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Acho que vou ter que deixar um aviso aqui.

Essa história é um drama e você percebe isso no primeiro capítulo.

Pelo amor de Deus, se você não gosta de dramas, nem comece a ler.

Digo isso porque depois vão vir comentários reclamando que tem partes tristes no livro.

Sim, vai haver muitas partes tristes, assim como haverá partes felizes.

Se você quer ler uma história onde tudo é perfeito como no mundo da Alice, esse livro não é para você.

Obrigada!

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POV Isa

A música começa a tocar, respiro fundo e dou meu primeiro passo, pisoteando as pétalas de rosas caídas pelo chão, assim como fui instruída, eu dou dois passos e faço uma pausa, duas crianças fofas, repetem as mesmas pausas a minha frente, jogando as pétalas antes que eu dê meus passos, todos estão felizes e radiantes, mas este pode ser o pior dia de minha vida, o pior, pois apesar de nunca ter tido certezas sobre meu futuro, minhas especulações a partir de agora são todas pessimistas.

Meu coração bate acelerado, minha mão sua, o homem ao qual estou segurando pelo braço, dá um tapinha em minha mão, tentando me tranquilizar, mas como posso me tranquilizar se eu nunca vi esse homem na minha vida? Na verdade eu nunca vi nenhuma dessas pessoas que me olham sorridentes, enquanto caminho, não conheço esse lugar, muito menos o homem que me espera no altar, a única pessoa que conheço é aquele cara sombrio, que me vigia encostado na porta dessa construção considerada sagrada, e eu prefiro cair nos braços desses desconhecidos do que daquele cara. Ele vai me machucar se eu sair correndo daqui, meu Deus, o que será de mim a partir de agora?

Apesar de não conhecer esse lugar já tentei entrar em outros parecidos, mas sempre fui expulsa, nunca fui digna de fazer uma prece, de pedir socorro aos céus, essas mesmas pessoas, que me expulsaram, as vezes me davam algo de comer, não porque me agradariam com aquilo, mas porque agradariam ao Santíssimo, garantindo-lhes um lugar ao lado dos anjos quando partissem, mas desde cedo aprendi que nunca conquistaria o meu lugar, eu não conseguia nem me ajudar, imagina ajudar as outras pessoas, com certeza o santíssimo nunca me notou, e é por isso que estou passando por tudo isso. Eu não tenho escolhas, sou apenas um pedaço de papel sujo, rasgado, sendo levado pelo vento, e esse vento nos últimos dias se tornou uma tempestade, me empurrando violentamente para muito longe, me trazendo até aqui.

Esse vestido tem panos demais, é pesado com muitas pedrarias, no meu rosto tem muita maquiagem, que fazem meus olhos arderem, um véu cobre o meu rosto, me fazendo não enxergar quase nada a minha frente, apenas silhuetas, esse sapato aperta o meu pé, e pelo menos me colocaram em um sapato sem salto, pois meu joelho está machucado por ter caído com o sapato com salto que me colocaram anteriormente.

O homem que me conduz é um Senhor, que por seus tapinhas em minha mão, parece ser gentil, mas ainda assim minha mente não para de me mandar alertas de perigo, eu queria que ele me soltasse, que não chegasse perto de mim, mas aguento por medo, por medo daquele cara que ainda está lá na porta.

Chego perto altar, o Senhor que me conduzia me solta, e o homem que me esperava no altar agora está na minha frente, ele levanta o meu véu, e olha o meu rosto, seus olhos se arregalam de surpresa, e ele fica ali parado na minha frente sem reação, a princípio baixo meus olhos irritados pelas lágrimas e pela maquiagem, com vergonha, mas depois de um tempo levanto meu olhar e observo seu rosto com atenção, ele parece ser sério, e parece ser bonito como os homens que só vi em revistas que achava nas lixeiras, lembro de quando criança sonhar em me casar com um príncipe parecido com ele, um príncipe que me salvaria da fome, da miséria e da dor, mas esses sonhos eu deixei para trás há muito tempo, homens como ele nunca me olhariam com um olhar diferente do que o olhar de pena, eles nunca me salvariam da miséria, no máximo me jogariam algumas moedas.

POV Isa

Ele se aproxima, está perto demais, meu coração martela em meu peito, violentamente, "tum tum… tum tum… tum tum…", eu queria empurrá-lo e sair correndo dali, mas de repente minha mente me manda um alerta, de que eu deveria aguentar só dessa vez, pois um perigo maior me espera na porta desse local. O planta um beijo em minha testa, me oferece o braço e eu aceito, antes de continuarmos a seguir para o altar olho para os lados, pois agora, sem o véu consigo ver melhor, assim que as pessoas vêem o meu rosto, ouço-as exclamando em uníssono, "Ooh!".

Chegamos ao altar, e o padre começa a ditar a cerimônia, olho para os lados e tinham algumas pessoas nos olhando, felizes e com olhares de ternura, ao fim o padre diz:

— Dr Leoni, você aceita a Srta Isaura como sua legítima esposa? Promete respeita-la e ama-la, na pobreza e na riqueza, na saúde e na doença, até que a morte os separe?

— Sim. — o homem respondeu com um tom frio.

— Srta Isaura, você aceita o Dr Leoni como seu legítimo esposo, e promete ama-lo e respeita-lo, na pobreza e na riqueza, na saúde e na doença, até que a morte os separe? — no momento eu fiquei paralisada, não sabia o que responder, eu não queria me casar com esse desconhecido, talvez a morte nos separaria logo, no caso seria a minha morte, por que um homem como esse estaria se casando comigo? Olhei para os lados assustada, as pessoas começaram a cochichar, olhei para a porta e vi aquele cara me olhando, ele fez um movimento com o dedo simulando uma faca passando pelo pescoço, me virei abruptamente, com medo, olhando para o padre, todos me olhavam com um olhar de curiosidade, conseguia-se ouvir ao fundo um burburinho de coisas sendo ditas, que eu não conseguia entender, e de repente o homem ao meu lado fala:

— Ela aceita!

— Dr Leoni, me desculpe, mas eu preciso ouvir isso da noiva. — disse o padre.

— Reverendo, não vê que minha esposa é tímida? Ela está assustada, geralmente é uma pessoa que não costuma frequentar lugares com muitas pessoas, por favor termine essa cerimônia logo, antes que a assustem mais!

O padre olhou para o meu rosto, preocupado, e depois continuou:

— Se alguém tem algo contra essa união, que fale agora ou se cale para sempre! — do fundo de meu coração, esperei que alguém aparecesse e me salvasse, mas lembrei que ninguém apareceria, eu era sozinha, e talvez as pessoas que poderiam aparecer não seria para me salvar.

Após uma pausa o padre continuou:

— Pelo poder a mim dado, eu vos declaro marido e mulher! Pode beijar a noiva! — o home pega em minha mão, eu me desespero, seus rosto está se aproximando do meu, abruptamente eu solto as minhas mãos da dele, e quando vou virar meu rosto para que ele não encoste em mim, de repente ele segura o meu queixo, e pressiona os seus lábios nos meus, lágrimas saem de meus olhos, e as pessoas começam a gritar comemorando:

— "Felicidades aos noivos!"

— "Eles são tão lindos juntos!"

— "Olha como ela está emocionada, é muito bom ver um casal apaixonado"

O Homem segura o meu braço apertando-o e vamos andando em direção a saída, eu choro copiosamente, mas ninguém liga, ninguém percebe que estou pedindo socorro, as pessoas acham que estou emocionada pelo meu casamento, saímos da igreja, e passo por aquele cara, que me olha sorridente, paramos e algumas pessoas aparecem e retocam a minha maquiagem, e alguns fotógrafos começam a tirar várias fotos, depois de uma pausa, sinto um frio na espinha e uma voz dizendo atrás de mim:

— Sorria garota, você tirou a sorte grande, é a primeira garota que eu vendo e acaba casando com o comprador! Sem contar que ele é muito rico, vai te dar uma vida de princesa.

Antes que pudesse sair correndo, o homem, que agora é meu marido, me segura apertando meu braço e vai me puxando em direção ao carro, eu entro e nos sentamos, o motorista dá a partida, barulho de latas batendo no asfalto pode ser ouvido durante o trajeto, o homem abre a janela e acende um cigarro, me coloco o mais longe possível, dele, lágrimas saem de meus olhos, eu só posso chorar, agora eu não sabia o que seria de mim, ele era o meu marido agora, ele tinha direitos sobre mim, que eu não queria lhe dar.

POV Isa

Depois de um bom tempo chegamos a um local, desci de frente para uma casa enorme, era grande como alguns prédios do centro do Rio de Janeiro, local onde eu pedia esmolas às vezes, não grande em altura, mas em largura, talvez se assemelhasse ao prédio do Centro Cultural Banco do Brasil, que fica na Candelária, eu nunca pude entrar lá, mas sempre quis ver como era dentro. Continuando, a casa era muito grande, e tinha um Jardim enorme, onde estavam montados estruturas, decoradas com cortinas vermelhas, mesas, muitas flores e um palco onde já tinham músicos a postos para começar a tocar, o homem segurou novamente em meu braço e foi me encaminhando para essa estrutura, chovia muito no local, e o lugar da festa era coberto, fomos até onde tinham duas cadeiras, douradas, com estofados cor vinho, e nos sentamos, e a partir daí começou a música, as pessoas eram barulhentas, elas cantavam e dançavam, o meu marido também cantava e bebia vinho, pessoas apareciam e me davam jóias, ou me elogiavam, outros pediam para dançar comigo, e o meu marido os impediam, dizendo que estavam me assustando, e eles estavam.

Depois de um tempo aquele Sr que me conduziu se aproximou, de meu marido, acompanhado de algumas pessoas, o olhei com mais atenção, ele parecia gentil, mas também parecia um pouco debilitado. Ele foi até o meu marido e o abraçou dizendo:

— Parabéns, meu neto! Foi uma cerimônia linda, e você escolheu bem a sua esposa, é uma moça de uma beleza rara, espero que cuide bem desse tesouro.

As outras pessoas foram cumprimentá-lo e o Senhor veio em minha direção:

— Você está mais calma agora? Estava tão nervosa, não se preocupe, Leoni já deve ter lhe dito sobre, quando se conheceram, mas somos uma família muito unida e calorosa, abraçamos com amor a todos entram para a família, e agora você é uma Petran, é nossa protegida agora!

Continuei a olhá-lo sem entender o que estava dizendo, eu acabei de conhecer meu marido, não trocamos nenhuma palavra, ele nunca me disse essas coisas.

— Eu sempre quis que meus filhos realizassem um casamento segundo as tradições Ciganas, com o religioso, e a festa, e agora Leoni me deu essa alegria, ele é um bom neto, e tenho certeza que vai ser um bom marido também, minha querida. Segundo as tradições a sua família teria que oferecer um dote, mas Leoni me explicou que você é órfã, então eu resolvi lhe oferecer um dote, em nome de nossa família. — disse me entregando uma caixa, ao qual eu abri e continha um colar, incrustado com várias pedras verdes brilhantes, fiquei hipnotizada, era lindo.

— Eu gostaria que usasse isso hoje, é uma jóia que pertenceu a minha falecida esposa, posso colocar para você? — eu assenti com a cabeça, e ele colocou o colar em meu pescoço, era estranho como aquele Senhor naquele momento, não me causava tanta repulsa, quanto a que eu sentia quando um homem se aproximava de mim.

Depois se aproximaram um casal me cumprimentando, eles disseram que eram os meus sogros, Grigori e Armina Petran, primeiro a Armina me disse que segundo as tradições Ciganas, a partir de agora eu teria que servi-la e obedecer a todas as suas ordens, arregalei os meus olhos, e ela começou a rir, e disse que estava brincando, que não segue as tradições, e que o filho só fez o casamento segundo as tradições para agradar o avô.

Anoiteceu e finalmente o meu marido falou comigo:

— Hey, garota! Olha para mim, vou falar bem devagar para você entender, segundo as tradições essa festa deveria durar três dias, mas meu avô anda um pouco debilitado, então vamos para noite de núpcias agora, seja boazinha!