Rick é um jovem solitário de 19 anos, família nobre, é um típico sonhador, sua única companhia é sua própria imaginação, que muito fértil, o faz viajar por vários mundos, e criar vários personagens, onde tudo é perfeito, onde ele sente-se amado e querido. Uma de suas fantasias era ter uma fazenda num lugar distante, repleta de natureza e animais, onde o ar é puro e a sensação de liberdade canta a cada amanhecer, um lugarzinho onde ele recebe seus amigos imaginários, nadam em um riacho, comem frutas direto do pé e sorriem a vida-, mesmo ele não entendendo nada de como se administra uma fazenda, em sua imaginação tudo era muito simples e repleto de cor e vida.
A realidade de Rick, é que ele não tem amigos, e sua vida é cheia de regras imposta por seus pais, que desde de sempre o preparam pra assumir os negócios da família, sem nem nunca ter perguntado á ele se era o que queria pra sua vida. Seu pai sempre muito ocupado, vivia mais para o trabalho do que para família, sempre em viagens internacionais, mal estava em casa, nem mesmo em datas comemorativas, nos poucos encontros que tinha com Rick sempre insistia na mesma frase clichê, a qual Rick detestava. -- Um dia tudo isso será seu, meu filho!.
Sua mãe, uma madame submissa, sempre acatando as ordens e regras do marido, em troca da vida de luxo. Nunca se quer dialogava com o próprio filho, sempre estava, fazendo compras no shopping, no salão de beleza ou no SPA, quando em casa, estava sempre a dar ordens aos empregados para que fizessem toda os seus caprichos, tinha a mania de dar várias festas, regadas de bebidas e banquetes, a qual ela denominava "social", apenas para exibir de sua mansão e riqueza.
Na cabeça deles, Rick tinha uma vida maravilhosa, pois, nada lhe faltava, tinha as melhores roupas, os melhores carros, estudava em casa com os melhores professores particulares, tinha tudo o que queria e que o dinheiro pudesse comprar. Mas nunca perceberam que lhe faltava o principal, o amor.
Apesar de toda riqueza que possuía, Rick sentia se incompleto e incompreendido. Sentia que lhe faltava algo, sentia um vazio dentro de si inexplicável, mesmo tendo de tudo do bom e do melhor, ele sentia como se não pertencesse aquele lugar.
Rick estava determinado a mudar seu destino, ele acreditara que o mundo podia ser tão bom quanto um daqueles que ele criava em sua imaginação. Ele passou anos guardando toda sua mesada, que não era pouco, e estava prestes a confrontar seus pais, e sair de casa pra viver sua própria história, estava cansado de estar preso vendo o mundo apenas da sua imaginação, ele queria ver o mundo real, conhecer outras pessoas, se sentir igual, mesmo com todo luxo que tinha, lhe faltava a liberdade de ser e de escolher.
Rick, mal sabia que sua vida estava prestes a mudar radicalmente.
Rick prepare-se para o confronto, pois seu Pai, chegaria de viagem, mas já partiria no dia seguinte, então agora era o momento. Sem medo, Rick convoca seus pais para uma reunião, e todos se dirigem até o escritório principal. É chagada a hora.
Todos estão no escritório principal, Rick está trêmulo e um tanto nervoso, porém determinado, pois está seria primeira vez que confronta seus pais, contrariando a tudo que os mesmos haviam planejado, pois até o momento Rick era sempre concordante com tudo que lhe era imposto.
Tudo está silencioso, Rick não sabe por onde começar, então seu Pai, com um tom grosseiro, fala:
-- Estamos aqui, fala logo o que está acontecendo, ainda tenho que descansar, pois viajo amanhã cedo.
Rick -- Pai, mãe, eu vou sair de casa. Quero morar sozinho.
Mãe -- O que ? como assim sair de casa ? morar sozinho, do que você está falando Rick?
Rick -- É isso mesmo mãe, eu juntei toda minha mesada durante anos, e agora decidi que quero ser livre, quero conhecer o mundo além dessas paredes.
Pai-- Como assim ser livre rapaz? Você sempre teve tudo que quis, sempre vai onde quer, a hora que quer, teu único compromisso era com os estudos e os negócios da empresa, isso não é liberdade? Isso é bobagem, com certeza alguma má influência, pondo essas coisas na suas cabeça.
Rick -- Não pai, não é bobagem e também não há nenhuma influência, nem mesmo amigos eu tenho, ninguém se aproxima do riquinho da cidade, todos tem uma péssima imagem de mim nesse lugar, Eu preciso da minha independência, caminhar com minhas próprias pernas. O Senhor tem razão, nunca me faltou nada, eu sempre tive tudo que quis, mas nunca foi por mérito próprio ou por conquista, sempre parece que tratou-se de uma obrigação. Estou cansado de tudo isso, esse é o mundo de vocês e não o meu, eu não quero tomar frente dos negócios da família, nem mesmo quero ficar com essa mansão, que é tão cheia de luxo, mas tão vazia de sentimentos. E eu não chamei vocês aqui para pedir permissão, eu os chamei apenas para lhes comunicar da minha decisão.
Mãe -- Você não pode estar falando sério meu filho, eu seu pai sempre fizemos de tudo por você, tudo que construimos foi pensando no seu futuro no melhor pra você, porque te amamos, e você sempre concordou, sempre disse que tomaria conta de tudo. É viajar que você quer ? Conhecer o mundo? Pode ir, nós deixamos o jato a sua disposição, viaje, esfrie a cabeça, mas não se precipite, dizendo que vai embora. Você não sabe como é o mundo lá fora, a vida não é tão simples assim, meu filho.
Rick -- Justamente mãe, eu não sei mesmo como é a vida lá fora, porque nunca tive a oportunidade de ver e de viver, Sempre vivi a mercê das vontades de vocês, e sim, sempre concordei com tudo, pois eu pensava que esse era meu destino, e sempre fiz isso por vocês, nunca por mim, até que passei a me sentir sufocado então percebi que essa não é a minha vida, não é o que quero pra mim. E não, eu não quero só viajar pelo mundo, nem mesmo quero o jatinho da família, eu quero me encontrar sozinho, quero encontrar o meu lugar no mundo por minha conta e risco.
Mãe -- Mas, Filho...
Pai -- Deixa!! Se é o que ele quer, temos que aceitar, não vamos insistir pra que ele fique, como ele mesmo disse, não é um pedido e sim um comunicado. E não pense meu filho, que ao sair por aquela porta terá alguma ajuda minha ou que poderá voltar atrás. A escolha é sua então arque com as consequências.
O pai de Rick se retira do escritório, em seguida sua Mãe aos prantos. Rick, por outro lado estava sentido se aliviado, enfim conseguiu desabafar.
O confronto se encerra, e Rick, enfim começa a arrumar suas malas, ele está pronto para partir.
Rick esta em seu quarto a fazer suas malas, ansioso e ao mesmo tempo com aquele frio na barriga, ele não tem um destino traçado, está disposto a sair sem rumo. De repente sua mãe adentra ao quarto com um envelope na mão, ela lhe abraça e fala baixinho em seu ouvido:
-- Só quero que você seja feliz, me perdoe filho!!
Rick -- Não há o que perdoar mãe, eu só preciso encontrar meu caminho.
Mãe -- Neste envelope há uma boa quantia em dinheiro, sei que você economizou bastante, mas peço que aceite, assim eu ficarei mais tranquila, não quero que lhe falte nada, e por favor me liga, não me deixe sem notícias suas, eu te amo filho.
Rick -- Eu também te amo mãe, obrigado!
Rick põe o envelope em uma pequena bolsa de mão, sem olhar a quantia que há dentro, pega sua mala olha ao redor de seu imenso quarto, respira profundamente e sai em direção a porta da garagem. Ele aciona o controle de sua Porsche, põe as malas no carro, e sai.
Já na estrada, Rick anda vagarosamente, com os vidros abertos, sentindo o vento em seu rosto, perdido entre lágrimas e sorrisos, a sensação de liberdade faz seu coração pulsar acelerado. Rick segue pela estrada principal, depois de alguns quilômetros, logo á frente ele avista uma placa que diz "Volte Sempre" ele diminui ainda mais a velocidade, olha no retrovisor e acelera. Finalmente ele deixou a cidade.
Rick esta agora, dirigindo em uma rua totalmente deserta, não há nenhuma residência em volta, apenas árvores e longas campinas, está prestes a anoitecer
Rick encontra-se perdido, sem rumo, o medo está tomando conta, ele está exausto, pois nunca havia estado tão longe e dirigido por tanto tempo, também percebe que está faminto e se dá conta que não levou o que comer e beber. Ele decide então, parar no acostamento, pega seu celular e percebe que não há sinal, ele começa a viajar em seus pensamentos, se questionando se fez a escolha certa, está em pânico, mas logo ele se acalma e volta se lembrar de seu objetivo e sonhos. Seus olhos começam a pesar e ele cai no sono involuntariamente.
Já era madrugada, quando de repente, alguém se aproxima do carro e bate na janela, Rick acorda assustado, e vê uma sombra na sua janela, está escuro, não dá pra identificar o que é, então ele consegue ascender a luz interior do veículo, e vê que se trata de um homem, ele baixa o vidro, ainda trêmulo, e o senhor com uma voz grossa e cara fechada lhe pergunta.
-- Está tudo bem moço ? Tem algum problema com seu carro? precisa de ajuda?
Rick -- Não senhor, está tudo bem, eu só parei para descansar um pouco, e acabei pegando no sono, já estou a horas na estrada, e não avistei nenhum hotel por este caminho.
-- Olha moço, não aconselho que você fique parado assim na estrada, pode ser perigoso, essas ruas desertas são os locais preferidos de assaltantes principalmente, foragidos. Seguindo só mais alguns quilômetros aqui em frente, o senhor logo, já vai avistar um posto de combustível, junto do posto tem um hotel. Não é muito luxuoso, mas serve pra descansar um pouco.
Rick -- Muito obrigado senhor, eu não conheço muito bem a região, confesso que estava perdido, é a primeira vez que viajo sozinho, muito obrigado mesmo.
-- Não há de quê, agora preciso seguir viagem, se cuida rapaz.
Rick-- Faça uma boa viagem senhor e mais uma vez, obrigado.
O Homem entra em seu caminhão, da uma buzinada e segue viagem.
Rick dá um longo suspiro, pois ainda estava um pouco assustado, liga seu carro e segue na direção que aquele senhor havia lhe indicado. Logo ele já avista uma grande placa luminosa escrito "Hotel". Ele chega no posto de combustível, coloca seu carro no estacionamento, e vai em direção a loja de conveniência, faminto e com sede, pega alguns salgados, doces e bebidas e vai até o caixa, enquanto a moça está registrando os produtos, Rick fica olhando em volta atentamente, impressionado com a simplicidade do local. Ele nunca havia entrado em uma loja de conveniência, pois eram sempre os empregados que tinham o dever de abastecer os automóveis.
Caixa -- Deu R$ 67,50 senhor!
Rick entrega o dinheiro, e pergunta em seguida.
-- Moça, onde fica a entrada do hotel ?
Caixa -- Basta o senhor acessar pela lateral do posto que já irá ver a porta da recepção. Aqui está seu troco, tenha uma boa noite.
Rick -- Muito obrigado moça, Uma boa noite pra ti também.
Rick, chega a recepção do hotel.
Recepcionista -- Boa noite, seja bem vindo, em que posso ajudar ?
Rick -- Boa noite, gostaria de um quarto por favor.
Recepcionista -- Quanto tempo de estadia ? Temos quartos de solteiro e de casal, o senhor tem alguma preferência ?
Rick -- Apenas uma noite, quarto de casal por favor, estou sozinho mas prefiro camas grandes.
Recepcionista -- Ok, só preciso de um documento seu, e preciso que preencha esse pequeno formulário aqui.
Rick entrega seu documento, e preenche o formulário.
Recepcionista -- Certo, aqui está a chave, quarto 113, fica no terceiro andar, há toalhas limpas e cobertores no armário, caso precise de algo, basta utilizar o interfone que fica ao lado da cama, a recepção funciona 24 horas. Tenha uma boa noite e uma boa estadia.
Rick -- Muito Obrigado, Boa noite!
Rick percebe que não há elevador, então ele segue em direção a escada, passando por corredores estreitos, enfim chega no quarto. Rick está adorando essa sensação de liberdade acompanhada de simplicidade, sem luxos, sem regras, sem julgamentos. Ele se deita na cama, e começa a pensar no amanhã.
Pra onde ele irá ? que rumo ele irá tomar? Quais são as surpresas que o aguardam, e principalmente, onde ele irá se encontrar e criar sua raiz ?
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