— MEU DEUS HENRY, VOCÊ BEBEU MUITO — Henry escutou a voz de Bunny gritar, enquanto colocava tudo o que tinha comido e bebido para fora. Não conseguia entender bem o que estava acontecendo, foram muitos 'shots' de tequila e vodka misturadas aos sucos naturais.
— Nem foi tanto, foi só um pouquinho Bunny — Respondeu, sentindo a cabeça girar como se estivesse num daqueles brinquedos de parque de diversões
— Ok, chega, vamos todo mundo para suas casas, boa noite Henry — Yan falou alto, depositou um beijo na testa do rapaz e saiu empurrando os colegas para longe. Henry custou a se levantar, sentindo a cabeça dar pontadas e girar rápido. Reclamou consigo e suspirou, finalmente ficando de pé.
— Henry? Tudo bem? — Ouviu a voz da vizinha gritar e assentiu
— Está sim Heenim, obrigado — Respondeu sorrindo largo
— Se precisar de algo me chame — Ele assentiu e se arrastou para dentro de casa, subindo as escadinhas. Abriu a porta e logo tropeçou nos próprios pés, ignorando que podia a qualquer momento cair no chão. Fechou a porta e lembrou-se que naquela noite Ícaro não voltaria para casa. Foi para o andar de cima, caminhando até o banheiro, era a única luz acesa, ligou a água e entrou de roupa e tudo. Logo veio em sua cabeça, as cenas que vira no apartamento do ex namorado, as ameaças que havia recebido e todo amor que vinha de Yan nesses últimos dias. Tinha se lembrado de um anel e um colar que ganhara do outro, e sorriu despercebido com tal lembrança. Se virou rápido ao ver um vulto negro no fim do corredor e se arrepiou.
— EI? — Gritou. Ele caminhou lentamente com uma arma na mão, Henry sentiu o coração congelar e a respiração parar por um instante. — O que você quer aqui agora? — Ele sorriu largo — Como entrou? — Henry se ajeitou na banheira, tendo uma visão ampla do rosto alheio, encarou as roupas escuras, os olhos vermelhos e o tamanho alto, sentiu os olhos se enxerem e apertou os mesmos
— Se você não for meu, você não será de ninguém Henry! — Henry, por sua vez, gargalhou, ignorando as lagrimas insistentes
— Me erra, cara... Você me traiu, com aquele ninfetinho nojento — O homem se irritou chutando a lata de lixo que estava em sua frente.
— FOI UM DESLIZE! — Ele gritou, Henry logo decidiu responder, mesmo vendo aquela arma apontada para si, aquele cara havia acabado consigo, não podia depois de tudo, voltar para ele, como se nada tivesse acontecido.
— E EU NÃO VOU VOLTAR PARA O SEU DESLIZE! TENHO AMOR PRÓPRIO SEU IMBECIL! — Ele engatilhou a arma e Henry se permitiu chorar mais uma vez, vendo o outro chorar também — Você não sabe o quanto eu te amei... As coisas que fiz, tudo o que abandonei para estar do seu lado... Espero que ele te dê tudo o que eu não dei! — Henry falou e deitou a cabeça na banheira — Eu não vou voltar para você... Eu já tenho alguém! — Foi automático, dois tiros foram disparados contra o rapaz, que gritou de dor. Ele foi capaz de atirar, mas aquilo não doeu mais do que ver ele na cama com o outro. A visão fora se apagando, até que Henry não viu mais nada.
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Sabrina se levantou assustada quando escutou o celular tocar alto, passou mão ao seu lado, procurando pelo mesmo, mas nada foi encontrado, se levantou ligando o abajur, vendo que o mesmo não estava na mesinha. Foi encontrar o aparelho atrás da cama, o pegou rápido e atendeu.
— Sabrina, alô? — Se assustou quando à voz fúnebre soou do outro lado da linha
— Morto, na banheira, dois tiros no peito e alguns socos na cara, rua Gyeonggi, número 876... Peek-A-Boo Sabrina! — Foi a última coisa dita no telefone, Sabrina arregalou os olhos, encarou o relógio, vendo o mesmo marcar quatro e sete.
— Peek-A-Boo? Será que eu não tenho paz nessa vida? — Trocou de roupa rapidamente, pegando as suas coisas, foi caminhando até a rua debaixo, onde sua parceira morava. — LOUISE? — Gritou batendo na porta várias vezes, Louise saiu despenteada encarando a garota que olhava assustada para ela
— O que? Quem? — Sabrina suspirou e logo explicou
— Recebi uma ligação hoje, falando de uma morte na rua Gyeonggi... Provavelmente o próprio assassino ligou — Ela coçou a cabeça e suspirou encarando a policial.
— Vou só trocar de roupa — Sabrina assentiu e se sentou na escada, logo recebendo várias chamadas de texto, do mesmo número que a ligou minutos atrás
Murilo — Amigo
Maira — Amiga
Caio - Amigo de Infância.
Ícaro — Amigos há dois meses.
Charlie — Amigo
Heenim — A vizinha
Ítalo — Um psicopata estranho
Yan — Provável namoradinho
Lu — Amigo
Kris — Amigo há um mês.
Bunny — Amigo de Faculdade.
HUANG — EX AMIGO
BOA SORTE POLICIAL SABRINA!
Sabrina arregalou os olhos encarando as mensagens enviadas, que logo foram atualizadas com duas fotos do rapaz morto. Fechou as mesmas rapidamente, sentindo agonia em ver aquilo tão explicitamente.
— Quem tem coragem de fazer uma coisa dessa? Esse rapaz parecia tão novo! — Falou enquanto a amiga descia as escadas meio desligada do que estava acontecendo.
— Já acionei o corpo de investigação, já está vindo... Vamos? — Sabrina assentiu e às duas foram até o local do crime. Sabrina nem precisou procurar pelo número, de longe viu a casa, com a porta arreganhada e as luzes apagadas.
Pararam na frente, adentrando lentamente, vendo o rastro de sangue seguir pelo chão e logo acabar antes de alcançar a estrada. Entraram na casa, vendo a mesma completamente destruída, as coisas estavam rasgadas, os moveis virados, as louças quebradas, estava tudo uma verdadeira bagunça. Sabrina subiu as escadas, enquanto Louise caminhava no andar de baixo. A única luz acesa era a do banheiro no fundo do corredor, Sabrina caminhou até lá, com a arma erguida. Abriu a cortina da banheira, vendo a mesma cheia de sangue em sua frente.
— Peek-A-Boo? — Leu a frase dita no telefone, escrita na parede, dando um nó irreversível no cérebro de Sabrina. O que era Peek-A-Boo? — Ele levou o corpo — Falou para si mesmo, procurando pelas digitais do assassino, mas não encontrou um fio de cabelo se quer!
— Sem corpo? — Sabrina assentiu se virando para Louise que suspirou — Essa mesma frase está na parede da sala... Este homem só pode ser doente. — Sabrina voltou a assentir
— Precisamos visitar os nomes mandados para a gente — A policial pegou o celular e procurou o suspeito mais próximo — Heenim, a vizinha — Louise assentiu e às duas desceram a escada vendo os policiais chegarem
— Muito feio Sabrina? — Ulices perguntou
— Seguinte, o assassino levou o corpo — Ele arregalou os olhos, chocado — Porém, a muito sangue, coisas escritas nas paredes e uma lista de suspeitos — Sabrina mostrou o celular para ele, vendo o mesmo encarar a si, indignado
— O famoso crime mais-que-perfeito? — Sabrina concordou guardando o aparelho
— Vamos falar com a vizinha — Ele assentiu e as garotas caminharam até lá. Apertaram a campainha logo sendo atendidas pela garota que estava enrolada num lençol azul-marinho!
— Policial Sabrina e detetive Louise... — Ela balançou a mão das duas sorrindo sonolenta
— Entrem por favor — Adentraram o local e logo foram convidadas a se sentarem no sofá. A garota apareceu trazendo consigo duas xícaras de café.
— O que aconteceu? — Sabrina suspirou e se ajeitei no sofá
— Seu vizinho foi assassinado — Ela deu um pulo derrubando todo café no tapete. Louise se levantou rapidamente segurando a garota, antes que a mesma batesse no chão.
— Você está bem? — Ela negou colocando as mãos na cabeça
— Assassinado? — Sabrina confirmou — Quem faria isso? Ele sempre foi muito amado por todos aqui, era um ótimo garoto, não fazia mal a ninguém — Ela suspirou desacreditada.
— Você teve algum contato com ele, antes de ser morto? — Ela suspirou pensando
— Lembro que por volta das três e dez escutei uma gritaria... Ele estava sentado na frente de casa, vendo os amigos irem embora... Perguntei se ele estava bem, ele disse que sim — Sabrina anotou aquilo, mas sabia que aquela garota não havia sido!
— O que fazia acordada tão tarde? — Louise perguntou
— Estava estudando, éramos da mesma sala na faculdade — Sabrina voltou a escrever no caderninho
— Você tem o número dessas pessoas? — Louise mostrou a lista a ela e Heenim assentiu — Poderia convidá-los para vir aqui na sua casa? — Ela assentiu e ligou para eles. Em alguns minutos, esses garotos apareceram. Heenim recebeu todos, convidando os mesmos a se sentarem.
— Heenim, porque tem polícia na casa do Henry? — Sabrina suspirou e logo viu o rosto do rapaz loiro ficar totalmente carregado de preocupação.
— O que aconteceu com meu Irmão? — Ele falou alterado
— O Henry foi assassinado — O loiro arregalou os olhos e o outro deles se levantou desesperado, gritando pelo rapaz, Sabrina correu atrás dele, para contê-lo, porém, o mesmo corria rápido
— YAN, VEM AQUI — o loiro voltou a gritar chorando. Sabrina seguiu o rapaz que chorava descompensado em frente a casa, de joelhos, perto de uma blusa jeans, que às duas não haviam colocado reparo de estar ali.
— Quem fez isso com ele moça? — Sabrina negou
— Eu também estou procurando por essa resposta, você não pode ficar aqui, vamos! — Ele negou
— Eu não posso sair daqui! — Sabrina segurou a mão alheia e suspirou
— Você não pode ficar aqui, vamos conversar, mais aqui não podemos conversar — Ele assentiu e se levantou, levando consigo a camisa jeans. A noite ia ser longa para eles!
Todos choravam em silêncio, desacreditados do acontecido. Segundo Murilo, eles tinham voltado de uma festa, estavam bem, estavam todos bem!
— Tenho algo a dizer — A garota de fios longos falou — Henry estava reclamando que o ex dele estava o perseguindo, ele me contou que um dia acordou e o cara tinha aberto a porta com um grampo de cabelo — Sabrina estreitou os olhos em direção a Louise, que fez o mesmo.
Um crime passional! Faz sentido — Pensou.
— Vocês sabem o nome dele? — Sabrina perguntou
— Chamam ele de N, nunca soubemos o nome de verdade dele — Louise suspirou e se sentou
— Precisamos descobrir!
— Essa rosa é pra você — Yan estendeu a mão em direção a Henry, que sorriu grande ao ver a rosa.
— Você não precisava se incomodar comigo Yan — Yan sorriu e levou as mãos no cabelo escuro, bagunçando as madeixas alheias.
— Claro que me preocupo, odeio te ver chorando por causa daquele imbecil — Henry não sabia onde tinha errado com o ex namorado... Ele deu tudo de si, porém não foi suficiente.
— Obrigado por me fazer companhia — Yan sentiu o coração quase parar, batendo afobado dentro do peito. — Eu realmente não sei o que seria de mim sem você — Controlou todas as suas vontades, de abraço ló, beija ló, dizer que ele era seu e que tudo ia ficar bem
— Você deveria ir na festa da faculdade — Henry negou - Ah Henry, vamos, vai ser legal — Yan fez um bico, fazendo o outro rir largo
— Okay, eu vou... — Algumas horas se passaram, Henry se arrumou e Yan apenas observou. Saíram e foram até a casa de Maíra, depois logo encontrando os rapazes no caminho. Chegaram na faculdade dando de cara com Heenim, estudante de medicina e vizinha de Henry
— Ei garota — Maíra gritou amistosa, Henry enrolou o braço no de Yan e o acompanhou até a entrada
— Oi gente — Ela os cumprimentou e sorriu
— Você já está indo embora? — Henry perguntou, ela assentiu sorrindo, respondendo à pergunta.
— Eu preciso estudar para a prova de amanhã — Henry bateu a mão na testa, tinha esquecido completamente da maldita prova. Se despediram e entraram no lugar. Todos dançavam e bebiam, Henry logo encontrou um banco e se sentou, Yan fez o mesmo.
— Eu pedi uma música, pra dançar com você — Henry arregalou os olhos assustado, como que ele ia dançar? Nunca nem tinha dançado com ninguém
— O que? Eu não sei dançar Yan... — Yan se levantou, puxando o outro para si, quando uma música romântica começou. Todos os casais se juntaram, Henry sorriu ao sentir as mãos apertarem sua cintura.
— Eu também não sei — Yan sussurrou quando a música começou.
Yan não conseguiu se segurar, acertou os lábios de Henry, sentindo o mesmo responder positivamente. Yan apertou o corpo alheio em seus braços, sentindo o coração bater rápido, enquanto suas mãos tremiam um pouco. Era se como todos estivessem congelados, como se aquele fosse o primeiro e o último beijo, como se aquele beijo fosse separar os dois para todo sempre. Separaram o beijo ao sentir o ar faltar em ambos os pulmões, encostaram as testas e apenas ficaram ali, acompanhando a outra música romântica que soava pelo salão da faculdade.
— Eu vou fazer de tudo pra te fazer sorrir de novo!
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QUEBRA DE TEMPO - YAN POV
— MEU DEUS HENRY, VOCÊ BEBEU MUITO - Escutei Bunny gritar gargalhando logo em seguida enquanto eu ajudava Henry que vomitava no jardim, ele respirou fundo e se sentou na escada reclamando de dor de cabeça.
— Nem foi tanto, foi só um pouquinho Bunny - Henry falou negando. Sorri e beijei a testa dele pedindo que se cuidasse
— Tá, chega, vamos todo mundo pra suas casas, boa noite Henry - Falei e acenei para Henry que sorriu em resposta, enquanto eu empurrava o pessoal para longe junto de Maíra.
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Sabrina suspirou ao encarar a face desacreditada de Yan, empurrou o copo de café em direção ao rapaz e sorriu, tentando passar alguma segurança a ele. Yan enxugou as lagrimas, antes mesmo que elas chegassem a cair. O amor da sua vida tinha ido embora, e ele não podia acreditar.
— Obrigada Yan... Eu sei que deve estar sendo difícil pra você, mas se lembre que estamos aqui - Yan assentiu enxugando o rosto - Eu sei que você irá me ajudar a descobrir quem é esse assassino, já que descartei você daqui - Ele assentiu encarando o café a sua frente. O dia caminhou devagar, as investigações eram intensas, Sabrina, Louise e Ulices decidiram que iam ouvir um por um, mas precisavam de um tempo, para digerir todas as histórias. A história de Yan batia com as informações dadas por Heenim, a festa e a faculdade, o que também bateu foi o fato do ex, o tal "N", Maíra disse que o mesmo perseguiu o rapaz por dias antes do assassinato, no máximo ele presenciou o beijo dos dois, teria outro motivo para matá-lo a não ser esse?
— Não — Sabrina falou para si mesmo, recebendo um olhar estranho dos policiais ao seu lado.
— Falando sozinha Sabrina? - A policial puxou Ulices para sua mesa, fazendo o mesmo cair sentado na cadeira, encarando-a com os olhos assustados.
— Ulices, vamos montar uma história... — Ele sorriu
— De amor? — Sabrina negou vendo o mesmo fazer um bico
- Foca Ulices... Eu, eu me chamo Lim Henry, tenho vinte e seis anos... Você é o N, éramos namorados, porém você me traiu e nós terminamos. Você não aceitou me ver com outra pessoa... Me mataria? — Ele negou
— Eu não tocaria num fio de cabelo seu... – Pausou - Minha deusa — Sabrina revirou os olhos e socou o braço do rapaz, indignada
— Isso não é hora de você ficar me cantando Ulices — Ele sorriu largo e suspirou, sabia que uma hora a policial ia ceder aos seus encantos.
— Eu também estou levando esse assassinato como um crime passional, porém... — Ele pausou — Quem é N? — Sabrina deu de ombro
— Segundo os rapazes este é o nome de registro dele, porém eles disseram que são convictos em que ele tem outro nome! — Sabrina falou tomando um gole do café já frio
— Não, eu também... Com certeza tem outro nome — Ulices falou. — O tal do Huang, o nome dele veio escrito em Caps Lock, acho que devíamos dar atenção a isso. — Sabrina assentiu e encarou o celular na mesa
— Com certeza, mas nós devemos começar pelos mais novos no ciclo de amizade... Segundo Maíra os dois não se falam a dois anos e já podemos descartar esse ser, ele realmente amava o outro e se sente culpado - Ulices assentiu e suspirou
— Ele saiu daqui muito abatido — Sabrina concordou coçando a nuca, viu a situação que o rapaz ficou, isso deixou a policial de coração partido.
— Eu quero descobrir o que é Peek-A-Boo! — Ulices concordou
— Deve ser algum tipo de marca...
— Ele me falou Peek-A-Boo no telefone, foi muito sinistro — Sabrina falou sentindo a pele arrepiar ao lembrar do tom frio e sem arrependimento do cara.
— Será que Peek-A-Boo é o nome do N? — Sabrina arregalou os olhos vendo Ulices gargalhar
— Ei, pombinhos, vão almoçar agora? — Os dois viraram para Louise e assentiram
— Eu vou — Sabrina falou
— Eu também — Ulices sorriu
— Então vamos, que acordar quatro horas da manhã e não tomar café mexeu com meu estômago mais cedo — Ela gritou entrando na outra sala, enquanto Sabrina e Ulices se levantavam.
— Não sei como essa infeliz é magra - Ulices riu e foram atrás de Louise
///
Me levantei com dificuldade, me arrastando até a pia, sentindo meu corpo todo doer de forma intensa, peguei o secador que estava lá e acertei com força a cabeça alheia. Caminhei escada a baixo sentindo minha visão escurecer a cada passo.
Por favor, eu vou querer uma rosa dessa - Henry apontou para a rosa vermelha, sorrindo em seguida. A mulher pegou a mesma e entregou a ele, Henry queria fazer uma surpresa ao amado.
- Essa é uma das mais bonitas, sempre sai muito - Henry sorriu e cheirou a mesma.
- É para uma pessoa muito especial - A mulher sorriu e Henry lhe entregou as moedinhas que veio contando no caminho. Caminhou contente até o grande prédio, não conseguia conter os sorrisos ao imaginar a face surpresa do namorado. Entrou, indo direto ao rapaz de tamanho médio, que brincava com os dedos distraído.
- Oi senhor Henry - Ele sorriu
- Oi Yuri, como você está? - Yuri apoiou o rosto nas mãos assentindo
- Eu estou bem, você quer que eu interfone? - Henry negou
- Eu quero fazer uma surpresa para ele - Yuri assentiu e o deixou subir. Henry caminhou animado até as escadas, subiu as mesmas lentamente, cada passo era uma imaginação, do quão feliz o rapaz ia ficar em tê-lo ali. Chegou no corredor de N, caminhou até o fim do mesmo, pegando o cartão que Yuri o havia dado, suspirou ao sentir o cheiro do perfume e sorriu em seguida, abrindo a porta. Tirou a jaqueta e limpou os pés antes de pisar no tapete branquinho. Fechou a porta atrás de si e ouviu uns barulhos no quarto, sorriu e foi até lá. Ele abriu a porta e logo tudo virou um pesadelo, seus olhos se ficaram cobertos de lágrimas pesadas, ao ver o amado no meio de outro, sussurrando o quanto ele era gostoso. Sentiu o estomago embrulhar, deixou a rosa cair e bateu à porta do quarto, caminhou até o sofá, pegando a jaqueta que havia jogado ali minutos atrás, sentindo a visão embaçar a cada passo. O coração estava desacreditado, mesmo partido em milhões de pedaços, não queria acreditar que ele foi capaz de fazer algo tão sujo.
- HENRY? - Se virou vendo o outro enrolado no lençol branco - Eu posso explicar amor - O mesmo caminhou até Henry que se afastou dando a volta no sofá, vestiu a jaqueta enxugando o rosto com a manga em seguida
- Não precisa, eu não sou cego, muito menos surdo. Agora eu sei onde você trabalha até tarde... Agora entendi as desculpas para ficar longe de mim, eu já vi o que te cansa - Henry falou vendo o outro se aproximar de si, estava tão machucado, que olhar para ele lhe dava náuseas
- Baby...
- PARA DE ME CHAMAR ASSIM - Gritou vendo a "criança" loira parar na porta do quarto já vestida - Você não precisa ir não, já estou saindo... Podem terminar! - Henry se virou e caminhou até a porta, mas parou voltando alguns passos. Tirou a aliança do dedo, entregando na mão do outro rapaz - Aproveita que ele nunca quis gravar nossos nomes... Tenta a sorte e reze para que ele não faça o mesmo com você - Henry saiu batendo a porta, parou na mesma respirando fundo, sentindo as lagrimas caírem. Desceu as escadas e logo Yuri o encarou
- Já? - Sorriu sentindo algumas lágrimas caírem - Seu Henry, está tudo bem? - Ele assentiu
- No fim eu que tive uma surpresa, obrigado Yuri - Enxugou o rosto e saiu do prédio. A neve caia densa, parou um minuto respirando fundo, tentando enxergar o que havia na sua frente. Parou de novo por um instante, respirando fundo, enxugou as lágrimas e pensou que tudo daria certo.
- HENRY - Ouviu seu nome ser chamado e ignorou. Começou a andar mais rápido, não queria escutar as desculpas do outro, mas logo sentiu seu braço ser puxado e se desvencilhou do mesmo, criando uma distância entre os dois
- Vamos conversar, por favor! - Enxugou o rosto novamente, encarando a parede laranja do longo beco que tinha que atravessar.
- Quantos anos ele tem? - N encarou Henry, que não desistiu em saber - Quantos anos ele tem? - Perguntou de novo, mais alto, batendo no peito alheio com força. Logo foi contido pelos braços de N, mais se soltou - ME LARGA! SEU IMBECIL - Criou novamente uma distância entre os dois, estava com nojo de N. - Quantos anos N? Quantos anos ele tem? - Perguntou respirando fundo, tentando acalmar-se
- Dezesseis - A boca de Henry caiu num perfeito '0'. Se descontrolou, estapeando o ex namorado, que o segurou com força, apertando o mesmo em seus braços - HENRY PARA COM ISSO! PARA!
- ME SOLTA, ME SOLTA AGORA - Henry conseguiu se soltar, se permitindo chorar de uma vez, se abaixou com as mãos na cabeça, chorando alto, sentindo o coração apertar cada vez mais forte - Dezesseis anos... Ele é uma criança seu nojento, uma criança! - N negou e suspirou se abaixando até Henry, porém o mesmo foi mais rápido e se levantou. - Uma criança N - Henry se abaixou na frente do amado, sentindo-o puxar para si, mas não foi suficiente.
- Eu não pensei nisso, me perdoa - Henry gargalhou
- Claro que não pensou... Ele fez mais gostoso?
- Henry...
- ELE REBOLOU MAIS - Henry gritou, vendo o mesmo apertar os olhos
- Henry...
- Eu estou velho demais né? Vivo cansado, não consigo nem andar direito, quem dirá te satisfazer - Os dois encaravam a neve no chão, Henry sentia o coração bater rápido, só queria ir embora - Foram quantas vezes? - Perguntou
- Por que quer saber? - Henry riu- Me desculpa Henry, por favor!
- QUANTAS VEZES? EU QUERO SABER, QUANTAS VEZES EU FUI TROUXA, QUANTAS VEZES EU PREPAREI O JANTAR PRA COMER SOZINHO, QUANDO VOCÊ DEVIA ESTAR LÁ - Henry bateu o dedo no peito alheio vendo o mesmo começar a chorar - Foram tantas assim? - Riu alto vendo o outro se assustar
- Você é louco - Henry assentiu
- Agora entendi minha dor de cabeça - Henry respirou fundo - Eu vou embora, e não venha atrás de mim - Ele negou e agarrou Henry, apertando em seus braços, o rapaz se assustou, mas não cedeu
- Eu te amo eu... - Henry deu um tapa no rosto do mesmo e se soltou do aperto
- Eu não sou idiota! - Falou e fez seu caminho de volta para casa.
///
- Sabrina? - Sabrina acordou do seu transe, vendo a mão de Louise passear pela sua visão.
- Quem? Onde? - Perguntou desnorteada
- Sabrina, você não tocou na comida - Sabrina suspirou, não conseguia parar de pensar no caso de Henry, aquilo estava estragando seu almoço.
- Você está bem? - A policial concordou e começou a comer
- Esse caso tá mexendo muito com você - Louise falou vendo Sabrina soltar o garfo. Terminou de mastigar e suspirou
- Como isso pode ter acontecido Louise? - Perguntou - Ele levou o corpo, me deixou uma lista e um peek-a-boo! O que é peek-a-boo? - As duas suspiraram e voltaram a comer - Como ele conseguiu meu número? Tudo isso é muito complexo, só quem tem meu número são meus amigos... - Parou de comer e começou a pensar - Meus, amigos - Repetiu
- Você mostrou a foto para a equipe de investigação certo? - Ulices chegou perguntando, logo se sentando na cadeira do lado, e a garota assentiu - Me disseram que ele tinha um tiro próximo ao peito e outro no abdômen, lugares totalmente cefálicos, ele não tinha nenhuma chance de viver caso demorassem para ser removidas dali. - Sabrina ouvia atentamente o que Ulices falava - Sem contar nas marcas de mãos no pescoço, ele fez tudo arquitetado... O crime mais que perfeito! - Louise suspirou mastigando
- Já pensaram na possibilidade de ele ter conseguido escapar? - Sabrina arregalou os olhos, estava ficando tão louca, que qualquer teoria lhe fazia sentindo, mesmo que fosse besta ou improvável, mas ela precisava de respostas
- Como? - Perguntou chocada - Ele estava estrangulado, com dois tiros no corpo... Como seria possível? - Louise deu de ombros
- Isso está muito estranho, ele continua te dando pistas, um assassino de verdade sumiria no ar - Ulices falou e Louise concordou.
- Sabrina, a gente vai te ajudar a resolver esse caso, mesmo que demore, nós vamos conseguir - Sabrina sorriu para Louise e a abraçou.
- Obrigada gente
///
Bunny correu para cima desesperado, chorando, abriu as portas do armário, jogando todas as roupas para fora, precisava encontrar aquele envelope.
- Amor para com isso! - Ele pediu
- Está aqui Murilo, ele me mostrou as ameaças daquele imbecil, eu não posso deixar que culpem o Yan, não foi ele, não foi - Bunny continuou a jogar as roupas para fora do armário de forma desesperada, ganhando um suspiro longo de Murilo, que parecia perdido com tudo aquilo
- Foram buscar ele hoje, em casa - Bunny parou encarando Murilo, que viu as lagrimas se formarem e se levantou - Bunny! - Um abraço se fez presente, Bunny apertou o maior, soluçando. Não podia acreditar que aquilo estava acontecendo.
- Eu preciso achar Murilo, não foi o Yan, a última pessoa que machucaria o Henry seria o Yan! - Voltou a jogar as roupas para fora enquanto Murilo tirava as mesmas do chão, colocando na cama para não sujarem
- Meninos? - Maíra gritou no andar debaixo
- Aqui em cima Mah - A garota correu escadas acima com um envelope na mão
- Eu encontrei as folhas que o Henry me entregou com as ameaças do tal N - Bunny arrancou as gavetas, logo fazendo um corte fundo no dedo, mas achou o envelope marrom.
- Encontrei - Murilo correu até o namorado, vendo o sangue pingar do dedo machucado. Se apressou pegando o kit de primeiros socorros.
- Meu Deus do céu, fica quieto Bunny - Bunny entregou o envelope nas mãos de Maíra, que abriu os mesmos, tirando os papéis
- São completamente diferentes - Bunny sentiu a pele arrepiar.
- Será que ele já sabia que ia acontecer? - Murilo perguntou vendo Maíra negar
- Eu não sei, mas a gente precisa tirar o Yan de lá - Maíra falou e Bunny assentiu, enxugando o rosto vermelho
- Como é o nome daquela policial? Sara, Sandra - Bunny perguntou pegando o celular
- Sabrina! - Maíra falou
- Vamos atrás dela? - Murilo perguntou e os dois assentiram. Maíra saiu primeiro, Murilo apertou o corpo pequeno em seus braços e sorriu fraco
- Eu te amo - Bunny sorriu e o abraçou forte
///
Yan se sentou na cadeira, sentindo as algemas apertarem seus pulsos com força, não sabia porque estava ali, já tinha conversado com a policial Sabrina, tinha falado tudo o que sabia, não queria ficar ali de novo, sendo julgado por algo que não fez e nunca faria.
- Então o que tem a me dizer? - Yan negou
- Tudo o que eu tinha pra falar já foi dito... - Ele bateu na mesa com força fazendo Yan fechar os olhos
- Você está se culpando? - Yan negou novamente
- De jeito nenhum... Eu nunca faria mal pra ninguém, principalmente ao Henry- Falou vendo o policial rir sarcástico
- Seu tipinho não me engana... Você é o namoradinho ciumento, sendo assim, matou ele - Yan riu, vendo o rosto já rabugento, se tornar totalmente bravo
- Me desculpa, mas você está completamente equivocado... Não éramos namorados, Henry tinha acabado de terminar o namoro, se ele estava livre porque eu iria fazer isso? - Um pane com certeza correu no cérebro do policial loiro, que se negava a acreditar em Yan, na cabeça dele, Yan era o principal culpado, ou ele queria que fosse?
- Mais é muita audácia mesmo né Vicente? - A policial loira entrou no local junto de Maíra, Bunny e Murilo
- Isso não é o trabalho de uma mulher Sabrina Hiverman - Ela respirou fundo e encarou o rapaz preso as algemas apertadas
- Este caso foi designado para mim, seu imbecil - Ela se aproximou do outro batendo o dedo no peito dele - E eu não vou deixar nenhum macho escroto tira ló de mim... Você quer trabalhar? Então cuide daquela pilha de relatórios que foi deixada na sua mesa, impertinente - O rapaz encarou Yan e saiu bufando, chutando as portas dos escritórios do lado de fora
- Ele te machucou? - Yan negou sorrindo fraco - Você sabia... Que o Henry estava sendo ameaçado?
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