sua filha).
_ Eu não quis isso! Eu sinto muito, irei me comportar mais! (Ela respondeu sussurrando calmamente, a menina nunca conseguia a aprovação de sua mãe, que só a críticava).
O caminho todo foi um silêncio profundo, Earc não falava nada, sabia que qualquer coisa que falava poderia machucar a garota, ele não conseguia a incentivar em nada, do reflexo via seu olhar de tristeza vendo a rua, enquanto do outro lado a mãe rezava o terço, para que a garota entrasse no mosteiro.
Depois de um tempo chegaram no mosteiro, onde foi ouvida pelas freiras e algumas noviças que estavam por lá, depois de alguns instantes eles entraram e uma das freiras foi chamar a Madre, onde a garota foi ouvida e finalmente foi aceita para ser noviça e assim saber se ela te vocação ou não para trabalhar para Deus.
Orgulhosa a menina foi até sua mãe e do lado dela estava Earc quieto como sempre, com o olhar meio abatido disfarçado.
_ Eu vou ficar mãe, me aceitaram como noviça! (Ela falava para sua mãe de sorriso em orelha a orelha toda orgulhosa, ela finalmente havia feito algo de que sua mãe sentiria orgulho).
_ Não sei do que você está rindo! Ser noviça é só o começo para ser uma freira! Isso que você deve se preocupar e espero que você consiga ser uma, porquê se você não for... nem precisa olhar para minha cara! (Amargamente a mulher falava para a menina, depois ela foi em direção ao carro).
A menina sem graça nem conseguiu esconder sua lágrima escorrendo novamente, e do outro lado estava o Earc que viu tudo e abraçou a menina, que não tinha reação nenhuma, nem de repulsa pelo abraço dele.
_ Hô, você tá bem? (Ele tentava acalmá-la, enquanto ouvia seu coração batendo e seu suspiro triste).
_ E-estou... (Ele pois a mão dele em seu rosto limpando as lágrimas, enquanto a garota tentava se desprender com medo se alguém visse ela agarrada em alguém).
_ Desculpa Hô, eu agi sem pensar! (Ele se desprendeu dela logo após que viu a sua reação, todo sem graça ele olhava em seu rosto abatido).
_ Tudo bem, eu tenho que levar minhas malas lá pra cima! (Depois que enxugou o rosto ela pegou as malas do chão).
_ Eu te ajudo! (Earc falava isso, enquanto pegava as outras malas, as freiras não falaram nada, já que ela havia dito que eles eram irmãos, então deixaram ambos subirem com uma freiras ao lado).
Depois de ter carregado as malas, Earc olhou pra freira e perguntou se podia se despedir de sua amiga em particular, e a mulher deixou, sem que Hosanna soubesse do pedido, já que ela havia começado a desarrumar a mala que eram poucas coisas que ela tinha, e pensava que todos já haviam a deixado.
_ Eu vou senti muita a sua falta Hosanna! (Ele olhava pra ela, enquanto ela estava pegando suas coisas da mala).
_ Eu também sentirei muita a sua falta Ér! (Ela olhava pra ele e deu um riso).
_ É isso que você quer mesmo Hô? (Ele olhava chateado pra ela, enquanto abaixava no chão para ajudá-la).
_ Você sabe que tou fazendo isso a minha vida toda, eu não tenho opção, é o sonho de minha mãe! (Sem dar conta ele já tava bem perto dela).
_ E qual é o seu sonho? (Ele pois a mão nas mãos dela e olhou fixamente em seu olho inchado).
_ Eu não sei... acho que ser perfeita pra minha mãe? Eu só queria que ela gostasse de mim! (Nesse momento ele se aproximou ainda mais).
_ Mas você já é perfeita, mas fica mais ainda sorrindo, essa tristeza não combina com você! (Ele ficou com rosto colado no dela)
Por um momento eles se olhavam o clima tava mudando, o olhar dele olhava para os lábios delas, e ela desejava aquilo também, e ele sentia o coração dela palpitar mais forte, então eles se aproximavam ainda mais até que alguém bateu na porta.
_ É... a senhora Maitê está te procurando! (Era aquela irmãzinha de novo, mas antes dela abrir a porta eles voltaram a pegar as roupas).
_ Eu vou descer! (Ele se levantou do chão depressa e tirou do pescoço o seu colar).
_ Toma, é pra você lembrar que estamos aqui, sempre te apoiando no que você decidir! Mas por favor pensa no que te falei! (Ele olhava pra ela com olhar abatido, de desejo, confuso).
_ O-obrigada Ér! (Ela pegou o colar e guardou no bolso, seu olhar também era confuso).
O rapaz se foi, e a freira que estava lá a olhou com um olhar de reprovação, e sem graça a garota virou o olhar pois sabia que era pra ela aquele olhar de negação.
_ Ele é meu irmão! (Ela tentava contornar a situação, para ela a freira entendeu errado aquela situação).
_ Esse presente não pode ser usado aqui! (Ela apontava para o bolso da moça).
_ Isso? É só uma lembrança da minha família, eu não irei usar! (Era uma corrente de prata, era grossa muito linda).
_ Isso faz menção ao passado, onde você deve deixar para trás para seguir uma vida santa, porquê se não você vai sempre está presa isso, então é melhor jogá-la fora! (A freira olhava a garota que passava a mão na corrente encantada com a beleza da peça).
_ Não, não a jogarei fora, ela é da minha família, eu a guardarei, não irei cutuala, só a verei quando sentir saudade deles! (Ela guardou novamente a corrente).
_ Faça como quiser! Mas quando vier o juízo final, não diga que ninguém lhe avisou! (A mulher tentava colocar medo na moça).
_ Deus sabe de todas as coisas, e sabe muito bem o motivo deu querê-la do meu lado! E eu não devo satisfação a ninguém, a não ser a ele! (Ela falava isso pegando o terço para rezar).
_ Eu não quero te confrontar, só estou falando que o seu apego deve ser espiritual, a sua família ficará com você espiritualmente e não em correntes... (A freira tentava confortar a moça, pois ela via que o olhar dela era confuso).
_ ... (Hosanna a olhava com um olhar melancólico, pedindo ajuda para encontrar um caminho, ela não sabia o que queria, nem em quem contar, desesperada por ajuda e sem saber o que fazer ela sorriu pra freira e confirmou com a cabeça).
_ Eu irei trazer seu hábito! (Ela olhava pra menina e depois saiu).
Enquanto rezava Hosanna pensava em tudo, em seus amigos, em sua patroa Ailis que sempre a apoiava em tudo, foi ela que incentivou a garota estudar enquanto a sua mãe dizia que não, ela incentivava como deixava ela fazer cursos complementares com seus netos, ela também pensava em sua mãe, queria entender o motivo dela ser tão fria e tinha tanto desgosto por ela, já que ela a obedecia e fazia de tudo para ser perfeita para agradá-la, a garota desistiu de tudo o que queria para se dedicar a ser amada por sua mãe, mas por mais que ela tentasse, sempre havia algo que a impedia de ser amada, ela não entendia, mesmo assim não questionava, aos poucos esse sentimento foi sendo reprimido dentro do seu peito, e as perguntas que tanto a pertubava e deixava confusa, foi sendo escondida dentro de si mesma.
_ Aqui seu hábito! Apartir de hoje você usará somente ele, como você chegou hoje vamos mandar fazer um para você, esse é de uma noviça que saiu, mas parece que vocês têm um corpo parecido, então ficará bom em você!(Ela entregava o traje para moça junto com o jumper).
_ Obrigada! (Ela pegava o traje e o olhava, finalmente o sonho de sua mãe estava sendo concretizado).
_ Depois que você se vestir irei lhe mostrar o mosteiro, nossas rotinas e a nossa querida Madre! (A freira ria para moça, como se fosse acolhimento).
_ Eu irei me trocar, para podermos ir! (Ela falava empolgada com aquilo).
Depois que a freira saiu ela começou a se trocar, enquanto se vestia passou a mão em seu corpo e lembrou daqueles toques que Danilo dava nela quando adolescente, como ele gostava de passar as mãos em seus cabelos e encostar sua testa na dela, vestindo o jumper ela lembrava dos abraços quentes de Manu que a confortava quando se sentia sozinha, no seu riso que a deixava feliz, no seu jeito carinhoso e nos momentos que dançavam juntos escondidos a noite, aquilo era tão bom, depois de vestida olhando no espelho ela se sentia linda com aqueles trajes, mas perdida em seus sentimentos.
Quando estava pronta abriu a porta, mostrando para freira como se sentia bonita nos trajes, como se sentia orgulhosa em servir a Deus e fazer o bem as pessoas que precisavam delas.
_ Você está irradiante! (A freira tentava acolher a moça, agora de uma forma simpática).
_ Obrigada! (Ela olhava e sorria alegremente).
_ Eu não me apresentei antes, mas pode me chamar de irmã Yva! (A irmã parecia mais simpática agora).
_ Meu nome é Hosanna! (Ela olhava para freira com orgulho de estar lá).
_ Hosanna! Hosanna as alturas! És divino! É como uma adoração a Deus! (A irmã falava empolgada com o nome da moça).
_ É! Minha mãe escolheu esse nome por causa da adoração a Deus mesmo, Hosanna! Hosanna as alturas! És Santo maravilhoso Deus! (Ela falava com clamor o seu nome a Deus).
_ Maravilhoso! Vou lhe mostrar agora o mosteiro. (A irmã agora começou a gostar da empolgação da moça, que antes estava abatida).
O mosteiro era grande, ela viu que havia várias salas, tinha sala de aula para garotinhas, havia uma quadra para brincar, havia uma sala de música, e as demais salas de depois foi mostrado as rotinas que faziam, e por fim ela conheceu a Madre Superiora, onde foi muito bem tratada.
_ Quando você passa pelo portão, você sabe que morreu para o mundo! E essa é a decisão mais importante para sua vida! (A Madre falava para a moça essas palavras para ela pensar bem).
_ Eu sei, e foi isso que escolhi para mim! (Tentando parecer convencida com as palavras da Madre ela afirmava isso orgulhosamente confusa).
As palavras da Madre eram assustadoras, ela sabia que nunca mais iria ver nada do lado de fora, não iria ver sua família, não veria mais nada a não ser a cara das crianças que estudavam lá no colégio interno, e só saíam nos fins de semana para verem seus pais e voltavam novamente na segunda, e tinha crianças que nem iam ver seus pais, ela se sentia como aquelas crianças abandonadas lá dentro, ainda mais com aquele portão de madeira que não se via nada, e a tranca era do lado de dentro, ninguém saia de lá, só se você tivesse extremamente doente ou iria fazer missões, isso não era o seu caso, ela havia acabado de chegar, e provavelmente iria ser dominicana e não missionária, isso a deixava com mais dúvidas em sua decisão, mas com medo de ser rejeitada por sua mãe, que já havia lhe afirmado que se ela não fosse uma divindade nem era para se considerar filha dela e nem olhar em seu rosto.
E com o passar do tempo a garota foi fazendo as rotinas e aos poucos se obrigando a gostar daquilo, que havia sido enchida de esperança em ser, que sua única função era obedecer e servir a Deus.
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