Ariane tinha perdido sua vida aos 25 anos de idade. Quando acordou, estava assustada e pensou que tinha sobrevivido, mas ao olhar ao seu redor, percebeu que não estava em um hospital. Estava em uma cama grande, com lençóis de tecido fino, as paredes e tetos com uma aparência antiga, mas elegante. Quando desceu da cama e abriu as janelas, viu uma paisagem totalmente diferente da cidade. Era como uma vila distante da vida urbana. Via pessoas andando com roupas estranhas e notou que o tom de pele delas era mais pálido. Pareciam menores, e isso também era evidente em suas mãos. Correu para o espelho e ficou assustada ao ver uma pessoa totalmente diferente. Possuía pele branca, cabelos prateados, longos e ondulados, seus olhos eram levemente azuis, sem dúvida bonita, mas não era ela. Não sabia o que estava acontecendo e sua aparência era de uma jovem com uns 14 ou 15 anos, ficou totalmente confusa.
As pessoas que vieram vê-la afirmaram ser seus pais. Foi então que ela descobriu seu nome: Alice Blanc e que seu pai era um marquês. Pouco a pouco, foi reconhecendo o que estava acontecendo até finalmente entender tudo. Ela havia renascido em uma novela que havia lido anos atrás.
"A Prometida do Rei" é um romance onde a personagem principal é Alice Blanc. Seu pai, o Marquês Blanc, trabalhava no palácio do Rei do país de Roble e ela costumava ir lá frequentemente. Quando tinha 10 anos, ela se tornou amiga íntima de Aldo Rogers, o jovem príncipe herdeiro de 13 anos. Eles passavam seus dias juntos no palácio até que conheceram Eleonor Dumas, que tinha 12 anos e pertencia a uma boa família de Duques. Os três tornaram-se bons amigos, mas entre Alice e Aldo, havia algo mais que amizade. Com o tempo, quando Alice tinha 14 anos e Aldo, 17 anos, o príncipe pediu a seu pai para prometê-lo a Alice. O Rei, que apreciava o Marquês Blanc, aceitou o compromisso. Quando o compromisso foi anunciado, Eleonor os cumprimentou. No entanto, quando Aldo foi coroado Rei aos 19 anos, devido à doença do Rei anterior, o Duque Dumas, pai de Eleonor, pressionou o conselho real para colocar sua filha como concubina. Alice não gostou nada dessa situação, mas Aldo prometeu que a aceitou apenas por compromisso. Eleonor até afirmou que não se intrometeria entre eles. No decorrer dos meses e antes do casamento entre Alice e Aldo, foi anunciado que Eleonor estava grávida. Alice ficou decepcionada, acreditando que o rei apenas havia aceitado aquela garota por pressão, mas nunca imaginou que ele se envolveria com ela. Ainda assim, cumprimentou-os. Embora se dissesse que seu lugar como futura rainha poderia ser para Eleonor se ela desse à luz um menino, Alice acreditou no rei, pois ele prometeu que, fosse quem fosse o bebê, ela era a única que ele queria como rainha. No entanto, um dia, Alice encontrou-se com Eleonor e, ao ver o avançado estágio de sua gravidez, pediu para tocar sua barriga, pois queria sentir o bebê se mover. Eleonor aceitou, mas no momento em que Alice tocou sua barriga, sentiu uma dor intensa que a fez gemer. Nesse instante, o rei passou perto, junto com a corte real, e ouviu os gemidos de Eleonor; ao ver Alice com a mão estendida, Aldo imaginou que ela havia feito algo contra a garota grávida.
- O que você fez? Eu sei que você não gosta dela\, mas tentar ferir meu filho...
Eleonor não conseguia dizer nada, apenas reclamava da dor. Alice negou tê-la machucado e esperava que, quando a concubina estivesse melhor, ela diria a verdade. Mas não foi o que aconteceu: Eleonor não disse nada. O incidente foi deixado de lado, mas os mal entendidos continuaram. Um dia, Eleonor estava apressada pelos corredores e, sem perceber, chocou-se com Alice, fazendo-a quase cair. Algumas criadas a seguraram e acusaram Alice de tê-la empurrado. O rei ficou furioso com o ocorrido. Em outra ocasião, enquanto bebia chá, Eleonor derrubou-o sobre o colo e, naturalmente, Alice foi novamente culpada por estar sentada à mesma mesa. O rei, acreditando que os ciúmes de Alice estavam crescendo, a expulsou do palácio e rompeu o compromisso. Alice suplicou-lhe, dizendo que o amava e que estava disposta a aceitar o bebê, mas Eleonor nunca esclarecia nada e só chorava nos braços do rei. Alice foi embora da cidade com seu pai e passou a viver com a tia em outra casa. Não que seu pai a odiasse, ele a enviou para longe para evitar que fosse zombada por todos. Alice sofreu dia e noite, sentindo falta do rei e desejando que ele percebesse que nunca machucou Eleonor. Com o tempo, Alice tentou seguir em frente, conheceu pessoas e começou a ter uma boa vida. Sua tia era muito amiga da rainha-mãe do país Astral, onde ela foi enviada, e a levava para visitar o palácio. Lá, conheceu o jovem imperador de Astral, Elián Gerard, um rapaz de 17 anos que assumiu o trono após a morte de seus pais. Com o tempo, Elián desenvolveu um carinho por Alice e terminou apaixonado por ela. Alice retribuiu o carinho e, quando Elián pediu sua mão em casamento, ela aceitou, com a condição de que ele não tivesse concubinas. Elián disse a Alice que isso não era permitido em seu país. Alice estava feliz, mas dois anos depois teve que se encontrar novamente com o rei Aldo quando ela e o imperador foram a Roble, pois era uma tradição celebrar o festival da paz, que exigia a presença dos governantes de ambos os países. Quando Aldo soube que Alice era a noiva do imperador, pediu-lhe que não se casasse com ele, que ainda a amava e que já sabia a verdade. Eleonor havia deixado-o acreditar que era Alice quem a machucava e nunca esclareceu o assunto. Tudo isso foi descoberto quando a criada de Eleonor tentou envenená-la. Quando a criada foi capturada, confessou ter feito isso porque Eleonor nunca lhe havia pago o prometido, e ela ajudava a culpabilizar Alice por tudo. O chá derramado sobre Eleonor e o choque com Alice também foram planejados por ela. Eleonor queria afastar Alice para poder assumir o trono, mas agora havia perdido sua vantagem e foi presa por mentir. Felizmente para Eleonor, ela não foi executada, pois tinha que cuidar do filho do rei. No entanto, foi confinada na mansão escura, uma residência distante do palácio principal, e não podia se aproximar dele. Alice se recusou a perdoar Aldo, mas ele não se rendeu. Ele fez tudo o que pôde para ganhar o coração de Alice, e ambos passaram dificuldades juntos devido às intrigas e traições de alguns nobres. Quando tudo terminou, Alice perdoou Aldo, terminou seu noivado com o imperador Elián e voltou para Aldo, porque nunca deixou de amá-lo e entendeu que ele também era vítima de um engano. O imperador Elián não teve escolha senão deixar Alice ir, pois, embora lutasse por seu amor, ela apenas pensava no rei Aldo. E assim, finalmente, Alice e Aldo tiveram seu final feliz.
Já havia passado uma semana desde que Ariane acordara no corpo da jovem Alice. Seu renascimento foi durante os dias em que Eleonor entrou no palácio como concubina. Há rumores de que Alice não aceitou bem a notícia e, por isso, isolou-se na mansão da estrela, a área do palácio onde vive desde que entrou como noiva do Rei. Seus pais a visitam com frequência, mas não podem ficar com ela por muito tempo. Durante esses dias, nem mesmo quis receber o Rei, e há rumores de que o compromisso possa ser rompido. Para Ariane, isso não importa tanto, pois está se acostumando a viver lá. Mas o que tem certeza é de que não quer seguir a história como foi escrita. Ela tem orgulho e de forma alguma pretende ter seu final feliz ao lado de um homem que não pode controlar sua libido e que facilmente vai para cama com outra mulher, apesar de dizer que ama Alice. Uma criada aparece no quarto de Alice, dizendo que a concubina Eleonor desejava vê-la. Alice fica calada, não se recorda desse encontro. Mas sorri e pede que a deixem entrar. Eleonor entra na sala e caminha até Alice, sem fazer reverência. A albina a observa, ela realmente era bonita, com cabelos e boa figura. Até o sorriso era bonito. É uma pena que esteja corrompida pela inveja por dentro.
- Eleonor\, embora nos conheçamos desde crianças\, é uma falta de respeito não fazer uma reverência à futura rainha.
Eleonor se surpreende com as palavras, mas aperta as mãos em seu vestido.
- D-desculpa\, vejo que ainda está chateada com minha entrada no palácio como concubina.
Eleonor faz uma expressão triste, sendo observada por suas donzelas e Alice, parece que ela só quer se fazer de vítima.
- Isso não me chateia\, nem me preocupa. Porque\, independentemente do que aconteça\, Sua Majestade me ama\, seu único dever é servir na cama e dar-lhe descendência. E essa diferença é a razão pela qual você deve mostrar respeito. O que as pessoas vão pensar se te veem sendo desrespeitosa com a rainha?
Eleonor pode ver como as donzelas de Alice esconderam seus sorrisos de chacota com as mãos, algo que a deixou ainda mais irritada, mas ela se inclina e mostra seus olhos quase chorando.
- Eu sinto muito. Eu pensei que pudéssemos continuar amigas. Você sabe que fui forçada e ainda fica brava comigo.
- Só estou tentando ajudar. Se você mostrar tamanha falta de respeito\, vão te criticar. Como eu disse\, não estou brava porque sei que Sua Majestade me ama incondicionalmente.
- E-eu entendo isso e você sabe que eu respeito esse relacionamento.
- Claro. Eu sei que nunca vai me trair e ficará à margem de Sua Majestade.
Eleonor se desculpa dizendo que tem algo importante para fazer e sai do quarto. Quando chega à mansão da rosa, ela joga um vaso que estava na mesa no chão e pisa nas flores.
- Maldita\, mil vezes maldita\, tu és uma insignificância\, tirarei tudo de ti\, vejamos se continuarás se gabando... plebeia de quinta categoria. Sally\, vá dizer que desejo ver Sua Majestade\, que não estou me sentindo bem.
A criada se curva e sai do quarto para cumprir as ordens. Na mansão de Alice, ela pede para ficar sozinha, pois não quer ver ninguém. Embora tenha passado uma semana, ela sente que ainda tem muito a processar. Nesse tipo de situação, é importante manter uma boa etiqueta, caso contrário, seria considerada grosseira, algo que ela não conhece muito bem. Em seu mundo, essas coisas são muito diferentes. O respeito é geralmente dado às pessoas mais velhas ou aos superiores, mas não é tão rigoroso.
Aldo foi informado que Alice recebeu Eleonor e acredita que ela já está melhor e que entendeu perfeitamente a situação. Por isso, decide visitá-la amanhã, pois precisa ver Eleonor, que parecia ter urgência de vê-lo. Ao chegar à mansão da rosa, é conduzido à sala, onde estava Eleonor. Mas percebe que ela tem uma marca vermelha na bochecha e começa a chorar ao vê-lo.
- Majestade\, sinto muito\, realmente quero me dar bem\, mas ela não quis me entender...
- Do que está falando? O que aconteceu?
- Sinto muito\, Majestade... é culpa minha\, se ao menos pudesse me opor a meu pai.
- Lady Eleonor\, você não tem culpa de nada. Não sei o que aconteceu\, mas falarei com Lady Alice amanhã.
- Obrigada\, Majestade\, espero que possa entender com você...
Eleonor começou a chorar, mas quando o jovem Rei a abraça, ela sorri levemente.
Mais uma manhã chegou desde que ela renasceu nesse mundo. Ela tem procurado anotar tudo o que lembra. O primeiro detalhe que mudou é o fato de que Eleanor a visitou no dia anterior, o que não deveria ter acontecido, já que Alice se escondeu em sua mansão por dois dias e depois disso, Aldo a visitou para explicar por que teve que aceitar Eleanor como concubina. Então, a situação não se encaixa, já que, para ter renascido no corpo de Alice, ela deve ter morrido, algo que obviamente não aconteceu no livro, nem sequer se lembra de ter sofrido algum atentado contra ela. Perguntou às donzelas e elas disseram que ela tinha desmaiado.
- O que faço agora? Há alguma maneira de voltar para o meu mundo?
Alice suspira, só lembra do momento de sua morte e de como tudo ficou escuro, depois acordou nesse mundo. Sua donzela, Hilda, diz que o rei a procura e está na sala esperando. Alice agradece, mas deixa esse homem esperando um pouco mais. Ela se lembra perfeitamente do livro e odeia que no final a protagonista volta para esse rei infiel. Quase meia hora depois, ela finalmente vai à sala e, ao vê-la, Aldo se levanta e se aproxima, segurando suas mãos.
Alice, lamento tudo o que aconteceu, mas a aceitação de uma concubina foi só porque o conselho real quis assim.
- Não preciso de explicações\, mas também não me peça para ser compreensiva.
Alice afasta as mãos e senta-se em uma pequena poltrona para não ter aquele homem sentado ao seu lado.
- Eu sei que você está chateado\, mas já passou. Você não deveria ter agredido a Lady Eleonor\, ela não tem culpa nenhuma.
- Agredir? Não sei do que está falando\, mas se é isso que você acredita\, não me interessa.
Alice acredita apenas que aquele rei é um estúpido por acreditar nas coisas que essa tal Eleonor diz e, pelo que parece, já inventou uma agressão.
- Não se trata do que eu acredite\, eu vi o golpe em sua bochecha. Não seja tão cruel com ela\, além disso\, ela prometeu ficar longe de nós.
- Golpe? Entendi\, não me importo com a promessa dela\, vou acreditar quando ver. Majestade\, se não tem mais nada a dizer\, vou me retirar e ficar sozinha.
Alice levantou-se e sem esperar qualquer resposta, saiu da sala, mesmo que Aldo estivesse chamando por ela. Aldo foi embora, supondo que ela ainda estava zangada, mas ela deveria estar preparada para algo assim, já que o rei anterior tinha concubinas, que foram enviadas para fora do palácio quando o rei ficou doente, e agora, só a mãe de Aldo, a rainha, se dedica a cuidar de seu marido. Os meio-irmãos de Aldo ainda têm o título de príncipes, mas nenhum tem direito a herdar, então não há conflitos. Se a rainha tivesse tido apenas filhas, então cada filho das concubinas teria direito a lutar pelo trono, mas como não é o caso, eles devem viver pacificamente.
Eleonor havia enviado Saly para descobrir se Alice tinha sido repreendida, mas aparentemente não houve nada além de rejeição de Alice para com Aldo, ela ainda parecia zangada com ele, mas Eleonor fica chateada ao descobrir que Alice não foi repreendida.
- Preciso fazer algo diferente... não deixarei que ela ganhe.
- Se me permite\, e se ela der à luz o primeiro filho de Sua Majestade? Você teria vantagem\, a corte real poderia ficar do seu lado.
- Saly\, você é um gênio\, tenho que me aproximar de Sua Majestade\, agora que aquela idiota prefere ficar sozinha.
Chegou a hora de se preparar, certamente deve aproveitar o momento e se Alice ficou zangada quando você entrou como concubina, tudo acabará quando ela descobrir que está grávida do rei. Alice, por sua vez, estava na sacada de seu quarto, calculando as datas, sabia que em três meses seria anunciada a gravidez de Eleonor, então seu plano é deixar que tudo flua como deve, com a diferença de que ela pretende mudar o final e de forma alguma pretende ficar com o rei.
Finalmente, Alice decidiu sair de sua mansão, rapidamente Eleonor e Aldo foram informados disso e o primeiro a ir visitá-la foi Aldo, que estava feliz por poder passar tempo com ela novamente e continuar com todos os planos do casamento. Ao chegar ao palácio principal, Aldo a encontrou tomando chá no jardim, feliz se aproximou, mas percebeu que a expressão de Alice ao vê-lo era de indiferença.
"Lady Alice, estou tão feliz que tenha saído de seu confinamento."
"Não posso ficar confinada para sempre. Mas saí porque gosto de ser livre, não porque tenha perdoado."
"Mas... Lady Alice, você sabe que é normal um rei ter concubinas, a diferença é que prometi nunca ficar com elas."
"Com elas? Então devo esperar para ver muitas mais. Acho que apenas estragou meu dia."
Ela deixa sua xícara sobre a mesa e se levanta, dizendo que precisa sair, pois ficou de visitar sua mãe. Alice espera que os meses passem rapidamente para poder ir embora daquele garoto.
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