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Diário De Outro Mundo

Capítulo 1: O início

Eu dormia tranquilo, quando escutei o despertador e acordei, era uma sexta-feira e eu tinha que ir para escola, depois de uma semana de provas não há nada melhor do que um sábado para descansar, o dia só estava começando e eu estava ansioso pelo fim dele.

Vesti o uniforme, penteei meu cabelo e fui até a cozinha tomar meu café da manhã, peguei um pão no cestinho, peguei presunto e queijo na geladeira, fiz um sanduíche e coloquei na lancheira, depois fui acordar minha irmã, meu irmão e depois minha mãe, tomando cuidado para não acordar meu pai, já que ele trabalha até de madrugada, corri para buscar meu sanduíche, e ele estava bastante queimado, um misto quente queimado e um copo de iogurte de morango, esse era meu café da manhã desde o início do ano. eu estava no terceiro bimestre do segundo ano do ensino médio. escovei os dentes, e fui até a casa do meu amigo Pedro, para irmos pra escola juntos, mas ele também estava indo pra minha e acabamos nos desencontrando.

Depois de caminhar por um bom tempo eu cheguei na escola, e esperei na entrada, já que o portão ainda não tinha aberto, um minuto de-pois, o Pedro chegou, e quando me viu me falou:

-Você saiu cedo hoje, eu fui na sua casa e você não estava lá.

- Eu fui na sua e você não tava, espera... tu foi na minha casa quando eu tava indo pra tua!?

- Não, cara... - ele estava rindo alto - a gente deveria ter combinado.

- Concordo - respondi dando um gargalhada.

Nesse momento a escola abriu e nós entramos. A primeira aula era matemática, o professor não era dos melhores, mas eu realmente gosto dessa matéria, logo depois foram duas de língua portuguesa, e se em algum momento eu gostei de português, eu não me lembro.

Finalmente chegou a hora do recreio, e eu, o Pedro e mais dois amigos, fomos juntos para o pátio. A escola até tinha uma cantina, mas prefiria trazer comida de casa. Enquanto eu comia o meu sanduíche, uma garota veio até nós, era a Isa, a namorada do Murilo. Nós cinco ficamos conversando até o fim do intervalo.

Depois foi aula de educação física, infeliz-mente foi teórica, então a classe ficou bem desanimada, eu não me importei muito, já que não gosto de exercícios, por fim, era para ser aula de história, mas, o professor faltou, normalmente nos já iriamos embora, mas como era avaliação, um professor substituto veio para entregar a prova e ver se ninguém iria colar. A prova foi bem difícil mas consegui terminar antes do fim da aula, ao mesmo tempo, o Pedro também tinha terminado, ele foi entregar e eu fui logo atrás, mas do nada um homem surgiu em nossa frente e entortou o pescoço do professor em um instante, e ele caiu no chão, mor-to.

Pedro ficou paralisado, mas eu corri, não para a porta, mas para o fundo da sala, e ouvi todos gritarem em uníssono, logo em seguida, o homem socou a cabeça do Pedro e afundou-a no chão, ele era tão forte que parecia não se tratar de um humano. Em seguida ele correu em direção a um aluno e o decapitou. Todos se levantaram e correram para a porta, mas ele os perseguiu e matou todos. No início do dia, a classe tinha 30 alunos, porém, agora havia apenas 20.

Murilo e Isa se aproximaram de mim por ambos os lados e viram o homem nos focar, ele correu em nossa direção e eu fiz um sinal para a direita, ele desviou o olhar e eu arremessei meu caderno eu seu rosto, como o arame do caderno estava solto, o seu olho esquerdo foi perfurado e ficou parcialmente cego.

Com raiva, ele jogou o caderno no chão e me procurou, me encontrando do seu lado esquerdo, o qual ele enxergava mal, assim que ele virou, empurrei uma cadeira em suas pernas e ele caiu, porém, levantou rapidamente e quebrando a cadeira arremessou-a em mim, apesar de só ter pego de raspão, a ferida sangrava e ardia, mas atrás de mim, estava a Isa e ela recebeu a perna da cadeira no pescoço, morrendo na hora.

A sala que antes estava gritando por mim, se calou, a face de cada um continha o mais profundo terror, afinal, é praticamente impossível manter a mente sã depois de ver tantas pessoas morrerem, principalmente se forem conhecidas, ou amigas.

Eu mal conseguia me mover, mas ainda não tinha parado de raciocinar, inclinei a mão direita para a porta, o homem ignorou, assim como previsto, por pensar que era um blefe, e num piscar de olhos, Murilo cortou o seu outro olho, dando tempo do resto da turma fugir, e se virou me dizendo:

- Até que não é tão ruim morrer assim

- Realmente

- Me ajuda aqui?

- Claro

Peguei a outra parte da cadeira quebrada e avancei na direção do homem para dar o golpe final, eu tentei acertar o coração, nas acabou pegando de raspão na costela, ele me chutou e eu perdi os sentidos, quando ouvi o Murilo gritando e vi uma luz, o homem gritou mas eu não ouvi e em seguida, desmaiei.

Retomei a consciência, ou talvez tenha sido um sonho, em um lugar escuro, que no momento pensei ser o limbo e disse quase rindo e chorando ao mesmo momento:

- Então eu morri...

De um lugar distante uma voz masculina me respondeu - Ainda não... - ela se silenciou por um instante - Ainda não é o tempo... - novamente se calou e voltou a falar - Acorde... Miguel!

Acordei em um monte verde e cheia de grama, devia ter uns 10 metros, procurei por cidades nas redondezas, mas não achei nenhuma. Resolvi então descer o monte, por mais que não fosse tão alto, eu não estava acostumado a descer algo assim, nem subir. Depois de uns 20 minutos, finalmente cheguei no chão, na hora um vento forte passou por mim, levantando meu cabelo.

Voltei a procurar por pessoas e novamente não encontrei ninguém. Continuei andando, agora por um campo bastante florido, encontrei um rio e me aproximei. Um peixe pulou e derramou uma gota d'água em mim. Resolvi então nadar nele e tentar pegar algum peixe para comer. Me despi e entrei no rio, a água não estava nem quente nem fria, desfixei minhas pernas da superfície do rio e cai para trás, fechando meus olhos no mesmo momento. Comecei a nadar e fui tateando para ver se encontrava algum peixe, senti algo na minha mão e a apertei, levantando a minha cabeça em seguida. Depois de ficar de pé, olhei a minha mão e vi um pequeno peixe, coloquei-o envolto em minha camisa e me vesti, com exceção á camisa, já que a estava usando para prender o peixe, fui atrás de alguns gravetos e voltei com um punhado. Acendi uma fogueira e abri a minha camisa pra pegar o peixe, que havia morrido sufocado. Espetei-o com um graveto e posicionei em cima da fogueira, girando para que assasse. Depois de um tempo ficou pronto e eu comi.

No momento eu tinha esquecido oque havia acontecido, ou ignorado pensando que era um sonho. Mas depois de comer me lembrei, fiquei um pouco desanimado, mas tentei ignorar. Vesti a minha camisa e parti novamente em busca de pessoas, não muito longe dalí, havia uma floresta, entrei nela e fui andando em linha reta até o anoitecer, quando peguei alguns galhos e troncos e fiz uma fogueira e uma pequena cabana, onde dormi naquela noite.

Acordei apenas no dia seguinte e continuei andando em linha reta, pegando algumas frutas e água no caminho. O lugar não era tão silencioso, mas o era muito mais que a cidade

em que morava. Já havia se passado horas quando finalmente vi uma luz e corri em sua direção, chegando a uma vila pequena, o cheiro era desagradável e todos os habitantes usavam roupas desgastadas, devia ser um campo de refugiados, levantei a mão e gritei:

- Olá!

Todos olharam pra mim confusos, como se estivesse falando outra língua, o que era o caso. A mesma voz que ouvi antes de aparecer aqui voltou dizendo:

- Você está muito longe de casa, é claro que não vão entender sua língua

Respondi mentalmente, já que achava que ele podia me ouvir mesmo assim - Como faço para aprender a língua daqui.

- Te ensinarei, considere como um presente de despedida.

Senti uma dor forte na cabeça e caí no chão, e vi um homem com chifres e asas negras correr em minha direção:

- Você está bem?! - ele gritou em uma língua que não conhecia, mas consegui entender, provavelmente por causa do "presente de despedida" da "voz".

Capítulo 2: Entrando para um vilarejo

Acordei em uma cabana com aquele mesmo homem com chifres sentado em minha frente e uma garota com orelhas e rabo de gato ao seu lado. O jovem aparentava ter a minha idade, seus cabelos eram negros e curtos, sua pele era clara e seus olhos, cinzas como nuvens tempestuosas. Já a garota parecia ter uns 12 anos, possuía cabelo loiro e longo, seus olhos eram azuis como o céu e sua pele era clara, oque era a única semelhança entre os dois, com exceção ao fato de terem adereços de animais grudados ao seu corpo.

O homem percebeu que eu havia acordado e se dirigiu a mim.

- Quem é você? Porque veio até aqui?

Minha cabeça ainda doía um pouco quando escutava algo nessa língua. Depois de a dor passar, me virei para ele, respondendo.

- Meu nome é Miguel. Eu encontrei esse lugar enquanto procurava alguma cidade.

- Entendo. Isso é um pouco difícil de acreditar.

A garota com orelhas de gato se virou pra ele.

- Ele acabou de acordar. Deixe ele descansar um pouco, depois você faz o interrogatório.

- Certo. - ele saiu da cabana

Interrogatório? do que eles estão falando? - foi o que pensei na hora, mas depois de repensar, percebi que fazia sentido, eu era um estranho que entrou na vila falando em uma linguagem desconhecida e desmaiou do nada. Isso é bem suspeito, não?

Depois de uma hora, o homem voltou e a garota saiu, ele me fez uma série de perguntas e respondi todas com sinceridade, e explicando palavras que ele não entendia. Depois o questionei sobre o porque daquela vila estar nesse estado e em que país estavamos, descobrindo que estavamos num reino chamado Fiten e que aquela era um campo de refugiados posicionada na periferia.

Depois ele me levou para fora da cabana e perguntou se eu queria morar naquela área, falei que sim já que ainda não tinha casa fixa em nenhum lugar. Ele me levou para uma cabana maior e me falou que era a casa do "chefe da vila", e que eu precisaria da autorização dele para morar lá. Entramos na cabana pela porta da frente.

-Lakos! - o homem com chifres gritou um nome e foi respondido

- Dant, quem é este? - este era o nome do rapaz que me acompanhava. Ele abriu a porta e através dela estava um homem magro com longos cabelos loiros e orelhas compridas, como se fosse um elfo. Nós entramos e Dant se prostou perante o homem, cujo nome era Lakos, e fez um sinal para que eu fizesse o mesmo. Ele fez um sinal com a cabeça e começou a falar:

- Este que me acompanha é Miguel, um forasteiro que encontrou esse lugar enquanto procurava uma cidade. Vim para pedir que permita que ele habite neste vilarejo. - Lakos fixou seu olhar nele e depois de pensar um pouco resolveu responder:

- Não me importo, mas ele precisará passar por alguns testes para descobrirmos se não é um infiltrado ou algo parecido.

Testes? que tipo de testes? eles realmente suspeitam que sou um infiltrado?

- Certo. - Dant respondeu antes que eu pensasse em o fazer, na hora fiquei meio bravo por ele ter decidido por mim, mas depois entendi que ele só fez isso pra que eu pudesse morar lá.

Fui levado pra uma outra cabana, era do mesmo tamanho que a do "chefe da vila", nela morava uma senhora de terceira idade com orelhas de gato, olhos azuis-céu e cabelos grisalhos. Lakos foi na frente eu entrei logo em seguida, a pessoa que morava lá era conhecida como sacerdotisa, e além de ensinar às pessoas da vila a religião mooniana ela também podia descobrir o "nível" e as afinidades da pessoa, mesmo sem saber o que significava nível eu precisava que ela descobrisse e dissesse para Lakos, isso é o que decidiria se eu poderia ou não morar na vila. A senhora veio até mim e tocou em minha cabeça, sussurrando algo em uma língua que eu desconhecia. Ela retirou a mão de minha cabeça e declarou calmamente:

- Ele está no nível 1, acho difícil um infiltrado ser tão fraco, mas se for o caso não teremos dificuldade em silencia-lo.

- Entendo. Pode me dizer se ele já possui uma classe? - Disse Lakos, pensativo.

A senhora tocou na minha cabeça e sussurrou novamente na língua desconhecida. Depois retirou a mão, porém dessa vez, um pouco assustada, ou impressionada. Depois de se acalmar - o que não demorou muito - declarou para o "chefe da vila":

- Ele não tem classe, mas possui afinidade com todas, chega a ser assustador, esse garoto tem mais potencial do que todos nessa vila.

- Mais do que Dant? - perguntou Lakos, surpreso

- Muito mais. - respondeu a velha com um tom sério.

Os dois olharam fixamente pra mim, como se tivessem visto o homem mais forte do mundo ser morto com um peteleco. O que certamente não havia ocorrido, já que a própria sacerdotisa disse que eu era fraco demais até para um infiltrado, e eu não conheço nenhum espião que seja demasiadamente forte.

Depois o "chefe", agradeceu a senhora e saiu da barraca, e fez um sinal para que eu o seguisse. Voltamos para a cabana de Lakos, ele se sentou e pediu para que eu também o fizesse. Após eu ter sentado, ele me perguntou:

- Você a ouviu, eu particularmente nunca soube de alguém com afinidade para todas as classes, mas se a sacerdotisa o disse, eu não vou duvidar disso. Quero que escolha uma classe, causo tenhamos alguém pertencente a ela lhe pedirei para ensina-lo sobre.

Eu ainda não sabia o que significava essa tal de "classe", mas seria estranho perguntar isso logo depois de terem me dito que tenho talento para todas, certo? Na hora eu ignorei isso por curiosidade, e perguntei, pois tinha de perguntar, sobre isso:

- Por mais estranho que isso possa parecer o que seriam essas tais "classes" de que fala? São como as turmas da escola? Ou que nem de às de um MMORPG? Ou seria outra coisa?

Lakos se calou, dava pra ver a confusão nos seus olhos, era de se esperar, eu fiz uma pergunta cuja resposta para ele era óbvia, e com certeza pensava que seria pra mim também. Ele murmurou com um sotaque estranho:

- Emi... emioh, erri... peje?

- Desculpe, esse país nem sequer possui videogames, é claro que ninguém vai saber o que é MMORPG. - Declarei, lembrando que conversei sobre o assunto com Dant mais cedo. Na verdade, não existem videogames em nenhum lugar do continente , ele viajou por todos os lugares, apesar de não ter casa fixa até chegar nesta vila, ele também mencionou que podia voar, apesar que acho isto bastante difícil.

Lakos entendeu então que eu era de outro país, eu realmente não queria passar essa impressão, mas às vezes uma palavra pode acabar com seu objetivo. Mesmo assim, ele ignorou o fato e me explicou como funcionavam as "classes", elas realmente eram como às de um MMO, elas não mudavam oque as pessoas portavam, nem o que podiam fazer, definiam apenas a facilidade que uma pessoa tinha para realizar uma determinada ação. Um mago tem mais facilidade para usar magia do que um guerreiro, porém ambos poderiam fazê-lo, por exemplo.

-Certo... acho que entendi como funcionam, mas não sei muito bem quais "classes" existem, eu sei que demanda tempo e é realmente chato, mas poderia me falar? - Pedi para Lakos e ele o fez, porém, de uma forma que de forma alguma poderia imaginar, ele mexeu rapidamente os dedos formando uma forma que não entendi, aos poucos foi se formando uma frase em uma língua que desconhecia, e depois ele a lançou-a em minha direção, -isso mesmo, ele lançou uma FRASE em minha direção- na hora o efeito foi o mesmo de quando a "voz" me "presenteou" com a informação de como falar a língua na qual estava conversando com as pessoas daqui, porém foi mais rápido e eu não cheguei a desmaiar. Eram muitas "classes", eu vi todas até que encontrei uma que me interessou bastante: guerreiro mágico, pelo nome me parecia ser bastante versátil e realmente o era. Falei com Lakos e ele me falou extremamente bem desta classe, mas no final veio uma pergunta inesperada:

- Você prefere um guerreiro mágico ou um mago guerreiro?

Não são a mesma coisa? Pensei, mas não falei, se ele perguntou é porque são diferentes. Olhei para ele e o mesmo continou, agora explicando:

- Talvez você não saiba a diferença, mas elas não são iguais - Percebi isso assim que fez a pergunta. Era o que se passava na minha cabeça Diga logo o que tem de diferente! - É meio estranho falar isso, já que é raro alguém ter talento para ambas, mas um mago guerreiro, é basicamente um mago que tem um certo conhecimento em lutar com espadas e um guerreiro mágico é um mestre das armas que aprimora seu estilo com magia.

- Então é isso... continuo querendo o guerreiro mágico. - disse logo em seguida, sem um pingo de hesitação, a descrição era basicamente o que eu queria quando escolhi anteriormente.

- Dant! - Lakos gritou - Venha aqui!

- O senhor me chamou? - ele apareceu logo depois de ser chamado.

- À partir de hoje você vai ser o professor do Miguel, quero que o ensine os fundamentos de sua classe. - O chefe da vila disse em tom alto e claro, como o fez logo em seguida - espero que se deem bem.

- Certo. - Gritou o jovem com chifres

Capítulo 3: Primeiro dia na vila ( Parte 1 )

Aquele dia finalmente havia chegado ao fim, eu dormi em uma cabana pequena com uma "cama" de palha no chão. A partir de amanhã eu iria ajudar na plantação pela manhã e à tarde treinaria com Dant para me tornar um guerreiro mágico, o que, segundo as pessoas do vilarejo "não é tão simples quanto parece".

No outro dia acordei antes do sol se pôr, e fui ao rio para tomar banho e lavar minhas roupas. o dia estava ensolarado, as nuvens brancas como algodão, e o sol brilhando forte, o clima estava quente, mas eu podia olhar diretamente para o sol sem me queimar, algo que acontecia desde ontem, porém ainda não entendia esse fato.

Depois, acendi uma fogueira e coloquei minhas roupas próximas a ela apenas distantes o suficiente para não pegarem fogo. Antes que as roupas secassem totalmente, ouvi uns barulhos à direita e fui averiguar, quando olhei, me deparei com a mesma garota de orelhas de gato que havia encontrado ontem, só que nua, ela estava lavando um monte de roupas e secando e outras em uma fogueira. Quando me dei conta, estava olhando fixamente para ela, na hora virei a cabeça para o lado e a garota olhou para mim.

- Bom dia! - ela estava bem alegre, não parecia nem um pouco envergonhada ou com raiva, talvez tinha esquecido do fato de que estava desnuda, na verdade, ambos estávamos, ignorando este fato, respondi, me esforçando ao máximo para não gaguejar, mas minha voz não me obedeceu:

- Bom... dia

Saí rapidamente dalí, extremamente envergonhado, e ela me observou, confusa. Cheguei à área onde as minhas roupas estavam secando e as vesti, estavam quentes, certamente pelo fato de que eu havia demorado mais do que esperava lá.

Depois fui até a plantação, era uma horta não muito grande, peguei uma fruta grande, tirei tudo de dentro e guardei para usar de adubo, enchi de água, fiz alguns furos, e pronto! Eu tinha feito um regador orgânico, igual havia visto em um life hack na minha cidade-natal.

Fui regar as plantas quando Dant apareceu e gritou:

- O que você tá fazendo com isso na mão?! Isso não é de comer não, garoto!

- Eu não ia comer! Vou usar para outra coisa. Mas o que aconteceria se eu a comesse? - Falei ao jovem de cabelos negros que agora era o meu professor

- Nem queira saber. - respondeu ele

Eu obviamente fiquei curioso, mas resolvi não insistir, devia ter um motivo pra ele não ter me falado sobre isso. Expliquei-o sobre o regador, e então o mesmo foi e fez o seu próprio, enquanto eu regava as plantas. Aos poucos, as pessoas foram chegando e começaram a plantar novas sementes, sem entender o que estávamos fazendo, mas também sem perguntar, ouvi um chamado e olhei em direção ao som, vendo primeiro longos cabelos loiros e após isso lindos olhos azuis, que reconheci como sendo da garota com orelhas de gato, que corria em minha direção e parava bem em minha frente, perguntando-me com olhos brilhosos:

- Você está bem? você correu quando me viu antes, então fiquei preocupada.

- Não... precisa se preocupar... - Respondi corado, me lembrando do que havia acontecido de madrugada.

Ela olhou atentamente para o meu rosto, falando:

- Você está vermelho, será que é febre? Posso verificar?

Ela tocou em minha testa e desviei a atenção, tentando evitar contato visual e ainda mais contato físico, saí dalí e voltei a regar as plantas, quando Dant veio ao meu lado.

- Oque aconteceu entre você e a Mai antes de você vir pra cá? - Questionou ele. pensando em descobrir quem era essa tal de mai, perguntei

- Diz a garota com orelhas de gato?

Os olhos de todos se viraram pra mim, será que dizer isso era considerado ofensivo nesse país?

- Evite chamar ela assim, chame-a pelo nome agora que sabe qual é - Dant falou, o que confirmou a minha teoria, fiquei calado e esperei os olhares se desfixarem de mim, o que só aconteceu à tarde.

Depois de quase uma manhã toda trabalhando, chegou a hora de fazer uma pausa para comer. A "sacerdotisa" trouxe uma grande panela e as pessoas formaram uma fila, cada um com uma tigela de barro na mão, Dant ficou para trás e me entregou uma tigela idêntica à que todos seguravam, e me disse, rapidamente:

- Não perca, se perder não vai poder almoçar. - Ele correu para a fila logo depois.

Eu fui o último a chegar na fila, de forma que tive que esperar um tempo para pegar a comida, quando chegou a minha vez, vi que era uma sopa com poucos legumes tanto em quantidade quanto em variedade. A senhora pegou uma concha e jogou em meu prato, e fez um sinal para que eu saísse, sentei em uma mesa sem ninguém e Mai veio até mim, seguida por Dant, e sentaram ao meu lado, como fazia com meus amigos no colégio. Eu fui o primeiro a falar, me direcionando à garota loira em minha frente:

- Me desculpe por mais cedo. Não era a minha intenção lhe ofender.

- Não me importo. - respondeu ela, calmamente.

- Mas os outros se importam. - Dant falou, alto e claro. - Nem todos tem a capacidade de viver levianamente como você, apesar que a única que deveria estar ofendida era você, certo? - Na hora entendi o que ele queria fazer, o plano dele era fazer com que todos esquecessem do que havia acontecido mais cedo, apenas por orgulho próprio, infelizmente esse assunto era delicado demais pra ser resolvido tão facilmente, ou não...

Todos se aquietaram e os que estavam olhando para mim, já não estavam mais, pelo visto o senso de orgulho daquele lugar era bem mais alto do que no Brasil, na verdade era diferente de todo a planeta, "de todo o planeta", isso me faz pensar em uma hipótese bem estranha...

- Obrigado por isso, já não estava mais aguentando tantos olhares em mim. - Disse à Dant

- Não foi nada - Disse ele, orgulhoso. Ele ficou quieto por um tempo e depois continuou - Se me permite... posso saber o que aconteceu entre você e a Mai de madrugada?

- É meio difícil de explicar... - ia dizendo quando fui interrompido.

- Eu estava limpando as roupas dos moradores como sempre faço, quando ele apareceu e ficou olhando pra mim, eu disse bom dia, ele respondeu e depois saiu correndo - Quem falou foi Mai, se Dant soubesse que para lavar as próprias roupas sem ter uma troca, você precisa estar despido, oque era provável, eu seria taxado como pervertido e todos voltariam a olhar feio pra mim.

eu estava suando, e me segurando ao máximo para não tremer, Os dois olharam para mim, quando Mai perguntou:

- Você está bem? Parece meio doente. - Ela tocou em minha testa e a retirou - Está quente, deve ser febre, pque não falou que não estava bem?

Não era o caso, mas todos pareciam acreditar nisso, alguns até me olhavam com admiração, pensando que fingi estar bem para ajudar na vila, oque talvez fosse uma atitude que teria no meu primeiro dia, foi estranho ver que os mesmos olhos que me olhavam com desprezo pouco tempo atrás, agora me viam com admiração.

- Não é... febre, só estou com calor, nada demais - disse, era verão, eu poderia dizer que morava em um país nortenho e que lá era muito frio, e por isso estava estranhando essas temperaturas, ninguém duvidaria, apesar de ser mentira, eu morava no Brasil, e lá era totalmente quente, apesar que aqui não ficava nem um pouco para trás.

- Não minta. Nem está tão quente assim hoje. - Mai retrucou, não sabia se era verdade, mas ela morava na vila há muito mais tempo que eu , não fazia sentido duvidar disso.

- Mesmo? eu morava em um lugar muito mais frio que aqui, lá nevava o ano inteiro. Então não estou acostumado com as temperaturas daqui. - Era obviamente uma mentira, mas não tinha outra opção.

- Entendo. Mas se estiver se sentindo mal, não hesite em me chamar. - Mai disse, encerrando o assunto.

Continuei almoçando, o gosto não era dos melhores, mas é melhor do que comer só frutas, talvez eu saísse pra caçar futuramente, não estou acostumado a ficar sem comer carne por longos períodos, também precisava procurar por arroz, e feijão também, tinha várias coisas que devia fazer, mas tudo começava naquele pequeno vilarejo que ainda não possuia nome.

A próxima coisa que iria fazer era ter as aulas com Dant, isso pode deixar bem esclarecido o que é "magia" neste lugar, e se eu estava realmente em outro país, ou em outro mundo.

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