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Um Amor Para Lorenzo

Prólogo

Alice e Lorenzo -15 anos de idade

[LORENZO]

-Ah, eu vou matar você, Henrique Morales! Ô se vou, com certeza, eu vou! -Ana Júlia deu um grito tão alto que eu até cheguei a dar um pulo do fim do corredor por onde vinha.

Eu havia ido a lanchonete do hospital buscar um café quente e forte, do jeito que Alice gostava, já que era a única coisa que ela aceitara tomar enquanto aguardava ansiosamente pelo nascimento de seu irmãozinho Dante.

-Calma, mi amor. Já vai passar. -Henrique tentou acalmar a esposa, porém não parecia estar surtindo muito efeito.

Isso fez com que a mulher dissesse mais algumas palavras feias ao marido que se encolheu em um gesto defensivo. Eu assistia a cena engraçada há alguns passos de distância enquanto caminhava em direção a minha melhor amiga que torcia os dedos das mãos e batia ritmicamente um pé no chão em um tique nervoso.

-Tia Ana ainda está muito nervosa? -perguntei ao me aproximar envolvendo-a em um abraço pelas costa e coloquei o copo de café em suas mãos.

O perfume do hidratante que cobria sua pele macia foi a primeira coisa que atingiu em cheio meu olfato e eu tive que me segurar para não aspirar mais forte, querendo mais do seu cheiro. Me limitei apenas a continuar abraçado aos seus ombros estreitos, enquanto traçava círculos invisíveis com o polegar em sua nuca.

-Obrigada. -Alice agradeceu com um sorriso tenso no rosto. -E sim, ela está muito irritada com meu pai. Também não é para menos, ela deve estar sentindo uma dor horrível. E já está assim horas há fio. Isso com certeza deixa qualquer pessoa com um péssimo humor. -disse ao soltar um suspiro preocupada.

-...calma? Você quer que eu tenha calma enquanto essa criança que você colocou dentro de mim me rasga completamente? Como você ousa, homem? Tá pedindo para varrer pé de anjo mais cedo! -tia Ana rugiu indignada, uma verdadeira fera.

-Meu Deus do céu! -digo espantado e tento sufocar a risada pressionando a boca nos ombros de Alice.

O que foi um grande erro da minha parte, pois sentir a textura de sua pele lisa e sedosa contra meus lábios tinha sido a melhor coisa da minha vida até então. E eu suspeitava que não conseguiria resistir dali para frente, sempre que tivesse oportunidade, de arranjar uma desculpa qualquer para estar em contato com seu corpo mais uma vez.

-...eu sei, também estou tão assustada com a agressividade dela quanto você. Estou rindo mas sei que é errado. -Alice disse me trazendo de volta a realidade. -Coitado do papai, deve estar com o coração na mão. -ela parecia exausta e quando apoiou a cabeça em meu ombro, sendo que eu era um pouco mais alto do que ela, foi como se tivesse feita para estar exatamente ali, encaixando-se perfeitamente a mim, feito duas peças de quebra-cabeça que se completavam.

-Vem se sentar, Ali. Você deve estar cansada. -eu a convidei após alguns segundos, notando os traços de exaustão que exibia, porém que em nada diminuía sua beleza radiante e natural.

Alice era incrivelmente linda e atraente.

-E estou mesmo. Saímos às pressas quando a bolsa dela rompeu, só deu tempo da vovó Josefina chegar lá em casa para tomar conta da Luna e nós viemos direto para cá. Aliás, obrigada por vir me fazer companhia. Papai é meio super protetor e não queria que eu ficasse sozinha pelos corredores do hospital.

-Não me incomodo com isso, Ali. Sabe muito bem disso. -respondi dando de ombros. Ela sabia realmente que aquilo não era nenhum tipo de sacrifício para mim.

 A tirei de frente da porta do quarto hospitalar, trazendo-a comigo pela mão até um banco e a fiz sentar, logo em seguida fiz o mesmo sentando-me ao seu lado.

-Não sabia que trabalho de parto poderia demorar tanto assim. -ela comentou depois de um tempo, apreensiva ao ouvir os gritos de dor que Ana Júlia dava a cada segundo.

-Vai ficar tudo bem, Ali. Já está quase acabando. -prometi segurando sua mão e entrelacei nossos dedos.

Eu queria que ela se sentisse segura e tranquila comigo ali. Porque tudo que estivesse ao meu alcance eu faria por ela sem ao menos pestanejar. Alice era muito mais para mim do que palavras poderiam expressar. Ela era como um raio de sol em um dia de chuva, a alegria dos meus dias, minha amiga mais preciosa, um espetáculo da natureza com aqueles cachos volumosos que mais pareciam uma coroa em sua cabeça, perfeita para sua áurea real, a garota dos olhos verde-floresta mais lindos que já vi e... a pessoa mais amável que... eu amava secretamente em meu coração. Sua felicidade era prioridade para mim. Sempre seria. Porque quando a gente ama, a felicidade do outro sempre vem em primeiro lugar. Bom, pelo menos é o que acho. E talvez seja por pensar dessa maneira, que eu havia descoberto há tão pouco tempo que era completamente apaixonado por minha amiga de infância.

De repente Ana Júlia parou de urrar de dor, não houve mais barulhos por alguns milésimos de segundos e então, um chorinho alto e estridente começou  soar quebrando o silêncio.

Dante Veloso Morales acabava de chegar ao mundo. Seja bem-vindo, garotão!

-Meu irmão! -Alice se levantou em um pulo com um enorme sorriso rasgando os lábios e correu de encontro a sua família. Louca para conhecer o mais novo e aguardado integrante.

E sozinho ali naquele corredor do hospital, por um instante deixei que minha mente fosse longe, vagando no mundo dos desejos, imaginando a mesma cena se repetindo, em outro momento, uma outra história... Alice sorrindo da mesma forma, a alegria genuína, e eu mais próximo do que nunca, mas dessa vez como um participante ativo da história... Aquilo poderia mesmo chegar a ser real um dia? Bom, eu ainda tinha uma longa caminhada para descobrir as respostas para essa e outras perguntas que permeavam minha cabeça e coração.

Capítulo 1

Alice e Lorenzo -16 anos de idade

[ALICE]

-É hoje, meninas! -Malu deu um gritinho eufórico e um salto sobre o lugar fazendo com que suas lindas madeixas ruivas se agitassem de um lado para outro.

Estávamos eu e minhas minhas melhores amigas desde o ensino fundamental, Maria Luíza, Rebeca, Thalita e Vitória, sentadas no refeitório do colégio durante o período do recreio, aproveitando os últimos minutinhos para lanchar e colocar os assuntos em dia enquanto o sinal não tocava para o próximo e entediante horário. Matemática avançada. Aff... quem é que inventou essa disciplina complicadíssima, mesmo? Ah, não importa. Só sei que terei que ralar bastante esse bimestre final se quiser continuar com boas notas e fechar o segundo ano do ensino médio com chave de ouro. Talvez Lorenzo pudesse me dar uma forcinha, mais uma vez, afinal de contas ele é melhor aluno desse instituto e um gênio na área das exatas, então não seria algo tão difícil assim.

-O que é hoje, Merida? -Thalita provocou sem dar muito crédito a empolgação fora de contexto de Malu.

Seus olhos olhos puxadinhos se reviraram no lugar antes mesmo que Maria Luíza respondesse a pergunta e em seguida enfiou parte da cenoura que comia na boca, dando uma grande mordida e fazendo crac ruidoso.

-Que eu irei dar o meu primeiro beijo, sua japa cínica! -Malu contou animada.

-Como assim, amiga? Quem é o garoto? Quando e onde vai ser? Vamos, nos conte tudo agora mesmo. -Beca disparou as perguntas animando-se com a novidade. A loira adorava ser a primeira a estar a par das coisa.

-Achei que você já tivesse dado seu primeiro beijo no nono ano. -Vitória comentou franzindo o cenho, os olhos cor de mel não deixavam um segundo sequer o brilho da tela de seu celular, enquanto enrolava um cacho castanho no dedo indicador distraidamente. -Todas nós já beijamos algum idiota pela primeira vez, acho que foi mais ou menos na mesma época para as cinco, não?

-Não. Eu e a princesa Alice aí, resolvemos esperar mais um pouco e... mais um pouco, até que estamos na mesma até hoje. Com dezesseis, quase dezessete anos de idade e ainda boca virgem. Um verdadeiro absurdo!-Malu apontou para mim inconformada, sua voz um pouco elevada acabou chamando a atenção de alguns alunos nas mesas a nossa volta, o que fez com que alguns pares de olhos se voltassem imediatamente para nossa mesa.

-Eu queria que fosse especial, vocês sabem... o meu primeiro beijo. Não que um idiota qualquer como a Vitória mesma disse, enfiasse a língua nojenta dentro da minha boca sem qualquer tipo de sentimento. -rebati na defensiva dando de ombros e desviando o olhar para longe.  -E outra coisa, eu não a obriguei a nada, se você quis esperar até agora foi por pura escolha pessoal.

Vi quando Lorenzo cercado de seus três melhores amigos, Danilo, Apolo e Demetrius passaram pelas portas do refeitório, rindo de algo engraçado que algum deles havia dito e atrás deles vinha as bruxas metida, as gêmeas Suzane e Roane, prontas para arrastar aquelas azinhas magrelas para cima dos meninos. As duas irmãs não tinham um pingo de vergonha na cara, flertar era pouca coisa perto do que elas faziam descaradamente com os garotos quase todos os dias e o pior, na frente do colégio todo.

-Olha lá o trio do pecado chegando. -Malu cantarolou abrindo um sorriso derretido ao vê-los caminhar por entre as pessoas e virem em nossa direção. -Mas pelo visto o zoológico esqueceu a porta aberta e as serpentes resolveram dar uma voltinha no refeitório. -disse olhando para as unhas, fingindo indiferença a presença das garotas.

Caímos na gargalhada que logo foi suprimida com tosses forçadas, mãos na boca e até um bocejo mais falso que nota de três reais, quando Lorenzo parou atrás da cadeira em que eu estava sentada.

-E aí, garotas. Como estão?  -ele perguntou apertando meus ombros com carinho e depositando um beijo em meu rosto.

-Bem até demais, loirinho. -Beca respondeu e piscou para ele. -Estamos naquele período do mês na vida das mulheres em que tudo é uma maravilha, tipo aqueles comerciais de absorventes que as mulheres sorriem e pulam contentes para todo o lado. Então... -ela brincou, ele que já estava acostumado com o jeito espontâneo e extrovertido da loira não se abalou com a resposta atravessada, pelo contrário, se juntou a risada dos amigos ao seu lado.

-Mas é uma sem noção mesmo, essa menina. -Suzane alfinetou, aproximando-se mais do grupo. -Vê se isso coisa de se dizer a um cara? Parece até um moleque de rua com essa boca deslavada. -cuspiu as palavras para fora sem se importar em estar estragando o clima descontraído

Olha quem está falando, pensei comigo mesma. Mais descarada que ela nesse colégio, só se juntasse ela e a irmã em uma mesma sala.

-Ali, minha amiga. -Beca me chamou de repente. -Não sabia que o instituto agora estava aceitando animais selvagens. Antigamente o colégio costumava ser mais seletivo sobre quem entrava por esses portões.

Balancei a cabeça em negação, sabendo o que ainda estava por vir.

-É muito perigoso deixar cobras siameses soltas por aí quando se tem tantos alunos como aqui. Vai que alguma delas resolve dar o bote? Deus me livre. -disse fingindo sentir calafrios. -Devia conversar com seu pai, menina, para ver se ele dá um jeito nesse problema aí. Afinal você é filha do dono de isso tudo aqui, não custa nada levar essa reclamação minha para ele. Infestação de pragas, era só o que me faltava agora. E olha que eu pago caro na mensalidade, hein? Vou até pedir um desconto ano que vem só por causa disso.

-Na verdade são seus pais que pagam e não você -Apolo riu, corrigindo-a.

-Quem te perguntou mesmo? Hum... deixa eu ver... Ah, pois é, ninguém.

-Calma aí, gatinha. Pode ir recolhendo as garrinhas, não estou afim de brigar com você. Afinal de contas sei que é apaixonada por mim e que toda essa raiva é apenas faixada para esconder esse amor reprimido.

 -Apolo, por tudo que é mais sagrado, deixa a garota em paz. Você deve ter reencarnado umas duzentas vezes só para nascer com esse dom de irritar qualquer pessoa em um quilômetro quadrado. -Thalita que até o momento estava calada, resolveu interromper.

-Viu, Dem! -Apolo cutucou a costela do amigo com o cotovelo e continuou. -Sua garota está com ciúmes de mim. Quem diria que isso aconteceria um dia, hein? Na verdade, eu achava que a Mulan era muda com todo esse voto silêncio e tal.

-Meu amorzinho da china, eu já te disse que não pega bem ficar dando esses pitis perto da Apoline, sabe que ele não aceita facilmente até hoje sua rejeição e por ter ficado comigo também. -Demetrius a provoca, puxa uma cadeira desocupada e se senta tão próximo de Thalita que não há espaço entre eles.

Não se dando por satisfeito, o garoto insolente, roubou os óculos que estavam no auto da cabeça da mesma, e colocando no próprio rosto, saiu correndo, esbarrando em um ou outro aluno no trajeto quando a japa se levantou furiosa ameaçando arrancar sua cabeça fora.

-Podem seguir também o exemplo do mané e darem o fora. -Vitória deu o aviso para as gêmeas que assistiam tudo de cara amarrada.

-Só cuidado para não deixar um rastro de veneno pelo caminho, dá trabalho para as tias da limpeza limpar a bagunça depois. -Malu emendou, não satisfeita com o comentário anterior.

-Não somos obrigadas a nada, mas eu não irei continuar ouvindo tanta grosseria num mesmo lugar. Vamos, Roane. -Suzane foi quem se manifestou. -Tchau, Apolo, tchau Enzo. Nos vemos depois. -se despediram deixando-nos finalmente em paz.

Não vai não, protesto mentalmente. Se dependesse de mim, aquela megera só iria ver Lorenzo no inferno. Garota chata.

-Tchau, meninas. Até mais tarde. -Lorenzo respondeu educado.

Algo em seu tom gentil e cordial faz com que eu fique ligeiramente chateada e me afaste sutilmente do toque de suas mãos. Se era ciúmes? Claro que não. Mas poxa vida, ele era meu melhor amigo, sabia muito bem que eu não gostava daquelas meninas que faziam de tudo para importunar minhas amigas e eu, e aí ele vem agir amigavelmente logo com elas e bem na minha frente? Por favor, né? Aí é exigir demais do meu autocontrole.

-Gente, eu estou indo nessa, preciso ir para a aula. -afastando a cadeira, me levantei do lugar quando o sinal tocou e as meninas fizeram o mesmo, imitando-me.

-Também estamos indo Ali, espera. -Malu pediu recolhendo o lixo descartável sobre sua bandeja e o jogando fora na lixeira mais próxima.

Deixando Lorenzo e Danilo para trás, seguimos as duas até o balcão de serviço onde depositamos nossas bandejas sujas e caminhamos rumo a saída do refeitório. Todos já haviam ido embora, somente Beca ainda nos aguardava para irmos juntas para a sala.

* * *

-Ora, ora, vejam o que temos aqui, meninas. -uma voz enjoada soou ao meu lado na carteira e eu nem precisava virar a cabeça para saber de quem se tratava.

Ah, essa não! De novo não, resmungo internamente, pensando em como essa perturbação nunca tinha fim.

 -Se não é a sonsa sem sal que se acha a dona do lugar. -Suzane implicou enquanto a irmã e as amigas a acompanharam com risinhos debochados.

Ignorei suas palavras que escorriam maldade e continuei fingindo estar prestando atenção nas palavras que o professor escrevia no quadro. Faltavam poucos minutos para a aula encerrar, a última do dia, graças a Deus. Eu conseguiria aguentar até o final aquelas provocações, era só não dar ouvidos. Isso, era só ficar na minha. Porém isso não se mostrava uma tarefa nada fácil quando todas elas se sentavam ao meu redor só para ter o prazer de me encher a paciência.

-Fiquei sabendo de um babado hoje, meninas. -Roane foi quem disse dessa vez, em tom baixo como se estivesse confidenciando um segredo muito importante as outras, mas alto o bastante para qualquer um da sala ouvir. -Um certo alguém, o qual eu me recuso dizer o nome, nunca beijou um menino na vida, acreditam? -ela riu com escárnio.

-Sério, amiga? Que idiota! -Beatriz disse e eu quase podia sentir seus olhos queimando sobre minha pele naquele instante. -Mas e aqueles amiguinhos gostosos com quem essa pessoa sempre anda? Nunca rolou nem um selinho? Argh, o que eu estou dizendo? Mas é claro que não. Ela não tem nada demais que atraia a atenção daquelas espécimes maravilhosas. Essa pessoa teria que trocar de corpo umas duas vezes pelo menos, para conseguir ganhar sequer  um olhar diferente de algum deles.

Respiro fundo, tentado aclamar as batidas furiosas em meu peito e não me deixando abalar por suas alfinetadas. Isso tudo era inveja e puro despeito, eu repetia para mim mesma a todo momento. Eu tinha que ser forte, se não quisesse parecer fraca e chorar na frente dessas garotas fúteis que adoravam humilhar toda e qualquer pessoa que julgavam serem inferiores a elas. Não, eu não daria esse gostinho a nenhumas delas, mesmo que eu pudesse sentir meus olhos marejarem a cada segundo que permanecia perto do ar tóxico que emitiam.

-Isso é verdade. -Vanessa concordou com a amiga e um sorriso maldoso nos lábios pintados de carmim. -Todo mundo sabe que aquele bonitão lá, só está perto por pena. Afinal de contas quem não ficaria, a coitadinha acha que é alguma coisa por ser filha do dono do colégio, quando na verdade não é nada. Nem filha de verdade ela é, é apenas adotada, uma agregada, um ratinho feio e assustado que se esconde atrás das amiguinhas estranhas, nada mais do que isso.

Agora elas tinham ido longe demais! Admito que falem qualquer coisa de mim, que critiquem minha aparência ou meu jeito de ser, contudo jamais mexa com minha família. Nunca, em hipótese alguma mexa com um deles, pois independentemente de termos o mesmo sangue ou não, o laço mais forte que sempre nos manteria unidos era o amor.

-Já chega, suas... suas... -digo por fim, me colocando de pé e encarando-as com raiva e dor. -Idiotas. -titubeio antes de completar, até porque eu não tinha costume de xingar pessoas. Na verdade eu nunca o havia feito.

-Alice, algum problema aí atrás? -o professor questionou sério enquanto encarava eu e as meninas com desconfiança após minha súbita explosão.

-Todas vocês vão se ferrar. -eu o ignoro enquanto jogo meu material dentro da mochila de qualquer jeito e fecho o zíper com violência.

-Alice... -ele adverte mais uma vez, porém passo direto por ele e paro na porta antes de sair sem sua permissão.

-Desculpe por isso professor... -e me virei novamente na direção de Suzane e as garotas. -Espero que o quinto dos infernos seja tão ruim quanto dizem e que o diabo as carregue para lá com passagem só de ida. -e batendo a porta com força saí dali o mais depressa possível.

Com as lágrimas correndo soltas pela face, caminhei desnorteada pelos corredores do colégio de cabeça baixa para que ninguém visse meu estado deplorável e acabasse delatando o ocorrido para papai. Porque sim, Henrique era meu pai e nada no mundo seria capaz de mudar isso.

-Aii... -reclamo ao sentir o impacto de um corpo firme colidindo contra o meu, e com o impacto quase acabei perdendo o equilíbrio.

-Desculpa, eu não tinha te visto e você apeteceu de repente... me desculpe, de verdade.  -Danilo se desculpou todo atrapalhado, constrangido com o acontecido.

-Não, tudo bem. A culpa foi minha, não vi para onde estava indo e acabei te atropelando no caminho. -disse para tranquiliza-lo em meio uma fungada. Sequei rapidamente algumas lágrimas que escapavam e tentei sorrir.

-Está tudo bem, Alice? Se sente mal ou precisa de algo? Você...

-Relaxa, estou bem. Só preciso de... remédio para cólica. -menti na cara dura. -Bom, eu vou indo. Ah, só me faz um favor, não conte para Lorenzo que me viu assim. É só um mal estar bobo, logo vai passar e eu não quero preocupa-lo atoa, entende?

-Claro. -ele concordou prontamente. -Minha boca é um túmulo. -emendou com um meio sorriso dando-me as costas e seguindo seu caminho novamente.

Cumprimentando o senhorzinho da portaria que logo liberou minha passagem pela saída do estacionamento, isso após eu ter contado uma pequena mentirinha para o pobre homem. É claro que eu não seria louca de tentar sair pelos portões da frente,  sabia que meus pais seriam informados imediatamente e meus planos de fugir do colégio iriam por água abaixo. Então essa tinha sido a única maneira de burlar a segurança do lugar. Mal tinha colocando os pés para fora do instituto e logo o ronco alto de uma moto soou assustando-me ao encostar no meio fio bem meu lado.

Droga! Eu era mesmo uma péssima fugitiva, não tinha se passado nem cinco minutos e eu já havia sido descoberta.

-Aquele garoto é um mentiroso de marca maior, além de um grande fofoqueiro. -digo cruzando os braços sobre o peito, o rosto torcido em uma careta.

-Nisso tenho que concordar com você. Agora sobe aí, princesa. -Lorenzo disse apontando para trás do acento.

-E se eu não quiser? Vai me obrigar? -o desafiei sentindo-me irritada com tudo a minha volta, e descontando em cima dele.

-Não. Mas irei voltar lá dentro e contar para Henrique ou posso até mesmo ligar para tia Ana, e dizer que a filha deles é uma fugitiva mediana. -respondeu simplesmente e eu sabia que ele era bem capaz de me dedurar, caso eu não o incluísse em minha pequena peripécia.

-Você é baixo. -me rendo por fim e subo na garupa da moto.

-Na realidade eu sou bem alto, tenho um e setenta e nove. -ele ri e acelera nos colocado em movimento.

-Babaca. -resmungo baixinho sob o capacete, mesmo assim ele consegue me ouvir.

-Princesa. Irritante e teimosa feito uma mula, mas ainda assim uma princesa. -Lorenzo diz puxando uma de minhas mãos que rodeavam sua cintura e a traz até os lábios onde deixa um beijo.

-Para onde estamos indo? -desconverso, sentindo as bochechas esquentarem com o elogio.

-Para minha casa. Meu pai está trabalhando a essa hora, então não seremos interrompidos.

-Espero que pelo menos vocês tenham comida de verdade na geladeira. Estou morrendo de fome. Da outra vez em que estivemos lá você me deixou ir embora faminta. Só tinha comida congelada no freezer e isso nem pode ser chamado de comida.

-Tem sim, senhora espertinha. Fui ao mercado essa semana e abasteci a dispensa, porque se eu for esperar pelo meu pai, vamos viver o resto da vida de pizza ou comida congelada. -rimos da situação e eu já começava a me sentir um pouco melhor apesar de tudo.

Em questão de poucos minutos e alguns quarteirões depois, chegamos ao prédio em que Lorenzo morava, ele estacionou a moto na vaga do pai e subimos para o apartamento, que estava exatamente da mesma maneira que eu me lembrava. Assim que entramos, fomos tirando nossos casacos e deixando-os pendurado no porta-casacos atrás da porta.

-Agora venha cá, abra seu coração e conte tudo o que está acontecendo para esse velho amigo aqui. -ele pede dando um tapinha ao seu lado no sofá.

-Lorenzo, eu não quero falar sobre isso, machuca... -suspiro e ele continua a me encarar com intensidade e aquele par de olhos azuis penetrantes que pareciam enxergar minha alma. -Tá bom, eu falo. -digo me jogando ao seu lado e logo seu braço me traz para mais perto, próximo de seu peito onde deito minha cabeça e descanso.

Suspiro sentindo-me acolhida e segura no conforto de seu carinho. Então eu conto tudo, todas as palavras cruéis e venenosas que aquelas garotas usaram com o objetivo de me ferir e ele me escuta em silêncio. No fim das contas foi ótimo desabafar, me abrir com ele. Eu me sentia mais leve após colocar tudo para fora, após dividir minhas angústias com meu melhor amigo e receber dele em troca palavras de conforto e carinho, me fazendo relembrar quem eu realmente era. Uma garota feliz e amada que tinha a graça de ter um amigo tão especial e bom para mim com quem eu sempre poderia contar.

Capítulo 2

Alice e Lorenzo (17  anos de idade)

[LORENZO]

Acordo com o celular vibrando sobre o chão. A luz forte e clara ilumina parcialmente meu rosto devido a proximidade, viro a cabeça para o lado contrário tentando fugir da luminosidade nada bem vinda aquele horário. O barulho persiste por mais alguns segundos e enfim eu me rendo, tateio cegamente a procura do objeto e desbloqueio a tela em seguida. Uma série de mensagens começa a pipocar no visor, e lentamente, passo os olhos pela primeira.

"Enzo, amorzinho da minha vida, preciso de hum... ajuda." - Mi princesita

Sorrio ao ver o remetente. Só poderia ser ela mesma, a primeira pessoa a me importunar logo pela manhã.

Segunda mensagem:

"Enzo, Enzooo! Tá aí? Me responde, por favor!" - Mi princesita

Reviro os olhos, Alice só podia estar de brincadeira comigo. O que era tão urgente assim para tal desespero?

"Responde logo essa merda, caramba!" - Mi princesita

Uuuuh! Agora ela estava perdendo a paciência? Rio e resmungo qualquer coisa sem sentindo ao rolar a tela e ver outras dezenas de mensagens da mesma, só que com um nível crescente de irritação a cada mensagem devido a falta de respostas. Como o sono já havia me abandonado há tempos, resolvo me levantar e tomar uma ducha antes de ir ao encontro de Alice.

Quinze minutos depois, vestido e perfumado, me despeço do meu pai que tomava seu café tranquilamente enquanto lia o jornal no ipad na mesa da cozinha, subo em minha moto e sigo rumo a residência da família Morales, que era também como uma segunda casa para mim. Estaciono a moto no mesmo lugar de sempre, na vaga ao lado do carro da família, e deixo o capacete por ali mesmo como de costume.

Pronto. Estou aqui agora. Satisfeita, dona Alice? -indago mentalmente antes de tocar o interfone e espero até que alguém venha atender.

-Mas já? -Henrique é quem me recebe com uma careta de desagrado. -Você não acabou de sair daqui agora pouco? Não completou nem vinte quatros horas desde a sua ausência, rapaz! -ele reclama com as mãos na cintura em uma pose de indignação.

-Senti saudades. -brinco com um sorriso de lado que não é acompanhado por ele.

-Você é um garoto muito folgado, sabia? -Henrique diz, os olhos estreito em minha direção e eu apenas me limito a rir.

-Fazer o que, né , sogrão? -brinco para em seguida ganhar um tapa rápido e certeiro na nuca. -Ai, que isso, tio! O senhor nunca foi de me agredir antigamente, então porque começar agora? -rio me afastando dele.

-Porque antigamente você era só um garotinho pequeno e comportado que sabia o momento certo de manter a boca fechada. Agora é cavalo velho que vive grudado na minha princesinha dia e noite, para cima e para baixo. -ele rebate.

-Henrique, deixa o garoto entrar pelo amor de Deus. Quanta grosseria e falta de educação. -Ana Júlia grita da cozinha para o marido, que a contragosto, após ponderar por alguns instantes, ainda resoluto, finalmente abre a porta de casa para mim.

-Enzoooo! -Luna berra correndo em minha direção e se joga em meus braços assim que me vê em sua sala.

-Oi, gracinha. Como está a garotinha mais linda e levada que eu conheço? -pergunto com ela ainda em meus braços e caminho para o interior da casa sem esperar por um convite.

-É um abusado mesmo... -Henrique resmunga ficando para trás.

-Está fabulosa e cheia de glitter como sempre. -ela responde e ganho um beijo estalado na bochecha. -Hoje eu e o Dan, construímos um castelo e um foguete no jardim.

-É mesmo? Que legal.

-Só que o tonto do Dan, acabou derrubando metade do vidro de cola no  Hulk. -deixo uma risada escapar ao imaginar a cena do pobre cachorro todo grudento e pegajoso. -E pra não ficar feio, eu joguei o restinho de purpurina que tinha no potinho nele. Agora ele tá bonitão e todo brilhoso.

-E o que seus pais acharam dessa pequena travessura?  -questiono curioso e a coloco de volta no chão, sentindo meus braços começarem a adormecer. -Você está bem pesadinha, hein bonita?

-Mamãe ficou uma fera. -ela ri, o rostinho angelical e inocente, mascarando o prazer de ter aprontado. -Já o papai achou bem engraçado na hora, eu vi quando ele se escondeu para rir. Mas depois quando a mamãe mandou ele limpar a bagunça já que estava achando tudo tão divertido, ele ficou bravo e fez a gente ajudar na tarefa. Um saco isso. -Luna resmunga revirando os olhos.

-E falando no seu irmão, cadê aquele pestinha?

-Danteeeee! O Enzo tá aqui. -ela grita pelo irmão de onde está e me deixa sozinho, para em seguida ir procurá-lo.

-Lolo! -Dante aparece em poucos segundos, sua voz infantil soa animada ao chamar pelo meu nome e ele corre, seus passos apressados e curtos devido suas pernas pequeninas.

-E aí, campeão? -eu o ergo no alto e ele gargalha com o movimento. -Está fortão hoje, o que anda comendo, garoto? Deve ter crescido uns bons dez centímetros desde a última vez que te vi.

-Tô mesmo. -ele se envaidece. -Papai falou que eu pareço até o homem de ferro, grandão e fortão.

-Realmente. Quase não aguento mais pega-lo no colo. -finjo uma careta e o garotinho só falta explodir de tanto orgulho. -Mas acho que ainda está faltando alguma coisa...

Dante vira o rosto para o lado, finge que não sabe do que estou falando e faz força para descer dos meus braços.

-Estou esperando, mocinho. -eu insisto.

-Hum... não! -finalmente ele consegue ficar sobre os próprios pés. -Já estou grande e velho demais para beijos. -Dante diz de nariz empinado, os braços cruzados sobre o peito em uma postura desafiadora.

-Se ele não quer, eu quero. -Alice surge por trás do irmão que aproveita o momento para fugir.

Envolvendo-me pelo pescoço com um braço, ela me puxa para um abraço um tanto desastrado.

-Ei! -retribuo o gesto, e quando faço menção de beijar seu rosto, nos movimentamos ao mesmo tempo e nossas bocas se encontram em um leve roçar de lábios por ínfimos segundos.

-Ops, desculpa. -ela pede ao se fastar, o rosto corando de vergonha e eu acho isso ainda mais encantador.

-Não, que isso... -faço de conta que não ligo. -Está tudo bem. -ela parece aliviada por um instante e então resolvo provocá-la mais um pouquinho. -Sempre soube que você era doida para tirar uma casquinha de mim. Mas eu entendo, sou irresistível demais. -dou de ombros de modo displicente.

-Idiota. -ela resmunga e desfere um soco em minha barriga que não faz o  menor estrago.

-Na próxima vez quem sabe você consiga fazer melhor. -digo rindo ao me referir ao golpe. -Continue praticando, gatinha, porque eu mal senti alguma coisa.

Alice está pronta para retrucar ou dar uma de suas famosas repostas espertinhas quando é impedida por sua mãe que nos chama.

-Crianças, o almoço está pronto. Venham comer! -ela grita. -Ah, Lorenzo, fiz aquele assado que você adora! -ela avisa e eu sou todo sorrisos quando vou ao seu encontro.

-É por isso que eu te amo, tia Ana! -eu exclamo ao chegar na cozinha e inspirar o delicioso aroma do matambre perfumando o ar.

-Cala a boca e senta logo, garoto, antes que eu te mande embora de uma vez por todas. -Henrique ameaça ao entrar no local trazendo a reboque os dois filhos mais novos, um no colo e a outra segurando o cós de sua calça, querendo atenção.

* * *

Horas depois, de estômago cheio e com uma enorme preguiça, estou deitado no sofá da biblioteca da casa de Alice com um livro em mãos tentando concluir a leitura, porém não consigo ir muito além. É quase impossível me concentrar com o barulho de seus suspiros altos, forçados de tempos em tempos para que assim fossem percebidos. Bufo impaciente, empurro os óculos de leitura sobre a ponte do nariz e viro mais uma página.

Mais um suspiro.

Eu perco a paciência e finalmente deixo o livro de lado sobre o sofá.

-O que você tem, Alice? -me rendo, sabendo que ela faria exatamente isso, ela sempre faz, porque eu sempre acabo cedendo a suas vontades.

-Eu não consigo entender nada dessa coisa de álgebra! Dá um nó na minha cabeça terrível. -ela resmunga levantando-se do chão, onde estava sentada há vários minutos tentando resolver os exercícios que eu tinha lhe passado, e se joga ao meu lado no sofá, próximo das minhas pernas. -Eu desisto! -ela declara dramática.

-Nem pensar. Para com isso, Alice. Deixa de preguiça, você sabe que consegue.

-Nãaaao. Não consigo e nem quero. Eu não aguento mais, dá um tempo, Enzo... O que você está lendo aí? -ela espia por sobre meus ombros para decifrar a capa do livro que agora está jogado atrás de mim.

-Nada que seja da sua conta.

-Grosso. -Alice puxa meus cabelos de brincadeira e eu a agarro pela cintura prendendo-a contra o sofá.

-Intrometida. -devolvo a implicância.

-Feio. -ela continua e eu rebato com a mesma rapidez.

-Ta aí uma coisa que você sabe que não é verdade. -eu rio e ela balança a cabeça em negação, mas também está sorrindo.

Com o movimento, seus cachos roçam levemente sobre meu rosto fazendo-me sentir cócegas e um calorzinho bom aquecer o peito. Era maravilhosa a sensação de ter Alice tão próxima, praticamente em meus braços, com aquele perfume intenso a invadir meu olfato e seus belos e risonhos olhos verdes a me olhar daquele jeito, como se eu fosse centro do universo, o motivo de seus sorrisos mais sinceros. E tudo que meu cérebro ao contrário do coração apaixonado e traiçoeiro, pede de volta é, por favor, não me olhe assim Alice, porque como o maior otário da galáxia eu irei acreditar que é verdade.

-Enzo... -Alice me desperta do transe em que me encontro, nossos narizes a milímetros de distância.

-O que? -pergunto meio abobalhado.

-Se eu te pedisse uma... coisa incomum. Você acharia muito estranho? -ela questiona visivelmente envergonhada.

 Ah, Mi princesita! Para que falar assim? Nesse tom tão doce de mistério? Você sabe que eu te daria até metade do mundo se me pedisse.

-Depende. -brinco, querendo aliviar o clima, mas parece não funcionar muito bem. Ela está concentrada demais em algo que se passa somente em sua cabeça e eu me pergunto se também estou envolvido no assunto.

-Eu queria... bom, na verdade eu quero. -ela respira fundo antes de prosseguir, enquanto eu estou quase prendendo o fôlego, na expectativa, ansioso. -Um beijo. -ela diz de uma vez e desvia o olhar por um momento. -Eu queria ter o meu primeiro beijo com uma pessoa em quem confio. E quem melhor do que o meu melhor amigo para isso? Eu confio em você. E não... seria estranho, nem nada demais, apenas um beijo inocente entre amigos, certo? -ela busca a confirmação em meu olhar, entretanto sou incapaz de responder qualquer coisa com sentido nesse instante.

Estou tão surpreso que o silêncio é a única resposta que sai de mim. Meu coração está acelerado, as palavras fugiram da mente e não sei ao certo o que fazer agora. Muitos sentimentos lutam dentro de mim, euforia e esperança por ter a chance de beijar a garota pela qual sou apaixonado por tanto tempo, pela primeira vez... Mas também há certa decepção e medo ao ser lembrando de que para Alice, eu era somente o melhor amigo, com quem dividiria apenas mais uma experiência de vida, e não alguém com quem pudesse tentar algo diferente.

O que eu deveria fazer? A dúvida era cruel e os segundos corriam na velocidade da luz enquanto eu tentava chegar a uma conclusão. Contudo, a resposta era mais do que óbvia, eu sabia disso. Alice talvez por ser ingênua ou cega demais, não tinha enxergado ainda, mas era claro que a resposta seria sim. Para ela sempre seria sim. Eu jamais seria capaz de negar algo aquela garota, e o fato de poder realizar um sonho antigo também era um forte contribuinte. Por isso, não penso muito a respeito antes de abrir a boca e dizer sim.

-Então... como a gente faz? -Alice pergunta insegura, a mão repousando sobre meu peito quase pode sentir as batidas enlouquecidas do meu coração.

-Deixa que eu te mostro. -digo em sussurro baixo, os olhos fixos nos seus gravando cada segundo em minha mente. Eu me recordaria daquele momento para sempre e desejava que ela também pudesse nunca se esquecer.

 Com cuidado para não assustá-la, mergulho uma mão em sua coroa de cachos esplêndidos e trago sua cabeça em minha direção, a outra desce em direção a sua cintura delgada. A princípio encosto meus lábios com suavidade sobre os seus, mas já me sinto no paraíso. Sua boca é macia e delicada, ela tem lábios fartos e vermelhos, percebo agora vendo-os mais de perto. Eu poderia morrer a qualquer segundo e já me sentiria o cara mais feliz e sortudo da Terra. Timidamente Alice começa a mover sua boca sobre a minha e eu a auxilio, mas sempre deixando que ela dite tudo a seu tempo, a seu modo.

E ao seu comando, ambos descobrimos novos horizontes aquela tarde. Eu me sinto orgulhoso e ainda mais apaixonado do que seria considerado saudável, por ser eu a pessoa com quem Alice descobrira esse novo mundo... mesmo que ela sequer cogitasse o que se passava em minha mente e coração naqueles poucos minutos, que para mim sempre seriam contados como horas.

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