...Sejam muito bem vindos a Forgotten Love. Uma história de amor que, apesar do tempo, ainda persiste....
...Tenham uma boa leitura....
...
...Prólogo...
Você acredita em lendas? Ou até mesmo no amor verdadeiro?
Se não, irei te contar uma história que fará você, meu caro leitor, mudar de ideia.
Deixe-me fazer uma pequena pergunta antes de começarmos; você conhece a lenda japonesa Akai ito? Ela também é conhecida como "a lenda do fio vermelho''.
Essa lenda conta que um cordão invisível aos nossos olhos é amarrado no dedo mindinho assim que nascemos. Esse fio está ligado a nossa alma gêmea, a quem estamos predestinados, seja em uma relação de amor ou de ódio.
Invisível, inquebrável e infinito, o fio embaraça, enrola, mas nunca se parte. Não importa o tempo, nem a distância, tampouco os obstáculos que possam acontecer no caminho. No final, as extremidades vão se encontrar e viver a felicidade plena que o destino reservou a elas.
Agora que você conhece essa lenda, irei te contar uma história.
Há muitos anos atrás, no século XV, em um grande reino conhecido como Ryukyu, viviam camponeses e plebeus, também conhecidos como o Clero.
No campo e na cidade, a vida dos homens e das mulheres medievais era muito dura. As moradias são conhecidas como Minka, tradicionais casas japonesas, eram casas desprovidas de riqueza, enquanto as vestimentas eram, em geral, surradas e com tecidos comuns, e a dieta baseava-se em cereais e legumes.
Não tinham festas comemorativas, apenas impostos e mais impostos cobrados pelos guardas para pagar as mordomias do Imperador.
Nessa época, muitas pessoas foram mortas injustamente por terem sido acusadas de magia negra, por uma falsa denúncia ou apenas contrariando xintó e ao taoísmo.
Próximo à cidade, morava uma família humilde de camponeses, a família Takeda. A família era composta pelo pai, mãe e dois filhos e uma filha mulher.
Entre os familiares, o filho mais velho se chamava Naoki Takeda, um garoto trabalhador de 17 anos. Seus pais tinham esperança que seu filho logo encontrasse uma esposa, já que está na idade de se casar e seus pais tinham medo que seu filho virasse um “malandro”.
Naoki, apesar de ser obediente aos seus pais e um bom trabalhador, se recusava a todo custo se casar. Isso nunca teve em seus planos. Ele almejava ser um dos cavaleiros do imperador, mas esse sonho aos poucos foi se tornando distantes.
Porém, os pais das belas moças, queriam que a mesma se casasse com homens ricos e com títulos nobres, não com um pobre plebeu como ele. Com isso, o menino se sentia irritado, ele não queria se casar, mas odiava o fato de ser recusado de uma forma tão ridícula.
Como era o seu dia de folga no campo, onde fazia a colheita de arroz da plantação de seus pais, ele decidiu ir até o bosque onde havia um pequeno riacho para se banhar. Lá era o seu lugar secreto, onde ele podia descansar ou apenas fugir das encrencas que se metia. Nesse lugar, havia árvores altas de várias espécies, principalmente as cerejeiras - as quais eram preferidas dele. O ar melancólico daquela floresta o deixava bem, Naoki gostava de tirar um tempo para si mesmo.
Ele corria pelo campo em direção à floresta. Ele se sentia vivo enquanto sentia o vento bater contra seu rosto e fazer seus cabelos esvoaçarem. Era o único momento que se sentia vivo, correndo livremente pelo campo.
Ao chegar no arvoredo, um lindo homem de roupas tão brancas como as nuvens em um dia ensolarado e cabelos longos, amarrados por uma fita vermelha de seda detalhada em ouro. Ele estava sentado encostado na imensa cerejeira. O homem desconhecido cantarolava baixinho de olhos fechados, apenas sentindo a brisa fresca em seu rosto.
— Ei, rapaz. — Takeda o chamou. — O que te trás aqui?! Esse lugar não é seu!
— Ao olhar suas vestes, suponho que esse lugar também não o pertence. — O pequeno garoto se pronunciou com um pequeno sorriso estampado em seu rosto.
Para Naoki ele parecia mais um nobre de nariz empinado.
— Ora seu... Ninguém te deu educação?! — Takeda falou andando até o garoto.
— Seu mau humor me assusta. Já pensou em ser um pouco mais calmo? — O menino olhou para o outro. — Vamos, estou brincando com você, sente-se.
O homem, até então desconhecido, se sentou cruzando suas pernas e, com um grande sorriso, ele apontou para seu lado em um pedido mudo para que Naoki se sentasse ao seu lado.
— Como achou esse lugar? — Naoki se sentou ao lado do garoto e suspirou se encostando na árvore.
— Vim da Vila das Cerejeiras — O garoto falou ainda com um lindo sorriso no rosto.
— Vens de tão longe... Por que atravessaste a floresta sozinho?
— Eu gosto do ar da floresta — Ele espreguiçou-se contra a madeira na árvore e fechou seus olhos. — Aqui, ninguém pode me fazer mal...
— Como te chamas?
— Me chamo Yoshiro Ren — O garoto finalmente estabeleceu contato visual.
— Eu sou Naoki Takeda.
— "Árvore honesta", "nobre aspiração". Seu nome é belo.
— O seu significa "amor de lótus", não?
— Um significado tão bobo, não é? — Ren riu. — O que te trás para esse bosque?
— Assim como você, gosto da calmaria daqui. — Naoki deu de ombros.
— Você é um homem interessante, deve ter várias mulheres aos seus pés.
— Sou apenas um plebeu, não tenho essa fama. Mas não posso negar que há algumas atrás de mim. — Falou convencido.
— É um homem de vasta modéstia. — Ren falou rindo. — Oh! Olhe, o sol já está se pondo, tenho que voltar antes que sintam a minha falta. — Ren se levantou e bateu em sua roupa, tirando a terra.
— Analisando suas vestes, você parece um nobre...
— Quem saiba eu seja um. — Ren sorriu e arrumou o coque no seu cabelo e começou a andar para longe.
— Ei! — Naoki se levantou rapidamente, algo dentro de si dizia para fazer isso. — Ao menos podemos nos encontrar novamente?
— Hm... Não me parece má ideia. — Ren olhou novamente para o garoto com simpatia. — Amanhã, assim que o sol se pôr.
Naoki sorriu e concordou. Já Yoshiro sumiu em meio às árvores de folhas escuras.
Naquele mesmo dia, uma linda amizade havia se iniciado.
...赤い糸...
Na manhã subsequente, Naoki se encontrava ansioso. Ele queria ver aquele homem novamente e, apesar de sua “misteriosidade”, ele parecia ser um bom homem.
Seu olhar estava perdido, mal prestava atenção ao seu redor. Com isso, fora repreendido diversas vezes em seu trabalho. Seu irmão mais novo se aproximou e falou:
— Parece estar tendo vários devaneios hoje. Está pensando em uma das belas damas apresentadas por nosso pai?
— De fato são damas encantadoras, ricas e educadas. — Ele suspirou e parou de ceifar as Oryza sativa (arroz). — Contudo, nenhuma me chamou a atenção.
— Fico espantado com isso. São as melhores mulheres da vila. As mais bonitas e de famílias bem sucedidas. — Naoki olhou para seu irmão e riu assim que o viu estar perdido em seus próprios pensamentos. Ele voltou a ceifar.
— Não tenho recursos para sustentar as riquezas dessas mulheres. — Naoki suspirou alto. — Sou um pobre homem nascido em uma família humilde.
— Seus pais tem um belo terreiro com uma colheita de arroz próspera! — Fuyuki olhou para o amigo.
— Isso não é o bastante. — Naoki riu.
Quando perceberam, passos foram ouvidos. Naoki logo olhou para o lado, era seu pai. Ele tinha um semblante cansado, porém, feliz.
— Isso é tudo por hoje, fizeram um bom trabalho!
— Finalmente! — Fuyuki se espreguiçou estalando suas costas, um abito seu. — Parecia que o sol nunca iria se pôr!
Naoki olhou para o horizonte e sorriu ao ver o sol se pôr. Ele entregou seu Kasa Jizō, que possui uma similaridade com os guarda-chuvas, para Fuyuki e começou a andar para longe da plantação de arroz.
— Aonde vai? — Seu amigo olhou confuso.
— Sentir um pouco de ar fresco. — Ele falou alto andando para longe de lá.
— Esse garoto... — Fuyuki falou rindo tirando seu próprio chapéu.
Naoki andava calmamente, mas assim que saiu do campo de visão dos trabalhadores e de seu amigo, ele começou a correr em direção à floresta. Correm era algo que Naoki adorava fazer, ele se sentia vivo ao sentir o vento em seu rosto.
Quando chegou na tão esperada floresta, ele sorriu e diminuiu a velocidade de seus passos. Ele estava animado para ver aquele homem de cabelos longos e vestes claras novamente.
Por algum motivo seu coração palpitava rápido em seu peito, talvez a ansiedade por saber mais sobre aquele homem, ou apenas o medo que possa acontecer algo ruim consigo.
Seu sorriso foi desaparecendo assim que entrou na floresta, ele olhava para os lados atento a qualquer barulho e a qualquer movimento brusco nos arbustos.
Assim que chegou em frente daquela linda cerejeira, uma árvore alta e bela. Como era primavera, suas flores rosadas esbanjavam sua beleza. Aquele homem não estava mais ali. Por um segundo, Naoki sentiu um grande tolo por acreditar nas palavras de um desconhecido.
— Achei você. — Uma voz que recentemente se tornou familiar foi ouvida atrás de Takeda. Em um susto, ele se virou. — Ah! Mil perdões, não foi a minha intenção assustar você. — Yoshiro riu baixinho. — Pensava que tinha desistido de me encontrar.
— Eu nunca desisto! — Takeda falou convicto.
— Não sei se te acho um homem de palavra ou apenas um tolo que ouviu um estranho. Sabe bem que há feiticeiras por aí, eu poderia ser um deles.
— Por algum acaso você é? — Takeda perguntou em um tom divertido.
— Quem sabe eu seja, belo rapaz. — Yoshiro riu.
— Você é um nobre, não?
— E novamente essa pergunta. — Ren suspirou e andou até a árvore, se sentando em suas raízes.
— Bom, você sabe que está conversando com plebeu, certo?
— Vamos fazer assim, quando estivemos nessa floresta, nós somos iguais, sem nenhum título para nos atrapalhar.
— Ok... — Takeda concordou sem pensar duas vezes. Era uma ótima proposta. Ele andou até o outro e se sentou ao seu lado.
— Sabe, já vi você aqui algumas vezes.
— Ahm? — Naoki questionou surpreso. — Você ficou me espiando?!
— Claro que não. — Yoshiro riu da reação surpresa de Naoki. — Assim que vi você, voltei para casa.
— Menos mal. — Takeda riu baixinho.
— Você deveria deixar seu cabelo crescer. — Yoshiro levou sua mão para os cabelos curtos e negros de Naoki, que ficou paralisado com tal ação, tentando processar o que acontecia. — Você ficaria lindo.
— Olha... — Naoki tirou a mão alheia de seus cabelos. — Apenas nobres podem ter cabelos grandes como o seu. Aliás, você é filho de quem?
— Hayato Ren, sou filho de um guerreiro do imperador. — Disse em um tom tedioso.
— Wow! E você irá servi-lo também?
— Pretendo ser um simples camponês, mas parece que isso está fora de alcance para mim... — Yoshiro suspirou e se encostou no tronco da árvore, logo olhando para o homem ao seu lado. — E qual é o seu desejo?
— Quero ser um samurai! Servir nas guerras e ser um verdadeiro herói!
— Mas heróis salvam ao invés de matar... — Yoshiro falou olhando para o céu.
— Mas eu estarei servindo a nossa pátria, o nosso império ao lado do imperador.
— O imperador apenas dá ordens para matar, isso não é ser herói ou servir a pátria. Você deveria saber disso mais que ninguém. — Ren suspirou alto. — Enquanto cabeças rolam no campo de batalha, o imperador se serve com um grande banquete. Pessoas passam fome e frio nas noites geladas, mas ele continua sendo o herói, apenas sentado em seu trono.
— Você tem uma visão bem ampla... — Naoki sorriu envergonhado. — Mas mesmo sabendo disso tudo, você ainda quer ser um camponês. Por quê?
Miyako sorriu imaginando como seria sua vida como um simples camponês, ao invés de um filho de um samurai.
— Sua vida, apesar de difícil, é gratificante. Você trabalha para ganhar seu alimento, sua vida tem um propósito.
— Eu daria tudo para ter a sua vida! — Naoki exclamou sério. — Você é um dos nobres, tem tudo e todos aos seus pés!
— Do que adianta tudo isso e não ter um pouco de felicidade? — Yoshiro encostou sua cabeça no ombro de Naoki, o que fez que o outro se assustasse.
— Ei... Sei que vocês nobres têm gostos peculiares, mas eu não sou... Desse tipo... — Naoki se referia a sabodomia, prática bastante recorrente entre a nobreza. Afinal, muitos títulos de nobres foram banidos por esse motivo.
— Eu não farei nada que você não queira. Apenas me deixe descansar sobre seus ombros por alguns minutos...
Takeda suspirou alto, mas deixou aquele desconhecido descansar sobre si. Aquele homem de cabelos longos e roupas nobres dormiu como uma criança em seu ombro; parecia que a dias ele não dormia tão bem como naquela noite.
...赤い糸...
Passaram-se algumas semanas, e os dois homens continuavam se encontrando às espreitas naquela linda floresta, iluminada pelas estrelas e pela linda Lua.
A amizade deles apenas cresceu, os fazendo voltar tarde da noite, apenas para ficar mais tempo juntos. Eles eram o refúgio um do outro.
E a intimidade desses homens foi apenas aumentando conforme se encontravam, noite após noite eles se encontravam,apenas para perguntar “como foi seu dia”. Dessa amizade, aos poucos foi florescendo o amor e assim que os lábios de Yoshiro tocaram os de Naoki, um simples selar que mudou a vida de ambos. E Naoki se tornou aquilo que ele mais julgava; um admirador do corpo masculino e de seus beijos cativantes. Mas ao contrário de muitos, ele tinha olhos apenas para um homem; aquele homem de cabelos longos que conheceu na floresta.
Mas em uma noite, aquela infame noite, Hayato, pai de Yoshiro, acabou seguindo seu filho em uma de suas noites. E viu a cena onde o seu filho beijava os lábios de outro homem com luxúria. E tudo só piorou quando um arfar ecoou por sua boca.
O sangue daquele soldado ferveu e seus olhos demonstravam todo seu desprezo. Em passos rápidos ele andou até os dois homens e pegou seu primogênito pelos braços e começou arrastar o mesmo pelo caminho enquanto ele tentava se soltar de suas mãos grossas e fortes.
Naoki se encontrava desesperado, sem saber o que fazer ou como reagir àquela situação. Ele apenas seguiu os dois implorando para que o mais velho soltasse seu amado. Mas ele não foi ouvido.
Por ser tarde da noite, eles tiveram a grande sorte de ninguém vê-los nessa bárbara situação. Assim que a porta da casa foi aberta, Hayato jogou seu filho contra o chão.
Naoki correu até seu amado e o ajudou a se levantar. Yoshiro tinha lágrimas em seus olhos, ele não imaginava que algo do tipo poderia acontecer, ele foi cuidadoso por tanto tempo; como pode cometer tal deslize?
— Sabe o que você fez?! — Hayato, pai de Yoshiro, falou irritado. — Sabe o quanto eu sofri para chegar até aqui, para você estragar tudo?!
— Não fale assim com ele! — Takeda levantou para defender Yoshiro.
— E você quem é? O amante dele?
— Não! Sou seu único e verdadeiro amor!
— Não fale isso... — Yoshiro sussurrou, ele se ajoelhou na frente dos dois. Yoshiro tinha medo do que seu pai era capaz de fazer contra Naoki. Ele preferia a morte ao ver ser amor ser destruído pelo seu próprio pai. — Me puna, mas deixe ele fora disso, eu o conduzi a fazer isso. Eu o seduzi!
Os olhos de Yoshiro brilhavam por conta de suas lágrimas, ele estava apavorado com o que poderia acontecer. Hayato empurrou Takeda e puxou seu filho por seus cabelos. Logo dizendo as seguintes palavras com rancor:
— Como tem coragem de proferir tais palavras tão repulsivas?! — Hayato apertou os cabelos de seu filho com força.
Yoshiro arfou de dor, ele levou suas mãos até as de seu pai, tentando se soltar das mãos do mais velho. Naoki olhava aquilo horrorizado, e quando foi socorrer seu amado, Hayato empurrou seu filho novamente, o fazendo colidir com o chão, pela segunda vez.
— Você me enoja. — Ele disse enfurecido.
O homem andou em círculos irritado. Uma silhueta feminina foi vista no corredor.
— Querido, o que está acontecendo? — A mulher perguntou assustada.
Yoshiro olhou para o corredor e olhou desesperado para a única pessoa que poderia o salvar daquela situação. A mulher olhava aquela cena sem saber o que pensar, um homem desconhecido com um semblante amedrontado, seu filho a olhando com desespero e seu marido os olhando com desprezo.
— Não se intrometa, vá para a cama!
— É assim que trata sua mulher? — Naoki perguntou em um tom debochado. — Me pergunto, de onde vem a gentileza de Yoshiro, talvez apenas de sua mãe. E graças aos céus, apenas a ela.
Ao ouvir essas palavras, Yoshiro arregalou seus olhos. Naoki estava brincando com o fogo, sem a menor preocupação em se queimar.
— Naoki, pare... Ele pode te machucar... — Yoshiro se levantou às pressas e entrou na frente de Takeda.
— Estou falando com ele no momento! — Hayato agarrou os cabelos de seu filho o puxando para longe. Mas Naoki agarrou o pulso do mais velho, o impedindo.
— Solte os cabelos dele! — Naoki falou irritado. Seu olhar era carregado de fúria e indignação
O homem relaxou os dedos, libertando o filho de seu toque rude e se soltou do aperto das mãos de Takeda, ele olhava diretamente nos olhos do mais novo e falou:
— Saia dessa casa. — Ele apontou para a porta com um olhar raivoso. — Leve ele com você e nunca mais cruze o caminho comigo! Quero que vocês queimem na brasa do inferno, esse é o lugar de pessoas como vocês.
— Vai deserdar assim de seu filho. Como se ele não fosse parte de sua família? Seu sangue? Que tipo de pai é você? — Já irritado, Hayato levou suas mãos para o pescoço do outro. Naoki levou suas mãos até a do mais velho tentando se soltar do aperto, mas ele ainda achou forças para falar: — Como sua esposa aguenta alguém tão intolerante e bruto como você?!
— Não fale da minha esposa em vão! — Hayato falou fora do controle.
Yoshiro conseguia ver a ira de seu pai apenas olhando em seus olhos, o suor escorrendo pelo seu rosto e os clássicos olhos vermelhos.
— Pai! — Yoshiro arregalou seus olhos ao ver o que seu pai estava fazendo. — Solte ele! — Ele tentava separar os dois.
— Parece... Que realmente... Nos veremos no inferno... — Naoki falou sorrindo, mas ainda tentando sair dos apertos das mãos grandes do mais velho.
— Solte ele! — Yoshiro exclamava freneticamente tentando fazer seu pai soltar Naoki. Lágrimas involuntárias caiam de seus olhos castanhos que demostrava todo o desespero do rapaz.
— Cale a boca! — O homem falou com ira transbordando em seus olhos.
Naoki olhou com seus olhos marejados uma última vez para seu amado e sorriu, um sorriso sincero.
— Eu... Sempre estarei... Com você... — Ele sussurrou com dificuldade, logo fechando seus olhos.
— Não! — Yoshiro exclamou assustado. Ele olhou em volta e viu a espada de seu pai. Ele pegou a mesma e colocou sobre seu próprio peito. — Solte ele ou me matarei! Todos o culparão por minha morte!
Assim que o homem soltou o pescoço de Takeda, o mesmo caiu contra o chão. Ele não havia resistido.
— Naoki... — Yoshiro correu até seu amado ainda com a espada em mãos. Ele soltou a mesma ao lado do corpo desacordado de Takeda e deitou sua cabeça sobre o peito do mesmo, para ouvir o coração do outro. — Você... O matou...?!
O mundo parecia ter se silenciado, Yoshiro sentiu toda sua força esvair-se de seu corpo, com suas mãos trêmulas ele tocou o rosto de Naoki. Ele sentiu um aperto enorme em seu peito, ele queria gritar, queria que todos sentissem sua dor.
Yoshiro olhou com rancor para o seu pai, ele pegou a espada e se levantou. O doce Yoshiro havia morrido junto ao seu amado, com seu olhar cerrado ele apontou a espada para seu pai e disse indiferente:
— Eu não irei te matar, porque será apenas uma vingança volúvel, pois eu quero que você pague por cada dia da sua vida. — Ele olhou no fundo dos olhos de seu pai. — Isso é culpa sua.
— Não faça isso! — Ele sorriu com sarcasmo, ele sabia que seu filho não teria coragem de cravar a espada em seu próprio peito. Ou teria?
Yoshiro olhou uma última vez o corpo do seu amado e falou:
— Eu te encontrarei, seja aonde você estiver, eu procurarei por você por toda a eternidade... Eu te amo e te encontrei...
Yoshiro olhou mais uma vez para seu pai e cravou a espada em seu próprio peito. Ele viu seu pai arregalar seus olhos, ouviu sua mãe gritar, só então viu que ela estava escondida vendo toda aquela situação. Seu corpo colidiu com o chão, o vermelho vibrante escorria por todo o assoalho.
Ele olhou uma última vez para seu amado antes de dar seu último suspiro.
...赤い糸...
Mais uma história escrita com muito amor
Estava tão anciosa para finalmente posta-la, e ai esta o meu bebê!...
Trabalho nessa história há um tempinho, espero que gostem dela....
Até quarta-feira My Little Butterflies.🦋✨***...
...Narradora...
Miyako Ren, um homem de 25 anos que nasceu em Kyoto, cidade da ilha de Honshu, famosa por seus vários templos clássicos budistas, jardins, palácios imperiais e casas de madeira tradicionais. Atualmente, ele está passando um tempo em Osaka para a publicação de seu livro de romance e para fugir de seus problemas pessoais.
Ren é um jovem escritor que está começando sua jornada literária; e seu gênero favorito é o romance, apesar de não ser muito bom no quesito amor, ele escrevia tramas cativantes.
Sua paixão pela literatura começou desde que o garoto se entende como pessoa. Ele sempre foi apaixonado pelas palavras. Desde que aprendeu a ler e a escrever, não parou mais. Um amante da vida e das artes.
Por ser novato neste âmbito, ele decidiu mudar para outra cidade, para ter mais oportunidades. Uma das tarefas do autor é pegar um sentimento, um pensamento e dar sua própria definição sobre o assunto. O amor é um dos temas principais da maioria dos livros, presentes em expressões artísticas, como em livros de romance, contos, performances, entre outros. É um conteúdo que nunca se esgota, que nunca terá um limite de interpretações.
Miyako ama este tópico. É o que ele mais se adequa. Apesar de seus amores antigos nunca darem certo, ele se esforça para trazer histórias fascinantes para seus leitores.
Ele já anunciou alguma de suas obras em colunas de jornais, já entrevistou modelos, atores e outros escritores, escrevendo coisas pequenas para assim crescer e poder finalmente publicar seu livro.
E esse grandioso momento chegou: o rapaz finalmente pôde publicar seu primeiro livro, Black Swan. O livro fala sobre um bailarino com conflitos internos precisando de ajuda. Logo, um pianista aparece em sua vida e muda totalmente o seu modo de ver a vida e a morte. Falando também sobre os mistérios da academia Geomeun Bajo comandada pela Madame Jangmi.
Esse pequeno escritor estava desenvolvendo a sua história linha por linha. Mas apesar de estar tudo correndo exatamente como planejado, algo faltava para si. E a cada dia esse vazio aumentava cada vez mais.
Seus livros, isso é tudo o que ele tem.
...赤い糸...
Correndo por aquela linda floresta, sentindo a brisa contra seu longo cabelo negro, ele finalmente se sentia completo.
Seus pés descalços sentiam a terra macia e algumas folhas caídas das árvores. Esse era seu único momento feliz.
— Yoshiro-Kun ... — Uma voz ecoou pela floresta.
O homem de cabelos longos olhou para os lados confuso, quem o chamava no meio do nada?
— Yoshiro-Kun, me ajude... — A voz suplicou, aparentando estar assustada.
Seu corpo foi tomado pelo medo, ele começou a correr em direção da voz, mas parecia estar cada vez mais distante, ele se sentia aflito. De onde diabos estaria vindo essa voz?!
— Como tem coragem de proferir tais palavras tão nojentas?!
Outra voz ecoou pela floresta que era assustadora e sombria. Miyako olhava ao redor assustado, tentando entender o que estava acontecendo. Por algum motivo, esse sonho trazia a sensação de medo que o consumia pouco a pouco.
— Eu... Sempre estarei... Com você...
A espada prateada caiu sobre o chão em sua frente. Aquela espada que sempre o deu medo.
— Não... De novo não... — Ele falou de olhos arregalados.
Contra sua vontade, suas mãos foram direto para a espada, ele a colocou sobre seu peito. E uma voz, a sua voz, ecoou pela floresta:
..."Eu te encontrarei, seja aonde você estiver, eu procurarei por você por toda a eternidade..."...
...赤い糸...
Miyako acordou com um susto, suas mãos foram direto para seu peito, mas não havia nada. Mais um sonho.
Ele tocou seu rosto, lágrimas grossas saiam de seus olhos, molhando toda a sua face. Ele se sentia vazio e triste, mas por que tais sentimentos? O que esses sonhos significavam?
Infelizmente suas visões sempre foram assim, todas as noites, esse mesmo sonho o assombra, durante nove anos de sua vida. Desde seus dezesseis anos ele tem esse mesmo sonho. O sonho onde ele está no corpo de outra pessoa e acaba cometendo suicídio no meio da floresta.
Miyako secou as suas lágrimas com o dorso de sua mão e se levantou. Ele foi ao banheiro para lavar seu rosto e tomar um banho. Ele olhou para o grande espelho em frente a pia e analisou sua imagem. Seus olhos estavam vermelhos e fundos por conta do recente choro. Ele tirou sua camisa e olhou para seu tórax através do espelho e levou sua mão para a sua marca de nascença, parecia quase uma cicatriz, mas ele já nasceu com essa marca.
Ele negou com sua cabeça, tentando tirar seus pensamentos dela e, finalmente, tirou o resto de sua roupa para finalmente se banhar.
Assim que ele terminou seu banho ele foi preparar o seu café da manhã. Mas assim que ele chegou na cozinha, seu celular tocou. O homem, ainda um pouco sonolento, atendeu a ligação.
— Olá, Miyako-San. Sou Akemi Maki, da editora Hanabira.
— Oh! Bom dia, Akemi-San. — Miyako falou animado.
— Queremos confirmar que você poderá vir amanhã para decidirmos sobre o seu livro.
— Está confirmado sim. Amanhã no mesmo horário combinado. — Ele afirmou convicto.
— Estaremos aguardando ansiosamente a sua chegada. Agradecemos desde já a preferência.
A ligação foi encerrada, mas antes que Miyako pudesse finalmente preparar o seu café da manhã, ele ligou para seu amigo de confiança, que por consciência é um fotógrafo.
— Miyako-kun, que surpresa você estar me ligando a essa hora da manhã. — Yuri falou em um tom divertido.
— Você já tomou café da manhã? — Miyako foi direto.
— Ainda não, por quê?
— Pode me encontrar na cafeteria? Se possível, leve as fotos.
— Claro que posso, só vou me arrumar e desço lá.
E mais uma vez a ligação foi encerrada. Ele suspirou alto e andou novamente para seu quarto para se arrumar.
...赤い糸...
Miyako se encontrava em uma cafeteria perto de sua casa, lá era o seu "escritório" onde ele sempre escrevia seus romances.
Yuri e Ren são melhores amigos desde a chegada do mais velho em Osaka. Seu jeito extrovertido conquistou a amizade de Miyako.
Ele escolheria a capa de sua história. Miyako pediu ajuda para Yuri, que é fotógrafo, tirar fotos assim como ele havia pedido.
Assim que ouviu o pequeno sino da porta de entrada tocar, Miyako já sabia quem era: Yuri Saito.
— Você se atrasou. — Miyako falou assim que seu amigo chegou perto de sua mesa.
— E você é pontual demais. — Yuri falou se sentando em frente do rapaz. — Como está?
— Como sempre. — O moreno disse, dando de ombros. — Você conseguiu fazer as fotos como eu pedi?
— Nem para perguntar como estou. — Yuri riu, mas ele já sabia que esse era apenas o jeitinho de Miyako, principalmente quando se relacionava ao seu livro. — Aqui estão as fotos. — Ele abriu seu notebook e mostrou as fotos para seu amigo. — Fiz assim como você me pediu.
— Será difícil escolher uma... — Miyako falou sério olhando cada uma das fotos. — Você só tem essas?
Quase todas as fotos eram em preto e branco, minimalistas, já outras eram em tons vermelhos. Eles contrataram um modelo para fazer as fotos, que coincidentemente era amigo de Yuri.
— Só essas?! Ai deve ter umas vinte! E eu estou fazendo de graça para você.
— Eu já disse que irei pagar. Tudo tem que sair perfeitamente, tem que combinar com o conteúdo e ser chamativa. Algo que faça os leitores imaginarem como será o conteúdo deste livro.
— Certo, eu imaginei que falaria algo do tipo. — Yuri virou seu notebook para si e abriu mais uma pasta, logo, ele virou a tela novamente, mostrando para Ren. — Então, deixei essa como uma "arma secreta".
Miyako assim que viu aquela fotografia ficou encantado, a beleza e sutileza que aquela foto transparecia era extraordinária.
Na fotografia, o fundo vermelho com o modelo olhando diretamente para a câmera, a iluminação avermelhada no rosto do rapaz. Era o toque final que seu livro precisava. A minuciosidade que aquela simples fotografia traz, é tão bela.
— É perfeita! — Miyako falou animado assim que voltou aos seus sentidos. — Era isso que eu procurava, algo minucioso e minimalista que chamasse a atenção de quem o olhasse. — Ele pegou sua carteira. — Quanto eu te devo?
— Nada disso! Esse será seu primeiro livro publicado, quero que seja especial. Veja isso como um presente do seu melhor amigo, por seu primeiro livro publicado. — Yuri sorriu e apoiou seus cotovelos na mesa, logo, apoiando seu queixo sobre suas mãos.
— Ficarei te devendo essa. — Miyako sorriu animado.
— Quando vai para a editora?
— Irei amanhã à tarde, já faz muito tempo que estou esperando por esse dia.
— Fico tão feliz que sua carreira esteja dando certo. — Yuri falou animado. — Miyako-kun, quando você publicar seu livro, você vai me dar seu autógrafo primeiro, não é?
— Bobo, eu darei sim! — Miyako falou envergonhado. — Eu devo isso a você.
— Me conte sobre seu livro, Miyako-kun.
— Já conversamos sobre isso, eu contei a sinopse dele, se quiser saber mais, você terá que lê-lo.
— Nem um 'spoilerzinho'? — Yuri perguntou esperançoso, mas ele apenas recebeu um olhar de reprovação do amigo. — Ah, tá bom. Mas você me dará um livro, né?
— Só para você, afinal você me ajudou com as fotos.
— Fico aliviado em ouvir isso! — Yuri riu.
Eles ficaram um tempo em silêncio apenas aproveitando a companhia um do outro durante o café da manhã. Mas algo estava incomodando Yuri.
— Miyako-kun, aconteceu algo? Está um pouco abatido essa manhã... Se é em relação ao seu livro, pode ter certeza que dará tudo certo!
— Agradeço por sua preocupação, mas não tem nada a ver com isso... — Miyako suspirou.
— É aquele sonho novamente?
— Dessa vez, eu fui até o fim… — Miyako tinha sua voz baixa e seu olhar perdido. — Por um microssegundo senti a lâmina da espada em mim...
— Foi apenas um sonho, não há com o que se preocupar.
— Yuri, você não entende, fui real. Eu senti! — Miyako falou colocando sua mão sobre seu peito onde a espada "perfurou." — Eu senti a lâmina perfurando a minha pele, fazendo o meu coração parar. É como se eu realmente tivesse morrido...
— Eu não entendo de sonhos, ainda mais sonhos assim... Mas se você quiser, posso te acompanhar em um lugar específico para isso...
— Não precisa, afinal nada disso é verdade, é apenas uma forma de extorquir dinheiro.
— Não fale assim! — Yuri falou indignado. — Essas pessoas dedicam a vida para isso, você deveria experimentar ao invés de falar asneiras.
— Não sei não, deve ser apenas meu corpo reagindo ao stress. Farei um check-up médico essa semana.
— É uma possibilidade, mas eu ainda acho que algo com a sua espiritualidade, algo além.
— Você anda lendo muitos artigos espirituais. — Miyako riu. — Bom, eu já paguei o café da manhã assim que pedi, então pode terminar a vontade. Tenho que ir resolver algumas coisas sobre o meu livro. Ainda há muita burocracia.
— Pensa no que eu te falei, vai ser bom para você.
— Eu não tenho tempo para isso, mas agradeço pelo conselho. — Miyako se levantou. — Eu vou primeiro.
— Me ligue se precisar, estarei a sua disposição. — Yuri falou olhando nos olhos de Miyako.
— Eu ligarei, pode deixar.
...赤い糸...
No outro dia, após sair do seu trabalho na editora, Miyako foi direto para a editora Hanabira para discutir tudo sobre o seu livro. Agora já se passavam das cinco da tarde. O jovem rapaz estava andando em direção a sua casa para finalmente, depois de um longo dia, descansar. Mas no caminho, uma nova lojinha estava em inauguração, uma pequena floricultura. Por curiosidade, Miyako foi em direção a ela, afinal estava no seu caminho de casa.
Haviam poucas pessoas dentro da floricultura, talvez por já estar perto da hora de fechar. O lugar era lindo, iluminado e obviamente florido; flores de diversos tipos e cores, das mais volumosas até as mais delicadas.
— Boa tarde, em que posso ajudá-lo? — Um homem com os cabelos escuros e encaracolados perguntou.
— Ah, boa tarde. — Miyako se curvou. — Hm... Eu não tenho ideia de qual escolher, tem uma sugestão?
— Essas flores são para alguém especial?
— Na verdade são para mim. — Miyako sorriu sem graça.
O homem, ainda desconhecido, olhou para Miyako de cima a baixo. Era um olhar curioso, analisando Miyako.
— Jasmim.
— Jasmim? — Miyako perguntou. — Por que jasmim?
— Elas combinam com você. — O homem falou andando. — Ela é delicada, envolvente e misteriosa. A flor é exuberante, mas ao mesmo tempo representa a meiguice e a inocência. — Ele andou até as flores de Jasmim.
— Você conseguiu fazer essa observação, apenas me olhando uma vez?
— Seus olhos transbordam o mistério. — O florista falou sorrindo enquanto arrumava um pequeno buquê para o mesmo. — E seu rosto a delicadeza.
— Você é um grande observador... — Miyako virou seu rosto para o lado.
— Aqui suas flores. — O homem entregou as belas flores para Miyako.
Ele as pegou e as olhou com delicadeza, as pérolas eram brancas e delicadas, seu cheiro adocicado era extremamente agradável.
— Obrigado. — Miyako sorriu gentilmente e olhou para o florista. — Quanto te devo?
— Oh! São mil Ienes. Você pode pagar ali. — Ele apontou para o caixa. — Muito obrigado por nos escolher. — O homem se curvou.
— Eu agradeço pelo belo trabalho e por flores tão lindas. — Miyako se curvou e foi até o caixa pagar.
Ele saiu de lá com o lindo buquê em seus braços.
— Parece que chegou a minha hora. — O florista tirou seu avental assim que viu que já havia chegado a hora finalizar o dia na floricultura. Não havia mais ninguém na pequena lojinha, então ele poderia enfim fechar. O primeiro dia foi bem produtivo.
...赤い糸...
...
...Hey! O que estão achando?...
...Não esqueça seu voto e seu comentário....
...Isso me incentiva a continuar....
...Até domingo My Little Butterflies 🦋✨...
...
...**Miyako** Ren...
Finalmente meu livro foi publicado hoje pela manhã. Foi um mês e meio de espera para que esse livro fosse finalmente publicado. Algumas cópias foram levadas ao meu trabalho, essas foram os primeiros exemplares.
Parece que as coisas finalmente estão dando certo para mim. Depois de anos apenas escrevendo artigos, entrevistas e alguns trechos de contos que raramente cabiam na última folha do jornal; ou nas últimas linhas de um site de fofoca.
É difícil crescer como escritor, mas felizmente nunca desisti de tentar mostrar as minhas obras ao público, por mais pequenas e insignificantes que elas fossem. Sei que tem leitores famintos por uma obra recheada de significados.
Com ajuda do meu blog, tenho um pequeno público para ler e dar sua opinião sobre minhas obras. Eles sempre estão acompanhando meu site, com minhas mini histórias e alguns "desabafos" meus. Eles são o melhor público que eu poderia ter.
Já ouvi algumas perguntas sobre o meu real objetivo de publicar um livro, como: Qual o seu objetivo ao publicar uma obra? Você quer criar um legado? Quer transmitir suas ideias?
Não há resposta certa aqui, ela varia mesmo entre autores. Para quem gosta de escrever, desconfio que seja uma espécie de compulsão. É uma visão simplista, mas o tempo há de verificar a realidade dela.
Desde muito novinho estive conectado à arte e suas formas, embora sempre houvesse uma grande resistência para que eu não praticasse ou exercesse nada voltado a esse segmento, no sentido de que, na minha realidade como a de muitos, o caminho de fazer um curso profissionalizante em uma área tecnológica ou que tenha consolidação no mercado de trabalho é o caminho "certo" a ser seguido.
Foi difícil ser aceito por aquela editora, afinal, o livro tem que ter fama antes mesmo de ser publicado. Eu precisava ter uma "vitrine" (um site, blog, uma rede social robusta) para que essa divulgação impulsione os resultados da venda e do alcance do meu material. Como tenho um blog pessoal, foi um pouco mais fácil.
Escrever um livro é fácil, vendê-lo que é difícil. Muitos livros morrem nas prateleiras porque os autores não entendem que, para a maioria dos escritores, para obter sucesso é necessário 20% talento literário e 80% é marketing. Felizmente eu aprendi isso rapidamente.
— E essa caixa grande aqui? — Perguntou Tatsuo Shin; meu subchefe e amigo.
— São os exemplares de meu livro, foram trazidos ainda hoje. — Falei ainda prestando atenção no computador à minha frente, ajustando a última entrevista que fiz.
— Bem que você poderia me dar um, não? — Tatsuo falou animado.
— E por que não? — Abri a caixa ao meu lado e peguei um dos livros e entreguei para ele. — Está ciente que é um romance gay, não está?
— Seus contos são sempre contos Boys Love, é claro que sei. Sabe, eu tenho uma curiosidade, esses contos são inventados ou são suas experiências um pouco fantasiadas?
— Quem sabe. — Dei de ombros.
— Um homem tão misterioso. — Ele falou passando suas mãos pelo meu cabelo. — Obrigado pelo livro.
Ele andou pela sala, observando os outros funcionários ainda com o livro em mãos. Admiro Tatsuo querer um livro meu... Ele não lê livros assim.
— Acha que ele tá meio avoado hoje? — Yuri falou me surpreendendo. — Olá Miyako-kun. — Ele sorriu gentilmente.
— O que faz aqui? — Perguntei surpreso.
— Me pediram para fazer uma sessão de fotos para uma matéria que eles estão escrevendo, obviamente eu aceitei.
— E o que você não aceita?! — Eu falei com sarcasmo.
— Sobre o que está escrevendo? — Yuri perguntou colocando sua mão sobre o meu ombro e se aproximando do netbook.
— Sobre uma atriz, ela acabou de chegar no Japão para fazer uma nova novela. Choi Nabi.
— É aquela coreana? Ah! Eu já vi os trabalhos dela. Ela é uma ótima atriz. — Yuri falou entusiasmado.
— E uma ótima pessoa. Ela foi super divertida e elegante durante a entrevista.
— Estou começando a ficar com ciúmes. — Ele falou olhando para mim com um sorriso divertido nos lábios.
— Os exemplares do meu livro chegaram. — Mudei de assunto. — Está dentro da caixa... Você pode pegá-lo...
Ele se afastou de mim, caminhando até a caixa com seu sorriso afetuoso nos lábios.
— Wow, são muitos livros!
— São apenas dez. — Olhei para ele. — Tenho que agradecer você pela linda foto, não consegui agradecer adequadamente, talvez eu estivesse ansioso demais aquele dia.
— Não tem problema. — Ele falou sorrindo, começando a se aproximar de mim. — Eu vou amar ler cada palavra deste livro.
— Yuri, estamos saindo! — Um funcionário chamou seu nome, ele olhou para trás, logo olhando para mim.
— Acho que eu tenho que ir. — Ele se aproximou mais de mim e deixou um beijo em minha bochecha logo olhando em meus olhos. — Obrigado pelo livro.
Ele se afastou, se distanciando cada vez mais, Yuri se virou de costas para mim e ergueu o livro em suas mãos.
— Nos vemos por aí. — Yuri se despediu rapidamente.
Suspirei e passei minhas mãos sobre meus cabelos. Recentemente Yuri anda tendo esse tipo de comportamento e já imagino o motivo...
Olhei para o meu relógio em meu pulso. Oh! Já está na hora de eu ir, parece que o dia foi bastante produtivo, apesar de ser um pouco puxado. Desliguei o notebook e me levantei. Peguei a caixa que continha meus livros, me despedi dos meus colegas e sai da editora.
Está quase escurecendo. Pelo o que parece, será uma noite bonita. As estrelas aparecem timidamente no céu. Já a Lua crescente estava brilhando graciosamente.
Conforme eu olhava para o céu enquanto andava em direção a minha casa, percebo estar perdido em meus pensamentos novamente. E às vezes me pego olhando para os astros com certo aperto no peito, como se o céu me tivesse roubado algo, ou o universo que me deu pouco tempo.
Se algo me falta, realmente eu não sei. Talvez seja só a melancolia que ataca ao ver o céu tão cheio e eu tão vazio. Chacoalhei minha cabeça para o lado e para o outro. Outra vez pensando nisso!
Antes de me apaixonar profundamente pela escrita, eu não tinha um propósito. Eu não vivia. Eu existia. Assim que comecei a escrever naquele blog, percebi que sempre era algo romântico e melancólico. Talvez eu fosse um adolecente triste que escrevia sobre o amor sem mesmo saber qual o sentimento de amar. Mas ao ver que várias pessoas se identificavam, chegava a ser um pouco assustador, mas por outro lado bom.
Decidi que iria começar um romance meu, para assim entender o que era aquele sentimento. Mas ninguém me fez sentir eufórico como os personagens do livro, nenhum fez meu coração acelerar com um "eu te amo". Nunca cheguei a proferir essas três palavras, as quais carregam um significado tão belo.
Talvez, no quesito amor, eu leve mais jeito para escrever do que sentir ou transmitir.
Assim que me dei por conta, havia colidido acidentalmente com alguém.
— Ah! Me desculpa. — Me curvei em respeito, e um breve pedido de desculpas.
— Você novamente. — O homem sorriu. É o florista daquela pequena floricultura.
— Eu peço desculpas, não foi minha intenção... — Olhei para ele na intenção dele falar seu nome.
— Akira Yamato.
— Me desculpe por isso Akira-San. — Ele se curvou rapidamente.
— Não precisa se desculpar. — Ele sorriu. — Você parece distraído... — Ele fez uma pausa esperando que meu nome fosse dito.
— Miyako Ren.
— Miyako-San! — Ele sorriu.
— Tenho que confessar que estou um pouco. — Coloquei minha mão sobre a minha nuca. — E você parece que estava presa.
— Bem lembrado! — Ele olhou para seu relógio. — Passe qualquer dia na loja, adorarei te ver novamente, Miyako-San.
Ele se despediu rapidamente continuando a andar com pressa.
— Eu irei sim... — Falei para mim mesmo, o olhando se distanciar.
Chacoalhei minha cabeça mais uma vez e comecei a andar em direção a minha casa novamente. Por sorte não está longe.
Esse homem, Akira-San; ele parece ser uma pessoa legal, com seu modo extrovertido ele deve fazer vários amigos rapidamente.
Quando notei, já estava em frente a minha casa. Eu aluguei essa casa um pouco depois de chegar em Osaka, essa é uma casa tradicional japonesa, com painéis de madeira com papel translúcido. Eu entrei na mesma e tirei meus sapatos.
— Estou de volta. — Falei, mas apenas o silêncio foi ouvido.
...赤い糸...
Caminhando pela floresta novamente, senti o calor em minha mão, imediatamente olhei para ela. A mão de um homem segurava a minha.
Suas vestes eram diferentes das minhas, seu cabelo curto gritava a nossa diferença de status. Eu não conseguia ver seus olhos por conta do grande kasa, um antigo chapéu que possui uma similaridade com o guarda-chuva, mas apesar disso, eu pude ver claramente seu sorriso alegre.
Ele olhava para frente enquanto caminhávamos lado a lado. Ele estava se divertindo enquanto caminhávamos pela escura floresta.
— Pergunte-me. — Ele falou sem mais nem menos e parou de andar. Era como se soubesse que eu estava curioso sobre si.
— Quem é você? — Perguntei sem hesitar.
— Sou alguém muito especial para você. — Ele levou o dorso de minha mão até seus lábios e a beijou.
— Você é um familiar, ou algo do tipo?
— Você não se lembra de mim. — Seu sorriso alegre sumiu, dando espaço para o sorriso triste.
— Me desculpe... — Eu tentei soltar sua mão, mas ele não permitiu.
— Por favor, não solte a minha mão. — Seu olhar ainda era baixo. — É a primeira vez em muito tempo que consigo segurá-la. Quero aproveitar cada segundo com você...
— Há muito tempo? — Perguntei.
— Sim, eu venho tentando te encontrar há muito tempo.
— Ao menos pode me dizer o que somos?
— Você deve descobrir isso sozinho. — Sua voz começou a se distanciar. — Eu estarei te esperando, Yoshiro-Kun...
— Yoshiro? Eu não sou Yoshiro! Meu nome é-
...赤い糸...
— Miyako Ren! — Falei alto. Assim que percebi, estou em meu sofá. Eu acabei dormindo...
Passei minhas mãos sobre meu rosto, deslizando meus dedos até meus cabelos.
— De novo...
Dessa vez, meu sonho foi diferente. Eu consegui controlar ele. Consegui falar e fazer o que eu quisesse. Aliás, quem é aquele homem? O que ele quer? Qual a nossa relação para ele ficar tão chateado assim que falei que não me lembrava dele?
— Isso está me dando fome... — Falei colocando minha mão sobre minha barriga.
Me levantei indo até a cozinha, peguei de meu bolso o elástico e prendi meu cabelo, para começar a fazer o meu jantar.
Será que esse homem tem relação com os sonhos passados?
Ele parecia estar feliz em me ver. Seu sorriso era alegre, e eu confesso que se não estivesse tão confuso, eu estaria sorrindo junto.
Por que eu não pude falar meu nome? Por que ele me chamou de Yoshiro?
Ele esperou tanto tempo para falar comigo, através de um sonho? Isso é impossível!
— Ah! Droga! — Murmurei assim que cortei meu dedo. — Eu tenho que parar de pensar nisso, ou vou acabar me machucando mais...
...赤い糸...
...Será que Yuri-chan conseguirá conquistar o coração de Miyako-chan?......
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