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PAIXÃO LOUCA

Onde tudo começou

Nossa estória começa em Nova York.

A protagonista é a Caroline, conhecida como Carrie, e será disputada por dois homens poderosos e lindos: Luca e Enrico.

Tudo começa no Colegial, e vai se complicando ao longo dos capítulos.

Vai ter muita intriga, disputa, acontecimentos inusitados, e emoção, MUITA EMOÇÃO.

Um romance movimentado e apimentado.

Enfermeira - Doutora Carrie, emergência. Homem jovem baleado, em estado grave - avisou a enfermeira de plantão

Carrie não esperava que sua estada na emergência do Sinai Hospital, em Baltimore fosse ser tão exaustiva, e desafiadora. Hoje, particularmente, estava sentido-se estranha, apreensiva. Mas, no plantão da emergência, o único sentimento possível era o de força.

Atravessou o corredor correndo atrás da maca que levava o homem baleado, enquanto os paramédicos relatavam o estado geral do sujeito. Entraram na sala de emergência, para que Carrie desse os primeiros socorros, enquanto o cirurgião não chegava para extrair as balas do corpo. Carrie pegou o estetoscópio, se aproximou dele e tomou um susto: Enrico. Era ali, no limiar entre a vida e a morte, com a pouca consciência que lhe restava, ele reconheceu Carrie.

Enrico - Carrie, é você. Eu te amo. Eu te amo. Se case comigo, por favor. Não me deixe morrer.

Carrie paralisou, por um segundo apenas. Não podia pensar em nada agora. Precisava ajudar a salvar a vida de Enrico.

A doutora fez o seu trabalho com louvor, e deixou Enrico na sala de cirurgia com a equipe médica. Agora era rezar, para que tudo desse certo. Ela estava destroçada. Precisava de um tempo para si. Entrou na sala dos médicos, sentou- se, e todo as memórias do passado emergiram.

DE VOLTA AO PASSADO.

Carrie entrou na sala de aula afobada. Lá estava ele, cabeça baixa, mexendo no celular. Era o primeiro dia de aula, e ela estava animadíssima para reencontrar os colegas de classe, contar as novidades das férias, saber das aventuras de Miranda.

Ficou surpresa ao ver um garoto novo.

Enrico

Afinal, já estavam terminando a High School , e era meio improvável chegar alguém na turma já no final do curso. Improvável, porém não impossível, pensou ela.

O rapaz levantou os olhos furtivamente quando ela tropeçou na carteira. Ela levantou os olhos para ele constrangida, mas esperando um gesto de simpatia ou solidariedade, que não veio. Nem um oi ele deu! Que garoto estranho, pensou.

Carrie escolheu uma carteira, distante da dele, mas que fosse possível o observar sem que ele pudesse notar. O cabelo negro, muito liso, fazia contraste com a pele clara, e o rosto másculo, mesmo se tratando de um jovem ainda. Uma fisgada estranha atravessou o estômago dela. Um arrepio estranho que percorreu todo por todo seu corpo. Foi interrompida pela escandalosa e calorosa Miranda e seu “Petit Comité”.

Miranda

Não demorou muito para que a classe fosse tomada pelos estudantes animados com a volta as aulas. As férias foram ótimas, mas reencontrar os companheiros e companheiras de turma, que ela conhecia desde o ensino fundamental, era sempre uma alegria, ainda mais esse ano que seria o último deles todos juntos.

Vez ou outra, em meio as risadas e brincadeiras, ela olhava de soslaio para o garoto novo, que continuava de cabeça baixa, mexendo no celular. E, durante toda a aula, quando não havia ninguém olhando, ela o fitava, observando cada traço do seu perfil.

A aula terminou e o garoto novo saiu sem falar com ninguém da classe. As meninas se entreolharam.

Miranda - Quem é esse garoto novo?

Ninguém de nós soube responder. O fato dele ser desconhecido, além de lindo, aguçou ainda mais a curiosidade de todas as meninas.

Lou - Ele é bem bonitinho, nê? – falou outra menina do grupo.

Miranda - Bonitinho? – retrucou – uma outra amiga que sempre andava conosco.

Samantha - Ele é um gato! O que você achou dele Carrie?

Carrie engasgou. Todas me olharam desconfiadas.

Carrie - O que que foi? Só me engasguei!

Sam - Engasgou porque perguntei o que você achava dele. Uhummmmm

A garota sentiu o rosto queimar.

Samantha - Achei ele um gatinho. Mas, bem antipático também. Ui!

Carrie - Ah, isso ele é mesmo – respondeu mentindo, para não demonstrar qualquer interesse pelo rapaz. Embora, realmente, ele não houvesse respondido seu cumprimento quanto chegou, Carrie não o achou antipático.

Todos os dias ela chegava mais cedo a escola porque sabia que ele estaria lá, sozinho. Tinha a esperança de que em algum momento ele as desse apenas um oi, mas ele sequer olhava na direção dela. Pelo menos, era o que ela achava.

As amigas já começavam a desconfiar que Carrie estava apaixonada pelo aluno novo, e vez por outra, davam um jeito de os aproximar.

Todos estavam animadíssimos com o passeio da escola ao Guggenheim Museum New York.

Era sempre incrível as aulas externas, e principalmente, a viagem de ônibus junto com a turma. Dessa vez a professora decidiu que não iriam de metrô, para que ninguém se perdesse um do outro. No último passeio que fizeram a Nova York, alguns alunos se perderam do grupo, e tiveram que voltar ao Brooklin separados do grupo. Alguns pais ficaram bem irritados, inclusive, os dela.

Carrie acordou cedíssimo. Na verdade, quase não conseguiu dormir, de tão ansiosa que estava. Levantou-se rápido, se trancou no banheiro e tomou um banho demorado. O pai já tinha batido na porta três vezes mandando que ela desocupasse o banheiro. Só saiu quando teve a certeza de que cada pedacinho do seu corpo estava limpo, e bem cheirosinho do sabonete novo, chique, que guardara para uma ocasião bem especial. Essa era uma ocasião especialíssima.

Fez a make com capricho, sem carregar em nada. Tudo muito leve, para ficar natural, e não com aquela aparência de peixe, esticado. Desceu e preparou um lanche bem substancial. Colocou na mochila e correu para a escola. O ônibus já estava estacionado na porta. Ela percebeu uma movimentação meio atípica das meninas, e de alguns meninos também. Resultado: o único lugar disponível para sentar-se era ao lado de Enrico, o tal aluno novo. Ela sentiu-se extremamente constrangida, desconfortável mesmo. Claro que gostou de sentar-se ao lado dele, mas a armação poderia ter sido percebida por ele, assim como o foi por ela. Pela primeira vez . Carrie o cumprimentou, e ele respondeu, virando o rosto totalmente para ela e sorrindo. A garota notou que ele era ainda mais bonito do que ela tinha percebido antes. O sorriso dele fez todo o corpo dela tremer, e precisou disfarçar para nãos ser descoberta. O coração batia tão forte, que ela tinha medo de que ele escutasse.

Ao contrário do comportamento taciturno na sala de aula, Enrico foi extremamente simpático durante toda a viagem. Conversaram sobre a mudança dele para o Brooklin e para a nossa escola. Ele contou que morava em Chicago, mas por causa do trabalho do pai, haviam mudado para Nova York. Eles falaram até sobre os planos para a faculdade, e terminaram descobrindo que tinham muitas afinidades com relação ao gosto por cinema. Enrico gostava de cinema tanto quanto ela.

No museu, Enrico e Carrie não se separaram durante toda a visita. No momento do lanche, inclusive, os dois dividiram os petiscos que trouxeram de casa entre eles. Deram muitas risadas juntos. Carrie percorria com cuidado cada traço no rosto de Enrico. Seu coração batia descompassado a cada sorrido que ele lhe dava, e ela, finalmente, não resistiu mais a paixão que sentiu aquele rapaz tímido, gentil e inteligente. Na volta do passeio, os colegas de classe os olhavam curiosos. Esperaram pelo beijinho de despedida ao final, que não veio. Disseram apenas um tchau e até amanhã.

Carrie quase não conseguiu dormir. Rolou de um lado para o outro da cama pensando no dia maravilhoso que passou ao lado de Enrico. Não via o momento de chegar novamente na escola e vê-lo sorrir novamente para ela. O sorriso dele, que a atormentou fazendo com que o sono não chegasse, também foi o antídoto para que seus sonhos fossem os melhores possíveis nos últimos tempos.

.

No dia seguinte, o coração apaixonado e cheio de esperança de Carrie, a levou novamente mais cedo para a escola. Morava tão perto que quase podia pular do jardim de casa e cair na entrada da escola. Ela tinha a certeza de que o encontraria lá, como todos os dias, só que dessa vez seria diferente. Seria incrível encontrar Enrico depois do passeio da escola.

Entrou sorrindo na sala de aula, olhou em direção ao lugar de Enrico, mas ele não estava. Que estranho, pensou. Enrico é sempre o primeiro a chegar. Os outros foram chegando aos poucos, rindo, fazendo barulho como sempre, e tomando os espaços vazios da ala de aula. E, nada de Enrico. Pela primeira vez, ele foi o último. Chegou, e se sentou no único lugar que havia, do outro lado da sala, bem distante de Carrie. Ela olhou em direção a ela, sorrindo, para cumprimentá-lo, mas ele pareceu distraído e preocupado. Enrico chegou tarde e saiu cedo. Nem sequer no intervalo eles se cruzaram. Percebeu quando ele entrou no banheiro masculino, e depois só o viu novamente na sala de aula. Ele devia estar com algum problema. Teriam outros dias para conversar.

No dia seguinte, entretanto, Enrico agiu da mesma maneira estranha. Chegava tarde, saía cedo, e não interagia com os colegas de classe no corredor. Carrie sentiu um desconforto enorme, uma estranheza com o comportamento de Enrico.

Três dias depois, deu um jeito de encontrar com ele no corredor. Ele a cumprimentou com gentileza, olhou-a tão profundamente, e de um jeito tão estranho, que a alma se encheu de dúvidas e confusão. Carrie não teve coragem de perguntar a ele porque estava se comportando de forma tão estranha depois do passeio da escola, mas desistiu. Não se sentiu à vontade para fazê-lo. Enrico deu-lhe um tchau, e não voltou a sala de aula naquele dia.

Os dias passavam sem que Enrico tivesse voltado ao comportamento normal. Ele a evitava, claramente, pensou Carrie. A alegria que invadiu seu coração no dia da visita ao Guggenheim Museum se esvaziava dia após dia, diante da indiferença dele para com ela. Mas, o pior ainda estava por vir.

Um dia, o professor de Geografia os colocou no mesmo grupo de trabalho. Enrico se afastou completamente, ignorando Carrie durante a atividade, sem lhe dirigir a palavra em nenhum momento, durante as discussões. Os colegas do grupo notar que havia algo errado, enquanto Carrie visivelmente transtornada, dissimulava desdém. Depois da aula, ela desabou. No banheiro da escola, Carrie abraçou a amiga, buscando um pouco de conforto.

Carrie - Eu não consigo entender Miranda, por que ele me ignora? O que eu fiz à ele pra receber tanto desprezo?

Miranda - Homens são normalmente estúpidos – respondeu

A tristeza tomou conta de coração de Carrie, que perdeu até a alegria de estudar. Suas notas estavam entre as melhores da escola, e todos apostavam que ela conquistaria uma vaga na faculdade de medicina de Havard. Esse momento era crucial para ela. Os exames estavam próximos e suas notas tinham que continuar altas. Bastou uma segunda falta à escola para que Miranda, Samantha e Isabel fossem até a casa dela para animar Carrie.

Sra. Brown- Olá meninas – disse a mãe de Carrie, pouco surpresa – achei que vocês viriam ontem.

Miranda - Olá senhora Brown. Pensamos mesmo em vir.

Sra Brown - Subam. Carrie está no quarto.

Carrie estava jogada sobre a cama. Rosto inchado de tanto chorar. No quarto, os livros arrumados em cima da escrivaninha não haviam sido tocados. A mochila aberta em cima da cadeira, vazia, mostrou que Carrie não tinha, sequer, cogitado ir à aula. O coração da moça estava completamente dilacerado. Ela achou que Enrico sentisse ao menos simpatia por ela. Aquele dia no corredor, a profundidade do olhar dele sobre mim, foram tão marcantes, que a garota não conseguia se desvencilhar da emoção que ela sentiu, até que ele a desprezou da pior forma possível.

As amigas passaram a tarde com ela, animando-a, xingando Enrico, maldizendo-o, e fazendo toas as coisas que as meninas fazem quando a amiga é ferida sentimentalmente por um rapaz. No fim das contas, vão se os garotos, ficam as garotas, juntas, uma por todas e todas por uma.

Carrie não perdoa Enrico

No dia seguinte, Carrie voltou a escola. Decidiu que não chegaria cedo, para não ter que se deparar com Enrico. Passava o dia dizendo para si mesmo que ele não merecia o sentimento que ela nutria por ele; que tinham outros garotos muito legais que gostariam de namorar com ela; que ela ainda era jovem, e tinha muitos amores pela frente. Repetia os mantras que sua mãe, suas amigas e até a avó dela lhe tinham dito. Pensou que elas deveriam estar certas. E, foi então que Carrie passou a ignorar Enrico, também.

Chegou muito próximo da aula começar, e viu-se obrigada a sentar-se no único lugar disponível na sala, ao lado de um outro garoto, seu vizinho, mas que pouco tinham se falado até então.

Luca

Não o conhecia direito. Apesar de estar bem integrado com os meninos da sala, as meninas não lhe davam muita confiança. Alto, cabelos negros, sorriso aberto. Ele era até bonito e simpático. Sentou-se ao lado dele, cumprimentou-o por entre os dentes, sem dar muita importância a ele.

Mas, Luca era um sujeito incrível: divertido, companheiro, bom papo, gostava de literatura e cinema. Estava sempre de bom humor, gostava de estudar e de estar com gente que estudava também. Em menos de um mês os dois se tornaram inseparáveis. Gostavam da companhia um do outro. Gostavam de ir ao cinema juntos, e depois discutir os filmes. Frequentavam juntos os jogos de basquete do time da escola, que era bom, bom mesmo, todavia os dois riam o tempo inteiro das bobagens que eles criavam durante os jogos. Volta e meia, pensava em Enrico. Quando cruzava com ele no corredor, ainda sentia seu peito apertado, seu coração bater descompassado. Não sabia se era por amor ou por mágoa. Reparou que Enrico passou a olha para ela de um jeito estranho. Podia sentir uma vibração estranha vindo dele.

Os exames chegaram. Ela e Luca estudaram muito, durante todas as tardes. Algumas vezes as amigas se juntavam aos dois, mas nenhuma delas tinha o mesmo empenho para estudar quanto os dois. Ele tocou a campainha da casa Carrie muito cedo.

Carrie - Luca, Você, tão cedo?

Luca - Estou nervoso. Preciso de boas notas.

Carrie - Nem sei o que estou sentindo. Quer café? - ela perguntou distraída.

Luca - Quero. Um copo bem grande – Carrie sorriu, e entregou-lhe o copo, conforme ele havia dito.

Comeram sanduíches que Carrie preparou com cuidado.

Carrie - Vou lá em cima, volto já.

Chegaram na escola cedo, sentaram-se em seus lugares marcados e esperaram o exame começar. Era o começo do fim da High School.

E então chegou o dia mais esperado do: a Formatura! Com o fim dos exames e as aplicações nas Universidades, Carrie não foi aceita em Havard, mas conseguiu um bolsa Johns Hopkins School of Medicine em Maryland, e Luca conseguiu a tão sonhada vaga em Stanford. Apesar de os dois não estarem namorando, Luca convidou Carrie para ir com ele ao baile de formatura, que aceita o convite sem titubear.

Ele estava absolutamente deslumbrante, propositalmente. Queria mostrar para Enrico que ele não foi empecilho para que ela conquistasse tudo o que queria, inclusive, ir ao baile na companhia de um garoto lindo, bem-vestido, alegre e divertido. A primeira pessoa que viu quando entrou no baile foi Enrico. Teve a impressão de que ele estava ali, os esperando chegar, espreitando como uma raposa, pronta para dar o bote. Ele estava lindo, como sempre, mas ao contrário dos outros, trazia um peso mórbido no rosto, e aquela mesma vibração ruim, que ela já havia sentido outras vezes. Carrie passou por ele fingindo que não o via, enquanto Luca acenava para os amigos que se encontravam em pé, próximos a pista de dança. Carrie viu que as amigas também já haviam chegado. Acenou para elas com animação. Ela enlaçou o braço de Lucas, e os dois entraram animadamente.

Nosso grupo dançava animadamente quando Carrie notou que Enrico caminhava na direção dela. A moça ficou atônita, paralisada, sem saber o que pensar. Ele se aproximou tanto que ela achou que fosse desmaiar. Luca percebeu o mal-estar de Carrie e a segurou. Enrico balbuciou algumas palavras e puxou Carrie pelo braço. Luca se interpôs entre os dois, mirando Enrico com raiva. Eu apertei com carinho o braço de Luca.

Carrie - Tudo bem Luca. Eu vou com ele – Apesar do susto, Carrie queria saber o que Enrico tinha a dizer. Ela também queria dizer umas coisas a ela. O não dito entre ambos era algo que fazia mal ela , e não a deixava seguir adiante.

Chegaram até o terraço onde não havia ninguém. Ela mantinha-se alerta. Enrico já a fizera sofrer demais. Ele parou a sua frente e a fitou profundamente, como aquela vez no corredor.

Enrico - Me perdoe – ele disse.

Carrie - Por que eu devo te perdoar? – ela questionou com a voz embargada.

Enrico - Eu sei que te fiz mal, que te ignorei, e que te fiz sofrer.

Carrie - E por que só agora você está me dizendo isso? Porque eu estou com outro?

Enrico - Porque eu tinha uma namorada, e nós terminamos.

Carrie - A vida é assim mesmo, gente que vai, gente que vem. Você já foi.

Enrico - Por favor. Era um casamento arranjado, entre as famílias. Mas, eu gosto de você, e quero ficar com você! Eu lutei para ficar com você.

Uma pontada aguda no estômago fez Carrie tremer por inteiro. O coração dela disparou. Ela havia esperado muito tempo por esse momento. Sonhado com o abraço forte, o beijo quente, e um sorriso de Enrico. Mas, agora, ali, diante dele, e dessa revelação tão estúpida, um sentimento estranho tomou conta dela. Desprezo, raiva, incompreensão, tudo junto e misturado. O fato dele estar namorando outra garota, não justificava todo o desprezo e indiferença para com ela. Ele a maltratou, a humilhou perante os colegas de classe. Olhou-o de cima abaixo, e sentiu raiva, muita raiva. Não respondeu, não queria responder. Queria apenas ficar longe daquele sujeito, muito longe. Virou, deu-lhe as costas e saiu.

Voltou ao salão. Lá o estava o Luca, sozinho, encostado na pilastra. Seu olhar distante voltou a brilhar quando eu me aproximei dele, e sorri. Ele abriu aquele sorriso largo e vibrante, que aqueceu meu coração. Parei em frente a ele, e recebi um abraço terno, verdadeiramente apaixonado. Um abraço tão cheio de força e de paixão, que me contaminou, e eu devolvi, da mesma maneira. Ele procurou meus lábios e eu cedi a toda aquela ternura.

Enrico, do outro lado, mirava a cena furioso. Carrie seria dele, só dele, jurou para si mesmo.Não desistiria dela.

Desista, eu não te quero mais.

Carrie não cabia em si de tanta felicidade pela sua aprovação na JOHNS HOPKINS UNIVERSITY.

Haward era o sonho dos seus pais, mais JH era o seu sonho. Ficou pensando se ela não havia sabotado de alguma maneira a candidatura para não frustrar seus pais, caso resolvesse não ir para Haward por conta própria. Do jeito que as coisas aconteceram, todos ficaram felizes. Ela, mais ainda. Luca também estava animado com a aprovação, mas relutante em deixar Carrie, que agora era sua namorada. Pensava na ameaça de Enrico. A Johns Hopkins ficava a cerca de três horas de automóvel de Nova York, ou seja, Carrie poderia visitar os pais e as amigas dela com frequência, e Enrico estaria sempre lá, rondando, cercando Carrie, tentando a convencer de que ele gostava dela, de que ele era o cara certo para ela.

Os pais de Luca não eram ricos como os pais de Enrico. Tinham feito uma poupança para ajudar ao filho cursar a Universidade, mas Luca conquistou sua bolsa graças ao seu desempenho no time de basketball. Carrie, além de sua namorada, tinha se tornado sua melhor amiga, e incentivadora. Sentia um mal-estar em deixá-la. Gostava de estar ao dela, de assistir filmes, fazer guerra de pipoca, de terminar a sessão entre beijos, abraços e amassos. Divertiam-se muito juntos, sempre. Nunca brigaram, uma só vez sequer, desde quando eram só amigos. Confiavam um no outro. Agora, tinha que lidar com a sombra, com o espectro daquele mafioso mirim a rondar sua garota.

Carrie resolveu fazer uma festa entre amigos para comemorar a aprovação de todos. Desistiu de convidar a turma inteira, para não ter que chamar Enrico. Sabia por algumas colegas da turma que ele tinha sido aprovado na Columbia, e ficaria em Nova York. Apesar de tudo, sentiu-se feliz por ele. Afinal, ela também era da turma dela, e os dois partilharam pequenos momentos de camaradagem.

Enrico não havia se aproximado dela nenhuma outra vez, entretanto, seguia seus passos com um leão atrás de carne fresca. Volta e meia, ela o via quando saía do shopping com as amigas; na porta do cinema, quando estava sozinha; na sua corrida matinal, pelas ruas do bairro. Ele a espreitava sorrateiramente, sem se esconder, apenas não se mostrando por completo. Carrie sentia-se intimidada, mas não contava a ninguém sobre o comportamento de Enrico. Ele não fazia mal a ela, não acreditava que ele pudesse lhe fazer mal, em tempo algum. Era um rapaz solitário, apenas isso. O pouco tempo que pode olhar dentro dos olhos dele, revelou a sua carência, e gentileza. Tinha receio de contar ao Luca, porque grande e forte como era, podia querer tomar satisfação com Enrico, e os dois acabarem aos socos.

Parou o carro na frente da casa, saiu esbaforida com algumas sacolas na mão. Desistiu de colocar o carro na garagem. Ainda precisava comprar algumas coisas para os preparativos da festa. Não demorou. Largou as sacolas na cozinha, e saiu correndo de casa em direção ao carro. Estava atrasada.

Carrie - Droga, essas meninas sempre deixam tudo nas minhas costas. Quero como vão se virar sem mim.

Sentiu uma mão forte segurar o seu braço, enquanto abria a porta do carro. Virou sorrindo achando que fosse Luca. Não era.

Carrie - Enrico, você? – perguntou atônita.

Enrico - Por que você não me convidou para a festa?

Carrie - É uma festa para poucas pessoas, só os amigos mais chegados – ela respondeu aturdida.

Enrico - Eu não sou seu amigo? Sou seu inimigo? – disse cinicamente.

Carrie - Não.Eu até quis ser sua amiga, foi você quem não quis ser meu amigo. Aliás, você parecia muito mais ser meu inimigo. Mas, eu não sou sua.

Enrico - Não é minha, ou minha inimiga – murmurou sensual, aproximando-se dela o bastante para que os lábios dele tocassem os dela.

A proximidade do rapaz provocou um frio na espinha de Carrie. Sentiu uma pontada de medo. Só não sabia se dele, ou dela mesma.

Carrie - Por favor, Enrico. Me deixe ir. Disse baixando a cabeça, na tentativa de afastar seus lábios do dele.

Enrico abriu os braços, sem dizer mais nada, deixando-a entrar no carro. Ele continuou parado, olhando-a sensualmente, enquanto ela se afastava com o carro. Carrie pode ver pelo retrovisor que ele ainda estava lá, parado em frente a casa dela, encostado na porta do carro.

Estava confusa. Achou que a cena do baile havia sido o fim de qualquer coisa que pudesse acontecer entre os dois. E, ainda mais agora, que ela e o Luca estavam super felizes, por que Enrico teimava em se interpor entre eles? Por que teimava em atrapalhar a vida dela? Carrie acreditava que ele não aceitava o fato de ter sido rejeitado. Rapaz rico, acostumado a ter tudo o que queria, quando quisesse. E, poderia ter tido, mas perdeu o timming., e agora era tarde demais. Ainda bem que faltava pouco tempo para o começo das aulas na Faculdade de Medicina. Poderia manter-se bem longe de Enrico, e com o tempo, ele esqueceria que ela o havia recusado.

Luca percebeu que havia algo errado com Carrie. Ela estava calada, cabisbaixa, diferente dos últimos tempos.

Luca - Está tudo bem Caroline? – ele perguntou.

Carrie - Sim, tudo – Ela respondeu.

Luca - Não, não está tudo bem Carrie. Eu te chamei de Caroline e você não reclamou. Você detesta que te chamem de Caroline. Me diz, o que está acontecendo?

Carrie abraçou Luca e deitou a cabeça no ombro dele.

Carrie - Vou sentir saudades – ela murmurou.

Luca - Eu também minha pequena – ele devolveu o abraço com mais força ainda – Tenho medo de que a gente se afaste.

Carrie - Você está falando feito uma menininho inseguro – ela disse sorrindo.

- Eu, menino inseguro? Você vai ver agora garota quem é o menino inseguro – disse rindo, enquanto a suspendia e coloca sobre os ombros.

A campainha tocou. Carrie pediu gentilmente a Luca que a colocasse no chão. Ela deu-lhe um beijo carinhoso nos lábios, e seguiu para abrir a porta. Parado, lá estava Enrico, com uma garrafa de Whisky nas mãos.

Carrie - Enrico? – falou atônita – Você aqui?

Enrico - Olá Carrie - Samantha me convidou – respondeu com ar divertido, vitorioso.

Luca estava ao seu lado em menos de um segundo, interpondo-se entre Enrico e o Hall de entrada.

Carrie - Samantha – gritou irritada – Seu convidado chegou – avisou furiosa à amiga. Luca chegou perto dela

Carrie - Bem vindo a minha casa Enrico – disse por entre os dentes.

Carrie virou-se, colocou-se de costas para Enrico e de frente para Sam, e murmurou furiosa para amiga:

Carrie - Você me paga.

Samantha - Ora, ora Carrie, relaxa amiga. Veja pelo lado bom – disse Samantha ao ouvido da amiga – Ele trouxe um Dalmore 50 anos.

Samantha - Enrico querido, como vai – disse Samantha sensual. Se derretendo para o rapaz.

Luca puxou gentilmente Carrie para longe dos dois. Ele sentia a raiva pulsando pela jugular do namorado. Nunca imaginou que aquele sujeito tão gentil, tão divertido, tão bola na cesta, fosse dado a sentir uma raiva tão visível.

Carrie - Luca, está tudo bem.

Luca - Não está nada bem. Esse sujeitinho veio até aqui para te provocar, para me confrontar. Sim, eu estou com muita raiva.

Carrie - Não fique Luquinha. Eu não me importo com ele.

Luca - Mas, já se importou um dia.

Carrie - Sim, um dia que passou. Agora, você me interessa.

Luca - Carrie, eu vou estar a 2.900 milhas de você, enquanto aquele sujeito a menos de 300 milhas. Quantas vezes vamos conseguir nos ver? Quantas vezes vamos estar juntos no ano? Nós vamos conseguir ficar juntos com toda essa distância? – questionou o rapaz angustiado

Carrie – Luca, vai dar tudo certo. A gente se gosta, gosta de estar juntos. Não vamos pensar nisso agora. Vamos curtir o nosso momento.

Luca beijou Carrie como nunca havia feito antes: cheio de paixão, com sofreguidão, e medo. Carrie sentiu a potência da paixão de Luca e deixou-se levar pela enxurrada de sentimentos que os envolveu naquele momento. Amanhã, seria outro dia.

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