°Chloe Baker°
Meu deus, o que eu faço?
Minhas mãos estão tremendo, eu quero chorar mas não tenho mais lágrimas. Por que isso tinha que acontecer comigo?
Olho o teste de gravidez na minha mão e quase dou um grito, eu tenho só 16 anos, meus pais vão me matar.
Penso em Anthony e imagino qual será a reação dele quando eu contar. Costumávamos a ser melhores amigos, mas depois que viemos para o ensino médio, ele começou a andar com amizades erradas e ficou diferente.
Sempre gostei dele, na verdade sou apaixonada por ele e mesmo que ele tenha se distanciado de mim, eu ainda continuava querendo conversar e sair como fazíamos antes.
Até que um dia ele começou a agir como antes, me chamou para sair, vinha aqui em casa quase todos os dias e meus pais não se importavam, até porque crescemos juntos e meus pais conhecem ele.
Meu coração idiota doía de felicidade, ele estava voltando a conversar comigo e estávamos como éramos antes.
E então ele me beijou, disse que me amava e que eu era perfeita e o amor da vida dele. No dia eu mal podia acreditar, ele era apaixonado por mim, do mesmo jeito que eu era por ele. Fiquei igual uma idiota sonhando acordada.
Ele me pediu em namoro em um dia e no outro queria tirar a minha virgindade e é lógico que eu aceitei. Eu estava vivendo um sonho.
Então eu dei tudo a ele, meu coração, minha vigindade, meu amor, minha alma, eu dei tudo!
Eu era dele por completo.
Mas então no dia seguinte ele nem olhou na minha cara, não respondia as minhas mensagens e me deixava falando sozinha quando eu tentava conversar com ele pessoalmente.
Isso me quebrou, me despedaçou. Ele simplesmente pegou meu coração e jogou no lixo. Fiquei tão triste, tão desesperada, que parei de comer, parei de sair, parei de me arrumar. Eu simplesmente não me importava com mais nada. Eu queria morrer.
E agora um mês depois, descubro que estou GRÁVIDA.
Eu não sei se aguento isso. Nesse último mês, perdi 5 kilos, meu cabelo está caindo e eu não tenho prazer em fazer nada. Apenas fico vegetando, olhando pela janela do meu quarto.
Se meus pais perceberam alguma coisa, eles não se importaram, porque até hoje eles não falaram nada e continuam agindo como se nossa família fosse perfeita, mas não é.
Eles brigam o tempo todo e nunca se importam com nada que tem haver comigo.
Preciso conversar com a Emma, minha melhor amiga, ela sim é minha amiga de verdade. Ela já tem 19 anos e mesmo depois que foi pra faculdade ela nunca me abandonou. Ela conversa comigo pelo celular todos os dias, ficamos horas em ligação e sempre que dá ela vem me visitar, então sim, ela é minha amiga de verdade.
Pego o meu celular e ligo pra ela.
“”—oi amor— ela diz animada como sempre e me dá vontade de sorrir e chorar ao mesmo tempo.
—oi amore— tento deixar minha voz normal para ela não perceber que eu estava chorando, mas foi em vão.
—opa, por que você está chorando?—
—estou muito ferr@d@ Emma— tento segurar mas não consigo, começo a chorar tudo de novo.
—porr@— ela xinga baixinho e mexe em alguma coisa que faz um barulho —me conta agora tudo que aconteceu—
—estou grávida— digo rápido na intenção de amenizar o impacto da informação, mas não deu certo.
—O QUEEEEE— ela grita e eu tenho que tirar o celular do ouvido pra não ficar surda —EU VOU SER TITIAAAA— ela grita de novo e sinto vontade de a esganar.
—eu não estou brincando Emma— digo entre soluços.
—eu também não— ela diz como se fosse óbvio.
—meus pais vão me matar— passo a mão pelo rosto.
—será que vai ser menino ou menina?— Emma nem está prestando atenção no que eu estou falando.
—Emma!?— falo em tom de advertência.
—o que foi? Você está me atrapalhando em escolher um nome—
—Emma, eles vão me colocar pra fora de casa, eu tenho certeza— olho para o teste e os dois riscos nítidos estampado nele.
—isso não é um problema, é só você vir morar comigo— ela fala isso como se fosse fácil.
—não é tão simples assim Emma— bufo olhando de novo para o teste.
—sim Chloe, é simples assim. Se eles te expulsarem, você arruma sua mala e vem pra minha casa—
—eu estou com medo— sussurro limpando uma lágrima que escorreu.
—eu sei, mas eu estou com você, você não está sozinha— ela diz com a voz suave.
—obrigada— sussurro tentando não chorar.
—espera— ela diz e o celular fica por um tempo mudo. —aquele filho d@ put@, por mim você nem falaria nada com ele—
—eu tenho que falar Emma, ele é o pai— dobro meu joelho e seguro ele perto do meu peito.
—eu conheço umas pessoas que dariam uma surra nele fácil—
Começo a rir. Só a Emma pra me fazer rir de coisa séria.
Escuto um barulho e me levanto do chão.
—preciso desligar agora Emma, mas assim que eu puder te ligo de novo—
—ta bom, me manda mensagem, se não eu vou surtar— “”
Começo a rir de novo e desligo o telefone. Escuto batidas na porta e corro pra esconder esse maldito teste.
—abra essa porta Chloe— minha mãe grita e bate de novo na porta.
—estou indo mãe— grito de volta e limpo os vestígios de lágrimas do meu rosto.
Abro a porta e ela me analisa com os braços na cintura.
—porque demorou tanto pra abrir?—
—estava terminando de lavar o meu rosto—
Ela me olha de cima a baixo e tira o pano de prato do ombro.
—o almoço já está pronto e vê se não demora pra descer— ela diz saindo do meu quarto e desce indo pra cozinha.
Solto um suspiro de alívio.
Aperto o bolso da minha calça onde está o teste e respiro fundo. E então eu coloco a mão na minha barriga, onde uma vida está crescendo e já sinto um amor enorme por essa pessoinha tão pequena.
—eu vou cuidar de você, eu prometo— sussurro com a mão na minha barriga e faço de tudo pra não chorar de novo.
Desço as escadas e vou pra cozinha.
Meu pai já está sentado na mesa mexendo no celular. Vou até às panelas coloco comida e sento na cadeira. Minha mãe também coloca comida e senta.
—Adam por favor— minha mãe fala com o meu pai, insinuando para ele largar o celular.
—estou trabalhando— ele diz nem olhando para a minha mãe.
Minha mãe bate a mão na mesa e assim começa mais uma discussão.
Sempre tento ignorar as discussões, mas é difícil, tento comer mas a comida parece cacos de vidro, eu vou vomitar tudo depois e agora eu sei o porquê.
Luto contra a vontade de tocar minha barriga e tento comer o mais rápido possível pra voltar para o meu quarto.
Termino de comer e subo para o meu quarto, deixando os meus pais discutindo. Pego o meu celular, deito na cama e ligo de novo para Emma.
“” —continue, me conte tudo— Emma já fala rápido.
—eu não sei como vou contar isso pro Anthony—
—você sabe a minha opinião sobre isso, eu odeio ele desde sempre— escuto um barulho.
—o que você está fazendo?—
—estou tentando fazer comida, mas eu sou péssima nisso— começo a rir, já imaginando a careta que ela deve estar fazendo.
—eu posso te dar uma ajudinha, falando a receita— seguro para não rir.
—mas eu não sei seguir receita—
Começo a rir alto.
—enfim, você já sabe como vai contar para os seus pais?— eu fico seria e penso um pouco.
—eu não sei, eu não faço a mínima ideia, eu só tenho certeza que eles vão surtar—
—e eu estou surtando de felicidade, eu vou ser titiaaa— escuto um barulhão e já imagino que alguma coisa caiu.“”
Dou um sorriso.
Amanhã é segunda-feira e vou conversar com o Anthony, estou ansiosa e com medo do que ele vai dizer e qual será a reação dele. Eu e a Emma ficamos conversando até 3 horas da manhã. Depois nos despedimos por que teríamos que acordar cedo.
Eu só queria que ele me abraçasse e me dissesse que vai ficar tudo bem e que ele estaria o tempo todo comigo, me dando amor e me apoiando.
Mas no fundo eu sei que tudo que vai acontecer é o oposto disso.
Sinto uma dor enorme no meu coração mas tento ignorar. Choro por um tempo e adormeço com a mão na minha barriga.
...****************...
O despertador toca e eu sinto vontade de o tacar na parede. O desligo e levanto já indo para o banheiro.
Tomo um banho rápido e visto a roupa que eu vou pra escola, não é nada demais, apenas uma blusa e uma calça jeans.
Vou até o banheiro e me olho no espelho.
—você vai conseguir— sussurro para o meu próprio reflexo e logo depois toco a minha barriga.
Respiro fundo e tento me preparar mentalmente para o dia.
Pego a minha mochila e desço as escadas indo pra cozinha.
Não vejo nem meu pai e nem minha mãe. Meu pai já deve ter ido trabalhar e minha mãe ainda deve estar dormindo.
Pego uma maçã e vou comendo indo para a escola. Vou a pé porque a escola não é muito longe.
Chego na escola e já tem várias pessoas na porta, fico esperando pela Angel, minha outra amiga. Meu estômago começa a embrulhar e sinto que vou vomitar toda a maçã, corro pro banheiro e vômito tudo.
Lavo o meu rosto e saio procurando por Angel.
Encontro ela entrando na escola.
—oi Angel— digo a abraçando.
—oi Chloe— ela diz com um sorriso animado.
—eu preciso conversar com você, podemos ir no banheiro?— ela me olha sério e balança a cabeça afirmando, ela já sabe que é uma conversa séria.
Andamos juntas até o banheiro.
—ok, eu vou ser curta e direta tá bom— digo andando de um lado para o outro.
—ai meu deus, desembucha mulher— Angel diz já ficando ansiosa.
—ta bom— respiro fundo —eu estou grávida—
Ela arregala os olhos e olha pra minha barriga.
—é sério?— ela diz incrédula.
—sim— digo me segurando para não chorar.
—ai meu deus, aí meu deus, AI MEU DEUS— ela começa a dar pulinhos.
Eu não sei se eu choro ou se eu começo a rir da reação dela.
—eu vou ser titia?— ela pergunta ainda não acreditando.
—porque vocês só me perguntam isso?— pergunto rindo.
—você contou pra Emma?— ela pergunta animada.
—sim—
—ela deve estar surtando— ela passa a mão pelo rosto e prende o cabelo. —vai ser menina, eu sinto isso aaaaaaa eu estou animada— ela começa a dar pulinhos de novo e começo a rir.
Antes da Emma ir pra faculdade, nós éramos inseparáveis, mesmo a Emma sendo três anos mais velha que nós duas, ainda éramos muito amigas e mesmo depois dela ir embora, nós continuamos com a nossa amizade.
—o pai é o Anthony— digo mais pra mim mesmo do que pra ela.
—você vai contar pra ele hoje?— ela vem até mim e começa a carinhar a minha barriga e dou um grande sorriso.
—vou sim, e estou com medo da reação dele e da dos meus pais—
—seus pais vão te matar— ela diz balançando a cabeça negativamente.
—é eu sei— eu solto um suspiro.
Angel ajoelhou e agr está conversando próxima a minha barriga.
—coisinha mais linda da titia— ela diz com a voz manhosa. —eu vou te ensinar tanta coisa errada— ela ri.
Eu também começo a rir
—você não vai não—
A angel levanta e olha nos meus olhos.
—e se Deus pais te expulsarem de casa?—
Fecho os olhos por algum segundos depois a encaro.
—eu e a Emma conversamos sobre essa possibilidade e ela falou que eu posso morar com ela—
Ela faz uma cara triste e olha para as mãos.
—eu não quero ficar sozinha— ela passa a mão pelo rosto —eu vou ir com você—
—é melhor não Angel, você tem uma vida aqui e outra seus pais vão surtar—
—primeiro que meus pais estão pouco se f@dend@ pra mim e segundo que as únicas pessoas que importam comigo de verdade vão estar a 100 km de distância, então eu vou com você sim— ela diz já decidida e começa a fazer planos com o meu bebê.
Angel e Emma, essas duas pessoas são anjos na minha vida.
Fomos para as aula e eu não vejo Anthony.
Quando estávamos no terceiro horário que era de educação física, nós fomos para a quadra e eu vi ele, precisava ser agora, eu tinha que conversar com ele.
Fui andando até ele e vi Stella abraçada com ele, senti um ódio enorme, esse desgraçado me despedaçou, me abandonou pra ficar com essa put@.
—preciso conversar com você Anthony— já digo com muita raiva, que ele se fod@.
—eu estou ocupado Chloe— ele nem olha na minha cara, só continua abraçado com a v@di@ e fumando.
Respiro fundo pra me acalmar e tento descobrir porque mereço passar por isso.
—é urgente Anthony, se não fosse eu não estaria aqui—
Ele finalmente me olha e eu mexo a cabeça em direção ao vestiário e começo a andar, eu sei que ele vai me seguir.
Entro e logo depois ele entra fechando a porta.
—o que foi Chloe— ele diz ainda fumando aquele maldito cigarro.
Não sei porque, mas sinto vontade de chorar, eu só queria que ele me apoiasse.
—eu estou grávida, Anthony— digo com a voz baixa e triste.
Ele engasga com a fumaça e começa a tossir.
—o que?!— ele diz incrédulo, passando a mão pelo cabelo. —isso é algum tipo de piada Chloe? Porque se for não tem graça nenhuma—
—porque eu iria fazer uma brincadeira sobre isso?—
—PORR@— ele bate a mão em um dos armários do vestiário me fazendo dar um pulo de susto.
Eu não sei o que falar, não sei o que fazer. Ele tem só 18 anos, está tão assustado quanto eu.
Ele começa a andar de um lado pro outro passando a mão pelo cabelo.
—eu conheço alguém que consegue pra mim uma pílula de aborto— ele diz vindo na minha direção.
—o que!? NÃO— digo protegendo a minha barriga.
—eu não estou te dando escolha Chloe, você vai tomar—
Eu não quero, mas começo a chorar.
—Anthony eu não vou fazer isso, é o meu bebê e você não vai encostar um dedo nele— digo dando um passo pra trás.
—Chloe presta atenção, você tem 16 anos e eu tenho 18, não sabemos nem como segurar uma criança—
Começo a chorar mais.
—não importa Anthony, eu vou aprender— dou mais um paço pra trás.
—então Chloe, eu não vou assumir essa gravidez, pode me esquecer, não olha na minha cara, não conversa mais comigo, eu quero você bem longe de mim— ele respira fundo e olha nos meus olhos. —se você topasse tomar a pílula, nós poderíamos recomeçar, poderíamos ser como éramos antes—
Começo a rir alto.
—eu não vou trocar o meu bebê por você, nunca que vou fazer isso e eu não acredito nessas suas mentira mais Anthony—
—eu quero só ver o que seus pais farão, no mínimo te colocar pra fora de casa— ele diz rindo
—é isso mesmo que estou esperando— digo com raiva.
—eu ainda tenho muito o que viver Chloe, então já que você quer esse bebê, me prometa que você não vai falar que ele é meu filho—
Sinto vontade de gritar e de me espancar por um dia ter amado esse cretino.
—pode ter certeza que eu vou ter vergonha de falar que você é o pai desse bebê—
—melhor ainda pra mim— ele diz rindo e sai do vestiário me deixando sozinha.
Sento no chão, abraço o meu joelho e choro, choro muito, choro por tudo.
[...]
Saio do vestiário e vou direto pra próxima aula.
Já entro na sala e vou pra última cadeira, até esqueço que nesse horário a Angel tem aula junto comigo.
—me fala o que aconteceu— ela diz sentando na cadeira em frente a minha.
—eu contei pra ele— sinto meus olhos enchendo de água e respiro fundo.
—calma, respira, fica tranquila. Hoje eu vou ir na sua casa, aí você vai poder me contar tudo, mas agora só respira e fique calma tá—
—ta bom— engulo o choro e tento prestar atenção na aula.
[...]
—e foi isso que ele disse— digo limpando uma lágrima.
Saímos da escola e a angel já veio direto pra minha casa, chegamos e eu já fui ligando pra Emma. Agora eu e Angel estamos sentadas na minha cama e a Emma está na ligação do celular, no alto falante, assim conto para as duas ao mesmo tempo.
—filho da put@— Emma xinga pelo telefone.
Angel me abraça e deixa eu chorar o tento que eu preciso.
—você não está sozinha Chloe— Angel diz mexendo no meu cabelo, enquanto estou deitada no colo dela.
—eu sei, e eu agradeço muito vocês— digo fungando.
—eu vou aceitar seu agradecimento, se você me ensinar a cozinhar— Emma diz e todas nós rimos.
—eu vou te ensinar, fica tranquila— falo rindo.
—ok, agora vamos pensar nos nomes— Angel diz cruzando as pernas.
—já seeiiiiii— Emma dá um grito e eu e Angel rimos.
—mas eu também tenho ideias— Angel disse estreitando os olhos.
—vamos fazer o seguinte, uma escolhe um nome para menino e a outra escolhe para menina— digo com um sorriso.
—eu escolho se for menino então, pode ser?—
—perfeitoo— Angel diz batendo palma animada.
—se for menino vai se chamar.....Brian, que significa "aquele que é forte"—
—adorei Emma, então está decidido, se for menino vai se chamar Brian, e você Angel?—
—se for menina vai se chamar......Hope, que significa esperança e ela será a nossa esperança—
—eu vou começar a chorar de novo— digo e todas começamos a rir. —acho que vou contar para os meu pais amanhã—
—qualquer coisa que eles falarem, você me conta tá—
—com toda certeza— digo esticando o corpo.
—ok, agora preciso ir embora— Angel diz já se levantando.
—queria que você ficasse mais— faço beicinho.
Angel ri e pega sua bolsa.
—amanhã nos vemos na escola, tchau Emma—
—tchau Angel— Emma diz se despedindo.
Angel sai do meu quarto e vai embora.
—eu vou precisar desligar também amor, estou lotada de trabalhos da faculdade pra fazer—
—ta bom amore, te ligo amanhã—
—liga mesmo e me conte tudo, tchauzinho—
—tchauzinho— digo e desligo a ligação.
Mais uma vez estou sozinha com meus pensamentos, já chorei tanto que não tenho nem lágrimas mais pra derramar. Eu só queria o apoio dos meu pais, que eles me abraçasse e dissessem que iam me ajudar, mas eu sei que isso não vai acontecer.
Se eles não me apoiarem, mesmo que eles não me botem para fora de casa eu vou ir embora morar com a Emma. Eu preciso de passar minha gravidez em um lugar onde as pessoas vão me apoiar e me ajudar, eu preciso criar meu filho em um lugar que ele seja aceito e amado.
Então assim que eu contar para os meus pais, vou arrumar minhas malar e ir morar com a Emma, no campus onde ela estuda além de ter faculdade também tem ensino médio, então não vou parar de estudar e vou fazer de tudo para o meu filho.
Tomo um banho e deito na esperança de descansar um pouco. Fico carinhando a minha barriga, que por enquanto ainda não tem nenhuma elevação, mas eu sei que vai ficar um barrigão. Dou um sorriso com o pensamento.
E de repente chega uma mensagem pra mim.
Olho o celular e sinto meu corpo todo congelando.
É uma mensagem do Anthony, dizendo que quer se encontrar comigo.
...****************...
''eu não sei o que estou fazendo, são três horas da manhã e eu estou em frente ao portão da escola, nem sei como cheguei aqui.
O portão está entre aberto e algo me diz que eu preciso entrar, apenas seguir adiante.
Empurro o portão, ele faz um barulho enorme e assustador que me faz arrepiar.
O corredor da escola está escuro, apenas uma das portas está aberta e uma luz fraca emana da sala.
Vou em direção a sala e cada passo que eu dou ecoa por todo o corredor.
Entro na sala e vejo Anthony, com o cabelo bagunçado e fumando um cigarro.
—você nunca se cansa né— ele diz soltando a fumaça no ar. —eu te humilho, te abandono, quebro o seu coração e você sempre volta—
—eu nem sei porque estou aqui, ou porque você está aqui— digo passando a mão pelo meu braço por causa do frio.
—você está aqui...— ele joga o cigarro no chão e pisa. —porque você é burra—
—o que!?— dou um passo pra trás e de repente eu não estou mais em uma sala de aula e sim no vestiário.
Olho em volta e meu estômago começa a embrulhar, que porr@ está acontecendo?
O Anthony sai de trás de um dos armários e eu dou dois passos pra trás, quase caindo em cima de um banco.
—o que você quer Anthony?— pergunto com a voz um pouco trêmula.
—eu quero que você tome a pílula de aborto— ele dá mais um passo em minha direção.
—EU NÃO VOU TOMAR!!— grito para ver se ele entende, mas ele simplesmente começa a rir.
—tudo bem— ele diz e em menos de segundos ele está na minha frente.
—a opção é sua— ele sussurra e me dá um soco no rosto e depois na minha barriga.
Eu não sinto dor, não sinto nada, só consigo pensar no meu bebê. Ele me dá outro soco e eu caio no chão.
—Não, não, não, não, meu bebê— digo desesperada, ninguém vai tirar meu bebê de mim.
Ele me chutar e bate, então ele para de repente e sinto um gosto estranho na boca, um gosto metálico, é sangue!
Olho para minha barriga e está lotada de sangue, NÃO, NÃO, NÃO, meu bebê, meu bebê. Entro em desespero, minhas pernas estão lotadas de sangue, eu só vejo vermelho pra todo lado, meu cabelo, minha roupa, o chão, tudo.
Começo a me debater, por favor meu bebê não, por favor, começo a gritar. Meu bebê, eu quero o meu bebê.
Anthony começa a rir e a única coisa que eu consigo é chorar e gritar.
POR FAVOR NÃOOOOOO, MEU BEBÊ, MEU BEBÊ, MEU BEBÊ.
Coloco as mãos na minha barriga e elas escorregam no sangue, então eu grito o mais alto que eu posso, meus olhos ardem, minha garganta dói e eu continuo gritando, gritando, gritan...''
Acordo toda suada e ofegante, coloco as mãos na minha barriga e solto um suspiro de alívio, por não estar lotada de sangue.
Foi só um pesadelo. Paço a mão pelo meu rosto e olho as horas. 5:13 da madrugada. Ótimo.
Como eu sei que não vou conseguir voltar a dormir, já levanto e vou tomar um banho, me arrumo pra ir para a escola e fico sentada olhando para a janela, esperando a hora passar.
Queria ligar para a Emma e contar tudo, mas está muito cedo, com certeza ela está dormindo.
Eu preciso resolver tudo com o Anthony primeiro, pra depois eu contar para os meus pais. Eu tenho que lidar com uma coisa de cada vez, se não vou ficar louca.
Mexo um pouco no celular e percebo que faz muito tempo que não posto uma foto no Instagram. Escolho uma recente na galeria e posto.
O primeiro a curtir é o Anthony.
E ele comenta "linda😘". Apago o seu comentário e me seguro ao máximo pra não jogar o celular na parede, parece que ele está querendo me provocar. Babaca.
Quando dá o horário pego a minha mochila e vou pra escola.
[...]
Coloco as minha coisas no armário e pego o material pra próxima aula.
Fecho o armário e Stella chega na minha frente com um sorriso maldoso.
—o que você quer Stella?— pergunto entediada e não querendo nem um pouco lidar com os joguinhos dela.
—você inventou que está grávida só pra ficar com o meu namorado?—
Não acredito que o Anthony contou pra ela.
—não Stella, eu não menti sobre nada, e pode ficar tranquila, eu quero o Anthony bem longe de mim—
—então você realmente está grávida?— ela pergunta e eu sinto um pouco de tristeza na sua voz mas logo some.
—isso não é dá sua conta— dou um sorriso debochado e vou andando até a sala.
Seria tão mais fácil se cada um cuidasse da sua própria vida.
Assisto a aula e depois vou para o gramado da escola. Agora meu horário está livre e eu preciso descansar um pouco, escutar uma música, ler um livro.
Mas antes espero a Angel sair para descansarmos juntas.
—oi Chloe— ela vem na minha direção e me abraça.
—oi Angel— dou um grande sorriso.
—como você e o nosso pequeno está?—
—estamos bem— toco a minha barriga e dou um sorriso. —tenho que te contar uma coisa—
Ela pega um pacote de biscoito e me dá.
—ai meu deus, me conta— ela diz comendo.
—Anthony me mandou mensagem—
Ela engasga com o biscoito e eu dou alguns tapas nas costas dela pra ajudar.
—falando o que? Você não respondeu né? Chloe se você tiver respondido eu juro que te faço engolir terra— começo a rir.
—eu não respondi, mas ele mandou mensagem pedindo pra se encontrar comigo—
—e é lógico que você não vai né?—
Fico calada e ela me olha.
—aaaa não, não acredito que você está pensando em ir se encontrar com ele—
—eu não sei— digo enrolando algumas mechas de cabelo no meu dedo.
—Chloe ele pode estar te chamando pra fazer algum tipo de maldade, eu não confio nem um pouco nele e você também não deveria— ela bufa comendo mais um biscoito.
—você está certa— respiro fundo e coloco música pra gente escutar e relaxar um pouco.
Sentamos na grama e ficamos conversando esperando o tempo passar, até que Anthony chega e fica na frente de nós duas.
—eu preciso conversar com você Chloe— ele diz com a voz um pouco embargada.
—pode falar— Angel diz estufando o peito e me dá vontade de rir.
—eu falei com a Chloe e não com você— ele diz ríspido e a Angel se levanta.
—ela não vai a lugar nenhum sozinha com você seu babaca— Angel coloca as mãos na cintura e o encara.
Meu deus, eu amo minhas amigas.
—Chloe— ele diz em advertência.
—qualquer coisa que você quiser falar, pode falar na frente dela— pego um biscoito e começo a comer, mais por deboche do que por fome.
—ta bom então— ele respira fundo e agacha na minha frente. — eu consegui o remédio e você tem 24 horas pra tomar ou eu vou contar pro seus pais de uma forma que eles vão ficar put0s com você—
—o que!?— fico espantada olhando pra ele.
—ah vai se f0der— Angel diz com raiva.
—porque você quer tanto que eu tome esse remédio Anthony? Eu já disse que vou cuidar do bebê sozinha, eu não preciso da sua ajuda— levanto tentando parecer forte, mas por dentro estou quebrada.
—porque eu tenho outros planos pra você— ele diz e esse comentário me faz arrepiar.
—ah vai se f0der pela segunda vez, seu idiota narcisista— Angel mostra o dedo do meio pra ele e eu apenas fico parada, com medo e perplexa com tudo que ele disse.
Ele deixa o remédio na minha frente, da um sorriso e sai andando.
—ele é louco, simplesmente maluco— Angel diz atônita.
—por que ele não me deixa em paz?— sussurro pra ninguém em específico e meus olhos começam a marejar.
—olha pra mim— Angel me chama mas eu continuo olhando pra frente —olha pra mim Chloe— ela insiste e eu olho pra ela.
Ela da um sorriso —vamos fazer o seguinte, hoje vamos contar para os seus pais, você arruma sua mala e eu arrumo a minha, assim que você contar, nós duas viajamos pra casa da Emma, independente de qual horário for, tá bom. Eu tenho um dinheiro guardado, deve dar pra pagar um táxi daqui até lá—
Começo a chorar por tristeza, por ter que deixar essa vida, deixar os meus pais, mas também por alegria, eu quero criar meu bebê em um lugar que ele seja bem amado, e eu sei que as meninas vão me ajudar.
Nos abraçamos.
E tento acreditar que mesmo tendo apenas 16 anos e sendo mãe solteira, eu vou conseguir ser feliz e dar uma boa vida para o meu bebê. Eu vou conseguir.
E assim a angel ficou conversando comigo e me distraindo até dar o horário da próxima aula.
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