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Querido Doutor...

Silêncio

O jovem doutor para em um coffee shop para comprar um café, retorna ao carro e volta seu rumo ao Sanatório. Após fazer seu reconhecimento no grande portão de entrada, ele estaciona e segue em direção à porta principal onde encontra a recepção.

Bom dia senhorita, poderia me informar onde fica a sala da senhora Carmela Herrein?

- Quem gostaria de saber? O senhor tem hora marcada com a Senhora Carmela?

Mas é claro, é para o senhor Lehanne. Jacob Lehanne.

A secretária imediatamente percebe que se trata de alguém importante e confere de imediato. Com um olhar de desculpas libera a passagem direta.

- O senhor pode entrar, é a primeira porta a esquerda, só dar duas curtas batidas e entrar. Desculpe e bom dia. - Diz tentando se segurar ao notar a beleza do jovem médico, ele realmente tinha cara de importante, mas seus cabelos castanho escuro combinados com os olhos verde esmeralda, não eram pra qualquer um.

Não foi nada, muito obrigada pela atenção senhorita. - Esboça um leve sorriso de agradecimento mas sem perder a compostura profissional e se direciona à sala da diretora, seguindo as instruções da funcionária que o atendeu anteriormente, bate na porta e entra.

Bom dia senhora Herrein, sou o doutor Jacob Lehanne e vim tratar com a senhora sobre as instruções para o primeiro dia. - Diz tudo após se sentar, com um olhar agradável e educado.

- Ora ora, que rapaz mais bonito. Seja muito bem vindo senhor Lehanne, pode me chamar de Carmela. A minha assistente pessoal Jennie vai te levar para conhecer a instituição, após o término ele te encaminhará novamente para a minha sala, onde saberemos o que achou do lugar.

Senhorita Jennie Angela entra na sala e fica de pé aguardando e observando a beleza do jovem doutor. Era uma moça bonita e inteligente, 22 anos bem encaminhada, cabelos longos loiros, olhos caramelados. mas tinha uma personalidade difícil a se lidar.

O jovem doutor se levanta e então os dois vão fazer o tour pela instituição.

- Senhor Lehanne, aqui será a sua sala, é bem espaçosa e o senhor pode decorá-la conforme a sua vontade. Naquele corredor ficam as alas de pessoas com problemas mais sérios e complicados. Nesta aqui, ficam pessoas com problemas mais razoáveis. Também são divididas por idade, para que não haja muita diferença se tratando do problema. - Apontava e mostrava as alas, a assistente direcionada o doutor até a enfermaria.

- Aqui está o que chamamos delicadamente de arsenal. Tudo o que precisa pra tratar esses loucos moribundos, se é que você me entende. - dizia enquanto ria com perversão e maldade daqueles belos olhos, mas por outro lado, a feição do doutor se fechava, com nojo e indignação.

Eu realmente não quero entender o que a senhorita quis dizer, seja direta e me mostre o local sem muitos rodeios. Preciso começar a trabalhar o quanto antes, por favor. - Dizia com secura e desprezo, ele é um psiquiatra e psicanalista da nova era, nunca apoiou terapia de choque e muito menos se aproveitar da condição de um paciente para abusar dele, seja mentalmente ou fisicamente. Logo o sorriso maldoso da assistente se desfez, ela então o levou para conhecer o jardim, as solitárias, os banheiros, os dormitórios dos médicos e funcionários que muitas vezes por conta do clima necessitavam de abrigo por lá. E então, o rapaz volta a sala da diretora, assina seu contrato e começa o seu trabalho.

Muito obrigada Carmela, foi um prazer te conhecer e será um prazer trabalhar com uma mulher como a Senhora. Mas agora, tenho que começar a trabalhar.

Foi então para a sua sala, onde começou a olhar os arquivos de alguns pacientes, precisava de um primeiro para começar, até que uma pareceu bem interessante. A mais desafiadora.

Não me machuque.

Que estranho, ainda não chegou a hora da surra? Está demorando hoje, será que algo aconteceu? - Pensava Louise insistentemente, ansiosa mas sem medo, pois já estava acostumada com aquela rotina.

Aquela patricinha nojenta, certeza que nunca lavou as próprias calcinhas. A senhora Carmela é tão legal, porque não acredita em mim? - Ergue o olhar para o alto como alguém que está prestes a fazer uma grande descoberta.

Mas é claro! Eu sou a doida aqui, não é mesmo?

Logo a porta é destrancada e Louise se encolhe no canto como faz todas as vezes que Jennie vem dar a surra do dia, na vadia de cabelos cacheados ruivos, como a própria Jennie gostava de chamá -la. Mas quem entra é totalmente diferente, sua aura é suave e seu olhar é gentil. Com um tom afeiçoado na voz diz: - Olá Senhorita Gennaro, não precisa ter medo de mim, sou o seu novo médico a partir de agora, está tudo bem. - se aproxima com cuidado enquanto tira os cabelos da face assustada da moça, era mais bela do que ele jamais poderia imaginar.

- Olá... é... eu ... me chamo ... Louise. - dizia surpreendida e um tanto assustada, ninguém havia chegado tão perto para ser gentil com ela, ninguém além da senhora Carmela. Então ela olhou nos olhos deles e viu a chance de sair daquele lugar, ele não era um bruto abusador.

- Tudo bem, vou te chamar de Louise então. Eu estava lendo a sua ficha e resolvi pegar seu caso pra mim, você vai ficar boa em breve.

Louise o olhava com cuidado e pensava: - Preciso tirar essa prova agora, se ele não me ignorar com certeza poderá me ajudar, só preciso ter a coragem necessária para dizer.

- Si-Sim! Pode me chamar de Louise. Acho que estou aqui há 2 anos mais ou menos, até porque eu estou com 23 anos, e entrei aqui aos 21, pelo que me lembro... às vezes fica confuso.

O doutor observou a moça desde que entrou no quarto e ele sentia dentro de seu âmago que havia algo de errado com aquele diagnóstico, ela não podia ter um transtorno de obsessão e possessão, caso contrário já teria tentado roubar a prancheta da mão dele. Mas ele não podia se precipitar e iria afundo para descobrir o que realmente estava acontecendo. Até que ele escuta a voz trêmula e amedrontada da moça, como se fosse um pedido de socorro.

- O senhor gosta dos testes? Aqui... eles chamam de teste, quer dizer... os antigos médicos chamavam... palmatórias... "banhos".

O doutor se enfurece por dentro, porém mantinha por fora a firmeza que precisava para lidar com a situação. Com voz calma e tênue respondeu: - Fique tranquila senhorita Louise, eu não uso esses métodos e ninguém fará isso com você novamente.

Eu não pude me controlar de emoção, era ele, era ele que me salvaria de dois anos de um buraco profundo na minha vida, na minha alma, era ele. Então me joguei em seus braços com um abraço gentil, revelando levemente os hematomas em minhas costas.

- Obrigada doutor, eu não vou te machucar, é apenas um abraço. Eu nunca me senti tão feliz por conhecer um médico! Obrigada por ser tão... Humano.

Não pude evitar olhar as costas roxas dela, aquilo era inadmissível, ainda mais vindo de um abraço tão gentil como o dela, de um olhar tão doce e solitário ao mesmo tempo. Claro que eu não faria um alarde, isso só complicaria as coisas e a deixaria mais vulnerável assim como os outros pacientes, mas eu vou ficar de olho.

- Pode ficar tranquila, você está bem agora. Mas eu preciso ir. - Dizia enquanto a acariciava naqueles cabelos ardentes como fogo, suas sardas eram charmosas e impactantes, mas nada como aqueles olhos cor de âmbar. Voltei a mim por um instante e sai. - Amanhã começamos o tratamento, tenha um bom dia.

- Obrigada doutor. Eu vou esperar.

Pela primeira vez em meses, um sorriso sincero se formava em meu rosto, um sorriso de esperança, determinação e força. Eu estava para lutar pela minha liberdade.

Sinto que algo está por vir.

Após aquele dia cansativo e de ficar tão intrigado com a ficha da senhorita de cabelos cacheados ruivos, tão selvagens e carentes de atenção. Resolvo ir para a minha casa e refletir um pouco, tinha que arrumar um jeito de ajudar aquelas pessoas. - O jovem ria um pouco ao lembrar das palavras de sua sábia mãe, que diziam : "Meu filho, seu coração é tão grande que com certeza cabem mais um ou cem. "

É mãezinha, acho que tem razão.

Ao chegar em casa tomei um longo banho quente em minha banheira, me sequei e me vesti de um roupão de seda, sentei na minha mesinha de trabalho e reli novamente umas 10 vezes, analisando com mais atenção a cada vez que relia a ficha da senhorita Louise e já tinha um grande avanço. Podia cortar aqueles remédios absurdos, claro que ela ainda precisava controlar a ansiedade, mas quem não precisaria afinal. Após dois anos tomando remédios tão fortes quem não ficaria ansioso? Se a família dela resolvesse denunciar o sanatório, a Senhora Carmela teria sérios problemas. Mas parece que eles não se importam muito com ela, cinco visitas registradas apenas? Em dois anos!

- Ele olhava com tristeza aquela papelada, contudo não era uma coisa muito incomum, pessoas dadas como loucas pela própria família e depois serem abonadas como lixo.

- Não acredito! - Olha o relógio. - Uma da matina? Eu preciso dormir.

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Noite no sanatório

Jennie

Porque o senhor Lehanne teria interesse em pegar logo o caso daquela vadia escrota? Ele foi tão rude comigo, foi apenas uma brincadeira poxa. Esses vermes não passam disso, vermes. Se eu pudesse, eu os espancaria todos os dias. Acho melhor eu ter uma diversão, já que a velha dormiu. - Amarrou os cabelos e tirou os sapatos, tudo silenciosamente para não acordar ninguém, então foi até o enfermeiro amante dela, Olav e pegou as chaves da ala C. Caminhou até lá e abriu a porta de sua paciente preferida, com um pequeno chicote em mãos, um que ela guardava na barra da saia, afim de torturar os pacientes sempre que tivesse uma oportunidade.

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Ao ouvir o barulho da porta destrancando lentamente, Louise já sabia que se tratava ou daquele porco nojento do Olav, ou da mulherzinha dele, Jennie. E para o seu azar era a loirinha infernal.

- Olá, vadia dos cabelos ruivos, hora de acordar!

slash! - O som das chicotadas ecoavam nos ouvidos de Louise, as marcas fortes e intensas, as dores absurdas. Não era possível escutar os gritos dela pois os quartos dos funcionários são bem distantes das alas, por conta de alguns pacientes que gritavam o tempo inteiro. E juntando com o isolamento acústico do quarto, nada poderia se fazer, mesmo porque não havia ninguém interessado em ajudar, não naquele instante.

- Por favor! Pare Jennie! O que eu te fiz? Por favor! Pare! - Enquanto sofria com as dores insuportáveis pensava: Não posso revidar, não posso xingá-la. Tenho que me manter forte para que o doutor acredite em mim. -Logo o sangue em suas coxas começava a escorrer e então Jennie se assustou e parou.

- Nem pense que vai adiantar contar pro seu novo doutor, eu já tenho a melhor história pra envenenar ele contra você, sua vadia imunda e louca.

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