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Doce Estrela: Tudo Que Eu Ainda Não Vi

Era uma vez ou quase isso...

Há algumas centenas de anos atrás em algum lugar da Via Láctea num reino de estrelas chamado Austéria, o filho mais novo do Rei Orestes nasceu, era um menino saudável, muito bonito e gracioso e por este motivo a rainha mesmo ainda enfraquecida pelo parto só de olhar para o rostinho cheio de vida do seu pequeno bebezinho decidiu imediatamente como ele deveria se chamar:

Rainha Ataliah: - Milan é o nome perfeito para você, meu pequeno, te manterei rodeado com todo amor do meu coração para sempre! - disse com os olhos cheios de ternura e amor.

Parteira Real: - O parto de Vossa majestade foi muito difícil dessa vez, é melhor descansar agora, cuidarei do bebê até a hora dele comer novamente.

A rainha caiu em sono profundo antes mesmo da mulher acabar de falar, não só toda sua energia fora totalmente sugada pelo esforço do parto como sua saúde havia se tornado debilitada devido a grande perda de sangue que sofreu durante as complicações imprevistas que teve para dar a luz ao seu menino.

Parteira Real: - Milan significa amoroso, querido e gracioso, combina perfeitamente com essa carinha fofa. - Sorri enquanto acalenta o bebê.

O rei, ignorando a debilidade da rainha, ficou super feliz por finalmente ter um menino para ser seu herdeiro, logo chama um de seus criados e através de um novo decreto declara que todas as outras estrelas dos reinos próximos a galáxia que governava, deveriam trazer a sua presença meninas nascidas a mesma época que seu filho para que após ele observa-las pudesse enfim escolher entre elas a mais digna e apropriada para que fosse a prometida do seu herdeiro.

Fazia menos de dois dias que o príncipe havia nascido e ele já tinha uma noiva prometida, e dezenas de planos de estudos e coisas a aprender e conquistar pré definidas para ele pelo pai. O rei fechou vários acordos e fez alianças em nome do menino e das relações futuras com outras famílias e reinos, sem nem mesmo se incomodar de ir ver a criança uma vez sequer.

A rainha Ataliah nunca se recuperou totalmente após o nascimento de Milan e brigava severamente com suas filhas mais velhas por colocarem a culpa no pequeno irmão por causa disso, apesar de estar frequentemente doente e de cama ela se esforçava e dedicava todo seu tempo no cuidado e criação de suas amadas filhas ensinando –lhes tudo que sabia e educando-as ela mesma em seus aposentos enquanto cuidava da melhor maneira possível do bebê que todas apelidaram carinhosamente de Miles, enquanto isso seu marido “desconhecendo” totalmente a situação fazia planos e mais planos para o futuro do filho sem se importar com mais nada, nem com ninguém.

O tempo não é algo levado em consideração quando se é uma estrela, pois, ele não passa igualmente para elas como passa para raças como a humana por exemplo.

E assim incontáveis anos se passaram, o pequeno príncipe cresceu e se tornou um menino gentil e curioso, que amava muito a mãe e as irmãs, ainda que vivesse em pé de guerra com estas últimas por estarem sempre a pegar no seu pé...

A indiferença de seu pai, que quase nunca falava com ele, o entristecia, mas, ainda assim, sua vida era feliz e o que ele mais gostava de fazer era observar os planetas e os seres que os habitavam, tentando adivinhar o que eles diziam e sentiam lá longe e como seria visitar aqueles lugares e desvendar os seus mistérios, ter isso era o suficiente para encher o seu coração inocente de criança com vida, alegria e curiosidade, pelo menos naquela época.

Terminando de ser criança

Milan: - Dá pra ver vários desses "mundos" daqui não é? - questiona ele durante uma aula em uma manhã qualquer.

Milan: - Você não acha que eles são interessantes professor? - larga o livro de exercícios e se mexe na cadeira empolgado.

Milan: - Por que nunca vamos a esses mundos visitar e ver como tudo é de perto? - para e aguardar sem fôlego após soltar todas essas perguntas sem nem respirar.

O professor soltou um suspiro cansado, retirando os óculos e esfregando os olhos. O rei havia deixado claro que o menino deveria aprender o que estava em seus planos de estudos com perfeição e nunca se desviar para o que ele chamava de "bobagem inútil", mas, estava bem claro que o jovem príncipe era dono de uma curiosidade infinita e que enquanto não recebesse uma resposta satisfatória não pararia de soltar porquês atrás de porquês, e isso as vezes sobre as coisas mais aleatórias.

Milan: - Senhor Dix, me diz por que nunca vamos lá? - Insiste em perguntar.

Milan: - Meu pai não tem amizade naquele reino? - levanta da cadeira e chega mais perto.

Milan: - Quando eu crescer posso ir lá? - questiona já colado a mesa do professor.

Milan: - Não seria legal fazer amizade com aquelas estrelas que moram lá pra variar? - Encara o professor com seus limpídos e grandes olhos inocentes.

Professor Dix: - Milan esse assunto não é pertinente a essa aula! Quer que eu leve bronca de vossa majestade por seus estudos se atrasarem? - O professor responder tentando parecer sério e zangado, mas, sorrindo por dentro.

Milan: - Desculpa, é que eu só queria mesmo saber... - Diz ele cabisbaixo.

O velho professor não consegue se conter e sorri, afinal um professor seja do que for ama que seus alunos tenham sede por conhecimento.

Dix: Pra começar estrelas não moram em mundos como esses que vemos daqui! Aquelas criaturas não são estrelas!

Milan Apoia a cabeça na mesa de Dix : - Ué elas são o que então? principalmente aquelas ali que se parecem com a gente!

Dix- Aqueles seres não tem nada além da aparência em semelhança a nós Milan, nós os chamamos de Lurras.

Milan: - Porquê?

Dix: - Kkkk quando você começa não para nunca não é mesmo? - O professor nem espera a resposta e completa.

Dix: - Eles são chamados de Lurras por não conseguirem se movimentar por todo o mundo deles como nós fazemos no nosso, estão quase sempre andando em algum tipo de chão ou veículo.

Milan: - Mas professor por que eles não conseguem?

Dix: Bom, não é da cons... - Pula assustado e para de falar.

Neste momento pra infelicidade do menino e de seu professor, seu pai aparece no aposento usado para suas aulas, pela cara do tirano é possível ver que ele está furioso. Ele se vira para o velho acadêmico como se o menino fosse invisível e diz mordaz:

Rei Orestes: - Imagina a minha surpresa quando ia passando e vejo que ao invés de ensinar coisas que prestem a essa criança você está enchendo a cabeça dele com inutilidades!

Dix: - Vo... Vos... Vossa majestade, eu só esta...

Rei Orestes: - Nem se dê ao trabalho de me inventar uma dessas desculpas idiotas para isso! Guardas!!!

Um grupo de guardas entra e vai direto até o professor o retirando arrastado e a força da sala como se ele fosse um saco de lixo inconveniente deixado naquele lugar. Milan corre atrás deles pedindo para largarem o velho, Dix olha com tristeza para o menino, os olhos se enchendo de lágrimas e com grande esforço da um pequeno sorriso para a criança.

Dix: - Não se preocupe pequeno, está tudo bem, meus serviços apenas não são mais necessários aqui, você terá um professor melhor agora, eu estou velho demais acho!

Milan: - Mentira! Parem, por favor, eu que interrompi a aula e fiz as perguntas que não deveria, por favor! - Ele olha desesperado para o pai que o ignora completamente e começa a sair da sala.

Milan: - Por que? - Ele pergunta sem esperar que seja realmente respondido.

Rei Orestes: - Você sabe o que acontece com quem não obedece as regras, certo? O único que pode culpar por isso é a si mesmo! - Fala de costas antes de finalmente sair.

Mas não, ele não sabia, tudo que ele sabia era que uma vez que seu pai achava que alguém fez algo inútil ou que ele não queria, ele nunca mais via essa pessoa de novo.

No dia seguinte uma nova professora apareceu na sala de aula como se sempre estivesse ali, o menino se sentou pegou seu livro e não abriu a boca durante toda a lição, a não ser quando a professora solicitou que respondesse aos exercícios. Ele havia aprendido que se não seguisse o que foi definido pelo seu pai as pessoas a sua volta acabariam sofrendo as consequências em seu lugar, apesar de realmente não saber exatamente o que acontecia com elas imaginava que não era nada de bom.

Milan: - Pelo menos ainda posso agir normalmente com a mamãe e minhas irmãs - Reprimindo sua curiosidade ele segue cumprindo os desejos do rei sem mais questionar.

Cerimônia?

E assim o tempo passou, o príncipe era ele mesmo junto da rainha e das princesas, deixando aflorar suas idéias e curiosidades livremente, hora as fascinando com seu raciocínio apurado hora as fazendo rir até doer com idéias e suposições malucas que tinha do nada.

Essas eram suas horas mais felizes, quando estava junto delas e via a mãe feliz, quando ouvia as histórias dela e jogava com as irmãs, até mesmo quando todas implicavam com ele por querer saber o por quê de coisas pras quais ninguém dava atenção, ele se sentia bem, preenchido com boas sensações e sentimentos e desejava secretamente que o pai mudasse e passasse a pelo menos aceitar o jeitinho de ser de cada um.

"Miles" havia se tornando um lindo jovem, dono de cabelos brancos meio ondulados e rebeldes que herdou da mãe, olhos azuis claros, limpídos e cheios de vida que só lembravam os do pai na cor mesmo, e de um corpo magro porém atlético devido a todas as aulas que foi obrigado a fazer.

"Um futuro rei deve ser capaz de derrotar por si só a qualquer potencial inimigo!"

Essa foi a justificativa do rei para fazer com que ele fizesse aulas de defesa, ataque, luta com adagas e espadas e treinasse suas habilidades de estrela constantemente, quase não tendo tempo livre para nada.

Pouco antes do seu aniversário de 200 anos, uma enorme cerimônia estava a ser preparada em sua homenagem e em comemoração a sua chegada a vida adulta, pois, esta é a época em que as estrelas atingem a maioridade, Miles estava empolgado, conversando com as irmãs sobre seu desejo de viajar, conhecer outros reinos, ver os mundos que os cercavam ou talvez até mesmo ir a outra galáxia, quando um criado entrou trazendo uma mensagem do rei.

Inesperadamente seu pai que há muito tempo mal fazia questão de vê-lo o chamou para uma audiência particular, dizendo querer ter uma conversa de pai para filho, o que o surpreendeu já que isso nunca havia acontecido antes.

Assim que chegou ao salão do rei sentiu- se estranho, o pai estava no trono e sorria para ele.

Milan: *pensando* Isso é bizarro, nunca vi ele sorrir antes na vida! Chego a sentir um calafrio vendo esse sorriso credo... Vai sobrar algo de "podre" pra mim.

Orestes: - Sente - se logo Milan!

Notando que havia parado próximo ao trono a um tempo e ficado ali divagando, o jovem rapidamente obedece a ordem do pai ainda um tanto quanto no mundo da lua.

Milan: - Olá, pai! Como tem passado? Que surpresa agradável ser chamado aqui! - Diz gentilmente embora pouco sincero em relação a ser agradável estar ali.

Orestes: Já disse que você deve me chamar de vossa majestade ou vossa alteza sempre, não é por ser da família que pode faltar com respeito ao governante do reino. - Diz irritado com a amabilidade do rapaz, coisa inútil que certamente ele aprendeu com a rainha.

Milan: - Desculpe Majestadeeeee. - Ele dá ênfase na última palavra de propósito já que detesta esse jeito frio e rude do rei.

Olhando com desdém para o príncipe,

a grande "majestade" se mostrou empolgada pela primeira vez na vida, e despejou sobre ele todos os planos que vinha fazendo desde seu nascimento, planos que começavam é claro, com o seu casamento.

Milan: - O que? - Diz boquiaberto com a notícia. - Mas, eu não estou interessado em ninguém para já querer me casar.

Rei Orestes: - Não seja ridículo! Seu casamento é algo muito importante para eu permitir que você faça qualquer tipo de escolha aqui, é óbvio que sua noiva já foi escolhida por mim.

Milan: - Ridículo? - A raiva começou a borbulhar pela garganta dele ameaçando subir e explodir. - Vossa alteza escolhe para mim uma noiva e vem me comunicar isso dias antes do casamento como se não fosse nada! Isso sim é ridículo!

Rei Orestes: Como você ousa levantar a voz para mim? Seu casamento foi decidido logo depois que você nasceu, é assim que será, o assunto não está em discussão!

Milan se levanta se afastando do trono em meio a frustração que toma conta dele naquele momento.

Rei Orestes: E é bom que você nem tente fazer qualquer drama em torno disso! - Ele aumenta o tom de voz para se impor.

Milan vira de costas.

Rei Orestes: - Desde criança parece que você sofre da ilusão de que as decisões sobre seu futuro são participativas e que você tem direito a dar opinião. Já passou da hora de tirar isso da sua cabeça!

Milan: - Eu sempre fiz todas as aulas, todos os treinos de luta e estratégia e etiquetas chatas, segui tudo que pediu mesmo quando tirava de mim o que percebia que eu gostava. Mas isso é demais! - Passa a mão pelos cabelos os desarrumando e deixando cair sobre os olhos.

Rei Orestes: Demais? kkkk - A risada fria e forçada dele fez crescer o mau estar sinistro que desceu sobre o príncipe desde que aquela conversa havia começado

Rei Orestes: - Isso é o óbvio, fiquei grato que sua mãe após ter três meninas irritantes, finalmente pode fazer algo de útil e ter você para seguir meus planos e alcançar meu objetivo.

Milan: - Como pode falar assim dela? Minha mãe tem estado doente todos esses anos e você nunca se preocupou em cuidar dela! - A mágoa estampa o seu rosto agora.

Rei Orestes: Já chega dessa discussão sem sentido, tudo já está definido! Após sua cerimônia de maioridade anunciaremos que sua união com a Filha do rei Dotres será daqui a 4 dias. E você partirá com eles para Emder.

A filha do rei Dotres, era uma garota pálida, mimada que sempre estava gritando e intimidando os outros com sua voz chata estridente quando estava de visita ao reino, Milan nem mesmo conseguia recordar qual era o nome dela, mas não dava a mínima pra isso, toda aquela situação era absurda para ele. A última coisa que ele aceitaria fazer era se casar do nada com alguém que ele mal conseguia suportar de estar no mesmo cômodo.

Milan: - Eu me recuso! E não adianta me ameaçar ou tirar coisas de mim dessa vez! Eu prefiro morrer a viver toda uma vida de mentiras como uma marionete que você manipula!

Assim o príncipe se retirou do salão do rei sem muita esperança de obter bons resultados com sua decisão, mas feliz consigo mesmo por se manter íntegro ao que acreditava.

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