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The Word In The Mirror

Antes de tudo

Tudo estava completamente um caos, podia se ouvir os barulhos das espadas, a luz que as explosões faziam, os choros das crianças e o desespero dos pais que estavam lutando para tentar proteger os filhos.

O fogo das casas estavam se espalhando rapidamente e os cidadãos estavam correndo para salvar as suas vidas, as crianças que caiam no chão eram esmagadas pelas pessoas que corriam e não se importavam com quem estava na frente. Aquilo poderia se dizer ser o inferno? Talvez. As ruas estavam um caos e era difícil sair daquele reino e além de se preocupar com a saída às pessoas também tinham que se preocupar com as suas vidas, caso eles cometessem um erro as suas vidas acabavam antes que elas mesmas percebessem.

Do lado de fora não estava tão diferente do lado de dentro da cidade em chamas, a noite estava com uma lua vermelha que deixava tudo mais assustador e sanguinário. Gigantes de pedra rugia e esmagava tudo que entrava no seu campo de visão, lobos de espinho usavam os espinhos que carregavam nas suas caldas para atirar nos seus inimigos, corpos e mais corpos mortos eram vistos no chão e mais do que nunca aquele lugar estava banhado de sangue: tanto de soldados quanto de civis que não tinham nada a ver com aquela guerra.

No alto, no meio do céu escuro coberto pela lua vermelha pode se ver uma criatura com asas que ao entrar em movimento parecia um furacão, com as suas garras que se assemelham com lanças, com as suas escamas que nada podia atravessar, os seus dentes que pareciam mais espadas afiadas e com o seu tamanho intimidador estava soltando um fogo que parecia que nunca tinha fim... Aquilo era o dragão maior e mais poderoso já registrado na história! Estavam a todo custo tentando derrubar a criatura, porém parecia que nada tinha efeito na criatura que não parava os seus ataques.

Nas costas do dragão, coberto com um capuz que se balançava devido ao vento estava um ser que estava esperando o momento certo para começar a agir mais do que já estava agindo. Como estava atacando o lado de dentro da cidade — mais ao centro — estava esperando apenas que o rei daquele reino abrisse o portão da frente, o portão não podia ser destruído, pois estava protegido por uma magia que apenas o rei tinha, apenas uma pessoa tinha poder o suficiente para derrubar o portão com ataque forte, mas ele queria brincar com as pessoas e principalmente com o rei por isso não estava indo pelo caminho fácil e para deixar tudo mais divertido acreditou que o único jeito era fazer o próprio rei deixar os seus súditos morrerem abrindo o portão. Como todos na cidade tentavam a todo custo tentando sair, o desespero já podia ser considerado mais do que grande!

Mesmo metade da tropa inimiga nas muralhas, uma parte considerável de soldados estava do lado de fora também. O rei ainda não saiu do seu castelo e o motivo para o dragão não atacar era que dentro daquele lugar havia algo muito importante e como a pessoa era alguém paciente não teve pressa para esperar o rei abrir o portão principal para que o resto das suas tropas saíssem e os civis tentassem a sorte e fugir vivo. Sabia que se o rei abrisse o portão não era porque queria ajudar os seus civis a fugir, mas sim para mandar o resto dos seus soldados para a batalha.

Ao ver um ponto de luz subindo ao céu, rapidamente parou de atear fogo e ordenou para que o dragão fosse para aquela direção. A criatura foi para aquela direção e ao passar pelo lugar onde o sinal havia sido mandado, a pessoa nas costas da criatura pulou e ao chegar no chão rapidamente estendeu as mãos e uma espada surgiu. Ele olhou para a cidade em chamas e deu um pequeno sorriso no canto dos lábios, no meio da floresta começou a sair todos os categorias de seres que ao ver quem estava mais a frente souberam que aquele era o momento mais aguardado da noite.

Um vento surgiu e nesse momento ele tirou o capuz que escondia o seu rosto e levantou a sua espada que estava nas suas mãos. Aquele era o sinal que todos aqueles que saíram da floresta estavam esperando, todos correram na direção da cidade e os soldados que estarão para fora da muralha que os protegia mais do que nunca estavam com medo!

— Izek — disse para uma garota de cabelos vermelhos

— Então... você veio! — disse o garoto — Você não sabe o quanto estou agradecido

A garota deu um pequeno riso e olhou para a batalha que estava ficando mais intensa a cada momento, mais duas garotas apareceram por trás e olharam a situação. Não era como se tudo aquilo fosse repentino, mas o ódio e o desprezo por todos que estavam dentro daquela cidade não saia dos seus corações e estava apenas começando.

— Se você deixar eu posso destruir esse lugar sozinha — disse a garota de cabelos vermelhos

— É tentador, mas vamos fazer isso juntos — disse Izek — não destrua tudo sem mim

Os gigantes de pedra que já estavam lutando desde o começo da invasão começaram a se juntar em um, as pedras juntaram-se formando um gigante de pedra ainda maior do que o normal.

— Certo — disse o garoto correndo na direção do gigante

As garotas seguiram o rapaz e quando alguém entravam em seu caminho eram cortados ao meio, Izek estava chegando no gigante quando uma luz vermelha atravessou o céu e colocou-se na frente de Izek, um ser com asas negras pegou a sua espada e sem exitar foi para cima de Izek que rapidamente se defendeu.

— SISTINE!! — gritou o rapaz

— Sim — disse a garota passando por Izek com suas companheiras

A garota parou de correr e estendeu as mãos, as outras duas garotas que estavam ao lado de Sistine não pararam de correr e com isso a garota teve certeza que não podia errar. "Estavi" disse a garota, um brilho em volta da garota surgiu e logo em seguida um círculo mágico de cor branca fazendo sair do chão logo abaixo do gigante várias estacas que pareciam vidro, porém, muito mais resistente. As estacas perfuraram o gigante deixando ele parado por alguns segundos, porém isso era mais que suficiente! Rapidamente Sistine fez outro feitiço fazendo várias pedras ficarem em forma de escada e logo em seguida gritou:

— MILIZE AGORA!!!

Milize ouvindo isso rapidamente estendeu as mãos sem parar de correr logo a sua frente surgiu uma luz e logo em seguida surgiu uma espada no chão. A garota ao passar pela espada a pegou e rapidamente foi na direção das pedras que estavam em formato de escada, ela andou em cima das pedras e ao chegar na última pedra que dava diretamente em cima do gigante, pulou e antes que pudesse chegar mais perto do gigante, chamas envolveram o seu corpo e a sua espada deixando o seu ataque ainda mais forte! Rapidamente a sua espada cortou o gigante ao meio, as pedras começaram a cair no chão e ao ver que um ataque estava vindo na sua direção ela rapidamente bloqueou com a sua espada e o jogou no chão.

Ela rapidamente olhou a sua companheira que havia parado de correr achando que deveria ajudar, porém, ao alcançar um olhar para a companheira passou a mensagem de que não precisava de ajuda.

— Estamos contando com você Íris! — disse Milize voltando a olhar para seu adversário — Vai logo!

Íris fez que sim com a cabeça e voltou a correr, estava certa que seus companheiros estavam colocando toda a confiança em cima dela por isso não podia decepcionar ninguém. O portão da cidade estava bem a frente e ela só precisava passar por ele e ir para o templo, havia várias coisas no seu caminho, mas ela não podia vacilar naquele momento e se perdesse a oportunidade tudo iria por água baixo!

Não demorou muito e o portão havia sido aberto e rapidamente vários soldados saíram correndo, indo na direção dos seus inimigos e nesse momento, Íris achou o momento certo de agir.

Era como estar num campo minado, ela não queria que mais ninguém morresse, mas aquilo era uma guerra que provavelmente não acabaria ali ou amanhã. Íris observava a sua frente várias lutas e várias espécies tentando se matar e isso era típico de uma guerra e por querer que aquilo acabasse mais rápido ativou a sua habilidade, tudo ficou tão lento e dava para se ver cada movimento de cada um mais lento... Ela não queria que aquele reino parasse de ser destruído ou coisa assim, mas ela queria que pelo menos aqueles que não fizeram nada saíssem vivos do lugar.

Sabia que isso que queria não seria possível e se fosse possível não iria chegar de um dia para o outro, mas acreditou que se ajudasse no objetivo daqueles que vieram até ali esse começo de guerra poderia parar. Ela estava certa que iria acabar com isso por isso olhou um caminho que era logicamente mais fácil de atravessar, decidiu que iria por ali. Com a sua habilidade ela podia ter certeza que não teria a possibilidade de errar por isso fechou os olhos para poder se concentrar em cada movimento de cada ser que estava a sua frente e ao abrir os olhos novamente estavam preparada para seguir, só por precaução pegou a sua espada e começou a correr o mais rápido que conseguia.

Izek vendo que tudo estava certo começou a prestar mais atenção na sua luta, estava um tanto preocupado com as suas parceiras, mas viu que essa preocupação não valia de nada, pois elas estavam se virando muito bem sem ele e por mais que queria as proteger, sabia que elas não eram nem um pouco fracas.

A espada de Izek estavam dando trabalho para seu adversário, Izek pulou para cima e usou um feitiço para deixar a sua espada coberta por eletricidade, o adversário vendo que o rapaz iria o acertar rapidamente desviou, mas Izek vendo isso rapidamente chegou perto do inimigo e com uma das suas mãos que estava livre deu um soco na barriga do homem que cuspiu sangue e sendo jogado para trás. Rapidamente Izek correu na direção do seu adversário mostrando que não estava ali para brincadeiras.

"Ele está mais forte que antes" pensou o inimigo vendo parecer que não teria chance, Izek estava a sua frente, mas em um piscar de olhos o rapaz sumiu e o homem ficou surpreso com o que acabou vendo, era como se estivesse ficado invisível, porém não era bem isso que havia acontecido. Izek estava tão rápido que o seu inimigo mal o podia ver, antes que pudesse pensar sentiu um corte nas suas costas e antes que pudesse olhar para trás sentiu mais um corte na sua perna e ali teve certeza que se Izek quisesse, ele já teria o matado, mas não era bem isso, o garoto estava brincando com ele. Sabia que a sua armadura não iria aguentar muito, precisava sair dali, mas ele se perguntava como, não podia ver Izek e os seus ataques…

Mesmo de armadura pode sentir a dor do soco de Izek, mas com essa habilidade que ele estava usando tudo ficava mais difícil. Acreditou que nessa luta, mais uma vez, ele seria o vencedor, mas não parecia que iria ir por esse caminho ele podia sentir que o garoto estava com tanta raiva que ele nem ligava de ser o vilão ali e nem matar inocentes... "Mestre... O que você nós fizemos..." Pensou ele, antes de sentir vários golpes consecutivas vindo de todos os lados e a todo segundo sem parar por um momento.

O homem foi jogado com força no chão e a sua espada saiu voando das suas mãos, dores no corpo era o que ganhara em pouco tempo de luta. Sangue saiu da sua boca e ao olhar para trás viu Izek vindo na sua direção com os olhos completamente diferente dos olhos que via sempre... Os olhos estavam selvagens e sedento por vingança e ódio, a sua expressão já não era de um garoto com esperança e alegria, e sim de um homem que queria apenas vingança e matança. Izek apertou o cabo da sua espada fazendo a lâmina brilhar e logo em seguida cortou o "nada".

Enquanto uma linha de cor branca ia na direção do inimigo, Izek sentia que poderia matar o adversário e sentir a melhor sensação do mundo, mas havia um motivo para não ir com tudo para cima do adversário.

O adversário por certo segundos viu que o seu fim estava próximo e antes que pudesse perceber, a linha rapidamente passou por seu pescoço sem ele ao menos sentir. O chão estava todo cheio de rachaduras e ficou ainda mais com a explosão que teve. Poeira estava por todo o lado e quando Izek se virou para ir, ele ouviu alguém dar uma pequena risada.

— Você é patético, achei que tinha mudado, mas ainda é um garoto idiota! Mesmo forte não conseguiu me matar

— E quem disse que eu queria te matar? — disse Izek — Eu só bloqueei sua habilidade de cura, suas asas são um pé no saco

— Mas por-

Antes que ele pudesse terminar a frase ele sentiu uma espada atravessar o seu peito fazendo o homem ficar completamente surpreso e confuso com aquilo, ele olhou para trás tremendo e assim pode ver o olhar assassino de Sistine que por um momento o fez ficar completamente com medo, nunca havia sentido medo ou dor antes e agora que estava a sentir as duas coisas ao mesmo tempos, não estava gostando.

Ainda com a sua espada cravada no peito do inimigo, Sistine chegou perto de seu ouvido e sussurrou algo para ele, logo em seguida segurou mais forte o cabo da espada e deu um chute nas costas do homem que rolou no chão mais ensanguentado que antes. A espada era grande e conforme Sistine se aproximava do homem, a sua espada estava a ser arrastada, fazendo a ponta da espada cheia de sangue ficar suja. O homem não aceitando que iria morrer pelas mãos de Sistine se levantou mesmo todo acabado e tentou dar um soco na garota que segurou com uma das mãos socou o adversário, ela ativou a sua habilidade de força e apertou a mão do adversário fazendo ele ouvir os estalos dos seus ossos enquanto estavam quebrando.

A garota deu um sorriso que fez o homem estremecer, segurou o pescoço do homem e puxou o seu braço o arrancando do seu corpo fazendo mais sangue cair no chão. Ela jogou o braço do homem para longe e segurou o outro braço, ela apertou o pulso do homem com uma das mãos e também o arrancou do corpo do homem que já estava desejando estar morto. "Éxplosion" disse a garota jogando o corpo do homem para longe. Antes que o homem percebesse partes do seu corpo foram jogados ao alto, uma pequena explosão que aconteceu apenas no seu corpo foi o seu fim e uma coisa que não esperava era que iria acabar morto por quem ele menos esperava.

— Está feito — disse Sistine — Izek...

Um tremor apareceu fazendo todos olharem para a cidade, uma explosão de mana fez uma grande onda de vento, fazendo a batalha parar por uns segundos.

Milize que estava lutando mais para frente do portão ao ver aquilo rapidamente soube que Íris havia conseguido, porém, ao abaixar a sua guarda sentiu um soco na sua barriga e logo em seguida um chute fazendo ela ser arremessada num gigante de pedra, o destruindo por ser jogada com força. Ela levantou-se do chão e ao ver que as pedras do gigante que estavam no chão começaram a brilhar ela começou a correr para sair do meio, porém as explosões começaram antes que ele saísse do meio. Ela fechou os olhos e tentou se proteger, porém, algo entrou rapidamente no meio das explosões e a pegou no colo a tirando do meio das explosões que não eram nada pequenas.

Ela abriu os olhos e viu que Izek o havia salvado, Izek parou de correr e ao ver que aconteceu mais uma explosão de mana ele usou o seu corpo para proteger Milize. Izek sabia ter que agir mais rápido e por esse motivo ele olhou em volta e viu Sistine se protegendo junto de uma Santa da floresta.

— Esse é o momento!!! — gritou Izek para Sistine

Sistine ouviu Izek e rapidamente começou a fazer o seu feitiço, a Santa que estava com ela, vendo que a garota precisava ser protegida começou a cantar, fazendo um escudo em volta do corpo da garota. Sistine precisava de muita concentração para fazer o feitiço por isso deixou tudo que era desnecessário de lado, tirou a sua atenção do som que tudo aquilo estava fazendo, deixou a sua mana correr por todo o seu corpo e deixou toda a preocupação de lado e quando se sentiu pronta ela levantou as mãos ao alto e nesse momento um círculo mágico apareceu no céu cobrindo toda a cidade e até a parte de fora da cidade.

— Encantus! — disse a garota fazendo o círculo mágico ficar ainda mais brilhante

Todos que estavam ali em volta estavam tentando se proteger de toda aquela mana que estava sendo liberado, a luz estava tão forte que alguns nem conseguiam olhar…

Sistine estava dando tudo de si.

...Anos antes...

Izek acabara de acordar, não queria sair da cama e não queria ir à escola. Passou cinco minutos e o garoto ainda se encontrava na cama olhando para o teto sem falar nada, a janela estava aberta deixando a luz do sol entrar e a cortina estava se balançando devido ao vento, olhou na direção da janela e deu um suspiro queria faltar a escola, porém não podia, pois era a semana de provas.

Faltavam alguns minutos para seu alarme tocar e a cada momento que passava sentia estar sufocado e sem nenhuma vontade, o seu colega de quarto com certeza já havia ido para a escola até porque ele gostara de chegar cedo, pois pensava que isso o fará ser um bom aluno, mas Izek só achará ele ‘nerd’ de mais! Ouviu o seu celular vibrar e pelo som não era seu alarme e sim uma mensagem, pegou o celular e viu ser uma mensagem do seu colega de quarto. Não queria o responder, pois, já sabia o que ele queria, mas para não deixar o seu colega de quarto um pouco bravo e receber um olhar de desaprovação o dia todo teve que responder.

...📱📩📲...

Izek, vc vai vir?

^^^estou a caminho^^^

^^^não se preocupe.^^^

...Não demorou muito e...

...logo seu colega respondeu....

Não sei se pode, mas você

devia faltar!

Ainda não sei se você está bem,

sei que já passou duas semanas,

mas... sei lá

^^^Tá tudo bem, eu já^^^

^^^estou bem! Hoje tem^^^

^^^prova não é?^^^

^^^Vou estar ali em um^^^

^^^instante 👍^^^

...📱📱...

Desligou o celular e deixou de lado, logo que fez isso o seu alarme tocou e ele já não podia mais dizer que não iria à escola, até porque havia dito que iria. Levantou da cama e foi para o banheiro tomar um banho, não estava gostando muito da escola esses últimos dias, mas para sua tristeza precisava ir, todos sempre diziam que falar com outras pessoas iria fazer bem, contudo Izek não sabia se todos da escola falavam com ele por pena ou se é por outra causa.

Ligou o chuveiro e deixou a água cair, começou a se lavar e não demorou muito para sair. Colocou o seu uniforme e começou a procurar a sua mochila, foi até a cozinha e viu que a sua mochila estava lá se preparou para sair, porém viu que estava a esquecer algo muito importante. Voltou ao quarto e começou a procurar um pequeno colar que para ele era muito especial, olhou em cima da sua mesa, vasculhou as gavetas e revirou a sua cama, porém não achou nada... Começou a pensar onde poderia estar e lembrou que tirara do pescoço na noite passada para tomar banho e assim lembrou que o objeto estava em cima da pia do banheiro.

Correu até lá e respirou aliviado que o colar estava em cima da pia, andou até lá para pegar, mas parou de andar quando o espelho do seu banheiro começou a brilhar o seu reflexo começou a embaçar e com isso seu coração começou a bater forte. Ele aproximou-se do espelho e com o seu dedo ele quis tocar no espelho, lentamente ele encostou no espelho e pensou que aquilo era completamente estranho e bizarro.

— Que negócio é esse? — indagou Izek

Antes que pudesse tirar o seu dedo do espelho, uma mão saiu do espelho e segurou o seu braço o puxando para dentro. Izek tentou se soltar, porém não estava conseguindo de jeito nenhum, começou a se desesperar, porém era tarde de mais! Izek fechou os olhos por alguns segundos, mas rapidamente abriu, pois tinha que pegar o colar, mesmo estando nessa situação pensou que se fosse morrer tinha que estar com o colar entretanto ao abrir o olho, o seu banheiro não podia mais ser visto.

Ele estava de frente a um grande espelho gigante, o lugar em que estava, parecia o fundo de um oceano. Do espelho saiu uma luz e da luz saiu uma mulher com um vestido branco, com as suas mãos a mulher segurou o rosto de Izek com delicadeza e então lentamente ela o puxou para dentro do espelho.

Izek rapidamente saiu do que parecia uma parede de cristal, ele saiu gritando, pois parecia haver sido jogado por alguém — o que não era totalmente mentira — o garoto só foi parar quando acertou alguém, os dois rolaram no chão e só pararam quando acertaram um cristal gigante.

— Qual é o seu problema? — Izek ouviu uma voz feminina — Minhas costas...

Izek rapidamente se levantou do chão e ao olhar para a pessoa que havia sido jogado viu uma garota loira com um uniforme escolar.

— Desculpa, não foi minha intenção — ele tentou explicar — eu tava no banheiro, mas depois algo aconteceu e eu vim...

— Demente! — disse ela

— D-desculpa mesmo — disse Izek — é que o espelho do meu banheiro meio que me pegou e...

— O que você disse?

— Desculpa? — indagou o garoto

— Não, depois disso

— .... o espelho do meu banheiro...

— Isso mesmo — disse ela — o espelho do meu quarto também meio que me pegou

Izek ficou chocado com isso, ambos haviam sido pegos por espelhos. Qual era a razão disso tudo? Pelo menos Izek pensou que ir à escola não era mais uma opção, pelo menos até descobrir onde estava e um jeito de voltar.

— Sabe onde estamos? — perguntou Izek

— Se eu soubesse eu não ficaria aqui todo esse tempo — disse a loira

— Entendo — Izek olhou em volta e viu que estará em um lugar cheio do que parecia ser cristais de todas as cores e de todo o tamanho, saindo do chão como estacas, nunca havia ouvido falar de um lugar assim — e se a gente apenas voltar por onde a gente veio? Talvez...

— Não vai funcionar, eu já tentei — disse a garota — se funcionasse eu não estaria aqui. Uma hora, um dia? Nem eu sei, aqui tá sempre desse jeito

— Entendo — disse Izek chutando um cristal pequeno — o que vamos fazer?

— Eu não faço a menor ideia — disse a garota sentando no chão e encostando as costas em uma parede de cristal — provavelmente vamos morrer aqui, então é só esperar

— Você parece que aceitou muito bem essa situação — disse Izek

— Acho que é porque eu não sei onde estou — disse a garota — quando nossos pais falarem com a polícia, vão vir procurar a gente

— Bem... você estava se arrumando para ir a escola?

— Fala sério — a garota revirou os olhos — só tem isso de pergunta?

"Ela é um pouco grossa" pensou o garoto.

— Ah... desculpa — ela suspirou — eu não queria ser rude com você

— Tá tranquilo, mas me diz — começou Izek — Qual o seu nome?

Ela não falaria o seu nome para qualquer um, mas como ela estava achando que provavelmente não acharia outra pessoa para conversar, achou melhor responder.

— Mikaela — começou ela — e o seu nome, qual é?

— Prazer, meu nome é Izek

Uma decisão entre nós

Não sabiam quanto tempo estavam naquele lugar, parecia que o tempo não estava passando e com o silêncio tudo ficava mais difícil. A garota de cabelos loiros, de olhos azuis queria poder falar com o garoto ao seu lado, mas infelizmente não estava conseguindo pensar no que dizer-lhe, o rosto de Izek parecia sem emoção e de alguma forma Mikaela parecia saber que o garoto estará de certa forma triste, pensou que talvez será pelo fato de que ele estará longe dos seus amigos e família. A garota sabia a sensação de estar longe dos seus familiares, estava com saudades dos seus pais e dos seus amigos, mesmo que, talvez, não tenha se passado nem um dia. Estava sentindo falta deles e provavelmente os seus pais estarão a esperando para eles poderem lhe dar uma bronca por não ter ido à escola e os seus amigos devem estar se perguntando onde ela estará.

Mikaela estava começando a pensar que talvez estivesse num sonho e que a qualquer momento iria acordar e estar no seu quarto. Ela estará contando com o seu alarme para poder acordar e caso ela não acordasse com o som do seu alarme, a sua mãe poderia ir até ela e a acordar, não teria erro. Sorriu com a possibilidade de poder acordar deste sonho, mas conforme os minutos iam passando, nada acontecia tudo ainda estava em silêncio e ela ainda se encontrava no lugar misterioso ao lado de um garoto que ela nunca tinha visto na sua vida com uma cara de quem estará deprimido a dias, ela até percebeu que o rapaz estará com um pouco de olheiras e o seu cabelo também estará um pouco bagunçado, talvez ele não tivesse dormindo o suficiente ou nem ter conseguido dormir a noite, sabia que não era seu problema, mas não pode deixar de notar tal coisa.

Como Mikaela estava olhando descaradamente para Izek, o garoto deu um suspiro e olhou pelo canto dos olhos para a garota e viu que não era apenas a sua impressão, ela realmente o estava analisando curiosamente. Não aguentando mais tal coisa o rapaz deu um suspiro e então disse, quebrando o silêncio que estava entre os dois já fazia um tempo:

— Qual o problema?

Percebendo agora que estava olhando-lhe mais do que deveria, Mikaela rapidamente desviou o olhar e engoliu o seco, como pode deixar ele saber que estava olhando tão facilmente? De certa forma havia ficado constrangida com isso.

— Não tem problema nenhum

— Então por que não para de olhar pra mim?

— Eu... não estou olhando — ela deu um riso forçado — é apenas impressão sua, eu... eu estava olhando para aqueles cristais ali!

Mikaela apontou para uns cristais coloridos, Izek sabendo que ela estava mentindo pensou que talvez ela estará apenas dizendo para não falar com ela. Já fazia um tempo que não estava socializando e talvez tivesse perdido a manhã de criar um bom clima para alguém ao seu redor ficar confortável, sabia que a sua expressão estará a dar medo em qualquer um e para quem o olhasse era como ver um bandido ou coisa parecida, mas realmente não estava nos seus melhores momentos para poder fazer novas amizades, no seu interior não estava preparado para voltar a ser o seu antigo eu e por mais que se esforçasse não estava conseguindo. Nem sabia se iria voltar, mas se um dia chegasse a voltar não sabia se iria ficar triste ou feliz por conseguir seguir.

Izek não disse mais nada e o clima tenso voltou ao meio dos dois, Mikaela não estava mais aguentando tal coisa e pensava a todo o momento em falar algo. Pensou em todos os momentos que teve que fazer novos amigos, era fácil conversar com todo o tipo de pessoa, mas em relação a Izek será um tanto diferente para ela, ela olhava para ele via a sua expressão facial e não sabia o que dizer, era como olhar para alguém e ver que ele estará perdido. Tinha que dizer algo para poder ao menos ter com quem conversar, o que a sua amiga iria dizer num momento como esse? Talvez o elogiar ou coisa parecida, poderia funcionar ou talvez dizer algo que o fizesse rir. Ela engoliu o seco e estava preparada para dizer algo para quebrar novamente o silêncio, mas Izek havia sido mais rápido.

— Por que tá se esforçando pra fala comigo?

— O que?

— É que parece que você tá se esforçando a fala comigo — ele olhou para ela — não que eu tivesse reclamando nem nada, mas se não quiser, não precisa

Mikaela ficou um tanto impressionada com o que Izek havia dito para ela e de certa forma sabia que ele estará certo, ela realmente estava se esforçando para falar com ele, por um momento esforçou-se para saber se realmente queria falar com o rapaz, mas decidiu deixar isso de lado iria decidir depois se realmente estava querendo falar com ele, após ver se o rapaz será alguém que não iria fazer mal a ela.

— Acho que entendeu errado — disse ela — eu... eu estava querendo... é... querendo perguntar se você... está confortável!

— Hum você é estranha — Izek deu um pequeno riso

— Por que?

— Eu disse que não precisa se esforçar pra fala comigo, sei que não tô com uma cara das mais amigáveis e bonitas

— Eu nem tinha reparado nisso...

Izek sabia que não era verdade e que provavelmente Mikaela já havia percebido as suas olheiras ou que não dormia bem, o garoto acreditou que ela não estava querendo ser inconveniente por isso mentiu, falando que não tinha reparado na sua cara de acabado.

— Sério que não reparou nas minhas olheiras?

— S-sim

— Obrigado então — disse ele voltando a olhar para o cristal a sua frente — veja pelo lado bom, pelo menos estamos passando o tempo conversando

— Acho que sim, quanto tempo acha que estamos aqui?

— Não sei ao certo — Izek se ajeitou em seu lugar — eu nem sei que horas são, nada aqui muda

— Acha que alguém está procurando a gente?

— Sinceramente não sei

— Acha que a gente vai sair daqui?

— Também não sei

— Acha que estão procurando a gente?

— Não sei e você já fez essa pergunta

— Você só sabe falar "não sei"?

— As vezes eu falo "talvez" também

Mikaela suspirou e pensou no que poderia fazer, não poderia ficar ali para sempre, provavelmente logo sentiria fome ou iria começar a ficar com sede. Ela teria coragem de ir para algum lado e torcer para achar uma saída? Estava com medo de toda aquela situação e ela também não sabia dizer se Izek estará quase entrando em pânico igual a ela.

— Você não está nem um pouco preocupado de não sair daqui?

— Advinha minha resposta?

— Temos que fazer alguma coisa Izek

— Falou meu nome pela primeira vez...

— E isso importa?

— Talvez

— Eu não sei se você sabe — Mikaela levantou do chão — somos humanos e sentimos fome e sede, morremos se...

— Eu entendi o que você quer fazer Mikaela — Izek olhou para ela — mas qual a probabilidade da gente sair daqui? Nem sabemos onde estamos, vamos morrer de qualquer jeito

— Não vai nem ao menos tentar?

— Eu sou realista

— Olha eu não vou conseguir sozinha, eu preciso de ajuda e você está aqui comigo então eu pensei que...

— Vamos supor que andamos pra um lado aleatório — interrompeu Izek — é como fazer uma aposta, qual a chance da sorte estar do nosso lado?

— Vamos ter mais sorte se pelo menos tentarmos — ela cruzou os braços — vamos volta pra casa, você não quer isso também?

Izek ia dizer que não iria ter ninguém o esperando em casa, talvez o seu colega de quarto, mas tirando isso não haveria ninguém. Pensou no que iria o motivar a voltar para casa e a única coisa que veio a sua mente foi o colar em cima da pia do banheiro, a única coisa que se arrependia era não ter segurado o objetivo com toda a sua força. Como Mikaela havia dito, Izek realmente queria voltar, mas como o tempo estava passando pensou que não teria como voltar e de certa forma havia desistido facilmente.

— Sei que deve tá muito abalado, mas vamos ao menos tentar — Mikaela estendeu a sua mão para o garoto ainda sentado ao chão — vamos conseguir sair daqui, vamos ter esperança, você não disse que queria voltar também?

"Esperança… " pensou Izek olhando para a mão estendida a sua frente, Mikaela estava completamente diferente de antes, antes a garota estava quieta e não parecia nem um pouco confiante e agora estava tentando o animar, dizendo que conseguiriam sair dali. Para Izek a garota realmente será muito estranha.

— Sabe Mikaela — Izek segurou a mão da garota — você realmente é uma pessoa estranha

— Não me chame de estranha — disse a garota ajudando Izek a se levantar do chão — agora que vamos bater muita perna, vamos nos ajudar até voltar para casa — ela sorriu

Já fazia algum tempo que Izek não recebia tal olhar, o olhar que a loira estava a dar a ele será tão diferente que nem ele estava conseguindo explicar para si mesmo o que estava sentindo. Ele iria ajudar a garota a voltar para casa, talvez não fosse tão mau apenas seguir o curso do que quer que estivesse a acontecer naquele momento.

Escolhendo um lado para seguir, Izek e Mikaela começaram a andar torcendo para conseguirem achar uma saída. E conforme andavam ambos iam descobrindo que o lugar cheio de cristais, apesar de ser bizarro, terá a sua beleza, Mikaela nunca havia visto nada parecido e estava encantada com tudo aquilo. Quando chegasse em casa iria contar para seus amigos o que havia visto ali, obviamente não iriam acreditar em uma só palavras que iria dizer, mas pelo menos iria contar-lhes.

Mikaela se perguntava o que todos que conhecia estavam fazendo ou do que estavam falando, ainda estava fresco na sua mente o dia que fez vários amigos, no começo não queria ter que mudar de cidade, mas após conhecer a todos tudo ficou mais fácil para ela. Como poderia dizer para si mesmo que a coisa mais legal que fez foi mudar de cidade? Nem ela estava acreditando que realmente estava feliz por mudar de cidade e com todo esse pensamento só aumentava a sua vontade de voltar para todos aqueles que amava, poderia dizer que a sua vida será perfeitamente feliz e ela tinha certeza que quando notassem a sua ausência todos eles iriam à procura, como não tinha certeza se estava ali a mais de um dia será difícil dizer se já estavam preocupados com ela, mas mesmo que já estivessem a procurando não iria apenas ficar sentada, iria fazer de tudo para voltar para sua vida perfeita com amigos verdadeiros, seus pais amorosos, sua popularidade na escola e as suas boas notas em tudo que é prova.

Izek que estava andando ao lado da garota estava curioso com o lugar em que estavam, nunca tinha visto nada daquilo e tudo será muito novo para ele e não sabia dizer se estava entrando em desespero por estar ali no meio de todos aqueles cristais perdido ou se estava maravilhado com todo aquele mar de cristais coloridos. Cada vez que passava por um paredão de cristais e via o seu reflexo pensava que a sua cara ainda terá a expressão de culpado por isso mal conseguia olhar para ele, para falar a verdade não conseguia ver o seu reflexo em nenhum espelho e quando se observava no espelho era sempre a mesma expressão e ele não aguentava ver o seu próprio rosto. A cada momento que olhava para baixo era uma tentativa para fazer de conta que o seu reflexo não existia e como estava fazendo isso repetidas vezes, Mikaela estava percebendo isso, ela olhava-lhe e via que o rapaz olhava para baixo como se não quisesse olhar para algo e isso estava a incomodando de certa forma.

— Qual o seu problema? — perguntou ela

— Do que tá falando?

— Por que tá olhando pra baixo?

— Eu... — Izek pensou em dizer o motivo de fazer isso, mas não teve confiança para dizer nada, pois não conhecia direito a loira e pensando que ela também iria agir como todos os outros que sabiam o que se passava com ele, achou melhor não falar o que estava acontecendo ou o que tinha acontecido — eu não tenho uma boa autoestima

Mikaela pensou que poderia ser mentira, mas por qual motivo ele iria mentir para ela? Mesmo que ele não a conhecesse direito, ela achou que passara a mensagem de que ele poderia confiar nela.

— Não fique nervoso com seu reflexo — disse ela — eu acho você... atraente

— Isso era pra ser um elogio?

— Por que tá duvidando da minha resposta? — ela parou de andar e olhou para ele — Eu tenho um bom gosto para garotos e...

— Se você está dizendo — Izek deu um pequeno riso — então obrigado, de novo

— Você agradece tão facilmente...

— E o que eu deveria falar?

— Eu... não sei...

— Mikaela mais uma vez sendo estranha — ele deu mais um pequeno riso — vamos continuar, temos muito o que andar

Izek continuou andando e Mikaela apenas o acompanhou com os olhos enquanto ele passava por ela, a garota sentia que o rapaz será muito misterioso e que ele ainda não havia dito nada da sua vida para ela e pensando mais um pouco nem ela havia tentado se aproximar de Izek.

Querendo subir os seus status de conhecidos para amigos, Mikaela decidiu que iria descobrir mais coisas sobre Izek e começaria logo. Não sabia se iriam continuar se vendo depois que cada um voltassem para suas vidas por isso achou melhor se apressar, ela correu até Izek e andando ao seu lado disse como se não quisesse nada:

— Tem irmãos?

— Por que essa pergunta tão de repente?

— É que eu... bem... achei que... — não conseguia explicar o que estava querendo, mas estava tentando, Mikaela nunca foi boa em explicar coisas — foi só uma pergunta

— É tão difícil dizer que quer que a gente se torne mais próximo?

— Não é que eu não queira dizer, eu só... Como eu disse foi só uma pergunta — ela desviou seu olhar — vai responder ou não?

— Você é direta de mais — disse ele — de qualquer forma eu não tenho irmãos

— Então é filho único?

— Sim, por acaso você tem irmãos?

— Também não, eu queria, mas depois que nasci minha mãe tentou engravidar muitas vezes, mas não deu muito certo

— Isso é bom ou ruim?

— Eu não sei ao certo

— Compreendo

— Tem namorada?

— Eu... — Izek ficou quieto por alguns segundos, mas logo disse — não, e você? Eu acho que você é popular com os garotos ou estou enganado?

— Bem...

Izek não estava errado, Mikaela sempre esteve nos olhares dos garotos da sua escola, sempre desejada pelos meninos e também invejada pelas meninas. Bonita, inteligente e cheia de talentos, praticamente uma garota perfeita, mas Mikaela nunca ligou muito para isso, sempre achou estar muito nova para começar um romance com alguém e também porque ninguém lhe chamava a atenção, seria crueldade dizer que ela estaria escolhendo de mais, porém ela pensava de mais no seu futuro.

— Não tenho namorado — respondeu a garota — eu não me interessei por ninguém ainda

— Aposto que os meninos da sua escola iriam adorar ouvir o que você disse — Izek deu um pequeno riso

— Você por acaso gosta de dar risos? — perguntou ela — Você sempre fica dando risos quando acha algo engraçado

— Por acaso não posso?

— Não é isso... é que-

Antes que Mikaela pudesse terminar o que estava dizendo, Izek rapidamente segurou o seu braço, como havia sido rápido a garota não havia entendido o que havia acontecido. Ela sem se mexer olhou a situação e viu que por pouco não havia caído num barranco com muitos cristais no caminho, seria uma queda e tanto e se machucar no momento não seria o mais indicado, a respiração da garota estava pesado e só de imaginar que quase havia morrido, se caísse ali, era como perder a esperança de encontrar a sua família.

Izek a puxou para longe da beirada e ambos olharam com atenção a situação e ambos se perguntaram como iria descer aquilo.

— Obrigada — disse ela

— Disponha — disse ele soltando o braço da garota — agora temos que pensar em como descer isso aqui

Izek andou até a beirada e abaixou-se para ter melhor visão do barranco, queria ver se havia um jeito de descer sem terem que quebrar algumas partes do seu corpo, mas tudo o que conseguiu ver foi uma descida muito perigosa sem quase nenhum lugar para se apoiar e se tentassem a sorte provavelmente iriam morrer, pois, se pisassem de mau jeito em algo poderiam cair e iriam descer com tudo batendo nos cristais que estarão pelo caminho.

— Não sei como a gente pode desce por aqui — disse o garoto saindo de perto do barranco — se a gente for pela sorte é como se suicida

— Acha que podemos dar a volta?

— Eu não sei, mas acho que não temos outra opção

— Bom como não tem jeito, acho melhor tentarmos dar a volta — disse a garota — vamos por aqui

— Você é quem manda

Escolhendo um lado, ambos começaram a andar para tentar dar a volta e quanto mais andavam mais cansados os dois ficavam. Estavam começando a se cansar gradualmente, mas ambos não estavam dispostos a descansar agora, Mikaela por querer voltar para casa o mais rápido possível e Izek por não querer que a sua parceira perdesse tempo e de qualquer forma os dois não estavam querendo admitir estarem cansados e precisavam de um descanso de pelo menos alguns minutos.

Andando sem parar Izek e Mikaela chegaram no que parecia ser uma escada de cristais, com todo o cuidado, começaram a descer. Por um momento perguntaram-sem quem havia feito uma escada de cristais, mas quem quer que tivesse feito, havia feito um bom trabalho, pois estava sendo muito útil para descer. Após descerem ambos andaram mais um pouco e então viram que chegaram num desfiladeiro, "o quão grande é esse lugar?" se perguntou Izek no seu pensamento, estava certo que o lugar será enorme, mas não sabia ser tanto ao ponto de ter um desfiladeiro dentro. Por sorte um cristal gigante parecia ter caído e formado uma ponte que lavava de um lado para o outro, Mikaela se perguntou se estava seguro para poderem atravessar e por um momento pensou que poderia encontrar outro jeito de atravessar assim como fizeram com o barranco.

— Será que...

— Vamos atravessar — disse Izek

— O que?!

— Não tem outro jeito

— Mas...

— Vai ficar tudo bem — disse ele — o máximo que pode acontecer é a ponte cair com a gente em cima

— Por que falou isso com uma naturalidade?

— Não disse

— Acho que deve ter outra jeito, se a gente cair estamos ferrados Izek

— Eu sei — disse ele — mas vamos dar um voto de confiança nesta ponte um pouco duvidosa, vamos conseguir, não é você que deveria estar animando nossa dupla?

— Agora somos uma dupla?

— Você faz perguntas de mais — ele caminhou na direção da ponte — parece seguro o suficiente pra atravessar, vamos atravessar um de cada vez pra termos mais sorte, eu vou primeiro se eu cair você já sabe o que deve fazer

— Para de fala que vai cair!

— Nem pra rir da minha piada

— Você tá o tempo todo sério, não sei quando tá fazendo piadas!

— Ela geralmente dava risada — Izek disse

— Quem?

— Esquece, eu já vou atravessar

— Tome cuidado

— Eu vou

Izek subiu em cima do cristal e com cuidado começou a dar seus primeiros passos para chegar até o outro lado, como o cristal será grande não parecia que ia cair e não parecia tão perigoso. Mikaela estava ao ponto de se descabelar, não estava querendo que Izek caisse ou se machucasse e a cada passo que o garoto dava o coração da garota chegava a mil, sua preocupação estava bem alta. Como o rapaz teria que dar vários passos respirou fundo e então começou a dar um passo de cada vez, como será um espaço bem grande a ser percorrido Izek estava sentindo como se estivesse num desafio e ao invés de estar nervoso e com medo, Izek estava gostando de estar fazendo algo considerado perigoso, deu até um leve sorriso enquanto seus passos o faziam ir mais para frente.

Estava gostando daquilo e ao chegar ao meio do cristal olhou para trás e viu que havia dado muitos passos até chegar onde estava, viu Mikaela e ela ainda parecia preocupada, vendo estar seguro para travessar, ele olhou para frente e continuou andando, com calma e olhando minuciosamente para onde colocava o seu pé, estava quase terminando de travessa e Izek estava ansioso e a cada novo passo tudo ficava mais... divertido. Sim, ele estava se divertindo com isso, nunca imaginou que iria se divertir com algo tão perigoso quanto isso.

Quando chegou ao outro lado Izek deu um suspiro e olhou na direção que Mikaela estará, por segundos ambos trocaram olhares e mesmo sem dizer nada Izek entendeu que Mikaela estava aliviada por ele conseguir.

— AGORA É A SUA VEZ!! — gritou o rapaz para a garota — VOCÊ CONSEGUE, UM PASSO DE CADA VEZ!!

Mikaela que estava muito nervosa estava na dúvida se iria conseguir, ficava a todo o momento tentando se convencer de que se Izek conseguia ela também iria conseguir, ela andou de um lado para o outro e respirou fundo, se quisesse voltar para casa teria que fazer isso. Ela subiu em cima do cristal e então começou a andar na direção de Izek, o rapaz sempre estava dizendo coisas como "não olhe para baixo", "você consegue", "não vai acontecer nada" era como ouvir sussurros levados pelo vento, Mikaela não podia mentir para si mesmo, estava com medo que algo pudesse dar errado e com a sua respiração muito pesada tudo ficava mais difícil.

Conforme a garota andava mais para frente, mais aliviado Izek ficava, estava confiante que a garota iria conseguir, achou até estranho que estava torcendo por alguém novamente depois de alguns dias odiando Deus, o mundo e a si mesmo. Tudo parecia estar indo muito bem e nada parecia que iria dar errado, mas os cristais que estarão por todos os lados começaram a brilhar, Mikaela que estava ao meio do cristal parou de andar e o medo a tomou por completo, se perguntou o que estava acontecendo e não conseguia mais dar mais nenhum passo, o seu coração estava a mil e o suor começou a molhar a sua roupa. Izek vendo que a garota havia parado de andar começou a dizer que não estava acontecendo nada e que tudo acabaria bem e quanto mais o brilho dos cristais aumentava mais Izek pensava que Mikaela não poderia conseguir atravessar sozinha, sem pensar duas vezes o garoto subiu novamente em cima do cristal e então cuidadosamente foi até a garota paralisada, que estava sem sair do lugar, conforme chagava até ela o brilho dos cristais aumentava cada vez mais e quando Izek finalmente chegou até Mikaela os brilhos apagaram rapidamente.

— Mas o que diabos aconteceu? — indagou Mikaela

— Olha temos coisas mais importantes para nós preocupar — disse ele — beleza se apoia em mim e vamos continuar, tudo bem?

— Acho que sim

— Então vamo-

Mas antes que Izek pudesse terminar o que estava falando, um tremor fez tudo balançar e os cristais começaram a brilhar novamente, o cristal em que Mikaela e Izek estavam começou a balançar e ambos se desequilibraram, se segurando no cristal Izek e Mikaela começaram a torcer para que tudo isso não fosse nada, mas o tremor começou a aumentar cada vez mais. Cristais de todo o tamanho, começarem a chover do teto e alguns dos cristais gigantes que estavam no chão começaram a cair aos montes como se fossem prédios. Izek não estava conseguindo pensar direito e mesmo que tentasse se levantar para chegar ao outro lado o balanço da ponte de cristal não estava deixando, ele olhou para onde estava se segurando e então viu que o cristal estava rachando, arregalou os olhos e viu que não havia muito tempo para poderem sair dali, tinha que dar um jeito.

Mikaela que estava se segurando o máximo que podia estar com medo de que pudesse morrer ali e agora, não estava conseguindo abrir os olhos por isso não estava vendo que o cristal a baixo estava rachando. Izek que estava tentando se levantar para ir para o outro lado não estava conseguindo, ele olhou para todos os lados tentando achar uma saída, mas a única coisa que viu foi um grande cristal caindo, Izek pode ver o cristal caindo com tudo na ponta da ponte de cristal, e como já estava rachando não demorou muito para que a ponta do cristal quebrasse, rapidamente o garoto segurou Mikaela e logo em seguida a única coisa que conseguiu ver foi o cristal quebrando e os dois caindo no desfiladeiro. Mikaela gritou mais do que tudo, o seu medo estava duas vezes mais forte e ao se debater enquanto caia o seu coração acelerou mais ainda, apenas um milagre poderia os ajudar naquele momento.

Caindo com tudo no rio que passava ao meio do desfiladeiro, Izek e Mikaela se separaram e mesmo que tentassem se encontra havia outras prioridades, o rio estava forte e como os cristais que estavam caindo dentro fazia tudo ficar mais perigoso bater a cabeça era algo provável e ser esmagado pelos cristais que caíam também. Mikaela que bateu as costas com tudo numa pedra gritou de dor, mas a água havia abafado o seu grito, mesmo com dores ela segurou com toda a sua força na pedra e por fim colocou a sua cabeça para fora da água conseguindo respirar, ela olhou em volta e chamou pelo nome de Izek, mas ela não teve resposta.

Estava desesperada, achando que o pior havia acontecido com o rapaz, estava tendo em aperto no coração, mas ao ver Izek saindo do meio da água ficou mais aliviada. Izek que também havia segurado numa pedra para poder parar de ir para um lugar aleatório levado pela água, rapidamente viu Mikaela do outro lado.

— Você tá bem? — perguntou ele

— Sim — respondeu ela — você está bem?

— Sim, eu vou ir até você tá bem?

— Mas a água tá muito forte

— Sem pressa, fica tranquila

— Izek, NÃO!

Sabia que o que estava prestes a fazer era suicídio, mas tinha que tentar, ele respirou fundo e começou a tentar nadar até Mikaela, estava usando toda a força que tinha para ir até à garota, mas num descuido um cristal levado pela água apareceu e antes que ele pudesse dizer algo o cristal o levou para baixo da água e o garoto bateu a cabeça numa pedra. Tudo ficou preto, não viu mais nada e nem ouviu mais nada...

Algo novo jogadas ao vento

Uma coisa que Izek não estava conseguindo saber era o motivo de estar tão frio. Tentou abrir os olhos, mas a claridade o incomodou e ele teve que fechar os olhos e usar até a mão para tampar sua visão, não sabia se será a claridade do sol ou de outra coisa. Suas memórias estavam muito bagunçadas e não sabia direito como havia parado ali ou o que aconteceu antes, forçou a memória a lembrar e em sua mente veio imagens de cristais coloridos e coisas confusas de quando estava em seu apartamento no segundo andar, quarto número 10.

Tentou dizer algo, mas as palavras não saiam, sabia que havia algo a mais que precisava se recordar, mas não sabia o que. Mais uma vez tentou abrir os olhos, mas dessa vez estava fazendo isso mais lentamente para não machucar os olhos. Sua visão estará muito embaçada e ele não estava conseguindo ver direito onde estava, tentou se levantar, porém suas pernas e braços estavam muito fracos para obedecerem seus comandos, em sua boca estava sentindo um gosto amargo que ele não estava entendendo de onde havia vindo e mais do que isso estava respirando pela boca ao invés do nariz e isso estava fazendo sua garganta doer de tanto que estava seco. Tentando se levantar mais uma vez e nesse momento Izek se lembrou de algo importante, lembrou de um nome que antes tentou falar, mas não havia conseguido. "Mikaela..." esse era o nome que estava tentando lembrar e agora tudo estava fazendo sentido em sua mente, estava no lugar cheio de cristais e com a ajuda da garota estava tentando sair de lá para tentar voltar para casa, sua visão já havia melhorado e por isso colocou toda a sua força restante nos seus braços e pernas com isso conseguiu se levantar do chão.

Levantou meio zonzo e quase caiu ao tentar dar passos para frente e teve que se equilibrar para não cair novamente, era como estar bêbado e Izek não estava gostando da sensação, estava se sentindo fraco e inútil. Olhou em volta e viu que estará a beira de um rio de pé em cima de uma areia brilhante devido ao sol, com árvores para todos os lado, aquilo com certeza será uma floresta e Izek não sabia se ficava feliz ou triste, pois saindo de um lugar estranho foi para outro lugar estranho. Deu um suspiro e pensou que Mikaela poderia não ter conseguido sair e por isso começou a ficar preocupado com ela, sentiu algo em sua cabeça e ao tocar levemente sentiu que algo como um tecido, estava amarrado ali e até doeu um pouco quando tocou.

Como não estava com tempo para prestar atenção em coisas inúteis pensou em procurar sua parceira, estava escolhendo um lado quando ouviu algo, algo como sendo a voz de uma garota. Ele olhou na direção da voz e viu uma garota loira um tanto encharcada sem uma das mangas da camisas, ela não parecia ter machucados graves e nem estava ao ponto de morrer e isso aliviou mais Izek, praticamente ela estava bem.

— Finalmente acordou — disse ela correndo na direção do rapaz

Izek começou a ir na direção da garota, Mikaela que estava feliz pelo garoto ter acordado não teve como conter sua alegria ao chegar mais perto de Izek, ela o surpreendeu com um forte abraço. Ele não estava entendendo muita coisa e ficou surpreso com o ato da garota, não sabia como reagir a situação e por isso pareceu que não havia gostado do abraço.

— C-calma — disse ele — eu tô bem vivo

— Desculpe — disse ela se afastando do rapaz — é que eu achei que você fosse morrer, sua cabeça estava sangrando um pouquinho então...

— Ah, foi você que fez essa amarração na minha cabeça?

— Tive que sacrificar uma das mangas do meu uniforme — ela deu um pequeno sorriso — que bom que acordou Izek

— De qualquer forma, sabe onde estamos?

— Sinceramente eu não sei, tive que te deixar sozinho por alguns minutinhos pra poder ver onde estávamos, mas não descobri muita coisa

— Fala sério — Izek suspirou — estamos ferrados. De novo

— O que vamos fazer?

Izek não sabia ao certo sobre o que fazer ou para onde ir, mas sabia que tinham que sair dali, como nenhum dos dois conhecia o lugar era difícil dizer se iriam sobreviver caso um animal perigoso aparecesse e os atacasse, esperar ali como um alimento em cima de uma mesa, não era bem a coisa certa a se fazer e de qualquer forma ambos precisavam fazer uma escolha de sobrevivência: se ficassem ali parados esperando que alguém aparecesse era suicídio e andar sem rumo também era suicídio, em todo caso as opções não eram favoráveis.

— Acho que não temos outra escolha a não ser procurar um lugar seguro

— Vamos entrar mais para o fundo da floresta? — Mikaela olhou para o meio das árvores, estava muito óbvio que ela estará assustada — E se...

— Se ficarmos aqui acho que a gente vira lanche de alguém

— Acho que você tem razão...

— É melhor a gente ir, o pior que pode acontecer é a gente encontrar alguma coisa perigosa!

— Isso era pra dar risada?

— Talvez

Não esperando a resposta de Mikaela, Izek já foi entrando em meio aos arbusto e logo atrás estará sua parceira um pouco encolhida por estar um pouco com medo do que poderia acontecer com os dois.

Conforme andavam mais para frente iam vendo que a floresta terá sua peculiaridades e que as diferenças serão bem óbvias. As vezes encontravam insetos do tamanho de um gato e os sons que ambos ouviam não eram as das mais bonitas, em certo momento Izek e Mikaela encontraram uma borboleta que era um tanto grande, Mikaela que adorava borboletas e achava elas lindas e fofas não estava tão empolgada para observar o animal, ela até havia corrido para atrás de Izek tentando se proteger caso ele o atacasse ou algo do tipo, estava se questionando se realmente gostava daquela criatura. Nunca havia visto um animal com aquele tamanho e por isso colocou em sua cabeça que as borboletas com o tamanho normal eram mais bonitinhas e fofas.

Izek que sempre via Mikaela se esconder em suas costas a cada momento que via algo enorme, ou melhor, um inseto enorme, ficava com uma leve vontade de dar risada da garota, mas logo essa vontade ia embora. Enquanto Mikaela estava atenta ao ver o que a deixava com medo, Izek se perguntava se realmente estava em seu mundo, pois nunca ouviu ou leu nada relacionado a insetos gigantes ou sons de animais que pareciam mais gritos de pessoas, estava tentando se manter forte para sua parceira se apoiar e não ficar com tanto medo, mas agora que estava fora daquele lugar cheio de cristais, também estava começando a ficar angustiado e não sabia por quanto tempo iria aguentar ficar no seu posto de pessoa que estava firme e forte.

Olhando para cada lado e analisando cada coisa que viam, Izek se enchia de perguntas. A luz do sol que tentava entrar no meio das grandes árvores iluminava o caminho e quando achavam pássaros eles logo iam embora apressados deixando apenas folhas dos galhos em que estavam, o ar também será muito diferente, Izek não sabia se Mikaela também sentia o mesmo, mas para ele o ar será muito limpo e dava gosto de respirar. Sensações estranhas entravam e saíam de seu corpo e ele não estava entendendo o motivo daquilo e desde que havia entrado na floresta estava com a sensação de que estava sendo observado por algo ou alguém, olhava para trás e não via nada e isso o deixava mais intrigado ainda.

A tarde estava chegando e Izek e Mikaela estavam cansados de andar e como antes nenhum dos dois estava disposto a dizer que estava cansado, nenhum dos dois estavam querendo atrasar um ao outro. "Onde estamos?" essa será a pergunta, que mesmo nenhum dos dois falando, estavam pensando, cada coisa nova que viam era como se fosse mais uma prova de que estavam muito longe de casa. Mikaela não estava querendo acreditar que estava longe de casa ou se aquele será o seu mundo, estava torcendo para que voltasse para casa logo, porém no fundo sabia que algo estava muito errado e aos poucos isso a estava deixando um pouco triste.

— O que é isso? — perguntou Mikaela pegando algo do chão

Izek parou de andar e olhou para trás, vendo sua parceira se abaixar para pegar algo.

— É uma folha — disse Izek

— Isso tá bem óbvio — a menina andou até o rapaz — tô perguntando o motivo dele estar com essa... com essa coisas... esse negócio que parece veia colorida...

— Bela explicação — disse Izek

— Eu tentei — Mikaela revirou os olhos — você que não entendeu

— Tem razão, eu não entendi

A folha que Mikaela havia achado no chão realmente estava sendo bem curioso de se ver. Uma folha mais grande que a palma da mão de um homem adulto e cheia do que pareciam veias coloridas que andavam por toda a folha, abriu uma curiosidade em Izek, nunca havia visto nada parecido. Ele olhou atentamente a folha nas mãos de Mikaela e não fazia ideia de espécie de árvore que a folha pertencia ou de onde ela poderia ter caído, pois as folhas das árvores que estarão em volta não pareciam nada iguais ao que Mikaela estará segurando.

— Não faço ideia de onde isso pode ter vindo, mas acho melhor continuarmos andando — disse Izek

— Se você está falando, então vamos

Mikaela soltou a folha e ambos continuaram andando, mas antes que pudessem se afastar mais da folha, algo estranho aconteceu. A folha começou a flutuar, se levantando lentamente do chão começou a soltar algo que dava a sensação de paz para Mikaela e Izek, rapidamente ambos olharam para trás e ao verem o que estava acontecendo arregalaram os olhos e ficaram surpresos.

— Mas o que tá acontecendo? — indagou Izek

A folha voou lentamente até parar na frente de Mikaela, mas antes que a garota pudesse pegar com as mãos, a folha rapidamente passou por ela e Izek com rapidez, deixando um brilho para trás. Encantada com o que estava vendo, Mikaela não pensou direito antes de começar a correr atrás da folha.

— Onde tá indo?! — disse Izek tentando parar a garota, mas sua tentativa havia sido falha — Fala sério!

O garoto começou a correr atrás de Mikaela que estará correndo atrás da folha e ambos não sabiam para onde estavam indo. A cada segundo Izek gritava para a garota que nem estava prestando atenção no que ele estava dizendo, era como estar hipnotizada com a sensação que a folha estava lhe dando, sensações de coragem, amor e carinho, será isso que ela estava sentindo e diferente dela, Izek não estava sentindo nada, no começo realmente havia sentido algo, mas naquele momento enquanto estava correndo a única coisa que estava sentindo era o cansaço.

Izek parou por uns segundos para tomar fôlego e logo continuou a correr, precisava fazer Mikaela parar, não fazia ideia do motivo dela estar tão interessada na folha. Estava certa de que nenhum dos dois havia visto uma folha voar antes, mas correr atrás de uma estava sendo suicídio, se perguntava o motivo da garota ainda não ter cansado de correr, pois ele estava quase desistindo de ir atrás da loira, achou que poderia ser pelo fato de não estar em forma, mas não era bem isso. Como havia andado por um bom tempo sem descansar, Izek achou estranho Mikaela ter toda a disposição para correr sem parar.

Izek colocou mais força nas pernas e acelerou os seus passos, precisava fazer sua parceira parar pelo menos por um instante. Tentou segurar o braço da garota, mas na primeira tentativa não havia conseguido e na segunda também não, porém a folha foi perdendo aos poucos a sua velocidade e seu brilho e não demorou muito para cair no chão, nesse momento Mikaela rapidamente recobrou a consciência e parou de correr e uma onda de cansaço a rodeou por completo. Nunca tinha sentido tanto cansaço em sua vida, estava muito ofegante e o seu suor pingava de seu rosto.

— Finalmente... — disse Izek também ofegante — você por acaso... era do clube de esportes da escola? O clube de corrida, pra ser mais... exato...

— Definitivamente... não

— Sendo assim... eu sugiro você pensar em ser atleta...

Izek olhou para a folha caída no chão e então foi até ela e a pegando do chão, não sabia o que havia acontecido ou como a folha havia flutuando, porém sabia que não tinha sido pelo vento.

— Acho melhor a gente-

Antes que Izek pudesse terminar sua fala, algo veio voando em sua direção, havia sido tão rápido que ele nem tinha sentido que a tal coisa havia passado de raspão do lado esquerdo de sua bochecha fazendo um pequeno corte. Mikaela havia ficado em choque e então rapidamente olhou para trás, Izek sentindo um líquido escorrendo da sua bochecha tocou o lugar e ao ver que o líquido tinha um tom vermelho rapidamente arregalou os olhos e se perguntou o que tinha acontecido, engoliu o seco e sentiu seu coração acelerar e então começou a suar frio.

Mikaela e Izek ouviram algo se mexendo na copa das árvores como se alguma coisa estivesse passando por ali, ainda olhando para cima das árvores Izek lentamente segurou com a ponta dos dedos a blusa de cor branca de Mikaela e calmamente ambos começaram a dar passos para trás como se fossem presas tentando fugir. Cada segundo estava sendo uma tortura, Mikaela estava com seu coração quase saindo pela boca e sua respiração estava pesada como se estivesse com muito medo, não sabia o que fazer ou para onde correr, de alguma forma sabia que mesmo correndo o máximo possível não iria conseguir fugir de quem quer que seja que estivesse em cima das árvores.

Izek estava pronto para correr quando suas costas bateram em algo que ele não sabia se olhava ou não, engoliu o seco e lentamente foi olhando para trás até olhar para um ser de braços cruzados com uma cara nada amigável. Com braço musculosos, um tanto alto e um rosto que particularmente achou monstruoso, o suor de Izek havia se intensificado e ele não sabia se corria ou aceitava sua morte.

O ser rapidamente pegou uma faca e com um reflexo rapido Izek rapidamente desviou do golpe caindo no chão em meio as folhas das árvores, Mikaela que rapidamente olhou para o ser se afastou dando passos para trás. A criatura foi na direção de Izek e então rapidamente usou seus pés para o chutar, o garoto rolou sem parar até bater em um tronco que estava no chão, o ser olhou para Mikaela e ela tentou correr, mas a criatura com sua mão lhe deu um soco e a garota caiu no chão. "Droga" pensou Izek tentando se levantar do chão, tinha que ajudar Mikaela, mas não estava conseguindo levantar pois as dores nas costas o impedia, mas vendo que provavelmente sua parceira pudesse morrer estava tentando a todo custo pelo menos se colocar de pé.

Com muito esforço Izek se colocou de pé, mas saindo do meio das árvores algo foi direto na direção de sua coxa. Uma flecha foi atirada na direção de sua coxa direita e isso fez o rapaz cair novamente no chão, Mikaela que tentava se arrastar para longe do homem a sua frente vendo Izek machucado começou a chorar, suas lágrimas saíram de seu rosto e cada gota que estava saindo foi misturado com o pouco de sangue que estava saindo de seu nariz e boca, a criatura humanoide andou na direção da garota sem dizer nada e com seu pé a chutou e logo em seguida pisou em cima de sua barriga a fazendo gritar de dor. Izek que ainda estava lutando contra a dor que a flecha havia feito em sua coxa, ver Mikaela naquela situação estava sendo uma tortura, não sabia o que fazer e estava se sentindo um verdadeiro inútil.

— Segura ela Dumo! — disse uma voz feminina

Izek olhou para onde estava vindo a voz e da copa das árvores uma garota desceu com cabelos negros e longos, olhos violetas, baixa estatura e uma cara de quem estava pouco se lixando para a garota que estava abaixo dos pés de Dumo e o rapaz com uma flecha na coxa colocado lá por ela mesma. Ela olhou para os dois e então viu o que estava procurando, estava perto do rapaz, ela andou até ele e pegou do chão a folha que antes Mikaela corria atrás.

— Para alguém inteligente que roubou está folha, você foi bem fácil de capturar — ela disse olhando para Izek — fácil até de mais, o que você queria com isso?

Izek não sabia o que dizer, a garota de cabelos negros o estava olhando fixamente enquanto esperava uma resposta e ela não parecia nada paciência. Izek tentando se acostumar a dor em sua coxa permaneceu calado e com o silêncio do garoto, a garota revirou os olhos de insatisfação.

— Não vai falar, não é? — ela cruzou os braços — Você é quem sabe, Dumo!

Ouvindo a garota dizer seu nome a criatura colocou mais força em sua perna e Mikaela começou a se debater no chão tentando fazer com que Dumo parasse, mas não estava tendo sucesso, estava com a sensação de que iria colocar tudo para fora, não apenas comida e sim até seus órgãos.

— Eu... — Izek tentou dizer algo, mas não estava conseguindo

— O que? — indagou a garota

Mesmo dizendo apenas uma palavra, foi o suficiente para Dumo parar e isso fez Izek, apesar de não muito, ficar aliviado e agora teria que falar alguma coisa ou a garota iria mais uma vez dizer para o homem pisar mais em Mikaela.

— Eu... não roubei isso — finalmente o garoto disse — nós achamos na floresta, tava caído no chão

— Fala sério — ela riu — acha mesmo que vou acreditar nisso? Você é tão estúpido que acha que eu sou idiota? Por que quer isto? FALA DE UMA VEZ!!

— Miri por favor... — uma segunda voz apareceu — não está seguindo o protocolo

Mais uma garota apareceu, descendo das árvores, seu rosto será de alguém muito gentil, sua pele será um pouco escura, seu cabelo cacheado, seus olhos também em uma cor violeta e ela parecia ter estatura mediana, ela parecia ser mais velha também. Izek viu que a moça a sua frente havia parado e ali ele soube que, talvez, ela pudesse ter respeito pela garota que havia surgido.

— Só estou tentando fazer o nosso culpado falar — disse ela — não é isso que uma Valkyrie faz?

— A gente ainda não é uma Valkyrie — disse a outra garota parando na frente de Miri — até virarmos uma Valkyrie, temos que seguir o protocolo e o protocolo diz que temos que levar esse dois para o vilarejo. Como quer ser uma valkyrie se não consegue seguir uma mísera regra? — ela cruzou os braços — Somos importantes Miri, tão importante que temos que nos acostumar a seguir regras, e principalmente os protocolos!

— Linya sua capacidade de seguir regras é impressionante — disse Miri — por acaso só sabe fazer isso?

— Eu sei fazer o que é importante! — ela olhou fixamente para Miri — Como quer fazer parte da quarta linha se não consegue nem seguir um protocolo direito?

— Eu só estou tentando fazer o meu trabalho

— Então faça direito!

— Que seja — Miri revirou os olhos — já que você quer ter mais trabalho, você cuida desses dois

Miri sem esperar a resposta de Linya, sumiu em um piscar de olhos, Linya deu um suspiro e se virou para Izek que estava ao ponto de desmaiar. Ela olhou rapidamente para a garota que ainda estava sendo pisoteada por Dumo e viu que além de Miri ter deixado ela sozinha, ela quase havia matado os suspeitos, sabia que sua superior não iria gostar nada de ver os suspeitos mortos. O rapaz estava quase fechando os olhos e a garota já havia desmaiada e provavelmente já fazia um tempo, a essa altura a única coisa que ela queria era que eles não morressem até o julgamento.

— Dumo tira os pés de cima da menina! — Linya suspirou — vai mata-la se fizer isso, se ela já não morreu, de qualquer forma pega esses dois e vamos voltar pro vilarejo

— Sim... — disse Dumo tirando os pés de cima de Mikaela

— Miri você me paga — disse Linya indo até Izek — não morre agora não, deixa pra morrer depois

Izek não aguentando mais já havia desmaiado, depois disso não soube mais o que aconteceu e a única coisa que se lembrava antes de apagar era que estava sentindo muita dor.

Linya ajudou Dumo a carregar os dois suspeitos e então foram para o seu vilarejo, ambos sem dizer nada e nem se olharem. Como o vilarejo não estava tão longe, não demorou muito para chegarem ao local, quando chegaram perto de duas árvores, Linya estalou os dedos e então algo que parecia uma barreira começou a desaparecer e a sua frente apareceu casas e mais casas, pessoas andando de um lado para o outro, conversas paralelas e crianças brincando correndo para tudo que é lugar. Dumo e Linya passaram pelas duas árvores e no momento que passaram a barreira se levantou novamente e escondeu que ali estava um vilarejo.

Quando todos viram que alguém havia passado pelo portão, todas as crianças curiosos correram na direção da garota fazendo perguntas e mais perguntas, tocando e batendo nas duas pessoas que estarão nos ombros de Dumo. Linya dizia as crianças que não era nada de mais e até fazia piadas de que os dois suspeitos eram apenas animais diferentes e isso só aumentava mais a curiosidade das crianças, as outras pessoas que paravam de andar para olhar cochichavam entre si dizendo que estavam trazendo prisioneiros e alguns até estavam empolgados, pois achavam que iriam ver uma execução no meio do vilarejo. Tirando as pessoas que não paravam de falar em execução, havia outros também que estavam dizendo que Linya estava a pouco de se tornar a Valkyrie mais forte daquele lugar e que a posição da quarta linha de defesa já era sua, Linya que ouvia isso sorria com todos aqueles comentários, pois sabia que todos eles estavam dando votos de confiança a ela.

Dumo e Linya viraram em uma rua e então passaram no que parecia ser uma arena de treinamento, olhando para o lugar a garota de olhos violeta viu várias meninas treinando. Lembrou de seu dias treinando e agradeceu por ter passado da primeira fase e agora só estava esperando para o dia da colheita que iria acontecer no ano que vem, não existia nada que ela estivesse esperando tanto quanto estava esperando por esse dia, antes ela não havia conseguido, mas agora ela estava muito confiante de que naquele ano seria a sua vez de brilhar.

Chegando em um lugar grande que eles chamavam de casa de reuniões que ficará mais ao fundo do vilarejo, Linya e Dumo entraram e a garota disse para a criatura esperar ali, pois iria relatar a situação para a sua superior. A garota subiu as escadas e entrou no lugar deixando para trás Dumo e seus dois suspeitos, ela sem parar de andar passou por alguns corredores até chegar a uma sala com uma mesa ao centro, lá estará várias pessoas conversando e pela suas caras algo muito importante estava sendo discutido ali naquele momento.

— Relatando situação — disse Linya já entrando na sala sem ao menos bater na porta, diferente do que Miri havia dito, a garota tinha seus modos para poder burlar um pouco as regras — vim o mais rápido que pude

— Já falei para bater na porta e se anunciar quando fosse entrar — disse uma mulher de cabelos presos em tranças de no máximo uns 30 a 35 anos de idade, pela sua cara a sua reunião não estava das mais agradáveis — o que você quer?

— Vim relatar que encontramos a folha e capturamos dois suspeitos que estavam com ela — disse a garota — provavelmente Miri já a colocou em seu devido lugar, então o que resta é apenas ver se os suspeitos vão dizer para qual motivo roubaram a folha

— Pela Deusa — disse a mulher — muito bem Linya

— Então encontraram todas as folhas? — disse uma senhora — Todas vão ser mais protegidas, certo?

— Sim — respondeu a mulher — assim como os frutos, todos vão ser mais protegidos

— Sra. Dina ouve pequenos incidentes e os suspeitos acabaram se machucando um pouco, por isso acho melhor tratar seus ferimentos ou eles vão morrer antes mesmo de terem aberto a boca para confessar seus crimes

Linya sabia que se contasse para sua superior que Miri havia quase matado os suspeitos, ela teria problemas e para proteger a amiga achou melhor dizer, caso fosse perguntado, que talvez os suspeitos atacaram sua amiga e ela foi obrigada a revidar. Mesmo Miri sendo um pouco chata e insuportável as vezes, ela será a amiga de infância de Linya e por isso não queria que ela entrasse em problemas.

— Tudo bem então — disse Dina — eu vou falar com a Doadora e vamos ver como vamos lidar com os prisioneiros, pode ir

— Sim senhora

A garota saiu para fora da sala e começou a ir na direção de onde havia deixado Dumo, estava pronta para acabar seus afazeres e ir para casa. Naquele dia nada mais poderia a tirar de seu bom humor, havia terminado suas tarefas mais cedo que o esperado e só queria ir para casa.

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