Olho minha amiga Isa com emoção, ela bate palmas animada com a minha conquista, sabe muito bem tudo que passei pra estar aqui neste palco, recebendo meu diploma de pedagogia na minha colação de grau. Pego meu diploma, faço meu discurso e tenho um vislumbre de oportunidades, cada vibração atinge meus nervos como se eles negassem a acordar de um sonho, mas o bom é , que eu tenho certeza que não é sonho.
Recito meu juramento e assim que a cerimônia se encerra eu desço do palco segurando a barra da beca, vou direto até minha amiga e lhe dou um abraço apertado e cheio de autoconfiança.
- Ai amiga, parabéns, estou tão orgulhosa.- me puxa pra mais perto.
- Agora só preciso arrumar um emprego, não quero mais que minha mãe trabalhe tanto pra me ajudar. - fico triste ao menciona-la, queria que ela estivesse aqui.
- Já mandei todas as fotos para ela, o Michel tá muito orgulhoso de você, assim como sua mãe.- diz.
Sinto saudade do meu irmão, da minha mãe, mas voltar para Portugal está fora de cogitação, não suporto meu padrasto, ele é um abutre e não sei como minha mãe se sujeita a fazer todas as vontades dele, ele quis vir morar aqui, ele quis voltar, e em todas as situações ela abdicou do que queria por ele.
Saio dos meus pensamentos e eu e Isa vamos para meu apartamento, logo que chegamos vamos comemorar minha vitória, minha felicidade é tamanha que não consigo disfarçar, o início de uma coisa muito boa me espera .
10 meses depois...
Mais um dia em minha amada Londres, se ao menos eu tivesse uma notícia boa, mais um trabalho negado, mas um mês dependendo da minha mãe e vendo isso destruir sua vida e a vida do meu irmão, se eu ao menos pudesse livrá-los dessa situação.
Nós éramos de Portugal, quando meu irmão completou 3 anos de idade nós viemos para cá, minha mãe não tem família, eu sei de um bisavô meu porém não sei onde ele está, minha mãe não fala muito dele, nem dele e nem do meu pai, esse sumiu, abandonou nós duas, obrigou-a a casar com o crápula, desde então minha vida tem sido um verdadeiro inferno.
Após alguns anos morando aqui meu padrasto resolveu voltar para Portugal, como eu já estava na faculdade preferi ficar e termina-la, iria procurar um emprego, trabalhar e estudar ao mesmo tempo, mas minha mãe não permitiu, fez questão de pagar tudo e isso custa mais caro do que eu gostaria.Depois de horas de lembranças querendo me atormentar eu adormeço aninhada na cama que representa meu único refúgio da realidade, sinto que meu mundo irá desabar, mas pelo menos eu sei que tentei.
Personagens:
...Mia Brown- ( 22 anos)...
...Allan Taylor - (25 anos)...
...Derick Taylor - (5 anos)...
...Catherine Taylor- ( 4 meses)...
j
...Ally Taylor- (19 anos)...
...Bryan Swon-(25 anos)...
...Isabelle Fox- (22 anos)...
...Juramento recitado....
“Prometo, no exercício de minha profissão, enfrentar os desafios que a educação me propõe, dentro e fora da escola, com criatividade, perseverança e competência, buscando novos! caminhos para o processo educacional. Prometo trabalhar por uma educação para a responsabilidade social, ética e política. Por uma educação comprometida na luta pela conscientização da sociedade e pela formação de pessoais críticas e conscientes, pois são elas que constroem a história.”
Mia 🌺
Já se passaram 11 meses desde que me formei, ainda estou a procura de trabalho, o jornal está em minha mão, aberto na sessão de emprego, algumas escolas estão contratando, porém eu não tenho a sorte de ser contratada, mas não vou desistir, não vou parar de correr atrás, tenho certeza que acharei algo.
Acordo às 5:30 da manhã e começo a me arrumar, tomo um bom café com um sanduíche e visto um conjunto de calça jeans, uma blusa verde musgo e um blazer.
Após me certificar que estou com todas as minhas documentações na mão, eu saio e vou até uma escola pública em Primrose Hill, olho a fachada assim que chego e entro com uma pontinha de esperança me invadindo. Ao chegar na secretaria da escola, encontro a recepcionista escutando música e rapidamente digo o que vim fazer, sou direcionada até a sala do diretor, ele olha meu currículo, acha fascinante mas pela minha pouca idade e minha falta de experiência no ramo ele não acha viável me contratar, e logo eu saio da escola com mais um não, mais uma porta fechada.
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Chego em casa depois de uma cansativa jornada de metrô, se eu não conseguisse sentar eu estaria exausta. Deposito a bolsa e as minhas chaves no aparador, me direciono até o banheiro e tomo uma ducha rápida, ao sair do banho escuto meu celular chamar, olho o visor e vejo ser Isa, ainda não atendi, mas já sei o que pode acontecer, atendo já preparada para as loucuras de Isabella Fox
Atendendo Chamada com Isa.
- Fala.- falo desanimada.
- Nossa, que desanimo, não precisa nem falar o que é, já sei, sei também a solução.
- Nem venha, eu não estou boa pra suas loucuras.
- Não é nenhuma loucura, só quero que você vá pra balada comigo, eu vou te apresentar o meu boy magia. - reviro os olhos ao constatar que estava certa.
- Acho melhor não, eu tenho que acordar cedo amanhã, preciso encontrar algo.
- Deixe de besteira, vamos nos divertir.- diz na tentativa de me contagiar com sua animação.
- Eu não quero, além do mais você sabe que não gosto.
- Você não tem que querer, às 19:00 eu passo aí, se não tiver pronta vai se ver comigo.- antes mesmo que eu fale algo ela desliga.
Chamada encerrada.
Já que não me restou nenhum escolha eu resolvo descansar um pouco e então deito na cama, coloco o despertador pra 17:30 e assim que ele tocar eu levantarei. Assim acontece, eu levanto e inicio o processo de me arrumar, tomo um banho rápido, escolho a roupa, um conjunto de short preto e blusa rosê com detalhe também em preto, coloco um mine coturno, faço uma refeição leve e então me dedico ao cabelo, ele está natural, com suas ondas evidentes, eu o ajeito e então me sinto pronta, faço uma maquiagem leve e me olho no espelho, gosto do que vejo, pego minha bolsa e fico a espera de minha amiga maluquinha
Às 19:00 em ponto escuto o interfone tocar, o porteiro anuncia que minha amiga está lá embaixo, acompanhada por um rapaz, deve ser o ficante dela. Fecho a porta do meu apartamento e chamo o elevador, ao chegar no lobby do prédio eu avisto minha amiga, sentada em uma das poltronas da recepção, o prédio que eu moro é bem simples e pequeno, porém bastante aconchegante, tem um ar rústico e particularmente londrino. Caminho até Isa e logo observo a presença de um homem, ele é alto, ruivo e bem atraente, não parece ser daqui.
-Que gata! Tá indo pegar quem?
- Obrigada, você está como posso dizer, bonitinha e eu não estou indo "pegar" ninguém.- dou um destaque maior na palavra pegar, acho um termo tão chulo em se falar direcionado a um ser humano, tratando-os como objeto.
- Tá. Mas vai pelo menos se divertir, né?- pergunta preocupada.
- Vou me esforçar, não posso negar que queria está na minha caminha, assistindo minha netflix, mas já que é meio impossível a única coisa que me resta é ir e me divertir. - olho pro rapaz ao lado dela, ele sorri pra mim e abraça a sua cintura.
- Ai amiga, esse aqui é o Leonardo, eu e ele estamos ficando já a algum tempo. - ele estende a mão e eu rapidamente lhe cumprimento.
- Prazer. - digo.
- O prazer é meu, a Bella falou muito de você e pode me chamar de Leo. - fala olhando pra ela e vejo os olhos dele brilharem, fico feliz pela Isa, ela merece ser feliz, amei também o novo apelido tem um que de italiano.
- Perdão, você não é daqui, certo? - ele confirma.
- Sì, sou da Itália, vim a trabalho. -
Após as apresentações, ela me puxa pelo braço, saímos do prédio, pegamos um táxi em direção a boate e logo nos encontramos na entrada da mesma.
Um local bem sofisticado, uma entrada discreta e não possui muitos adereços, passamos pela fila vip, sempre seguindo o Leo, assim que adentro a boate sou ofuscada pela iluminação, é um local bastante confortável, uma meia luz que nem nos deixa cegos nem tão pouco nos deixa expostos.
...
Isa me entrega a bolsa e sai puxando Leo pra pista de dança, eles ficam concentrados nos passos enquanto eu decido ir até o bar e pedir uma água, sento e um dos bancos e solicito uma água ao barman, fico minutos esperando a água e assim que ela é posta em minha mesa o rapaz coloca ao lado dela uma dose de
dry martini.
- Com licença, eu não pedi bebida. - vejo um homem se aproximar de mim lentamente, o barman olha pra ele e então me explica.
- Ele que pagou pra senhorita.- o rapaz se retira e então o homem alto, cabelos pretos e corpo robusto senta ao meu lado e beberica um pouco de whisky enquanto me encara intrigado.
- Gostou da bebida? - ele pergunta se aproximando.
- Não, se eu quisesse beber eu pediria. - fecho cara e bebo minha água gelada, não gosto de beber, nunca gostei, é algo meu, também não gosto de incômodos.
- Prazer em te conhecer também, apesar de eu ter certeza que você me conhece. - ele fala em um tom de deboche, se aproximando. - O que você acha da gente sair, ir pra um lugar mais reservado? - pergunta e eu logo deposito uma bofetada em sua face.
- Quem você acha que eu sou? - saio do bar transtornada, talvez seja um sinal, essa vida de balada não é pra mim. Procuro Isa por todos os cantos e quando a encontro imploro pra voltar pra casa.
- Mas já? Ficamos tão pouco. - reviro os olhos e peço impaciente sua compreensão.
- Amanhã tenho que voltar a procurar emprego, você sabe muito bem o porquê. - ela faz cara de insatisfação, mas mesmo assim fala com o seu "ficante " e vamos embora.
No caminho de volta ela me questiona sobre o homem que estava comigo no bar, explico superficialmente e logo mudo de assunto, a última coisa que quero lembrar agora é sobre aquele cara.
Antes da balada.
Allan 💷
Acordo bem cedo, fico um bom tempo olhando pro teto do quarto, pensando o quão merda é a minha vida, acumulo coragem e então levanto, tomo um banho, visto meu terno sempre alinhado e sigo em direção à empresa em um dos carros da minha garagem, um Audi R8.
Após uns 20 minutos de estrada eu chego em minha empresa, Architects in company-AIC, entro no estacionamento e o deixo em minha vaga, travo-o e então sigo até um elevador privativo que me leva até minha sala.
- Bom dia senhor Taylor. - respondo o bom dia do segurança e sigo meu caminho.
Horas após a minha chegada, revisões e mais revisões de projeto minha secretária liga, anunciando a entrada de Ellen, uma arquiteta que ficou com um dos projetos mais valiosos para a agência, um resort nas montanhas, ela entra e depois de dar bom dia, se senta na mesa com as pernas cruzadas.
- O que te trouxe aqui? - pergunto enquanto a mesma brinca com a caneta em seus lábios.
- Muitas coisas, mas a principal é sobre o projeto.- coloca a planta na mesa e então se levanta vindo até perto de mim.
- Isso tá ótimo! Você já falou com o cliente? - digo analisando cada detalhe, fingindo não entender as insinuações.
- Sim, só falta a sua assinatura. - ela diz e assim faço, assino a planta do resort.
Assim que a reunião está prestes a ser encerrada, Brayan entra pela porta em seu terno azul marinho e por um momento vejo um sorriso indecente brotar na boca de minha funcionária.
- Iae, galerinha da paz. - dá uma piscada pra Ellen que retribui com um a aceno sutil.
- Que bonito! Não aprendeu a bater não? - ele me ignora completamente e fala com a Ellen.
- Oh princesa, tem como você me deixar a sós com o Allan?
- Claro. - ela diz pegando as plantas e se retira da sala.
- Tenho uma novidade.- fala assim que ela sai.
- Qual?
- Hoje vai ter balada, festinha, night.
Que tal? Vamos? - pergunta afoito.
- Não - respondo incisivamente.
- Por que não?
- Porque não.
- Então tá, desisto. - o olho incrédulo, o Brayan é um porre, jamais desistiria assim.
- Assim, tão fácil?
- Eu desisto, mas pra isso você vai ter que me aturar a tarde toda, não saio daqui até você dizer que vai. - sabia, ele tinha essa carta na manga.
- Tá c@r@lho, eu vou. Agora sai.- aponto pra porta e ele sai todo contente.
- Passo na tua casa às 19:00 - lança um sorriso vitorio, conseguiu o que queria.
Após umas horas a mais de trabalho eu encerro meu expediente, pego meu carro e volto pra casa. Entro a mansão silenciosa, acredito que todos estejam em seus quartos, até a mamãe voltar permanecerá assim, não tenho tempo pra socializar com eles.
Subo para o quarto do meu filho, Derick, entro e o vejo brincando com carrinhos de corrida, já vestindo seu pijama, são quase 18:00 da tarde, as 19:00 ele irá dormir e por isso resolvi dar um beijo nele.
- Papai! - ele vem em minha direção quando me vê.
- Garotão, como foi seu dia? Como foi a escola? - ele faz cara de triste.
- A professora tá indo embora papai, ela vai vuar de avião. - ele diz de um jeito tão fofo que me arranca uma risada, um dos poucos que ainda conseguem fazer isso.
- Que bom meu filho, tenho certeza que ela está muito feliz.
- Bora brincar comigo papai? - vejo no olhar do meu filho uma certa esperança, mesmo eu estando sempre ocupado no trabalho ele ainda acredita que posso brincar com ele, isso corta meu coração, mas é o necessário, hoje é uma rara exceção de dia em que chego antes das 22:00.
- Não vai dar filho, papai vai sair com o tio Brayan. - seu olhar entristece de novo e então ele me dá um beijo na bochecha e volta a brincar.
Após sair do quarto do mais velho eu passo no quarto da caçula, entro e encontro minha irmã ninando a sobrinha.
- Ela tá cada dia mais linda, né? - diz quando me observa observá-las.
- É, parece uma princesa.- eu chego perto delas e ficamos olhando pra Catherine que está cada dia maior, ela dorme tranquila no colo da tia, como se nada a preocupasse.
- Não entendo. Como a Susan teve coragem de fazer isso com os filhos? - estremeço de ódio com a menção.
- Aquela oportunista, desgraçou a minha vida e a vida dos meus filhos. - falo serrando os punhos quando Ally segura meu ombro.
- Calma. - respiro fundo e decido me retirar.
Vou pro meu quarto, tomo um banho, me arrumo, coloco uma calça jeans lavagem escura, visto uma blusa social meia manga cinza com alguns botões abertos, calço meu tênis e passo um perfume, após pegar minha carteira, meu relógio e arrumar o cabelo eu desço e fico esperando Brayan.
- Uau, vai sair? - Ally diz descendo as escadas.
- O Brayan insistiu, você conhece, não me deixou em paz até eu aceitar.
- Você bem que poderia aproveitar e conhecer alguém interessante. Já são 7 meses, você não sai, não se diverte.- de novo essa história.
- Eu não quero, já disse a você, não vou colocar nenhuma mulher na minha vida, elas nunca ficam. - assim que termino de falar a campainha toca, saio e então meu amigo e eu seguimos até a boate.
Assim que chegamos nós entramos e ficamos em uma das mesas mais próxima do bar., Bray vai para pista e começa a dançar com uma menina que conheceu quando chegou e eu fico bebericando um copo de whisky. Meu amigo retardado se aproxima e bate no meu ombro, pede uma cerveja e então senta do meu lado.
- Olha alí Allan, que gata. - ele aponta para o bar, onde tem uma mulher sentada, ela é baixa, tem os cabelos pretos e ondulados, está pedindo uma água.
- Bonita mesmo. - digo fingindo um desinteresse.
- C@r@lho, você é cego, uma deusa dessa. Por que cê não chega nela? - reviro os olhos.
- Já falei que não estou à procura de ninguém.- digo irritado.
- P¤rr@ Allan, esquece aquela maldita, você tem que entender que nem todas as mulheres são assim. - discordo da sua afirmação.
- Todas são iguais e eu vou provar. - levanto e me aproximo do bar, peço pra o barman enviar uma bebida para a moça.
Após um tempo o drink chega até seu destino, surpreendo-me quando a moça dispensa a bebida, mas não me dou por vencido, chego perto dela e respondo seu questionamento de quem teria lhe enviado o dry martini.
- Gostou da bebida? - pergunto.
- Não, se eu quisesse beber eu pediria. - ela fecha a cara, realmente essa mulher sabe fingir muito bem, ela não quis a bebida e age como se não me conhecesse.
- Prazer em te conhecer também, apesar de eu ter certeza que você me conhece. - digo enquanto me aproximo dela, vou fazer a máscara dela cair.- O que você acha da gente sair, ir pra um lugar mais reservado? - pergunto e na mesma hora ela me dá um tapa na cara.
- Quem você acha que eu sou? - diz irada e sai do bar pisando duro, eu realmente não esperava por isso, não sei se a admiro ou se a acho muito maluca, uma coisa é certo, ela não é como as outras.
Volto para mesa e o Brayan que de longe assistiu toda a minha derrota se encontra rindo, zombando de mim, ele bate na mesa e gargalha alto, a ponto de sua risada ser escutada por alguns que estão próximos.
- Eu disse, a sua opinião sobre as mulheres estava errada, nem todas querem seu dinheiro, irmão. - ele zomba mais um pouco de mim e ficamos alí na boate até umas 2:00 da manhã.
Volto pra casa, tomo banho e deito na cama, minha cabeça volta aquele momento do tapa, aquele tapa quebrou muito mais do que minha cara de pau, ele literalmente acabou com tudo que eu acreditava, depois de tanto pensar eu pego no sono.
Mia 🌺
No dia seguinte acordo bem cedinho e vou pegar o jornal na portaria, abro na página de empregos e procuro uma opção enquanto tomo meu café da manhã, vejo que tem uma escola nova precisando de professor/a para o pré, me arrumo o mais rápido possível e vou fazer a entrevista para tentar a vaga.
Após chegar na escola, passo pela portaria depois da permissão do segurança, sigo o caminho indicado até a secretaria.
- Olá, bom dia, posso ajudar a senhorita? - uma mulher loira, cabelos longos, um pouco mais alta que eu, com aproximadamente 33 anos me pergunta.
- Eu vim me candidatar para a vaga de professora da pré 2. - ela me entrega um papel e pede para mim preenche-lo.
- Claro, eu vou fazer uma ficha e a senhorita vai ser chamada pela diretora.
- Ok e obrigada.
- Não há de que.- ela sai e volta com uma ficha, pede pra mim colocar todas as informações.
- Pronto.- falo quando termino de preencher o documento.
- Sente alí que daqui a pouco a diretora lhe chama.- vou em direção a cadeira e me sento. Fico tão nervosa com a demora que começo a cantarolar, talvez não tenha dito, mas eu tenho um violão e gosto de tocar as vezes pra me distrair. Me perco em minha cantoria quando uma mulher alta, cabelo castanho, olhos também castanho com aproximadamente 30 anos, me chama.
- Senhorita Mia Brown?
- Sou eu.
- Pode me acompanhar.- fala, eu levanto e a sigo. Entro em sua sala e ela me cumprimenta.- Olá St. Brown, eu sou a diretora dessa escola e me chamo Victória Olds. Você veio tentar a vaga de professora do pré 2, não é?
- Sim senhora, eu acabei de me formar e não tenho experiência, mas amo muito minha profissão. - digo nervosa, em todas as entrevistas que fiz até agora o fato de eu não ter experiência me prejudicou muito.
- Então me conte mais sobre o que levou-a a ser professora.
- Bom, eu sempre tive uma paixão por ensinar, sempre ajudei meu irmão e meus colegas na escola e sempre gostei disso, junto com o amor que tenho por crianças foram os motivos de eu ter cursado pedagogia.- ela pegou o meu currículo e analisou.
- Interessante, por mim você está contratada, tem um desenvolvimento escolar magnífico, é bastante elogiada pelos professores e diz gostar de crianças, de todos os currículos que analisei o seu foi o melhor, com a falta de tempo que estamos para achar uma nova professora acredito que você seja perfeita para o cargo.
- Quando eu começo?- pergunto tentando conter minha animação.
- Amanhã será a despedida da professora atual, ela irá morar em outro lugar e virá se despedir dos alunos, você pode vir e se apresentar.
- Tá certo, virei amanhã, obriga pela oportunidade.- me despeço dela e vou para casa, tomo um banho, visto uma roupa confortável e passo o dia todo descansando, mas a alegria não sai de mim, achei que esse dia nunca chegaria.
Ligo pra Isa e conto tudo, sobre o trabalho, a entrevista, a festa e tudo mais, ficamos conversando e quando percebo já são 20:00, desligo e resolvo dormir.
...
Acordo no dia seguinte, bastante disposta, levanto, tomo café, como uma bolacha e vou me arrumar, faço minha higiene e coloco um macacão azul marinho com detalhes, um sapato da mesma cor, cabelo solto, com meus ondulados naturais e uma maquiagem super simples, pego minha bolsa preta e vou até a estação esperar o metrô.
Ao chegar na escola cumprimento o porteiro e sigo direto até a secretaria, chegando lá a secretária que se apresentou como Julie me cumprimenta.
- Olá, Julie.
- Oi Mia, veio pra festa de despedida? - pergunta enquanto organiza uns papéis.
- Vim, você poderia me ajudar? Eu não sei o que fazer.
- A Sr. Olds vai lhe chamar quando estiver na hora.- aceno com a cabeça em sinal de confirmação e me sento na cadeira de espera.
Minutos depois Victória vem e me chamar, entro na sala dela para conhecer a antiga professora, ela está sentada, é loira, cabelo curto e possui olhos castanhos, se apresenta, Letty é seu nome, ela explica tudo sobre a turma e onde parou nos assuntos, sem perceber, a hora da festa começar se aproxima, levantamos e saimos em direção a sala. Chegando lá todas as crianças me olham, tão fofas e espertas me pegam pelo braço. A atual professora deles explica que eu sou a nova professora que vai ficar no lugar dela.
Após o horário do fim das aulas tocar eu, Letty e Victoria seguimos até as sala dos professores, sou apresentada a todos e então vou conhecer as dependências da escola, ela é muito espaçosa, possui um imenso pátio, as salas dão para ele, também tem uma área aberta, com uma árvore no meio, é alí que as crianças brincam em dias ensolarados.
Passam-se alguns minutos e então eu sigo meu caminho de volta pra casa, me despeço de todos e vou enfrentar a jornada de volta, a ansiedade me consome. Chegando em casa eu me refresco com uma ducha gelada e então sento-me no sofá e começo a fazer o planejamento das aulas, paro pra descansar alguns minutos e depois volto, as exatas 21:50 da noite, eu guardo meus materiais, ajeito minha bolsa e os deixo separados para o dia seguinte, deito e logo adormeço. Amanhã é um longo dia.
...
No dia seguinte, após o despertador tocar eu me arrumo apressadamente, como alguma coisa leve e vou pra meu primeiro dia de aula, entro sala e já encontro os alunos me esperando, alguns claro vêm chegando aos poucos.
- Bom dia crianças!- falo o mais simpática possível.
- Bom dia professora.
- Vou me apresentar, bom, meu nome é Mia, a partir de hoje serei a nova professora de vocês, mas quero também ser uma grande amiga. Ok?- pergunto e todos respondem contentes.
-Ok
- Eu quero que vocês peguem seus cadernos e desenhem sobre vocês, o que gostam de fazer, comer, assistir. - todos obedecem.
Assim que sento no meu biró percebo que tem uma criança em especial que está cabisbaixa, triste e com a cabeça abaixada, na mesma hora levanto e me direciono a sua carteira, não sou percebida pelos demais pois estão super concentrados, me agacho tocando em seu bracinho o fazendo levantar a cabeça. É um menino encantador, cabelos pretos e olhos de um azul acinzentado lindo.
- O que aconteceu? Por que está tão triste?- falo com uma voz doce e acolhedora.
- Eu tô triste.- diz o mesmo com os olhos marejados e uma vozinha chorosa.
- Por que meu amor?
- Eu não quero ficar sozinho.- de algum modo aquelas palavras cortam como navalha meu peito. Por que? Não sei.
- Você não está sozinho, você tem sua família e agora tem a mim também. Você pode confiar em mim. Tá certo?
- Tá professora.
- Não precisa me chamar assim, pode me chamar de Mia.
- Mia, você é bonita.
- Obrigada meu amor, você também é lindo e vamos fazer um trato, eu quero ser uma amiga sua. Fechado.- estendo minha mão e ele bate. Volto pro biró e fico observando eles desenhando, mas o olhar triste daquele menino não sai da minha cabeça.
Allan💷
Estou deitado no meu quarto enquanto tento dormir, viro- me diversas vezes de um lado para o outro quando encontro uma posição adequada e começo a cochilar sou acordado com um grito fino, grito esse que já me é familiar. Corro em direção ao quarto de Derick e quando entro ele está encolhido, chorando pedindo perdão ao nada, isso me dói muito.
- O que foi filhão? - pergunto mesmo sabendo a resposta.
Sento em sua cama e o coloco no colo, Ally entra pela porta desesperada mas logo que me vê se acalma e se retira pra que eu possa conversar com ele.
- Eu sou um menino mal. - ele diz chorando de uma forma que meu coração aperta.
- Claro que não é meu amor.- o abraço forte e beijo sua testa.
- A mamãe não me ama mais, ela ficou triste comigo, porque eu sou mau.- seguro o impulso de socar alguma coisa, maldita.
- Derick, a culpa não foi sua, nada aconteceu meu amor, nada, sua irmãzinha tá bem, sua mãe também está bem, não precisa temer. - ele para de chorar e olha pra mim.
- Então ela não tá brava comigo?.
- Não, ela não tá, agora vamos dormir que amanhã tem aula.- ele me dá um beijo, eu o cubro, beijo sua testa e saio do quarto.
Suspiro pesadamente ao constatar que esse pesadelo não terá fim, meu filho será sempre assombrado pelo que aquela desgraçada fez. Deito em minha cama e horas após consigo dormir.
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