Jane era nascida e criada em berço cristão,
sempre foi uma criança cujo caminho era reto perante seu Deus. Seus pais Estevão e Helena, eram antiquados e rígidos. Uma família respeitada no bairro em que viviam conhecidos por todos que frequentavam a única igreja do interior.
a jovem de 24 anos já formada em biomedicina, Jane sempre fora muito inteligente e dedicada o que a fez terminar os estudos mais cedo que de costume, ela havia sacrificado sua profissão para ajudar seu pai, o qual na época estava tendo dificuldades em gerenciar o negócio sozinho. Helena antes ajudava nós atendimentos, mas com o decorrer do tempo gerou uma infecção nas pernas o que a impossibilitou, ficava somente cuidado da casa enquanto seu marido e sua filha ficavam responsáveis pela loja.
Era um feriado da cidade naquele dia, recebiam mais de dez clientes por minuto, estava uma confusão na loja. Jane e seu pai nem haviam conseguido almoçar com a correria que estava. Passaram-se as horas e a tarde se findava até que ela recebe uma mensagem de sua amiga Felicity para darem uma volta pela praça. Ao cessar os atendimentos ele organizam a loja deixando pronta para o próximo dia, fecham as portas e vão para casa.
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Seu quarto estava uma zona, nem tinha conseguido ajeitar antes de sair. Ela prepara um banho relaxante com fragrância de lavanda, Jane amava o cheiro das flores, ficava encantada na beleza delas e na sensibilidade. Veste um vestido de alcinha florido na cor azul bebê, o qual lhe caía muito bem, ela tinha um corpo esbelto e gostava de se cuidar no estilo sexy sem ser vulgar. Enquanto se penteava viu pelo espelho Felicity entrando em seu quarto abrindo o maior bocão ao vê-la.
Felicity: Uau, meu Jesus já voltou e esqueceu um anjo aqui na terra ? - Ela diz cutucando o ombro de Jane e a fazendo rir.
Sua amiga sempre foi a mais solta, extrovertida e não levava desaforo para casa. Jane já era mais simpática e
em relação as pessoas, por ela todo mundo era bom sempre, depositava confiança além da conta em alguém e isso muitas vezes a fazia se decepcionar.
Elas vão na companhia de Emma e Grace. O quarteto se conheciam desde bem pequenas, cantavam no coral da igreja, suas famílias eram próximas, o que fazia seus pais confiarem de olhos fechados nos passeios, eles sabiam as filhas que tinham, sabiam do caráter delas.
Emma já era a mais responsável, vamos assim dizer. Sempre pegava no pé em relação ao horário, não deixava nenhuma delas andarem sozinha, era mais a mãezona do grupo. Grace era a menina entre elas, dócil e meiga até um certo ponto, pois quando a estressavam parecia um cão labrador.
**Grace: Estou tão animada para encontrar o Benício.
Jane: Como assim o Benício? Benício filho do pastor** ? - Fala surpresa.
**Emma e Felicity respondem alto e bom som "SIM, JANE!" e caem em gargalhadas.
Jane: só eu não sabia?
Grace: eu contei amiga, mas algo deve ter bloqueado de sua memória, deve ser pelo o que aconteceu com você e o irmão dele.
Emma: E o pastor ainda não sabe, meio que eles estão conversando primeiro, sabe**?. - Ela diz olhando pelo retrovisor, Jane entende que ainda é segredo.
**Felicity: E que mal tem né? eles se combinam demais.
Grace: Mas vamos deixar de lado, vocês tem que aproveitar essa noite**.
**Felicity: Enquanto uma pega na mão do pastorzinho, nós vamos dá uma voltinha para ver as novidades.
Jane: Hum.. ok**.
Ela estava um com um pouco de receio sobre essas relação da Grace com o Benício. Jane tinha um passado com o irmão dele, Flávio. Ela temia que a amiga pudesse se machucar, tinha medo que Benício agisse igual. Odiava a ideia de vê-la se decepcionar no relacionamento.
Elas chegam e estacionam, desce juntas do carro com um passo como se fosse ensaiado. Andaram um tempo em redor da praça e ficam encantadas com a decoração da vez, era aniversário da cidade e todo ano festejam igual, dessa vez a única diferença eram certas pessoas que ali estavam, gente da classe alta da parte mais rica da cidade, era uma surpresa encontrá-los por aí, visto que não tinha muita coisa que chamava a atenção deles.
Benício enxerga Grace entre a multidão e vai ao seu encontro, ele cumprimenta todas bem formal. Jane congela ao ver que ele não estava só. Emma pensa rápido e a puxa para longe antes que desse tempo dele se aproximar. Felicity corre atrás delas.
**Felicity: suas malucas! não me deixem segurando vela.
Emma: Vocês estava perdida em pensamentos e não notou ele chegando, tive que agir rápido.
Jane: Eu não acredito**. - Ela diz bufando .
Felicity: No quê?
Jane: ele está aqui!
Felicity: Quem está aqui?
Jane: o Flávio.
Emma: Onde está com a cabeça?
Felicity: Em... É .. nada.
Emma: Aí meu Deus, ele está vindo. Ajam naturalmente.
Felicity começa a rir alto o suficiente para as pessoas ao redor delas parar e olhar. Jane quase a mata com o olhar.
Flávio: Olá, meninas.
ele chega mais perto
Emma: oi.
Felicity:olá
Jane percorre o olhos de todos os lados e responde um oi frio
Flávio: Então... Quanto tempo não é mesmo? vocês estão lindas. -Ele diz olhando para Jane.
Ela pede licença e sai em direção a uma barraca de drinks, coloca suas coisas com força em cima do balcão, pede um suco de laranja e se apoia em uma de suas mãos, pensava nos tempos antigos, ao vê-lo sentiu vontade de correr e gritar.
As meninas decidem dar um tempo a ela para se recompor, enquanto tentavam ao máximo mantê-lo longe. Jane se repreendia pelo seu comportamento, se perguntava onde estava com a cabeça para agir daquela forma. Enquanto fazia caretas alguém lhe encarava e rua de suas expressões. Um rapaz forte, alto e atraente, certamente estava ali pela primeira vez , ele acena para ela fazendo aterrissar de seus pensamentos.
**Desconhecido: Olá, desculpe atrapalhar, mas parecia que você estava tendo algum ataque esquisito com essas caretas.
Jane: ah, oi! não tem problema, eu estava apenas...
desconhecido: apenas?
Jane: Nada. Eu não ouvi seu nome.
Desconhecido: É porque eu não disse.
Jane: Claro** .
a um momento de silêncio.
**Desconhecido: Jake.
Jane? o quê?
Jake: meu nome
Jane: A sim. É bom tê-lo "conhecido**". -Ela diz fazendo as aspas. Ele sorri.
**Jake: Então é aí que você diz seu nome .
Jane: me chamo Jane.
Jake: Belo nome.
Jane: Obrigada.
Jake: você está bem mesmo? o que a deixou pensativa**?
Jane suspira antes de responder.
**Jane: meu passado.
Jake: um ex?
Jane: não sei como adivinhou de primeira.
Jake: Bonita assim e sofrendo tinha que ser algum idiota.
Jane: eu não estou sofrendo, já passou 1 ano.
Jake: E por que ainda pensa nisso?
Jane: é complicado**.
Eles ficam jogando conversa fora. Jane fala sobre sua vida, sua família, as coisas que gosta ou não. Ele parece atencioso, a ouve e concorda com tudo que diz. Por sua vez, Jake fala o mínimo de si, parecia bem reservado ou apenas estava escondendo os fatos. Enquanto riam e comiam, alguém se enfia no meio dos dois. Jane enxerga as meninas num toque de mágica ao seu lado.
Flávio os interrompe.
**Flávio: atrapalho os pombinhos?
Jane: E...Eu**. - gagueja.
Jake: Do que você está falando cara?
Jane sai da barraca carregando sua bolsa de mão, as meninas logo atrás. Flávio segue outro lado e Jake sem entender nada a observa se afastar, ele nota um chaveiro esquecido no balcão, era dela.
Um solteirão filhinho de papai, sua vida se resumia a baladas, bebedeira e garotas. Jake não sabia o que era afeto,não sabia ouvir as pessoas além de si mesmo, desde pequeno ele convivia com os empregados, seus pais viviam viajando a negócios e mal ficavam em casa acompanhando o crescimento dele. Ter algum relacionamento sério era difícil para ele, pois tinha medo de se prender a alguém que pudesse simplesmente ir embora quando entediasse de tudo o que viveriam juntos, por isso preferia pular de balada em balada só ficando com uma ou outra sem envolver sentimentos.
Depois de vê-la se afastar sem ter a chance de sequer se despedir, ele caminha de volta ao seu grupo de amigos. Frederick um amigo mais próximo pára ao seu lado curioso.
Jake carregava um olhar com brilho, distante, esquisito até para ele, assim pensava o amigo.
Frederick: Se divertiu essa noite ?
Jake: Não sei o que você espera encontrar aqui, nenhuma diversão nesse fim de mundo. Vamos para um lugar mais animado e menos roça. -Diz guardando o objeto em seu bolso.
Frederick: tá bom, tá bom... não precisa ficar nervosinho.
eles caminham em silêncio até ao estacionamento na companhia dos outros. Frederick ficou com uma pulga atrás da orelha, Jake estava esquisito, ele sentia isso.
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Flávio filho primogênito do pastor, sempre fora um jovem educado e amigável, tinha uma aparência bela, seus cabelos pretos num corte pompadour, barba sempre feita, fazia as meninas se derreterem, mas só tinha olhos para uma.
Ele e Jane tiveram um compromisso. A relação deles foi um doce no começo, havia algumas regras que tinham que seguir, não podiam ficar num quarto sozinhos com a porta trancada, não podiam se envolver além do apropriado, tinham que se manterem firmes até o casório, achavam que não seria um problema. Pareciam dois adolescentes que faziam de tudo um pelo outro, até que o inesperado aconteceu. Certa vez Flávio estava com os ânimos a flor da pele, ele decidiu pressioná-la para algo a mais, Jane se sentiu constrangida, sabia que era errado, ele sabia e foi o motivo do fim deles dois. Ela não se sentia mais segura ao lado dele, não podia confiar em alguém que não soubesse lhe respeitar.
Flávio encontra seu irmão o esperando no carro, ao contrário de si Benício estava muito feliz, seus olhos brilhavam, ele realmente estava apaixonado. Ele se senta no banco de carona e bate a porta, olhava para frente sem falar uma palavra, seu irmão tenta puxar assunto.
Benício: E então como foi?
Flávio: pior do que esperava.
Benício: Ela deu um tapa em você?
Flávio: Não, mas atirou no meu coração.
Benício: O que houve? essa não é a Jane que conheço.
Flávio: Ela estava com outro.
Benício: Ah irmão, você ficou longe há um ano. Eu nunca a vi com ninguém desde que terminaram.
Flávio: Ele não parece se desse bairro.
Benício: Você está imaginando coisas.
Flávio: Que seja! Só certifique-se que sua namoradinha não seja igual.
Benício: Não ouse falar de Grace, nós não temos culpa do seu passado. E eu não sou igual a você.
Flávio sente o efeito das palavras e seu irmão tinha razão, ele quem foi um idiota com Jane e não fez nada para mudar, preferiu se mudar dali e deixar para trás a pessoa quem ele amava. Odiava a ideia de vê-la com outra pessoa, só de pensar ficava irritado, mas o que poderia fazer depois de todo esse tempo? por um lado ele foi o culpado dela não querer nem olhar na cara dele, sabia que ela não poderia esquecer o que aconteceu e que marcaria para sempre, se tivesse apenas mais uma chance faria tudo diferente, a conquistaria todos os dias da forma que ela merecia, a trataria como nunca tratou antes, faria dos dias dela mais alegres, iria mimá-la e dar vários presentes, iria encher seu quarto com vários buquês que amava, nada seria melhor para ela além de flores, não ligava muito para chocolates.Ela era especial, diferente em tudo, atenciosa, amorosa, a garota dos sonhos de qualquer um.
Quando a lembrança do que ele tentou vinha em sua mente o fazia se sentir péssimo a cada vez mais. Será que Jane poderia perdoa-lo? ele queria tentar de novo, queria tê-la em sua vida e dessa vez para ficar. Ela era uma mulher perfeita, dedicada a tudo o que fazia e a todos, era a mulher que quem a tivesse ao lado teria a perfeição, seria o homem mais feliz por resto da vida.
Jane acorda cedo para acompanhar seu pai, faz sua higiene e desce para se juntar a mesa para o café. Seus pais puxam assunto sobre a noite anterior, mas ela só responde com palavras curtas, queria esquecer o que aconteceu.
Eles se despedem de Helena e segue o caminho da loja. Ao chegar, Jane abre as janelas deixando os feixes da luz do sol iluminar uma parte do salão. Ela descansa o rosto sob os pequenos raios sentindo esquentar sua macia pele, respirava fundo e afastava os pensamentos ruins, estava pronta para começar mais um dia.
Ainda havia uma movimentação na rua, tinha turistas andando de um lado para o outro, o dia estava lindo para um belo banho de praia. É chegada a hora do almoço e Helena faz como todos os dias, prepara com carinho para os dois e leva até eles, assim ela conseguia sair um pouquinho pela rua para relaxar, como só ficava cuidando da casa mal tinha tempo de passear. Jane deixa o pai tirar o horário de descanso primeiro, era mais calmo naquele momento, algumas pessoas entravam e saíam sem levar nada, outras davam uma olhada em artigos de presentes. Parte da loja era só artigos religioso continha bíblias, livros, instrumentos e acessórios.
Estava um silêncio com ela ali sozinha, até que a porta se abre, olha de relance para o cliente e não acredita no que vê.
**Jake: Olá!
Jane: Oi, se perdeu por essas enormes ruas de floriano?
Jake: É assim que recebe seus clientes? não é muito receptivo.
Jane: Mil perdões. No que posso lhe ajudar? - diz sorrindo.
Jake: Estou a procura da dona desse punhado de chaves, com tantas chaves assim a pessoa pode estar desesperada.
Ele fala enquanto tira a mão do bolso chacoalhando.
Naquela noite depois de saírem da praça, ele e seus amigos foram a uma balada e fecharam a noite com baldes e mais baldes de bebidas. Jake não ficou com ninguém dessa vez, o que deixou seus amigos chocados.
Após horas de farra e zoação ele decide ir embora, chega tão bêbado em casa que jogava os sapatos pela sala e subia a escada cambaleando, se alguém visse a cena jurava que ele poderia cair, entrou em seu quarto indo em direção ao banheiro, um banho gelado era o que precisava para relaxar, ficou uns minutos até se recompor, vestiu sua boxe e se jogou na cama. Ao deitar sua cabeça no travesseiro pensou em Jane por um instante, no sorriso encantador que ela tinha, logo afastou isso de sua cabeça e se perguntou por que ela vinha em sua mente com facilidade, até que adormeceu.
O dia amanheceu e surgia uma cantoria dos pássaros pela janela, o sal batia entre a cortina, ele levantou com um pouco de enxaqueca certa pela bebedeira da noite anterior, olhou em volta do quarto e avistou o chaveiro em seu criado mudo, era uma cruz e nela tinha gravado "Ele é meu porto seguro".
**Jane: Obrigada!
Jake: Você saiu tão depressa que não se deu conta e quando vi já era tarde.
Jane: E como me achou?
Jake: Eu tenho muitos contatos.
Jane: Sério, Jake contatos por esse lado da cidade ?
Jake: E o que tem demais ?
Jane: É que você não tem cara de quem vive por aqui e eu reconheceria, teria lhe visto em algum momento antes.
Jake: E viu não é?
Jane: Você sabe bem o que eu quis dizer .
Jake: Certo. Esse bairro não é tão grande e não tem muitas Jane filha do Sr Estevão com uma loja de conveniências.
- Ela sorri com a explicação dele.
Jane: Obrigada de novo, gentil da sua parte.
Jake: Então quer dá uma volta?
Jane: Na verdade não posso, estou esperando meu pai voltar.
Jake: Ótimo, esperamos juntos então e vamos almoçar depois.
Ela o olha um pouco curiosa, seus pais logo em seguida voltam e percebem o belo rapaz na companhia de sua filha.
Helena: Olá, querida! Já pode ir almoçar.
Jane: Minha mãe trouxe minha comida. - Ela diz olhando Jake.
Estevão: Está tudo bem por aqui?
Jane: Sim pai, este é o Jake. Jake estes são meus pais Estevão e Helena.
- Ele os cumprimenta.
Jane:Ontem perdi minhas chaves e não me dei conta, ele veio me entregar.
Helena: Obrigada meu filho.
Jake: Por nada. A propósito, eu poderia levar a filha de vocês para um almoço?
Estevão: Não será preciso, minha esposa trouxe.
Helena: Pois não se preocupe eu mesma não comi ainda, vim trazer as marmitas primeiro. Posso ficar com ela e ajudar meu marido por aqui.
Jane: Meu pai concorda?
ele hesita antes de responder.
Estevão: Tudo bem, mas lembre-se se algo acontecer você prestará contas com Deus.
Helena: Estevão! eles são adultos e confiamos em nossa filha.
Jane: abrigada mãe.
Jake: Obrigado, a entregarei em perfeitas condições.
Jane pega sua bolsa e eles caminham até a saída, ao fechar a porta soa o barulho dos sinos.
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