Me chamo Júlia, acabei de me formar em arquitetura, tenho 23 anos, sou carioca, brasileira, me formei na faculdade a pouco mais de 2 meses, e recebi uma bolsa para fazer mestrado em Portugal.
No dia da minha viagem, quando enfim eu estava prestes a embarcar, descobri no portão de embarque, que devido a falhas técnicas o vôo teria que ser adiado, e só partiria no dia seguinte, às 6 horas da manhã, como já eram 9 horas da noite e minhas bagagens já fora despachadas, eu decidi ir descansar em meu apartamento, que outrora dividia com o meu noivo Geovani, sim deixei um noivo no Brasil, sempre tive uma visão romântica sobre meu futuro, e meu noivo aparentemente sempre me apoiou em tudo, ou melhor eu achava que sim.
Chegando lá ouço uns barulhos suspeitos, meu chão desabou ali, sem dúvidas nenhuma, Geovani estava com outra mulher no quarto, os gemidos não negavam, abro a porta e encontro ele nu com minha irmã, ambos pareciam já ter bastante intimidades, Fico completamente paralisada e perplexa, como posso estar rodeado de cobras e não ter sentido o veneno, mais agora eu sentia e era amargo demais. Agora entendi o porquê me apoiaram tanto nessa minha ida pra Portugal e eu achando que eles se preocupavam comigo. Quando Geovani me viu tentou inutilmente se cobrir com o lençol e ir atrás de mim, Eu sai correndo, em desespero e peguei um taxi rumo a casa dos meus pais.
Ao bater na porta, minha mãe abre a porta e se assusta, quando ela olha o meu semblante de tristeza e lágrimas, ela me abraça, ela sem querer me soltar e diz: - Aí Meu Deus Querido ela descobriu!!!
- Então quer dizer que eu sou a única que não sabia!!! (Falo decepcionada)
Me desvinculo de seu abraço e fujo dali desolada.
- Minha filha Deixa eu te explicar, Querido vem aqui por favor! (Grita ela, chamando pelo meu pai, enquanto eu me distâncio).
Virei as costas e pego o mesmo táxi que estava fazendo a manobra pra sair dali, o motorista pergunta meu destino:
- Moço por favor, só me tira daqui.
E ele acata meu pedido.
Após alguns minutos circulando o motorista me pergunta novamente se tenho um destino.
Lembrei da Eduarda, minha melhor amiga, era um pouco longe dos meus pais, mas era próximo ao aeroporto, e um ótimo ombro pra chorar, como não tinha pensado nisso antes?! Eu passo o endereço para o motorista e continuo tentando conter as lágrimas esperando o momento certo pra desabar.
Chegando no apê da Eduarda já eram 11 e meia da noite. Paguei o taxi e subiu, torcendo pra que ela me atendesse. Já sem forças bati na porta, como se ali fosse meu último refúgio, Eduarda abriu a porta já me perguntando, pois ela sabia da minha viagem.
- Meu Deus o que aconteceu com você amiga, você você devia estar em um avião a esta hora?
- ....
- O que aconteceu? Disse ela já me puxando para um abraço.
Imediatamente fui invadida por um misto de decepção e desespero não conseguia administrar tanta dor e decepção, me debulho em lágrimas, como pode o destino ser tão cruel, já não basta tudo que já sofri, por acaso eu conspirei o sacrifício de Jesus? Ou até mesmo o neguei junto a Pedro? Quem sabe mandei judas vendê-lo?
Deito minha cabeça no colo de Eduarda e ali senti meu porto seguro, a única pessoa que parecia se importar comigo. Após me acalmar consegui entre soluços contar pra Eduarda tudo que eu tinha presenciado:
- Que filhos da put@!!! Eu vou lá agora arrancar aquele cabelo de boneca dela!!!
- Amiga pelo amor de Deus, isso não vai adiantar nada.
- Mas vê ela careca já ajuda.
- Eduarda eu preciso que você se concentre. Eu tenho uma ideia mas preciso de você.
Eu não podia ficar no Brasil e nem em Portugual, mas pra isso eu tinha que contar com a discrição de Eduarda, pois pretendia mudar meu trajeto final, contei meus planos pra ela.
Duda
Fui deitar para descansar um pouco, afinal amanhã iria pegar um vôo as 6 da matina, mas não conseguia dormir, meus pensamentos me inundaram com aquela cena, com tudo que já passei, e "por que" martelada na minha cabeça.
"Porque eu???" Será que Deus me confundiu com Anderson Silva, pq lutas é o que não falta na minha vida. Eu nunca fiz nada pra prejudicar ninguém 😥.
A ao passa das horas não consegui pregar os olhos por "N" motivos, decido entrar em no site da companhia aérea e procuro passagem para o meu novo destino, e compro uma passagem para o Canadá, confirmo o vôo para 2 dias após meu desembarque em Portugal, não quero mais ficar em meu antigo destino, não quero ser achada, cansei.
Vou embora, refazer minha vida e tomar as rédias do meu destino, até porque ir pra Portugal era ideia dos meu noivo, da minha irmã e de meus pais, agora eu vou escrever minha própria história.
Levantei-me pois não queria correr o risco de me atrasar, sai na ponta dos pés pra não incomodar a Duda, fui direto ao aeroporto, tomei café na lanchonete do aeroporto mesmo, pois meu vôo partiria em menos de uma hora, ao levantar da lanchonete me esbarro com um rapaz, que me derruba no chão de bunda, como sou toda fofa, já comecei o diálogo de forma gentil:
- Não olha por onde anda não?!!?!! Tá CEGO é?!?!
💭 Fofa + Grossa, prazer Eu, meu mau humor matinal também ajuda né.
- Desculpe-me senhorita, não vi que iria levantar.
Fala ele tentando me ajudando a levantar. Dei um TAPA em sua mão, até que olho em seus olhos, eram extremamente hipnotizante. Perdi a fala por alguns segundos até que recompus e disse:
- vai ficar aí parado ou vai ajudar?!
-Se prometer não me bater novamente
- Não trabalhamos com promessas.
Digo isso e ele rir. me ajudando a levantar. Logo em seguida se apresenta.
- Meu nome é Antony, prazer.
- Então trator, me chamo Júlia.
- kkkk...(Ele rir)Então Júlia, qual seu destino, ou está chegando?
💭Pra que ele quer saber hein? vai me levar no colo até o avião?
- Estou partindo.(sibilo)
- Que pena, estou chegando hoje ao Brasil em uma viagem a negócios. E você pra onde vai?
- O papo tá até agradável mas talvez na próxima a gente troque figurinhas. (Falei e sai andando)
- Espera Júlia!!
Vem ele atrás de mim correndo.
💭 Estou sem saco pra isso hoje, vou ser grossa pra vê se ele se manca.
- É o que desta vez, hj tô sem paciência!
- É que você esqueceu sua bolsa na cadeira da lanchonete.
💭Nessas horas que acho super útil as habilidades de um avestruz, porque eu não tinha onde enfiar minha cara, só queria fugir dali e me esconder em posição fetal.
- Opss...(Falei sem graça) obrigada e... me desculpa mesmo, não tem sido uma semana fácil.
- Não tem problema, talvez na próxima vez que nos esbarramos, você esteja de bom humor.
- Acho bem improvável!
- O que? nos esbarramos ou você estar de bom humor? (Ele solta uma risadinha..)
Sorrio e respondo: - Ambos! Então, Antony, até a próxima, ou vou acabar me atrasando.
Ele pisca maroto e diz: - Até a próxima Júlia.
💭Nossa que esbarrão mais confuso, mas que ele era um gato, isso eu não posso negar. ohhh lá em casa, pera aí o que eu tô dizendo? Nem casa eu tenho kkkk.
Me pego rindo sozinha, aliás foi a primeira risada que dei desde que uma avalanche caiu em cima de mim, vou para o meu portão de embarque, entro no avião, seleciono algumas coisas em minha playlist e fecho os olhos para relaxar. Aliás são mais 9 horas com o bumbum nessa cadeira. E pretendo passar parte disso dormindo. Chego em Lisboa olho em meu relógio e são 15:40, tenho que atualiza-lo para a hora local pois ainda está no horário do Brasil, vou olhar o celular e aí sim era 18:40, pego um taxi e vou pra o hotel que eu já tinha reservado. pois antes meus planos era ir para um host ao qual eu iria passar o período do meu mestrado, porém agora deste hotel aqui já vou direto pra onde o vento me levar... e que seja bons ventos.
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Dois dias passam voando, e lá vou eu novamente para o aeroporto, depois de quase 14 horas de vôo desembarque em Vancouver no Canadá e já é de noite, pego um taxi e vou pra um hotel, estou morta de cansaço, no dia seguinte entrei na Internet disposta a alugar um quarto para minha estadia permanente no Canadá.
Vi alguns lugares interessantes, mas no momento estava mais preocupada com o preço do que com tamanho e beleza, depois de 2 dias de procura achei um apartamento ótimo e com bom preço, que estava anunciando pra ser dividido, chego lá para minha surpresa se tratava de uma Brasileira, fiquei muito feliz pois logo de cara eu e Liz nos demos bem, parecia que enfim o destino conspirou ao meu favor.
Liz
Tinha minhas reservas guardadas devido ao pós doutorado que pretendia fazer em Portugal, porém não poderia me acomodar, precisava de um emprego, Liz me deu uma forcinha, conseguiu através de um amigo uma entrevista em uma empresa de arquitetura, mas a vaga disponível era como assistente pessoal do presidente da empresa, eu não podia me dar ao luxo de escolher, dada as circunstâncias. Chegando em fim o dia da bendita entrevista, me arrumei e fui a minha entrevista.
Olhei no espelho...
- Força na peruca Júlia.
chegando lá, me surpreendi, não era uma empresa modesta e sim uma empresa multinacional a qual eu já tinha ouvido muito falar a NVW Group, aliás, trabalhar exercendo minha profissão em uma empresa desse porte seria um sonho pra qualquer recém formado.
Chegando na portaria, me apresentei a recepcionista, por sorte meu inglês está em um nível fluente. A mulher mal olhou na minha cara, me deu um crachá e me apontou o elevador indicando o andar 80°, quando sai do elevador era um ambiente enorme onde havia 2 secretárias e 2 sofás onde umas 15 candidatas se apertavam. Permaneci em pé, nunca fui boa em dança das cadeiras, pois era isso que parecia quando uma das moças se levantavam, outra corria em direção ao seu lugar. Peguei um formulário com uma das secretárias e preenchi atenciosamente. Entreguei o formulário e aguardei, a primeira parte da entrevista foi em uma sala de reuniões, entrevista em grupo com uma gentil senhora que pelo seu crachá era do RH, após uma hora de entrevista, voltamos a sala de espera e alguns minutos depois a secretária sai com uma lista de nomes nas mãos:
- Karen Grouver, Lia Tompson e Júlia Albuquerque. As demais candidatas estão dispensadas.
Nessa hora quase dei um pulo, mas me contive, ainda tinha 2 rivais pela frente. Aliás desejo muito que elas arrumem um emprego, mas não hoje.
A secretária continua.
- A entrevista agora será individual com o senhor Noah Walker, senhorita Karen Grouver, queira me acompanhar.
Aguardo um pouco ansiosa pela minha vez. aliás nem em mil anos imaginaria conhecer o Sr. Walker. Menos de 5 minutos depois a primeira sai da sala com um olhar desconcertado. achei estranho mas ignorei.
A secretária novamente diz:
- Lia Tompson, me acompanhe por gentileza.
Essa não dura nem 3 minutos na sala e volta com os olhos marejados, nossa o que esse homem tem??? tento me manter firme dou um breve treinamento mental💭 Seja ousada, não abusada, seja confiante, e não ignorante. Força na peruca JÚLIA!!!
A secretária me tira de meus pensamentos:
- Júlia Albuquerque.
Me levanto de onde estou e a acompanho, chegando lá me deparou com uma bela figura alta, imponente de costas para a porta, olhando a janela. A secretária só me anuncia e sai, e ele diz sem ao menos se virar:
-SENTE-SE
Respondo:
- Primeiramente bom dia.
Isso o faz virar-se para me olhar. Quando vejo aquele homem com um olhar frio, porém curioso em saber quem era a garota de baixa estatura que o havia desafiado. Dou uma estremecida, mas tento manter a postura que eu tivera acabado de criar.
Noah Walker
Ele responde seco e baixo, apenas pra mim ouvir.
- Bom dia Senhorita?
- Júlia Albuquerque.
- Então Srta Albuquerque (disse ele indo até a sua mesa e pegando minha ficha), você é formada, e porque se candidata para ser uma mera assistente pessoal?
- Qualquer cargo é importante, pois contribui para o andamento da empresa, até a pessoa que serve o café, está contribuindo como um todo. (respondo com total segurança.)
- Hum.. boa resposta. Eu preciso de alguém sem muitos vínculos, preciso viajar bastante e você terá que me acompanhar em minhas viagens, aliás deixe sempre uma mala na empresa pra eventuais viagens de última hora. Se acha capaz? Há caso tenha namorado, noivo ou enfim queria ter uma vida social, já deixo claro que esse não é o emprego correto. (Diz ele em tom firme e um olhar sério e sombrio.)
- Tenho total disponibilidade, isso não será problema.
Sinto ele hesitar por um momento como se esperasse mais... como se precisasse de mais... como se a resposta breve e objetiva não o tinha o satisfazido.
continua...
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