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A Submissa

O Início

Bem-Vindos

Espero que aproveitem a leitura.

Leiam em modo noturno os seus olhos agradecem.

Está obra não terá fotos, usem a vossa imaginação, sejam criativos, acredito em vocês😉❣

Boa leitura e não se esqueçam de curtir e comentar, é muito importante para nós autores📚😍

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INICIO

Clara Montez havia acabado de completar dezoito anos. Vinha de uma família com boa condição financeira; tinha tudo o que precisava — roupas novas sempre que queria, viagens em datas especiais, uma casa confortável. E, ainda assim, havia um vazio que ela não conseguia nomear. Talvez fosse liberdade, emoção ou apenas o desejo de viver algo que fosse inteiramente seu.

A melhor amiga dela, Ana, era como uma irmã. As duas se conheciam desde crianças, tinham crescido lado a lado, compartilhando segredos, sonhos e até as mesmas brigas. A amizade delas era uma constante, um ponto seguro no meio de qualquer incerteza.

Clara estava concluindo o ensino médio, mas a mente já se projetava para o futuro. Mal podia esperar para começar a faculdade, conhecer pessoas novas, experimentar a sensação de autonomia. Mais do que tudo, queria se distanciar, ainda que um pouco, do controle dos pais. Imaginava que, ao morar no campus, poderia respirar sem precisar justificar cada passo. Não se considerava ingrata, mas a vigilância constante lhe pesava.

O toque estridente do celular rompeu seus pensamentos. Atendeu sem pensar muito.

— Oi, amiga — disse, a voz carregando a preguiça da manhã.

Do outro lado, a resposta veio rápida:

— Estou aqui fora. Vem logo, vamos nos atrasar.

Um sorriso involuntário surgiu nos lábios de Clara.

— Já estou indo.

Ela desceu as escadas em passos apressados, atravessando a cozinha. O aroma do café recém-passado se espalhava no ar, quase fazendo-a hesitar.

— Não vai comer? — perguntou o pai, erguendo os olhos por cima do jornal.

— Estou atrasada. Como algo no caminho. Beijo, amo vocês. — E já seguia em direção à porta.

— Também te amo. — Responderam os pais dela em uníssono

Do lado de fora, o ronco do motor e o sorriso largo de Ana a aguardavam.

— Oi, vadia! Que saudade! — exclamou Ana, inclinando-se sobre o volante para vê-la melhor.

Clara riu ao fechar a porta do carro.

— Você me viu ontem.

Ana acelerou, deixando a brisa entrar e fazer dançar seus cabelos escuros.

— Tenho que aproveitar ao máximo. Logo estaremos separadas. — Havia um tom melancólico em suas palavras.

— Não é bem assim. Você também vai para a faculdade.

O sorriso de Ana se tornou malicioso.

— Minhas notas não estão boas… talvez eu tenha que dormir com mais professores para passar.

Clara riu, balançando a cabeça.

— Você não presta.

A escola logo surgiu. Como sempre, alguns olhares se voltaram para as duas quando saíram do carro. Ana parecia ignorar, ou talvez já estivesse acostumada. Morena, de olhos cor de mel e cabelos longos até a cintura, ela era o tipo de garota que despertava admiração. Órfã desde cedo, herdara uma boa quantia, mas às vezes deixava escapar comentários estranhos para Clara sobre como “a noite é boa pra ganhar dinheiro”. Nunca explicava o que queria dizer, alegando que isso iria manchar a alma e acabar com sua inocência da amiga.

— Oi, bebês! Como estão? — a voz calorosa de Luís chegou junto com um abraço apertado.

— Bem, e vocês? — respondeu Clara, ajustando a alça da mochila.

— Ansiosa para esse ano acabar — disse Ana, soltando um suspiro.

— Que negatividade logo cedo — comentou Ander, rindo baixo.

Luís fez um gesto para que se apressassem.

— Vamos para a aula, já vai começar.

Clara arqueou uma sobrancelha, provocando:

— Ansioso para estudar? O que te deu?

Luís sorriu de canto.

— Aula da professora gostosa.

As risadas ecoaram pelo corredor até chegarem à sala.

A primeira aula se arrastou, mas quando o sinal tocou, eles seguiram para a cafeteria, ponto de encontro diário. Clara pediu um milk-shake de chocolate; Ana, um chocolate quente; Luís, cappuccino; e Ander, um expresso. Eram diferentes em quase tudo, e talvez fosse isso que os unia.

O cheiro doce do café se misturava ao burburinho de conversas e ao tilintar de xícaras. Ander se inclinou sobre a mesa, em tom conspiratório:

— Ok… quando vamos?

Clara franziu o cenho.

— Para onde?

Luís lançou um olhar rápido para Ana.

— Ana não te contou?

Ela desviou o olhar, tomando um gole demorado do seu chocolate quente.

— Deixem ela fora disso. — Ana finalmente falou.

Clara endireitou a postura.

— Fora de quê? O que vocês não estão me contando?

O silêncio caiu pesado mais uma vez.

— Não acho que seja um lugar para você — disse Ana, mexendo a bebida sem encará-la.

— Eu posso decidir isso sozinha. Onde vocês vão?

Eles trocaram olhares rápidos, como se conversassem sem palavras, mas permaneceram calados. A irritação de Clara cresceu.

— Ok… belos amigos vocês são, me liguem quando resolverem me contar o que estão escondendo.

Empurrou a cadeira e saiu, chamando o primeiro táxi. O trajeto até o shopping não foi suficiente para acalmar os pensamentos. Enquanto as vitrines exibiam promoções chamativas, ela só conseguia imaginar o que estariam escondendo.

Encontrou a mãe na loja, ajustando roupas num manequim.

— Oi, mãe — disse, forçando um sorriso.

— Oi! Não esperava você aqui — respondeu a mãe, ajeitando o colarinho da blusa que ela usava.

— Passei para saber se precisava de ajuda.

— Está tudo bem aqui. Vá para casa e estude. O almoço está pronto. Ah, e não esqueça de alimentar o Billy.

— Tudo bem. Te amo. Até mais.

Despediu-se e saiu. O calor da rua a envolveu, mas a inquietação se manteve. “Por que eles esconderiam algo de mim?”, pensava.

As vozes e passos apressados à sua volta pareciam distantes. Ao pisar na faixa de pedestres, percebeu tarde demais o brilho metálico de um carro avançando em alta velocidade.

O grito agudo dos freios cortou o ar, seguido pelo som áspero dos pneus no asfalto.

E então, por um instante, tudo pareceu acontecer em câmera lenta.

Continua…

O susto

Heitor Villar tinha 26 anos e vinha de uma família poderosa. Tudo o que ele queria, conseguia — fosse com esforço ou dinheiro, pois para ele tudo tinha um preço. Era temido por todos que o conheciam e, para quem ainda não o conhecia, bastava ouvir seu nome para reconhecer o peso que ele carregava.

Naquela manhã, o peso parecia maior. Seus pais não paravam de pressioná-lo para arrumar uma namorada. Era sempre a mesma conversa cansativa, que deixava Heitor irritado. Assim que os pais saíram do escritório, ele fez o mesmo, tentando escapar daquele sufoco.

Sua assistente entrou na sala. — Vai sair, chefe?

— Sim. Cancele todos os meus compromissos por hoje.

— Sim, chefe.

No caminho para o carro, a mente de Heitor girava em mil. Não suportava essa pressão familiar. Namoro? Casamento? Ele nunca fora visto com uma mulher, então a ideia parecia uma piada absurda.

Tinha dois irmãos, os gêmeos, Alan e Ruan, com 20 anos, que já atendiam às expectativas dos pais, mais eles insistiam em pressionar o Heitor, o que só aumentava o incômodo dele.

Perdido nos próprios pensamentos, ele quase não percebeu a jovem que atravessava a rua à sua frente. Por sorte, conseguiu frear a tempo, evitando um acidente.

Ela não se mexia, parecia em choque. Ele saiu do carro apressado e, ao mesmo tempo irritado.

— Você está bem? — perguntou, preocupado. — Responda! Está bem? Como pode não olhar por onde anda? Eu poderia ter matado você, garota! — Completou sem paciência.

Ela permanecia imóvel. Ele a sacudiu levemente, tentando trazê-la de volta.

— Tem algum problema? Por que não me responde? Você é muda por acaso?

Finalmente, ela falou com voz baixa e assustada:

— Me desculpe, senhor. Eu não o vi. Estava longe...

Heitor franziu a testa. “Senhor? Ela me chamou de senhor? Essa garota deveria saber quando usar esse termo,” pensou.

— Deveria estar mais atenta. Não tenho tempo para isso. E se tivesse acontecido algo pior? Você precisa prestar mais atenção.

Ela respondeu com ironia:

— Não me distraí por querer, mas me desculpe, senhor. Está livre para ir já que seu tempo é tão precioso.

A impaciência dele crescia. — Olhe para mim enquanto fala. Você é muito irônica para alguém que quase morreu, pirralha.

Ela continuava encarando o chão, como se falasse com o concreto ao invés de uma pessoa.

— Pirralha? Que arrogante... — disse, finalmente olhando para ele. Mas assim que ergueu o olhar, desmaiou.

Heitor ficou parado, observando a expressão serena dela. “Parece um anjo,” murmurou, afastando pensamentos que não queria ter. Tentou fazê-la acordar com tapinhas no rosto, mas ela continuava inconsciente. Provavelmente a adrenalina estava passando.

Sem pensar duas vezes, colocou-a no carro e acelerou para o hospital. Durante o trajeto, não conseguia deixar de olhar para ela. Já tinha passado por situações parecidas antes e todas elas foram farsas, talvez agora não fosse diferente.

Ao chegar, o doutor os recebeu rapidamente.

— Coloquem-na aqui. O que aconteceu?

Heitor explicou o quase acidente, e o médico iniciou os procedimentos.

— Vou fazer alguns exames. Pode ir, se quiser. Assim que ela acordar, peço um responsável para buscá-la. Sei que o senhor é uma pessoa ocupada.

— Vou ficar. Faça o que for necessário e me avise. — disse Heitor com firmeza.

O doutor apenas assentiu e saiu.

Heitor se questionava, inquieto. “ O que eu estou fazendo aqui? Por que falei que ia ficar? Só espero que aqueles abutres não apareçam por aqui. Que droga, garota!” pensava nervoso.

Seus seguranças vigiavam do lado de fora. Cerca de trinta minutos depois Heitor viu um deles caminhando na sua direção e ele sabia exatamente do que se tratava.

— Vocês não podem ficar aqui, senhor. Precisamos ir.

Heitor se levantou e caminhou até o quarto dela.

— Então, doutor? — perguntou ansioso.

— Ela está bem. Foi adrenalina e má alimentação, provavelmente. Está fraca, e anêmica, mas deve acordar em breve.

— Não temos tempo. Arrume-a, vou levá-la assim mesmo!

— Não pode levá-la assim!

— Não posso? É mesmo?

— Não estou desafiando-o!

— Não parece. Sem mais discussão, vou levá-la.

—Mas...

Nesse instante, a jovem despertou, ainda sonolenta.

— O que aconteceu? — perguntou mal conseguindo abrir os olhos.

continua...

O Barulho

Clara acordou aos poucos, sentindo um barulho constante que a deixava confusa. A dor latejante na cabeça dificultava abrir os olhos, e a luz forte do quarto incomodava ainda mais. Resmungou, tentando se situar:

— Aqui é o céu?

O doutor, com voz calma e paciente, respondeu:

— Não, aqui é o hospital.

Ainda com a visão turva, Clara tentou entender o que havia acontecido.

— Hospital? O que aconteceu?

O médico sorriu levemente.

— Você precisa se alimentar melhor, mocinha. Não pode se descuidar assim.

— Ok, doutor. Posso ir para casa?

Uma voz firme, com um tom que misturava autoridade e impaciência, interrompeu:

— Claro que pode. Já está até achando que aqui é o céu, né? Aposto que lá não tem essa barulheira toda.

Clara virou-se lentamente para encarar o homem que falara, tentando entender quem era.

— Quem é você?

O doutor respondeu antes dele.

— Você não lembra? Ele foi quem a trouxe.

Clara revirou os olhos, irritada e confusa.

— Ele quase me atropelou!

Heitor franziu a testa, claramente impaciente.

— Se prestasse mais atenção, nada disso teria acontecido.

Clara murmurou, sem paciência:

— Ah, claro...

De repente, o celular dele tocou interrompendo o clima tenso.

— Fique quieta! — ordenou ele, com voz firme e nervosa. — Tire esses urubus daqui o mais rápido possível e descubra como ficaram sabendo disso! — Ele finalizou encerrando a ligação.

— Vocês podem sair pelos fundos para evitar tumulto. — Disse o doutor tentando ajudá-los.

Clara respondeu, decidida:

— De jeito nenhum! Eu vou com ele. Ligue para os meus pais, eles vão vir me buscar.

Ele a encarou com seriedade.

— Se não for comigo, vai ser perseguida. Para o bem de todos, ninguém deve saber o que houve. Sua identidade precisa ficar em sigilo.

Clara ficou pasma.

— O que? Por quê? Perseguida?

Ele sorriu, cheio de ironia.

— Você está fingindo, não é? É uma péssima atriz! Aonde você vive? Em Marte por acaso?

Clara cruzou os braços e respondeu firme:

— Eu nem te conheço. Está louco se pensa que vou sair daqui com você!

Ele respondeu, sem perder a calma:

— Como assim? Todo mundo me conhece!

— Pois eu não sou todo mundo! — replicou Clara, com orgulho.

Ele fechou os olhos e respirou fundo antes de soltar:

— Você quer me ver louco? Cuidado, garota. Aposto que é só mais uma vigarista querendo se aproveitar.

Clara replicou, surpresa:

— Perdão? O que o senhor disse?

Ele ergueu a voz, um pouco mais sério:

— Meu nome é Heitor Villar. Pare de me chamar de “senhor”. Já chega dessa formalidade.

Clara pensou para si mesma, ele era arrogante e familiar, mas distante, lembrava do nome mais nao sabia aonde ouvirá.

— Não te conheço para essa intimidade, senhor. Não vou com você. Por favor, doutor, ligue para os meus pais.

Ele sorriu, divertido.

— Já chega, você vai comigo. Pare de fingir. Eu te deixo onde te peguei e você vai embora. Não nos veremos mais.

O doutor se aproximou, falando num tom mais baixo:

— Querida, ele é da família Villar, das grandes empresas. Não arrume briga. Faça o que ele manda. Os repórteres estão esperando alguém sair daqui. Se você sair sozinha, com as mesmas roupas, será perseguida. Então, vá com ele e pare de discutir.

Clara o encarou, não como as outras que aceitariam a situação sem questionar, mas com raiva contida por ter que aceitar. Ele ficou intrigado com sua postura.

— Vamos — disse ele, puxando-a pelo braço. — O que? Não quer ajuda?

— Posso andar sozinha, senhor — respondeu, tentando se soltar.

Ela olhou pela janela e viu uma certa movimentação lá fora. O espanto era evidente no seu rosto.

Ele percebeu o pavor no olhar dela, mas ela tentava não demonstrar.

— Por aqui, venham — chamou o doutor, guiando-os pelos fundos do hospital.

Enquanto caminhavam, o silêncio pesado era quebrado apenas pelo som dos passos apressados. Ele falou novamente:

— Você sabe que as coisas não vão ser fáceis a partir de agora, não é?

— Sei muito bem — respondeu ela, sem olhar para ele.

— Se precisar, é melhor aceitar ajuda.

— Ajuda? De você? Não, obrigado.

Ela o desafiava em cada palavra, e ele não sabia se aquilo o irritava ou o atraía.

Continua...

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