Meu corpo inteiro estava tremendo e meu coração a mil, mas não era uma sensação boa, pelo contrário, era assustadora e horrível. Esse era para ser o meu dia, o mais maravilhoso e mágico, um sonho se tornando realidade. Mas tudo não passava de um pesadelo, que tenho certeza que não vai acabar em poucos minutos.
Estou usando um vestido branco, mais caro e luxuoso que nunca imaginei usar, feito exclusivamente para mim, mas não estou feliz. Não consigo nem mesmo forçar um sorriso, mas minhas lágrimas parecem querer saltar de meus olhos com muita facilidade. Então acho que deveria está usando uma vestido preto, tão negro como esse dia está sendo para mim.
— Sabrina, o noivo já chegou!
Lúcia entrou correndo pela porta, com seus cabelos castanhos voando pelo ar. Ela era o meu consolo, minha melhor amiga e a pessoa que veio anunciar finalmente meu destino.
— Qualquer outra noiva amaria saber que não foi abandonada no altar, já eu, rezei a noite inteira para ele desistir.— Olhei o meu estado no espelho, estava parecendo uma princesa. Uma princesa muito infeliz.
— Calma Sabrina. Eu sei que vai ser difícil, mas você precisa fazer isso pela sua mãe.
De repente tudo voltou...
3 dias atrás...
Depois de 120 dias cuidando de meus girassóis, eles finalmente haviam crescido e estavam radiantes, todo o trabalho tinha válido a pena. Tinha colocado todo meu esforço neste canteiro para o aniversário da minha mãe, tinha deixado tudo prefeito. Bem de frente às lindas flores, tinha colocando uma mesa com duas cadeiras e para complementar um bolo de chocolate com nozes, que eu mesma havia feito, o preferido dela. Agora só faltava a aniversariante.
Corri pelo campo como um raio, deixando o vento carregar meus cabelos negros como as folhas que caiam das árvores. Meu sorriso com certeza dava para ser visto a quilômetros de distância. Quando cheguei de frente a porta de casa, parei por poucos minutos para tirar a terra do meu vestido e então entrei com um sorriso ainda maior.
— Mãe! Eu tenho uma surp...
Minha respiração parou por breves segundos, fazia muitos anos, mas ainda me lembrava daquele rosto que sorria para mim. Na verdade eu nunca me esqueceria dele, não importava quantos anos se passassem, ele ainda me assombrava em meus pesadelos mais cruéis.
— Filha como você cresceu.
— Onde está minha mãe... Onde está minha mãe!!!.— gritei com todo o meu fôlego.
— Sua mãe está bem, mas se ela vai continuar assim só vai depender de você.
Ele caminhou até mim e passou sua mão nojenta em meu cabelo, e em seguida me entregou um papel e voltou para onde esteve sentado desde que tinha entrado.
Olhei para o documento e passei meus olhos rápidos por ele, sem entender o que aquilo tinha a ver comigo. Um contrato de casamento entre Melissa e um rapaz.
— Como pode ver Melissa foi prometida em casamento em troca da família do noivo dar um capital para a minha empresa que está passado por uma crise.— Ele disse calmo, cruzando as pernas.
— E o que o casamento dela e sua " empresa" tem haver comigo... por acaso quer que eu seja a madrinha?
— Na verdade, eu quero que seja a noiva.
Aquelas palavras atingiram meu peito como uma flecha. Mal podia acreditar no que havia acabado de ouvir. Isso só poderia ser uma piada. Uma piada muito suja.
— O que você está falando! Aqui está claro que é Melissa a noiva!
— Sua irmã fugiu com outro homem a alguns dias. Por isso você vai se passar por ela, já que o noivo e a família nunca a viram antes.
Um furacão realmente estava se formando em minha volta. Aquele homem só podia está louco. Eu nunca faria isso. Tudo não fazia nenhum sentido, fazia anos que esse canalha tinha me expulsado de sua vida junto com minha mãe. E agora tinha resolvido aparecer como se estivesse apenas voltando de uma viagem e pedindo para mim, me passar por minha irmã, para salvar sua empresa imunda.
Comecei a amassar o papel colocando toda a minha raiva nele, mesmo que estivesse com vontade de chorar de ódio, não iria permitir que ele me visse daquela forma. Segurei o papel com toda a minha força e o rasguei no meio, deixando as duas partes caírem no chão.
— Eu não vou fazer nada!!!
Ele me olhou com um sorriso macabro e isso me fez recuar dois passos. Eu já tinha visto aquela expressão antes e não gostava do que vinha depois. Eu caminhei até a porta, mas antes que pudesse colocar os pés para fora, ele agarrou meus cabelos e me jogou contra a parede, segurando firme meu pescoço.
— Presta atenção garota! Se você não casar daqui a três dias, eu irei pessoalmente matar a sua mãe, entendeu?
Naquele momento, acertei desistir de ser Sabrina Follen e me transformar em Melissa Follen, para manter minha mãe viva e recupera-la assim que esse jogo acabasse.
Dias atuais...
— Você tá certa, eu tenho que fazer isso.- enxerguei uma lágrima que havia acabado de descer dos meus olhos e sair do camarim, assim como uma verdadeira atriz.
Assim que coloquei os pés em frente à igreja, minha respiração começou a falha. O que eu estava fazendo? Eu já tinha imaginado meu casamento de várias formas, eu caindo enquanto chegava no altar, esquecer meus votos, as alianças sumindo e até o noivo me abandonando, mas nunca dessa forma. Em uma igreja fazia, sem flores, tapete vermelho, sem minha mãe, sem alegria. E nem mesmo a Lúcia.
Tudo era falso!
Eu nem sabia porque estava usando um vestido tão luxuoso se não tinha ninguém para me elogiar, para dizer o quanto estava bonita e nem um noivo para mim fazer chorar com minha entrada. Nem mesmo o Richard estava presente, meu “pai”. Apenas eu e meu suposto noivo.
A porta da igreja se abriu e agora meu coração também começou a falhar, olhei para dentro e nada, vazio e sombrio. Logo meu olhar correu até o altar e lá estava ele. E quase sentir meu coração bater mais rápido ainda.
Ele era... lindo.
Sentir um pouco confortada, pelo menos meu marido temporário era bonito.
E como era bonito!
O olhei diretamente em seus olhos azuis e comecei a caminhar até ele automaticamente. Ele estava com um lindo terno perto — ainda penso que deveria está na mesma cor —, seus cabelos loiros era rebeldes e seu rosto... bem... era triste.
Claro, o que eu estava esperando? Acorda Sabrina! Ele não está casando por vontade própria e muito menos é um príncipe que vai te socorrer.
Assim que fiquei a sua frente, ele não me estendeu a mão, apenas se virou para o padre — Nossa, eu sei que ele não estava feliz, mas um pouco de gentileza, não vai mata-lo.
E logo tudo se iniciou...
— Estamos aqui hoje, para unir esse casal, que esperou esse dia com a ansiedade...— a medida que o padre continuava, sentia que uma tensão se formava a minha volta. — Jack O' Brian aceit...
— Aceito.
Finalmente conseguir ouvir a voz dele, e era dura e fria ao mesmo tempo. E esse tom fez um medo percorrer toda a minha espinha.
— Melissa Follen aceita Jack O' Brian como seu marido, para...
— Também aceito.— o padre deveria está me achando uma ignorante, mas não estava afim de ouvir as últimas palavras e principalmente mais mentiras.
Que eu não fosse punida por tal grosseria no futuro. Me perdoe quem quer que esteja vendo minha desgraça aqui embaixo.
— Agora por favor, façam os seus votos.
Meu Deus! Eu não sabia que precisava de votos, eu nem fiz um... e agora?
— Chega!.— meu desespero foi interrompido, pelo grito forte do meu noivo mal-humorado.— Coloque isso.— ele pegou as alianças e jogou uma delas para mim. E me deu as costas.— E mais uma coisa, parabéns está rica!.— e caminhou para fora da igreja, com a cabeça erguida e com porte de mafioso.
Espera um minuto! Ele está achando que eu quero o dinheiro dele? Que sou uma interesseira? O que tem de bonito, tem de irritante.
Mas não é de estranhar, ele acha que sou minha irmã.
— Idiota!!!
Respirei fundo pela primeira vez depois que aquele casamento tinha se iniciado. Arrastei o vestido gigante e tirei meus sapatos, me sentando no chão e encarando “minha aliança".
Isso aí Sabrina, agora você é definitivamente Melissa Follen.
A Sra. O' Brian.
Com o vestido enorme tirado, tratei de vestir um short curto com uma blusa lilás de manga curta e um tênis confortável. Quando sair do hotel em que estive hospedada durante esses dias — isso aí! da para acreditar?! Sou forçada a me casar com alguém que não conheço e nem mesmo tenho o direito de dormir na casa que por direito também me pertence. Mas em enfim, quem se importa — um carro preto muito bonito me esperava, assim que o motorista me viu, desceu do carro e aguardou que eu me aproximasse.
O motorista era um homem alto, de ombros largos e com cara de segurança de shopping e daquelas boates noturnas. Ele usava um terno preto e gravata da mesma cor, que combinava perfeitamente com seu cabelo bem cortado e seus olhos escuros. Acho que até sentir uma queda por ele.
— Sra. O' Brian, vim lhe levar para casa.
Sra. O' Brian até que não soava ruim. Quando não era pronunciado por mim.
— Claro, podemos ir.— Sorri e fui abrir a porta do carro para entrar, mas o motorista foi mais rápido.
O tempo começou a passar e nada da gente chegar, será que eu ia morar no meio do nada? em outra cidade? O silêncio estava começando a me incomoda um pouco, na verdade muito. Eu sou uma pessoa ativa, que gosta de falar e fazer uma fofoquinha de vez em quando. Corrigindo: uma pessoa que gosta de se manter informada. Por isso tratei de tentar investigar um pouco meu "marido", dizem que empregados adoram falar sobre a vida dos patrões.
— Qual o seu nome mesmo?
— Denys, minha senhora.
Estava começando a me acha uma velhota!
— Denys, será que poderia me falar um pouco sobre o meu marido?
De repente o carro para, e meu corpo é jogado para frente. Ele tinha feito isso de propósito?
— Chegamos.— sua voz seria me chamou a atenção.— E senhora, acredito que deve perguntar sobre o Sr. O' Brian a ele mesmo ou procurar outra maneira.— disse me olhando pelo espelho do carro.
Meu coração deu uma acelerada rápida, o olhar que ele havia me dado parecia saída de um filme de terror. Parecia que fofocar com a sua patroa não era algo a se cogitar fazer.
Desce do carro, com uma cara nada feliz com que tinha acontecido, mas logo minha expressão mudou totalmente quando sair. Cause desmaiei com a vista que se encontrava na minha frente — ouviram o que eu disse sobre está indo morar no nada? pois é, parece que minha pergunta não foi em vão. Era uma mansão enorme, que com certeza dava para construir seis casas do tamanho da minha, sem problemas. Acredite não estou exagerando.
Também tinha um grande jardim e um estacionamento de tirar o fôlego, mas não entendia o porque construir algo tão grandioso no meio do nada, com uma floresta ao redor e uma estrada de terra, onde com certeza nenhum carro passava. Bem, se algum momento eu tiver que fugir, vou precisar andar por muito tempo. Então essa ideia estava fora de questão.
— Senhora, não precisa olhar com tanta admiração, sua casa é só um pouco menor que essa.— Segurei um sorriso.
— Com certeza... só um pouco...
Denys se eu te contasse que minha casa deveria ter o tamanho da sala dessa mansão você morreria de rir.
Ele pegou minhas malas e até tentei carregar uma delas, mas foi em vão, Denys pegou as duas sem muito esforço. Acho que não estou fazendo o papel da mulher nojenta, mandona, chata e mesquinha direito — Sinto muito pessoas ricas do mundo, não levo jeito para isso. Ele se direcionou para entrada da mansão e eu o seguir, tentando não demostrar que era a primeira vez que via um jardim do tamanho de campo de futebol e uma mansão tão luxuosa antes.
Mas o meu tentar se transforma em algo impossível quando entro na mansão olhando tudo em volta em completo estado de choque e percebendo que tinha errado feio! A sala era bem maior que minha casa.
Tudo era maravilhoso, paredes com cores vivas, moves luxuosos, lustres de cristal, cortinas grandes e abertas, assim como as janelas que traziam muita luz natural para o ambiente. Não entrava na minha cabeça que um homem podia decorar uma casa assim, principalmente o homem que estava naquele altar. E é claro que ele não era o responsável.
Assim que acabei que admirar tudo, me virei na direção que tinha entrado e me deparei com uma mulher alta, de olhos azuis e cabelos ruivos — Certamente Jack tinha herdado os cabelos loiros de seu pai —, elegante e com aproximadamente a mesma idade que minha mãe. Ela ficou me encarando e aquilo estava me assustando, até que ela abriu um sorriso largo.
— Minha querida seja bem vinda, estava te esperando ansiosa.— Veio até mim rápida e me abraçando forte. Me fazendo sentir também um alívio.
— Muito obrigada, eu não a vir em nenhum momento no casamento.
— Você sabe, o meu filho exigiu que ninguém fosse e isso incluiu eu.
Mas é claro, era a mãe do meu marido, nossa! Já tinha dito essa palavra muitas vezes em um só dia.
— Tudo bem senhora, eu deveria ter pensando nisso.— disse seguindo seus passos até o sofá.
— Por favor, nada de senhora, pode me chamar de Olívia.— exclamou com um sorriso caloroso.
— Como desejar Olívia.
Parece que finalmente alguma coisa tinha dado certo para mim nesse dia. Olívia estava sendo um amor de pessoa e um doce de sogra — acho que meu "querido marido" não puxou isso da família. Ela me serviu um chá e alguns biscoitos de chocolate, estava me sentindo uma criança sendo mimada.
— Madame, para onde levo as malas da senhora?.— uma das empregadas nos interrompeu.
— Como assim para onde!? Para o quatro do Jack é claro... em falar nisso, ele não veio te receber.— disse segurando minhas mãos.
— Não precisa...
— Pode deixar vou chama-lo.— eu ia tentar interferir de novo, mas não deu tempo.— Jack!!!!!
Tudo bem, talvez eu tenha exagerado um pouco com o " doce".
Com certeza com o grito que ela deu, até os pássaros voaram para longe. Ela gritou pelo menos mais umas três vezes, antes que seu rosto começasse a sair fumaça e ficar tão vermelho quanto seu cabelo, parecia que ia explodir.
Ela deu um olha maligno para as grandes escadarias da casa e se virou para mim com um sorriso calmo no rosto.
— Não se preocupe meu anjo, vou já resolver isso.
— Eu...
E novamente fiquei sem poder dizer nada, já que ela correu direto para as escadas pisando pesado. Parecia até que seus passos iriam causar um terremoto a qualquer momento.
Se passou alguns minutos desde que Olívia havia subido e já estava cogitando a ideia de ir atrás dela, mas então ouvir um barulho alto vindo do andar de cima, então desistir no mesmo instante.
Quem vai se meter em uma briga de mãe e filho num é mesmo? Eu pessoalmente que não.
De repente ouvir passos se aproximando e logo vejo Olívia retornar, agora acompanhada de Jack, que estava evidente em sua expressão que não tinha vindo por escolha própria. Diria mais por livre e espontânea pressão.
A ruiva voltou a se dirigir a mim com muita doçura e puxou Jack para mais perto de mim, que estava de frente a eles.
— Jack, comprimente sua esposa.
— Olá.— Olívia deu um pequeno beliscão nele e cause não conseguir segurar a gargalhada.— Seja bem vinda, espero que a viajem até aqui não tem sido difícil, minha esposa.
Acho que vou morrer de rir.
— De jeito nenhum, foi muito calma.— tirando o pequeno incidente dentro do carro.
— Fico feliz em ouvir isso. Pode deixar que eu mesmo irei te ajudar a levar sua mala para o nosso... quatro.
— Oh! Obrigada.
Dá para acreditar no que uma única conversar com a mamãe pode transformar uma pessoa. Eu acho que alguém nessa casa vai me ajudar muito com meu marido.
— Vão lá e se conheçam melhor. E Melissa, qualquer coisa pode me pedir.
Concordei com a cabeça — com certeza iria — e seguir Jack desviando um pouco meu olhar para suas costas — Meu Deus! Até as costas da pessoa era um colírio para os olhos.
Depois de passamos por um corredor enorme, ele abriu uma das dezenas portas do andar de cima e entrou jogando minhas malas em um lugar qualquer.
O quatro era enorme. Me perguntava se existia algo naquela casa que não fosse do tamanho de um campo de futebol. Passei meus olhos em tudo, menos no banheiro. Com certeza deveria ser maior que o meu quatro. Me aproximei da porta com a intensão de bisbilhotar, mas fui impedida.
— Senta aí!.— Jack exclamou, me fazendo automaticamente me sentar em uma poltrona não muito longe da cama.— Presta atenção! Não somos marido e mulher de verdade, tudo isso é apenas interesse, então não precisa bancar a esposa preocupada e atenciosa, ouviu?
— Eu...
— E mais uma coisa! Aqui existem regras.— e fui interrompida de novo.— Primeira; nada de mexer em minhas coisas ou nos meus assuntos. Segundo; nada de carinhos melosos ou contato físico. E terceira; nada de amantes. Se não gos...
— Tá ótimo para mim, não se preocupe.— dei de ombros e fui matar minha curiosidade no banheiro.
Será que eu deveria ter me importado? Não.
Olhei para o banheiro e ele parecia um spa, nem se comparava com o do hotel. Como uma pessoa pode morar em um palácio e ter uma mãe como a Olívia e ter tanto mal humor? Se eu vivesse deitada nessa banheira todos os dias, o mundo poderia acabar que não me causaria nenhum estresse.
Me virei para a sala e me deparei com Jack me encarando.
— Qual o problema?
— Você. Ouviu o que eu disse?!.— indagou irritado.
— Sim, cada palavra. E por mim tudo ótimo, com tanto que você durma no chão e eu na cama.— falei passando por ele.
Os olhos dele se arregalaram e percebi que tinha voltado a me olhar, mas dessa vez muito mais irritado e com ódio.
— Você pensa que pode argumentar aqui?!
— Bem se você não gostou, posso dizer para sua mãe que você não quer dormir comigo e talvez ela...
De repente ele me prendeu contra a parede, sem muita dificuldade. Fazendo com que não conseguisse mexer um centímetro do meu corpo. Eu definitivamente estava assustada e apavorada. Acho que até minha respiração tinha parado.
— Olha aqui, não me vem se fazer de Santa. Eu sei que se casou comigo por dinheiro, por isso nem pense que sou um dos seus amantes idiotas, porque vai se arrepender.— ele me soltou e quase cair no chão, minhas pernas estavam trêmulas. Ele foi até a porta e parou.— faça o que te convém sobre onde dormir.
E foi embora.
O que foi aquilo?
Me joguei de imediato na cama gigante, tentando confortar o pavor que tinha sentido. Acho que cause morri de medo. Eu merecia pelo menos um pouquinho de respeito, uma conversinha não machuca ninguém.
Aquele ser idiota e grosseiro!
— Seu psicopata!.— gritei pegando um travesseiro e batendo nele com força.
Depois que o esquentadinho do Jack saiu, passei praticamente o dia todo deitada na cama, tentei ligar para Lúcia, mas só dava caixa postal. A senhora Olívia tinha saído e me falaram que só voltaria a noite. Então não tinha ninguém para me socorrer. É difícil ficar parada o dia todo, quando você cresce no campo e sempre tem algo que precisa ser feito. Mas aqui haviam empregados para todos os lados que queriam fazer tudo por você. A mansão é praticamente habitada por eles.
Fiquei encarando o teto do quatro por praticamente mais dez minutos, antes de não argumentar mais.. Já chega!
Sabrina você precisa fazer alguma coisa ou então vai pirar.
Sair do quatro e desce as escadas como um relâmpago, olhando para todos os lados e cheguei a conclusão de que com certeza iria me perder se começasse a andar sozinha por aí. Mas então resolvi seguir minha intuição. Passei por algumas portas e mais portas, corredores e mais corredores, e bingo! A cozinha.
Assim que entrei dei de cara com seis cozinheiras, e quando uma finalmente percebeu minha presença, praticamente saltou em cima de mim.
— Sra. O' Brian quer alguma coisa? É só pedir que estamos ao seu dispor.— disse me reverenciando. Estava me sentindo em um filme medieval.
Acho que alguém falou alguma coisa ao meu respeito. Será que me investigaram? Quer dizer, minha irmã.
— Não precisa, eu mesma quero cozinhar.
— Mas Sra. O' Brian, estamos aqui para isso. Para o que precisar.
— Então tudo o que preciso é de um avental. Não se preocupe, não vou explodir a cozinha.— Sorrir e corri direto para um dos fogos.
A garota percebendo que não iria mudar de ideia me trouxe um avental e me mostrou onde ficava a dispensa. Mas não desgrudou de mim um minuto, principalmente quando estava usando as facas ou algo cortante. Acho que ela estava com medo de eu a demitir, se eu cortasse o dedo.
Consigo imaginar muito bem a fama que minha irmã ganhou por aqui. Não posso nem culpar ninguém por sentir medo de mim, porque até eu sentiria. Fico imaginado a cara de todos quando a verdadeira Melissa voltar e com seu veneno junto. Pior, quando todos descobrirem que eu não sou ela. Melhor eu nem pensar nisso.
Fiquei na cozinha por muito tempo esperando minha lasanha ficar pronta, já era praticamente 20h da noite e acabei por ajudar também no preparativo do jantar. Quando a lasanha ficou pronta levei para a mesa de jantar e cause morri. Tinha uma mesa com pelo menos vinte lugares ocupando uma sala não muito menor que a sala de estar. E não conseguia imaginar a necessidade de tudo isso. Eu tenha certeza que aquele arrogante lá em cima não recebia nem cinco pessoas na casa dele por mês.
Enfim! me sentei em um lugar qualquer e coloquei minha linda lasanha no certo da mesa.
Que orgulho!
Peguei um prato e comecei a comer.
— A senhora não vai esperar o Sr. O' Brian?.— A garota que ficou me vigiando, perguntou e eu sorrir, porque pareceu que saiu sem querer.
— Eu acho que se eu subir para chamar seu senhor para comer é capaz dele jogar essa lasanha na minha cara.— brinquei, mas era capaz de acontecer.
Acho que a empregada concordou, porque deu um sorriso de leve e se manteve calada do outro lado da mesa. De repente a campainha tocou e logo um moreno alto e muito bonito apareceu na minha frente. Ele me encarou — parece que todos adoram fazer isso comigo — e parei de comer, me levantando rápido.
— Olá.— Foi tudo que conseguir dizer.
— Olá, eu sou Thomas Collen e você deve ser a Melissa?
— Acertou, posso ajudá-lo em algo?
— Bem, eu sou o amigo e braço direito do Jack. Será que posso falar com ele?
Será que ouvir direito? Amigo? Amigo. Aquele cara tem um amigo, quem diria. Pensei que não existiria outra pessoa além da mãe dele que conseguia aturar aquele ser. A vida pode surpreender as vezes.
— Claro! Pode subir, ele deve está lá.— estava voltando a me sentar, quando eu quase engasgo.
— Gostaria que fosse comigo, não me negaria, certo?.— perguntou e ficou esperando minha resposta.
Ele estava querendo me matar no meu primeiro dia, era isso? Eu aqui tentando evitar aquele ser e o roupão perto — a propósito, ele estava usando um casaco negro, parecia um vampiro — querendo me arrastar com ele.
Estava morrendo de vontade dizer “sim, eu vou recusar”, mas acho que tinha que mostrar que não sou uma pessoa sem educação.
— Claro que não vou negar, vamos.— De repente me lembrei do que a empregada havia me dito minutos atrás.— Espera um minuto.
Corri até a cozinha, peguei um prato e coloquei uma fatia da minha lasanha. Eu não ia comer tudo sozinha mesmo e já que estava indo até lá, por que não levar algo para meu "querido marido"?
Thomas ficou me observando a todo momento.
Eu fui na frente segurando o prato e ele me seguindo com uma pasta na mão. Meu coração estava começando a acelerar a cada passo mais perto do quarto onde Jack tinha passado o dia inteiro — Coração por favor, não denuncie o meu medo. Tudo culpa dele, se não tivesse feito aquilo mais cedo, meu corpo não estaria desse jeito. Parei de frente a porta e bati e ninguém abriu, então eu mesma fiz isso.
Olhei para dentro e tudo estava em completa escuridão, não dava para ver quase nada naquele quatro, além do Jack sentado em uma mesa olhando para um computador com a tela brilhando— claro, um escritório, deveria ter pensado nisso. Assim que ele me viu engoli em seco.
— O que você quer?!
Nossa! A gentileza não bateu a porta dele quando nasceu.
— O seu colega Thomas veio falar com você.— Thomas entrou e eu fiquei atrás dele.
— Tá esperando o quer? Pode ir embora agora.— mandou grosseiramente.
Dei um olhar furioso para ele e virei meus calcanhares para ir embora, mas ainda estava segurando o prato de lasanha na mão. Juro que ideia de jogar esse prato na cabeça dele atravessou meu pensamento muitas e muitas vezes em menos de 1 segundo. Como essa ideia parecia tentadora.
Mas não Sabrina, a lasanha não tem culpa de nada!
Então respirei fundo e andei até a mesa onde ele estava sentado e coloquei o prato bem na sua frente.
— Eu disse que não precisa fingir se preocupar comigo.— meu Deus!!! Que irritante!!
Coloquei minhas mãos sobre a mesa e encarei seus olhos azuis com frieza, a assim como ele me olhava.
— Não estou fingindo, nem preocupada com você, mas sim com sua mãe! Se não quiser comer, oferece por seu amigo, ele parece gostar, mas não jogue fora, a lasanha não tem culpa do seu humor.— sorrir com ironia e fui embora.
Fechei a porta atrás de mim e dei uns pulinhos e gritinhos de alegria. Vitória. Não vou negar que não gostei de fazer aquilo, porque eu adorei.
Assim que terminei de comer o resto da minha lasanha, fui direto para meu quatro e passei praticamente uma hora descansando na banheira — Nada como um banho para sumir com o estresse. E isso se tornava ainda mais prazeroso quando se tinha uma banheira de hidromassagem apenas para si.
Assim que sair do banho, vestir meu pijama lilás de ursinho e me joguei na cama, me abraçando aos lençóis de algodão e que cheiravam a flores, com um pequeno toque do cheiro de lavanda do Jack. A cama conseguia ficar ainda mais fofa cada vez que eu me jogava nela. Então foi impossível conter a vontade de pular na mesma. Em poucos segundos transformei a cama em um pula-pula e estava muito divertido.
— O que está fazendo?
Olhei para a porta do quatro e Jack me encarava com surpresa, confusão e como se eu fosse uma louca. Com o susto me desequilibrei e cair da cama. Meu rosto foi direto para o chão.
— Aí!.— Me levantei e olhei para o culpado da minha queda.— Você quase me matou!
— Eu? A culpa é sua por ficar pulando na cama. Por acaso nunca viu uma?
Bem, na verdade... nenhuma daquele tamanho e nem tão macia que eu pudesse pular, então me mantive calada. Ele me olhou curioso, mas ainda frio e não ligou para meu silêncio.
Me deitei na cama e fiquei o observando sorrateiramente, enquanto andava pelo quatro e colocava um cobertor no chão, seguido de um travesseiro e outro cobertor. Ele ia mesmo dormir no chão.
Espero que acorde com dor na coluna!
— Do que está rindo?! Por acaso quer trocar de lugar comigo?
Fui descoberta!
— Não! Já tô dormindo.
Joguei meu cobertor na cabeça e dei mais algumas risadas antes de pegar no sono.
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