Ah o sol. Miranda sempre amou os dias ensolarados, para ela não tinha nada como sentir os raios de sol invadindo cada pedacinho do seu corpo.
Miranda estava sentada na cadeira de balanço que ficava na varanda de sua casa olhando o imenso verde à sua frente, sentindo a brisa suave que fazia balançar seus longos cabelos encaracolados, lembrando de todas as alegrias e tristezas que já vivera ali. Olhou no relógio e faltava quinze para as duas. Sem perceber caía uma lágrima de seus olhos, era um misto de tristeza e agradecimento por todo o tempo que havia passado ali...
Carlos: - Miranda, corre aqui!
Miranda: O que foi pai? Pra que essa gritaria?
Carlos: Anda menina, me ajude a mandar um e-mail, essa é minha última chance de convencer o seu Paulo a reconsiderar a sua decisão!
Miranda: Mas pai, esse assunto ainda? O senhor sabe que ele não vai mudar de ideia, é inútil, desiste, já está feito, teremos que sair daqui e pronto!
Carlos: Não! Eu não aceito isso, depois de anos trabalhando e morando aqui, como ele pode fazer isso com a gente? E todos os funcionários desse lugar? Vão pra onde? E a gente? Miranda eu não sei viver longe daqui.
Miranda entedia o sofrimento de seu pai pois ela mesma estava com o coração apertado de deixar o lugar onde ela havia crescido. Apesar de aceitar a decisão, também estava triste.
Ela morava com seu pai numa fazenda, ela cresceu rodeada de muito verde e muitos bichos, quando criança andava descalça, subia em árvore, tomava banho de cachoeira, pulava as cercas, andava a cavalo, aproveitava cada canto daquela fazenda. Foi uma infância muito feliz.
Estava agora com 24 anos, apesar da pouca idade se sentia muito madura, já havia passado por poucas e boas na vida, uma dessas coisas foi a morte precoce de sua mãe, 7 anos atrás ela havia falecido, teve um infarto fulminante, sua mãe trabalhava na casa dos donos da fazenda, era cozinheira, Miranda desde pequena observava o trabalho de sua mãe, a medida em que foi crescendo acabou aprendendo a cozinhar tão bem quanto sua mãe.
Miranda lembrava de sua mãe com muito amor, sempre muito prestativa e compreensiva, uma mulher guerreira, Miranda era apaixonada por ela, tinha verdadeira adoração, e quando ela faleceu seu mundo caiu, deixou de lado toda a alegria, e todos os seus sonhos e planos para o futuro, acabou se tornando fria e até um pouco rabugenta e respondona, tinha uma revolta dentro de si, mas aprendeu também a lidar com mudanças.
E agora como se não bastasse a morte de sua mãe, mais esse golpe da vida. A fazenda em que ela havia crescido havia sido vendida e todos os funcionários teriam que sair dali, e seu pai estava desesperado, mas não tinha mais o que fazer. Estava feito.
Miranda ajuda seu pai com o e-mail sabendo que seria inútil, e decide sair para seu lugar preferido, a cachoeira.
Ela caminha devagar pela fazenda admirando cada pedacinho daquele lugar não sabendo se é pela última vez, mas aproveitando cada lembrança.
Chegando na cachoeira que é um pouco afastada da sede da fazenda, ela senta na grama por um longo tempo admirando aquele lugar e então decide entrar como sempre gostou: nua. Ela sabia que nesse horário não teria ninguém por perto, ela já estava acostumada a fazer isso.
Miranda tira primeiro sua blusa e depois seu sutiã, depois vagarosamente tira seu short e sua calcinha, ela deixa a roupa na grama e entra na cachoeira sentindo a água invadir cada centímetro do seu corpo. A água estava muito gelada, porém ela amava essa sensação.
Por um instante achou que alguém estivesse a observando, mas talvez fosse só impressão. Ela relaxa e fica mais um pouco na água, mas logo essa sensação volta.
Miranda: Tem alguém aí? – Miranda grita alto e bom som, porém ninguém responde – Só posso estar maluca isso sim! Vou é sair daqui e voltar pra casa.
Miranda sai da água apressadamente, veste suas roupas com o corpo molhado e vai embora.
Carlos: Onde você estava menina? Recebi a resposta do meu e-mail e você tinha razão, não há nada a ser feito, teremos que sair daqui na semana que vem, a fazenda foi mesmo vendida e o novo dono irá dispensar todos os funcionários. Parece que ele quer mudar o ramo de atividade da fazenda.
Miranda: Estava na cachoeira pai, fui me despedir e pelo jeito foi a última vez mesmo né?! Pra onde a gente vai? Foi tudo tão rápido que nem deu tempo de arrumar nada ainda, o seu Paulo não podia ter feito isso com a gente, ele deveria ter avisado antes, não assim em cima da hora!
Carlos: Pois é minha filha, eu estou arrasado, vai doer muito sair daqui, mas agora é o fim mesmo! – fala quase chorando.
Miranda: Calma pai, a gente já enfrentou tanta coisa junto, que essa vamos tirar de letra também, e recomeços são sempre bons pai, não vamos sair de mãos abanando, com o acerto do tempo de trabalho podemos comprar uma casinha na cidade e quem sabe abrir um pequeno negócio? Já pensou?
Carlos: Eu estou velho minha filha, só queria morrer aqui onde vivi todos esses anos e fui tão feliz com sua mãe!
Miranda: Não fala isso pai, o senhor ainda tem muito o que viver, e levanta essa cabeça, bola pra frente que ainda temos muitas coisas boas pra compartilhar. Eu vou tomar um banho e logo volto para preparar nosso jantar.
Miranda sai de perto de seu pai e entra aos prantos no banheiro, apesar de demonstrar ser forte, por dentro ela estava muito angustiada, ela liga o chuveiro e fica parada olhando a água cair e só depois de muito tempo ela tira a roupa e entra.
Assim que ela terminou de tomar banho ela se enrola na toalha e vai para o quarto, lá ela escolhe um vestidinho simples, porém justo, que marcava cada centímetro do seu corpo, mas para ela era só um vestido comum.
Miranda volta ao banheiro e recolhe suas roupas que havia deixado no chão, porém ela não consegue achar uma peça de roupa: sua calcinha.
Miranda: Ué, cadê minha calcinha? Eu tenho certeza que eu a vesti quando saí da cachoeira! Não é possível isso.
Assim que Miranda sai do seu quarto, ela ouve seu pai conversando com alguém na sala, porém ela não reconhece a voz, então ela sai para ver de quem se tratava.
Ela entra na sala e com ela vai o seu cheiro de lavanda, um perfume fresco e suave que inunda a sala por completo, Miranda estava com os cabelos molhados e a cada balanço do seu corpo, seu perfume suave inundava o ambiente, assim que entrou na sala, seu pai a apresentou a visita.
Carlos: Miranda veja só que surpresa, esse é o seu Lorenzo, o novo dono da fazenda, venha dar oi minha filha!
Miranda só conseguia olhar para seus olhos, porém não conseguiu decifrar o que via, somente a intensidade deles, ela sentiu o olhar dele percorrer cada centímetro do seu corpo e o viu pousar na curva de seus quadris, e depois de um longo tempo é que novamente pousou seu olhar nos olhos dela. Ela não pode deixar de notar também um certo mistério.
A essa hora ela já estava completamente envergonhada, sabia que estava vermelha feito um pimentão.
Lorenzo: Como vai? – fala estendendo a mão para cumprimenta-la.
Miranda: B-Bem – Meu deus não acredito que gaguejei pensou ela.
Carlos: O que foi minha filha? Comeu espinho de peixe? Engasgou?
Miranda: Com licença, eu vou pra cozinha.
Carlos: Ótimo! Aproveita e faz mais comida, convidei o Sr. Lorenzo para jantar conosco.
Miranda: QUÊ?
Ela sai da sala, mas não antes de ver o sorriso de canto que Lorenzo dá.
Miranda: Meu deus o que foi isso? Por que ele me olhou daquele jeito? – falava baixinho toda trêmula, sem entender porque de tanto nervosismo.
Miranda só conseguia lembrar dos seus olhos praticamente devorando ela, pareciam famintos, olhos que eram capazes de faze-la se queimar por inteiro.
Lorenzo: Falando sozinha Miranda?
Miranda: QUÊ? – Ela se vira assustada e encara novamente aqueles olhos.
Lorenzo: Perguntei se você tem o costume de falar sozinha?
Miranda: Não! Eu só estava distraída. Posso ajudar em alguma coisa? Cadê meu pai?
Lorenzo: Seu pai foi no quarto buscar uns documentos que eu pedi. Na verdade, eu tenho um presente pra você! – fala com um sorriso bem malicioso.
Miranda: Pra mim? – ela pergunta totalmente confusa
Lorenzo: Reconhece? – ele levanta nas mãos um pequeno pedaço de pano azul.
Miranda paralisa e não acredita no que está vendo, vai ficando cada vez mais vermelha e ao mesmo tempo se enche de fúria, como ele teve coragem de olhar pra ela nua na cachoeira? Ela faz um movimento de puxar da mão dele, mas ele é mais rápido e não deixa.
Miranda: Me devolve! É minha ou por acaso o senhor também usa calcinha?
Lorenzo: Vou ignorar sua gracinha, acho que mudei de ideia, não vou te devolver, irei guardar de recordação. Aliás, devo admitir que você tem um corpo escultural, é linda. – Ele fala sorrindo e ao mesmo tempo se retirando da cozinha guardando a calcinha no bolso da calça.
Miranda fica sem reação nenhuma, só consegue pensar na vergonha de saber que a viu nua, e ainda por cima terá que preparar o jantar para ele.
Carlos: MIRANDA! Vem aqui minha filha e traz uma bebida para o sr. Lorenzo.
Miranda entra na sala com uma garrafa de whisky e dois copos. Em nenhum momento Lorenzo retira os olhos de Miranda, ele segue cada passo dela e se diverte com seu constrangimento.
Lorenzo: Obrigado – fala olhando fundo nos seus olhos, e pegando o copo das suas mãos trêmulas.
Miranda vai para cozinha sem dizer uma palavra. Ela lentamente começa a preparar o jantar ainda meio atordoada e o coração acelerado. O tempo vai passando e ela só consegue pensar na hora do jantar, ela sabe que está se aproximando esse momento e a vontade é de sair correndo.
Miranda: Pai o jantar está servido, podem se sentar à mesa.
Carlos: Maravilha minha filha, vamos Sr. Lorenzo.
Lorenzo: Claro, com muito prazer! – fala sem tirar os olhos de Miranda.
Todos se sentam a mesa e Lorenzo fica muito satisfeito com o que vê a mesa. Miranda tinha preparado arroz branco, salada de alface, pepino, cenoura, pupunha, tomate cereja, e peixe grelhado com sementes.
Carlos: Coma meu filho, a comida é simples, mas garanto que é muito gostosa!
Lorenzo: Não tenho dúvidas seu Carlos, parece mesmo ser uma delícia, está dando água na boca! – fala sem tirar os olhos de Miranda.
No jantar inteiro Lorenzo não deixa de olhar vez ou outra para Miranda, sempre do mesmo jeito, como se a devorasse.
Carlos e Lorenzo conversam sobre o funcionamento da fazenda durante o jantar e Carlos não deixa de expor seu desapontamento em ter que sair de lá, afinal administrava aquele lugar a anos, e muito bem por sinal. Lorenzo então promete que vai pensar em alguma forma de resolver e satisfazer ambas as partes, ele promete achar uma solução, o mais breve possível.
Lorenzo: Bom está tarde, eu já vou, agradeço o jantar, estava maravilhoso, e pode ter certeza que eu voltarei e trarei boas notícias, não se preocupem, acho que tenho a solução para ficarmos todos satisfeitos, só preciso dar uns telefonemas e o mais tardar em dois dias eu volto, tenham uma excelente noite.
Lorenzo se despede deles na varanda, se afasta com um sorriso no rosto, entra no carro e parte.
Carlos: Gostei dele minha filha, acho que não estamos perdidos, ele com certeza vai ajudar a gente, ah que felicidade minha filha, não vamos ter que sair daqui.
Miranda: Pois eu o odiei pai, odiei aquele olhar debochado, aquela arrogância, aquele nariz empinado! Ele me dá nojo! – Ela fala quase gritando e sai correndo para cozinha.
Carlos: Minha filha o que foi isso? Não estou entendendo sua reação, como você pode falar isso dele? Ele prometeu nos ajudar, já imaginou ninguém ter que sair daqui? Estamos salvos! Ele é um bom homem minha filha.
Miranda sabe que não adianta discutir com seu pai, ele está morrendo de amores por Lorenzo, o que a deixa muito irritada. Ela continua a arrumar a cozinha, e um pensamento vem à cabeça dela: o que será que ele vai fazer com minha calcinha?
Horas antes...
Lorenzo viajara 3 horas para conhecer sua nova aquisição, a fazenda Aconchego, ele tinha acabado de fechar negócio com um velho amigo de seu pai, ele sabia que fora um bom negócio, inclusive tinha planos de acabar com a produção atual da fazenda que era de algodão, e começar a investir em gado nelore, Lorenzo tinha muitos negócios envolvendo gado, com certeza esse seria mais um lucrativo, porém para isso teria que dispensar todos os funcionários e contratar pessoas especializadas, mas fazer o que, assim são os negócios.
Lorenzo chega na fazenda e vai conhecendo aos poucos cada canto daquele lugar, ele já havia visto fotos, mas não imaginava que era tão bonita como era pessoalmente.
Lorenzo decide estacionar o carro em um lugar mais afastado, desce e vai caminhando sentido uma paz que há tempos não sentia.
Ele anda sem rumo pela fazenda sentindo uma brisa gostosa, as cigarras cantando, mais a frente ele ouve um barulho de água, e decide segui-lo. Lorenzo dá de cara com uma cachoeira imensa, linda e convidativa, quando ele começa a ir em direção a ela, ele nota uma mulher no canto se despindo totalmente e entra na água.
Lorenzo: Porr@! O que significa isso? – fala baixinho sem tirar os olhos da mulher, completamente enfeitiçado por ela.
Lorenzo repara nas curvas do seu corpo, e na sua felicidade de estar naquelas águas, ele não sabe porquê, mas alguma coisa fazia com que ele não quisesse sair dali.
De repente ele a escuta gritando se havia alguém ali, e pensa que foi descoberto, porém ela volta a relaxar, mas não dura muito pois apressadamente ela sai da água e veste suas roupas, mas ele vê quando ela deixa uma peça de roupa para trás.
Lorenzo: Então essa sereia deixou sua calcinha aqui? – fala com um sorriso malicioso e com um olhar misterioso como se estivesse tramando algo.
Lorenzo era um homem de 38 anos, alto, cabelos pretos, rosto quadrado, maxilar largo, barba curta e olhar misterioso, era empresário, tinha diversos negócios espalhados pelo país, e sabia que fazia sucesso com as mulheres pois tinha um magnetismo muito forte, além de ser rico, por isso ele sabia que as mulheres faziam qualquer coisa para ter uma chance com ele. Lorenzo estava acostumado a ter qualquer mulher que quisesse, nunca parava com nenhuma. Gostava de variedades.
Depois que Lorenzo saiu da cachoeira ele encontrou um funcionário e perguntou onde ficava a casa do administrador, o rapaz indicou, ele agradeceu e continuou a caminhar.
Lorenzo foi muito bem recebido, era um senhor muito simpático de meia idade e bom de conversa, sua surpresa ficou por conta da mulher que repentinamente entrou na sala com um perfume suave e maravilhoso, com um corpo escultural e que parecia que dançava no ar com seus movimentos, rapidamente ele se recompõe e percebe que se tratava da sereia da cachoeira, instantaneamente percebe que seus planos teriam que mudar, ele não sabia o porquê, mas mudariam.
Dois dias depois, Carlos pensou que Lorenzo havia se esquecido de sua promessa, e a hora de sair dali estava chegando.
Ele estava sentado na mesa da cozinha tomando café da tarde com Miranda e a tristeza voltava em seu semblante.
Carlos: Poxa vida, eu achei que ele fosse um bom homem e fosse nos ajudar, mas pelo jeito eu me enganei.
Miranda: Eu disse pai, aquele homem é um nojento arrogante e nunca teve a intenção de nos ajudar, ele nos fez de palhaços, ele é um imbecil.
Lorenzo: Falando de mim princesa? – fala surpreendendo a todos, chegando de mansinho pela porta dos fundos.
Carlos: Perdoe minha filha seu Lorenzo, ela as vezes não sabe o que fala, entre, aceita um café? – fala olhando para Miranda que a essa altura já está morta de vergonha e raiva.
Lorenzo: Não obrigado, na verdade eu tenho um assunto muito sério para tratar com o senhor em particular sobre o que eu havia prometido, e quero saber se o senhor pode ir comigo até a sede da fazenda?
Carlos: Claro meu filho, vamos agora mesmo, Miranda eu já volto.
Miranda só acena com a cabeça, incapaz de olhar para Lorenzo, porém a todo momento ela sente seus olhos sobre seu corpo.
Já marcava no relógio dez horas da noite, quando seu pai saiu era três e meia, e nada dele voltar, ela já estava muito preocupada, mas não sabia se devia ir atrás ou não, quando ela finalmente decidiu ir atrás, ele entra pela porta com o semblante totalmente diferente.
Miranda: Poxa pai, estava preocupada, achei que o senhor não ia voltar mais, eu estava indo atrás já.
Carlos: Calma minha filha, eu estou aqui, precisamos ter uma conversa muito séria, vamos até a sala.
Os dois se sentam no sofá muito próximos e Carlos começa a falar com voz embargada.
Carlos: Minha filha você sabe que desde que sua mãe morreu você desistiu de todos os seus sonhos né? Você ficou aqui na fazenda cuidando de mim, um velho rabugento e se esqueceu de você.
Miranda: Não fala isso pai, eu amo o senhor e não me arrependo de ter ficado ao seu lado, eu sou feliz aqui.
Carlos: Me escuta minha filha, deixa eu falar e não me interrompe, eu sei que você é feliz aqui, mas você é jovem ainda e tem muita coisa para viver, precisa estudar, conhecer o mundo, achar pessoas da sua idade pra se relacionar, e não ficar aqui enfiada no meio do mato vendo a vida passar ao lado de um velho.
Miranda: Pai não estou gostando do rumo dessa conversa, vamos parar por aqui.
Carlos: Shiiii, me escuta, eu estive pensando e acho melhor você ir morar na cidade, encontrar um trabalho, estudar e aproveitar mais a vida, aqui você não tem futuro, e quando eu morrer, o que vai ser de você?
Miranda já chorava muito com essa conversa e não sabia direito o que pensar, será que seu pai estava a expulsando de casa?
Miranda: Pai, eu não estou entendendo nada!
Carlos: Eu estive conversando com o Senhor Lorenzo, e ele me fez perceber que não é bom você continuar aqui, a vida passa rápido e aqui você não tem muitas oportunidades, então ele me fez uma proposta!
Nesse momento Miranda já estava totalmente apavorada, ela sabia que isso não podia ser coisa do seu pai, aquele nojento tinha alguma coisa com isso.
Miranda: O que aquele imundo propôs?
Carlos: Não fala assim minha filha, ele é um bom homem, pode ser que a maneira não seja a mais correta, mas a intenção é boa.
Miranda: Fala logo pai, o que aquele imundo quer? – fala aos prantos, tremendo de ódio.
Carlos: Bom, ele me fez uma proposta para que todos aqui continuem em seus empregos, para que a fazenda não demita nenhum funcionário, e que eu continue como o administrador, ele disse que mesmo mudando o ramo de atividade da fazenda, ele vai dar treinamento para todos.
Miranda: Pai, não enrola, fala logo, e por que tanta bondade assim, ele estava decidido a demitir todos os funcionários, o que ele quer em troca pra não fazer isso?
Carlos fica olhando para ela um longo tempo sem falar nada somente com uma tristeza no semblante. Depois de um bom tempo olhando para seu pai sem ter resposta é que ela finalmente entende o que ele estava querendo dizer.
Miranda: NÃO! O senhor só pode estar brincando, o senhor praticamente me vendeu! É isso mesmo? O senhor me trocou pelo seu cargo? – a essa altura ela já chorava muito.
Carlos: Não é bem assim minha filha, eu não te vendi nem te troquei, ele só me fez ver que será bom para você sair daqui e conhecer coisas novas. Ir atrás de seus sonhos.
Miranda: Chega! Acabou a palhaçada, eu não quero saber que trato o senhor fez, mas saiba que está desfeito! Eu jamais vou me vender para aquele imundo!
Carlos: Não tem mais volta minha filha, eu assinei um termo de compromisso com ele, pense em todas as famílias que dependem desse trabalho, você acha justo ficarmos sem teto de um dia para o outro?
Miranda: E o senhor por acaso acha que eu tenho a obrigação de me sacrificar por todo mundo? O senhor acha justo?
Carlos: Não seja egoísta minha filha, pense em todos que você está ajudando, e não vai ser tão ruim assim, pense nas oportunidades que você terá. Não é você que é a favor de mudanças?
Miranda: Mas pai, não este tipo de mudança, eu não posso. Ele quer o que? Que eu vire a amante dele, é isso? Quer que eu vire um brinquedo em suas mãos?
Carlo: Não minha filha, ele propôs que você gere os filhos dele! Ele é um homem solteiro e sem filhos, disse que está na hora de sossegar e criar raízes, me pediu que você se casasse com ele e gerasse seus filhos, eu concordei, acho que você será feliz com ele!
Miranda: O senhor só pode estar brincando, isso é um absurdo, eu nem o conheço, tenho nojo dele, jamais me sujeitaria a isso. E além do mais, eu vou completar 25 anos, o senhor não pode me obrigar a casar com um homem que eu não quero, isso não existe, não sou mais criança e o senhor não manda mais em mim!
Carlos: CHEGA! Já está decidido, eu assinei um documento Miranda, se você não cumprir ele coloca todo mundo no olho da rua, inclusive eu, e ainda vou ter que pagar uma multa milionária por descumprir, e você sabe que não tenho a menor chance de pagar isso, então certamente irei apodrecer na cadeia. Vai ser bom para você, e não se preocupe que alguém vem me ajudar aqui em casa com o serviço. Agora vai arrumar as suas coisas que amanhã mesmo você vai partir com ele.
Miranda: O QUÊ? Não pode estar falando sério! Eu não vou, eu não posso fazer isso, eu não o conheço, não o amo, pai por favor não faz isso!
Carlos: Está feito, agora vá, que vocês vão partir logo cedo.
Miranda: Eu nunca vou te perdoar por isso, eu juro que não vou!
Miranda sai correndo, entra no seu quarto, tranca a porta e chora muito em sua cama, ela não consegue acreditar no que seu pai havia feito, ele preferiu negociar a vida dela sem nem a consultar, sabia também que estava ajudando muitas famílias aceitando sua proposta, porém não era justo. Não era justo...
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